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PSICOSE E LAÇO SOCIAL: SOCIAL: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA LOUCURA NA CONTEMPORANEIDADE

INTRODUÇÃO

O discurso da loucura abrange campos não apenas psicológicos, mas principalmente sociais; o dito “louco” enfrenta dificuldades para se adequar à sociedade desde a antiguidade.
A sociedade sempre tentou encontrar formas para não precisar incluir essas pessoas em seu meio; embora a reforma psiquiátrica tenha tornado essa questão mais discutida em termos da desinstitucionalização dos “pacientes psiquiátricos”, pouco tem sido feito a respeito da conscientização social para restabelecimento de laços entre esses pacientes e suas famílias e a sociedade em geral (BARROSO; SILVA, 2011).

Partindo das ideias desenvolvidas por Émile Durkheim (2002, p. 01) de que “não há,por assim dizer, acontecimentos humanos que não possam ser chamados sociais”, qualquer
aspecto da vida humana que tome proporções abrangentes pode ser considerado de interesse social, portanto a loucura deve ser estudada em seu componente particular e subjetivo, mas ao mesmo tempo, devem ser discutidas as suas representações sociais.
Os fatos sociais não podem ser confundidos nem com os fenômenos orgânicos e nem com os psíquicos, pois não se trata um sujeito específico, mas sim de uma coletividade na
qual este sujeito está inserido, numa sociedade. No entanto, para compreender os problemas e fatos sociais, são necessárias compreensões dos sujeitos em suas individualidades.

A psicanálise é “uma ciência particular do singular” (Carvalho, 2014, p.1). Nesse ponto, compreende-se que a psicanálise se debruça sobre a compreensão da psiquê daquele sujeito que se propõe a ser “psicanalisado”, e não necessariamente, da sociedade a qual ele está inserido. A psicanálise nos servirá, portanto, como aporte teórico capaz de expandir o entendimento da psicose e do sujeito louco, e a partir disso será proposta uma discussão acerca do lugar social do “louco”.
Como aponta Barata (2009), as desigualdades sociais, estão relacionadas a injustiça, diferenças injustas. Para o entendimento da psicanálise lacaniana (LACAN, 2007) que busca entender o psicótico na sua “loucura”, a forma com que a sociedade lida com tais sujeitos é carregada de preconceito e de descaso, devido à falta de conhecimento e compreensão social
acerca do tema. Essa forma de desigualdade é de fato diferente em alguns aspectos das outras formas mais gerais, como riqueza, educação, e ocupação, mas aponta as mesmas
características de menos valia de uma parte considerável da população que são os psicóticos.

Estudos apontam que entre 0,3 a 2,4% da população brasileira é constituída de psicóticos, o que demonstra ser uma minoria considerável e que por isso precisa ser mais bem assistida
pelo Estado e pela sociedade brasileira. (PICON, 2013)
A sociedade contemporânea ainda encontra desafios com o manejo da “loucura”, principalmente no momento do surto (momento em que há uma elevação dos delírios e alucinações), pois, está carregada de preconceitos relacionadas à saúde mental. Por cousa dessas concepções advindas de vários momentos históricos que serão aqui abordados, o psicótico durante do surto é mal compreendido e mal acolhido por parte das pessoas que estão próximas a ele; muitos ficam com medo dos seus comportamentos, pois podem ficar agitados, e se não houver um manejo adequado, podem ficar agressivos (FOUCAUT, 2002).

Portanto, este artigo buscará compreender quais são as representações sociais da loucura na sociedade brasileira contemporânea. Para chegar a essa compreensão será feita
descrevendo a história da loucura, analisando a psicose sob o olhar da psicanálise, e por fim discutindo a loucura e suas representações sociais no contexto social brasileiro contemporâneo.

MÉTODO
O modelo deste artigo é qualitativo, sob a modalidade de pesquisa bibliográfica (livros, artigos, dissertações e teses) que abordem o tema proposto. Segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.61), a pesquisa bibliográfica “constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado
tema”.

Este estudo terá como aporte teórico os escritos psicanalíticos, principalmente os volumes das Obras Completas de Sigmund Freud e os Seminários de Jacques Lacan. Essa literatura será levantada com o objetivo de discutir a “loucura”, as suas representações sociais.

O artigo está estruturado nas seguintes partes: Capa (título e resumos); Introdução (p.2); Método (p.3); Definições Gerais da Psicose (p.4); História da Loucura (p.5); A psicose sob o olhar da psicanálise (p.9) – teoria freudiana (p.9), teoria lacaniana (p.10), a psicanálise contemporânea e a psicose (p.12); Discussão (p.13); Conclusão (p.14); Referencias (p.15).

DEFINIÇÕES GERAIS DA PSICOSE
Sigmund Freud (1910), um dos pioneiros da psicologia moderna e considerado o pai da psicanálise – área de estudo da psicologia que se interessa em estudar a loucura – aponta
que existem três tipos principais de personalidade: neurose, psicose e perversão. Como a maioria esmagadora da população mundial é constituída de neuróticos e os perversos se adaptam na realidade dos neuróticos com uma certa facilidade de “camuflagem”, o único sujeito que não se submete a esse contexto social e tem dificuldades para se adequar ao meio,
é o psicótico. E é por não se adequar as normas do meio social, que ele é chamado de “louco”.
Na psiquê dos psicóticos existem realidades diferentes; essas diferenças incomodam a sociedade neurótica, que por sua vez, assume o discurso do desmerecimento do sujeito psicótico.

É importe ressaltar que ser psicótico não é ser doente; a doença mental do psicótico se dá no desenvolvimento da psicose, ela sim se configura como psicopatologia. O psicótico é
tido como “louco”, quando desenvolve a Esquizofrenia, a Paranoia ou o Transtorno Bipolar.

Na esquizofrenia o sujeito cria uma realidade própria, e são caracterizados por “distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção e por efeito inadequado ou
embotado”; “pode ver a si mesmo como o pivô de tudo o que acontece”, podendo ser presente os delírios de perseguição (achar que está sendo perseguido, atacado ou enganado), grandeza (achar que é o senhor ou salvador do mundo, comum nos delírios religiosos) e místicas (ideias de poderes sobrenaturais).

Na paranoia, “o quadro clínico é dominado por delírios relativamente estáveis, com frequência paranoides, usualmente acompanhados por alucinações”; o paranoico alucina principalmente com vozes que o ameaçam, com zumbidos, assobios e risos, já as alterações olfativas, gustativas e visuais são mais raras. No caso da Bipolaridade, hora o sujeito se encontra na Neurose, num quadro depressivo (diminuição de energia e atividade) que dura cerca de 6 meses, e hora se encontra num quadro eufórico de psicose (aumento de energia e atividade) que dura entre duas semanas e 5 meses, por isso são também conhecidos como maníaco-depressivos. (CID-10, F20, p.85; F20.0, p.88; F31, p.113 e 114; VIEIRA, 2008)
A psicose se caracteriza pelas alterações na sensopercepção, causadas pelos delírios (alteração do pensamento) e pelas alucinações (alteração da sensopercepção: audição, visão,
tato, paladar e olfato); a alucinação não é simplesmente uma “fantasia” em que o sujeito imagina algo que não existe, é uma alteração real nos sentidos, a pessoa realmente vê, ouve e
sente como se fosse algo real os conteúdos da sua mente. (CHINIAUX, 2015).

O delírio pode ser definido como um juízo falso, de conteúdo impossível e incorrigível; ou, ainda, como uma crença absurda que não se submete às evidências que a realidade impõe. A alucinação, por sua vez, representa uma falsa percepção, a
percepção de um objeto cujos estímulos externos correspondentes na verdade estão ausentes (CHINIAUX, 2015, p. 195)

Uma das características da psicose é a certeza; os psicóticos não duvidam, ele se olha no espelho e vê o Jair Bolsonaro (atual presidente do Brasil) ou outra figura que exerça poder
ou influência social. Quando ele é contrariado e escuta alguém lhe dizer que ele não é o Bolsonaro, ele não aceita tal prerrogativa e às vezes se torna agressivo. Portanto, a alucinação é uma forma de aumentar o poder do delírio, uma vez que ele acredita ser o presidente do Brasil, ele precisa enxergar esse personagem no espelho, talvez até mesmo com a faixa presidencial. Esses sintomas psicóticos os prejudicam em suas relações sociais e familiares, pois a própria sociedade não compreende o que se passa, algumas pessoas más informadas
discutem e brigam com os psicóticos, prejudicando ainda mais seu quadro psicopatológico.

Todo esse desconforto social fez com que por muito tempo esses sujeitos fossem excluídos da sociedade (HOLMES, 2007)
Para contextualizar a “presença” do psicótico na sociedade atual, é necessário entender algum aspectos principais da história da loucura, e como esses “loucos” se adaptaram nas
sociedades ao longo dos tempos, dentre os autores que serão utilizados aqui para discutir o assunto, pode-se ressaltar Michel Faucault (1972), um filósofo que contribuiu bastante para o entendimento da história da loucura, com seus apontamentos críticos, ele trouxe as representações sociais que envolviam o os psicóticos e suas relações com o meio ao longo dos anos, apontando algumas características históricas que são muito relevantes e que serão levantadas neste estudo.

HISTÓRIA DA LOUCURA

Tanto a ciência quanto o senso comum enfrentam dificuldades quando o assunto é “loucura”; nas últimas décadas, a ciência demonstrou avanços no tratamento desses pacientes
e no manejo que deve ser utilizado pela sociedade, pelos familiares e pelos profissionais de saúde que os atendem (GOMES, 1994).

No momento em que a razão cristã se liberta de uma loucura com a qual durante muito tempo constituíra um único corpo, o louco, em sua razão abolida, na raiva de sua animalidade, recebe um singular poder de demonstração: como se o escândalo, escorraçado dessa região acima do homem, lá onde ele mantém relações com Deus e onde se manifesta a Encarnação, reaparecesse na plenitude de sua força e
encarregado de um novo ensino nessa região em que o homem tem relações com a natureza e sua animalidade… Àqueles que nas casas de internamento devem zelar pelos homens dementes, São Vicente de Paula lembra que sua norma é, aqui, Nosso Senhor, ficar rodeado por lunáticos, endemoniados, loucos, tentados, possuídos (FOUCAULT, 2002, pp.175,176)

Essas concepções ultrapassaram os séculos passados e as representações sociais da loucura ainda estão bem internalizadas na sociedade contemporânea, havia (e ainda há em muitos contextos sociais) o pensamento de que o louco é uma pessoa endemoninhada, que está com algum tipo de possessão demoníaca e que necessitam de um “exorcista” e não de um profissional de saúde. Acreditavam que essas pessoas interpretavam mal as Escrituras e que por isso ficavam loucos (FAUCAULT, 2002).
Para Paim (1993), no livro Curso de Psicopatologia, possessão demoníaca seria a “alteração da consciência do eu caracterizada pelo fato de o indivíduo sentir-se ‘possuído’ por entidades sobrenaturais, especialmente espíritos ou pelo demônio”. No pensamento deste autor existem demandas que são do campo da religiosidade/espiritualidade e outras que são do
campo da ciência da psicologia, que é o caso da psicose, que para ele não tem relação alguma com questões espirituais. Ele não exime a possibilidade de haver manifestações sobrenaturais de entidades no corpo de alguém, mas também aponta que não se pode pensar apenas em questões espirituais, e esquecer que a pessoa pode estar sofrendo de uma doença mental que precisa de um tratamento adequado por um profissional da área da saúde.
Por um período curto, em algumas civilizações acreditou-se que os “loucos” na verdade eram sábios e iluminados, que conseguiam enxergar o outro lado do mundo que a população comum não podia, porém, foi um pensamento que não perdurou por muito tempo.

Acreditaram ainda, que o “louco” era alguém que tinha “minhocas na cabeça”, dando um sentido de que eles não tinham cérebro, ou que estevam danificados. (FOUCAULT, 2002).
Providelho e Yasui (2012) apontam que no século XIX, os loucos eram pessoas com comportamentos profanos, e por isso os libertinos, hereges, homossexuais, etc., foram considerados “loucos”. Não eram apenas os psicóticos que eram considerados “loucos” em algumas comunidades da antiguidade, os bêbados, os adúlteros, os devassos, e outras pessoas que não se enquadravam nas normas da época ou que tinham um comportamento um pouco fora do normal ou do aceitável naquela comunidade.
É importante ressaltar que a homossexualidade também foi alvo, por muito tempo, de representações sociais que colocavam a população “LGBT” da época como “loucos”, pois as
pessoas que não se enquadrassem nas normas sociais eram “loucas”, e os homossexuais não se isentaram desta classificação. Hoje, essa visão já foi desconstruída, porém, é uma visão que afeta parte da sociedade atual que ainda enxerga os homossexuais como “a-normais”; ainda é
necessário avançar bastante nesse ponto, criando uma sociedade que respeite a identidade e a orientação sexual de casa pessoa (PROVIDELHO; YASUI, 2012).

Começaremos nossa análise no século XII, onde os “loucos” eram confinados a Navios, as chamadas Nau dos Loucos; eles eram postos nesses navios e entregues à própria sorte no oceano; já que não tinham lugar na sociedade, esse era o lugar que lhes caberia estar.
Ali, eles poderiam viver seu próprio mundo de desejos sem se preocupar com a sociedade, no entanto, estavam sendo entregues a morte, uma vez que o barco era deixado em alto mar sem leme, apenas flutuava sem destino e sem esperança de voltar. Era uma forma da sociedade se ver livre de um grupo que não pensava como eles, o preconceito estava nítido no comportamento dessas comunidades que praticavam tal coisa com opiniões extremamente desfavoráveis para essa parte da sua população (FOUCAULT, 2002).
Nos meados dos séculos XVII e XVIII, acreditava-se que todas as doenças mentais eram causadas por “vapores” intracorporais que começavam nos membros inferiores e se
acumulavam na cabeça; esse vapor precisava de alguma saída, assim, vários procedimentos cirúrgicos foram feitos na tentativa de retirar a doença mental do paciente, depois essa teoria foi reajustada e nomeada como “doença dos nervos”. Alguns anos depois perceberam que a causa não era por vapores, pois não conseguiam resultados satisfatórios nessas cirurgias (FOUCAULT, 2002).

A medicina clássica teve dificuldades em explicar a loucura e tratar esses pacientes.
Por limitações técnicas, foi preferível para a medicina, apenas controlá-los como animais a serem domados, e não tratavam a doença. Nessas tentativas de controle, os maus tratos eram
extremos, usavam a força e faziam com que os pacientes fossem controlados a partir de administração medicamentosa, os sedativos foram e ainda são muito usados nessa prática da
medicina (GONÇALVES, 2012).
Foi neste cenário que a medicina clássica criou os hospitais psiquiátricos (manicômios/ mani = loucos, cômios = casa) para ser a “casa dos loucos”. Foi nos manicômios que grandes práticas de torturas foram criadas, a camisa de força entrou nesse ambiente como algo necessário, a administração medicamentosa passou a ser rotina e usada em excesso, o que
deveria ser utilizado apenas em últimas opções, passou a ser um cotidiano nos hospitais psiquiátricos (AMORIM; DEMENSTEIN, 2009).

Nestes hospitais, outras práticas foram avançando de formas cada vez mais desumanas e cruéis. Foi então, que no século XX, o neurologista Antônio Egas Moniz em 1935, criou a lobotomia, um procedimento cirúrgico, ainda mais cruel, que através de um instrumento de ferro (semelhante a um picador de gelo) que era introduzido sem anestésicos em uma das narinas ou pelo canto dos olhos, rompiam as ligações do lobo frontal com o restante do encéfalo; para a neurociência, o lobo frontal é responsável por várias funções executivas, entre elas a tomada de decisão, pois ele se vale do tálamo para mandar os comandos motores para o corpo, o que já não é mais possível no desligamento feito na lobotomia. Muitos morriam nesse procedimento brutal, outros perdiam o senso crítico e viravam uma espécie de “fantoche” ou “zumbis”, no sentido de mortos vivos, estavam vivos fisicamente, mas é como se a mente estivesse morta, voltavam a ser pessoas completamente dependentes, voltavam a ser bebês (MASEIRO, 2003).

Essa prática tomou grandes proporções no cenário mundial, muitas pessoas passaram pelo procedimento da lobotomia por estarem com simples transtornos mentais, sem que houvesse a mínima necessidade de tal intervenção cirúrgica, que por sua vez é irreversível; as ligações cerebrais não se refazem, nenhum paciente voltou a ser a pessoa que era antes da
lobotomia (MASEIRO, 2003).

Os manicômios brasileiros também eram cheios de torturas e maus-tratos, os pacientes psicóticos eram internados em ambientes completamente inadequados para qualquer tipo de
pessoa, nesses lugares não havia higiene adequada, os internos eram tratados como “animais” e muitas vezes eram abusados e usados como objetos sexuais por pessoas que ali trabalhavam.
No Hospital Colônia, antigo maior hospício do Brasil, foram registradas mais de 60 mil mortes por maus-tratos. (ARBEX, 2013) Sobre os manicômios, Venturini, Casagrande e Toresini (2012), diz:

O paciente psiquiátrico não é violento, mas a situação psiquiátrica, sim! Há ‘lugares’ de marginalização, de grande sofrimento (a situação psiquiátrica, o cárcere, o mundo
dos tóxicos-dependentes, etc.), para onde se canaliza todas as contradições sociais, as necessidades psicológicas não resolvidas, tudo aquilo que perturbam a imagem de
certa ordem e certa ‘limpeza’… situações explosivas e violentas. (VENTURINI, CASAGRANDE & TORESINI, 2012, p.90)
… Haveria de ser confirmada a visão que pusera fim à própria existência dos manicômios, daqueles cárceres – não – cárceres que se disfarçavam em hospitais, mas que fundavam seu próprio princípio inspirador exatamente sobre uma concepção de doença mental reducionista e grosseira. (VENTURINI,
CASAGRANDE & TORESINI, 2012, p.223)

Para Venturini, Casagrande e Toresini (2012), os pacientes psiquiátricos não são violentos, mas a situação a que são submetidos é, e isso faz com que muitos deles se tornem
agressivos por conta dos maus-tratos. O cárcere não é e nunca foi a melhor opção para lidar com sujeitos psicóticos; a solução permeia na atenção das necessidades psicológicas dos mesmos. Por isso foi criada a reforma psiquiátrica no Brasil, que possibilita a reinserção do “louco” na saciedade, por meio de novas políticas públicas de assistência social e reintegralização destes em seus ambientes familiares, o que também inclui acompanhamento psicológico.
A psicanálise moderna entra nesse novo cenário da loucura com base nos seminários de Jacques Lacan, teórico que trouxe contribuições para o trabalho psicanalítico com psicóticos. Ele construiu conceitos relacionados as representações psíquicas de imagem, de símbolo e realidade de cada indivíduo (imaginário, simbólico e real), com esses conceitos foi
possível entender de forma muito mais ampla o universo do “mundo real” do psicótico (LACAN, 2007).

A psicanálise lacaniana auxilia o trabalho com psicóticos, pois torna a vida deles possível, articulando-os com a realidade, mas o trabalho vai muito além do que um setting terapêutico (RAMOS e CHUN, 2009). Para que os psicóticos tenham uma boa “qualidade de vida”, as sociedades precisam ser reeducadas e orientadas, paradigmas precisam ser quebrados, para que aja um o melhor manejo social com os sujeitos psicóticos (LACAN,2007).

A PSICOSE SOB O OLHAR DA PSICANÁLISE
TEORIA FREUDIANA

A psicanálise começou seus estudos acerca da Psicose nas Obras Completas de Sigmund Freud, especificamente no volume 12, onde encontra-se a análise que Freud fez do
caso do doutor em direito Daniel Paul Schreber, a partir da história clínica que o mesmo Dr.
Schreber escreveu e publicou. Freud nunca viu Schreber, a análise foi feita apenas através do relato publicado. O caso se tratava de uma paranoia e aqui apontaremos algumas
características desse caso e algumas interpretações feitas por Freud a respeito. (FREUD, 1996,v.12)
A primeira caraterística percebida é a própria imagem que Schreber tinha de si, voltada a uma superioridade que ultrapassa a normalidade, ele acreditava que era “o ser humano mais notável que até hoje viveu sobre a Terra” (FREUD, 1996, v.12, p.11), ele disse a seu respeito: “homem de dotes mentais superiores e contemplado com agudeza fora do
comum, tanto de intelecto quanto de observação” (FREUD, 1996, v.12, p.7). A facilidade em falar sobre conteúdos mentais, que os neuróticos escondem da sociedade, também aponta para uma personalidade psicótica, pois o papel da análise é trazer à tona por meio da palavra os conteúdos inconscientes de forma sigilosa entre analista e analisando; sobre a exposição de seus conteúdos inconscientes por meio de uma publicação, Schreber diz: “não tenho problemas em fechar o olhar às dificuldades que pareciam jazer no caminho da publicação…
todos os sentimentos de caráter pessoal devem submeter-se a esta ponderação”. (FREUD, 1996, v.12, p.7).

O adoecimento de Schreber se deu em alguns momentos; o primeiro foi em 1884, sendo declarada por ele como hipocondria, mas não durou muito devido o tratamento feito
pelo Dr. Flechsig. O segundo momento, em 1893 foi tido por um torturante acesso de insônia que piorou sua condição clínica rapidamente e proporcionou o aumento das ideias
hipocondríacas, achava que seu cérebro estava amolecido e que morreria cedo.

Os episódios foram acompanhados de ilusões visuais e auditivas, acompanhados de delírios persecutórios, pensava que estava sendo perseguido e prejudicado por certas pessoas. Seus delírios também assumiram um “caráter místico e religioso; achava-se em comunicação direta com Deus”
(FREUD, 1996, v.12, p. 8). Suas preocupações acerca da sua saúde, o levaram a um estado de estupor alucinatório: “O paciente estava tão preocupado com estas experiências patológicas, que era inacessível a qualquer outra impressão e sentava-se perfeitamente rígido e imóvel durante horas”. (FREUD, 1996, v.12, p. 8) Suas ideias delirantes também o fizeram assumir um caráter de redentor do mundo, mas no pensamento dele isso só seria possível se ele se transformasse em mulher, ele sentiu que era a esposa de Deus. (FREUD, 1996, v.12, p. 8, 9)

Em uma de suas tentativas de interpretação do caso, Freud apontou para uma possível homossexualidade de Schreber; deixa claro em seu volume, que não deseja fazer criticas
quanto a sexualidade do doutor em direito, apenas procura a causa dos seus delírios (FREUD, 1996, v.12, p. 26). Para Freud, Schreber desenvolveu uma fantasia feminina dirigida ao seu
médico Dr. Flechsig, mas seu ego não aceitava o fato de representar o papel de uma devassa para com o seu médico, o que o fez substituir o médico pela figura superior de Deus; ele
precisava transformar-se em mulher para atender as exigências de Deus, pelo bem e pela remissão da humanidade.

Freud cita que Schreber tentava, “apesar de seus delírios, não confundir o mundo do inconsciente com o da realidade”, (FREUD, 1996, v.12, p.27) essa afirmação é utilizada e
ampliada por Jacques Lacan – teórico que possibilitou a prática da psicanálise entre ospsicóticos – veremos algumas de suas considerações sobre a psicose.

TEORIA LACANIANA- Nó Borromeano
O Seminário 23 de Jacques Lacan (1976), traz explicações da psicose de acordo com a visão de lacaniana. Neste volume são trabalhados alguns conceitos importantes para a compreensão da psicose, como o Nó Borromeano, Nome-do-Pai e Foraclusão.
O Nó Borromeano (brasão da família Borromeu) é uma representação utilizada por Lacan pra explicar os 3 registros da psiquê humana, o Imaginário (I), o Simbólico (S) e o Real (R) –
ver figura 1. O registro imaginário (do latim imago) representa aparte da psiquê onde as imagens são compostas, essas imagens podem advir dos sentidos (visão, audição…) e das fantasias, ele é representado pelo pensamento independentemente da realidade; o registro Real é “impossível
de ser simbolizado na palavra ou na escrita”, e é isso que provoca nos neuróticos a criação do simbolismo e do registro Simbólico, que possibilita ao sujeito uma relação fantasiosa com o Real. O desejo do neurótico não estaria, portanto, na vida real, mas no que ele enxerga nela, nas imagens que são projetas e assim simbolizadas por meio da linguagem e da cadeia de significantes. (LACAN, 1976; ZIMERMAN, 2008)
A psicanálise é conhecida como a clínica do real, pois é o real que se contrapõe ao componente imaginário do sujeito, forçando assim a criação do simbólico para os neuróticos.
Hérman (2008) citando Rabinovich (1993), aponta quatro características do Registro real.
1. O real é aquilo que retorna sempre ao mesmo local, local de semblante. Nesse sentido, não é possível instituí-lo a partir do registro do imaginário, tal como pode
indicar, à primeira vista, a noção de lugar.

2. O real é formulado a partir do
impossível de uma modalidade lógica. Lacan define o impossível como aquilo que não cessa de não se inscrever.

3. E descreve também a incompatibilidade entre o
imaginário do mundo e o real, de modo a afirmar a impossibilidade de alcançar o real através da representação.

4. Existe uma relação entre o real e não-todo, que traz
consigo modalidades de escrita com as fórmulas de sexuação. Afirma que o real não é universal e, assim sendo, não é possível afirmar que haja todos os elementos de um conjunto que possam demonstrar uma universalidade. Há conjuntos que podem ser determinados a cada caso. Por isso, afirmam-se que o real tem, em seu sentido mais estrito, uma ideia de que cada um de seus elementos seja idêntico a si próprio.
(HERMAN, 2008, p. 190, citando RABINOVICH, 1993)

Nome-do-Pai
O Nome-do-Pai representa a função de normatização de
cada sujeito, é o que o insere na cadeia de significantes e o
classifica como neurótico ao impor-lhe a culpa. O surgimento do Superego (Supereu) como herdeiro do Complexo de Édipo
amarra a estrutura simbólica como um sinthoma da neurose,
chamada por Lacan de Nome-do-Pai. Apesar do termo, a função de normatização pode ser desempenhada por qualquer pessoa, não necessariamente o pai; o termo está ligado apenas a função daquele que exerce a Lei sobre o sujeito. O quarto nó da figura 2 representa essa amarração feita pelo Nome-do-Pai, que mantém o sujeito na estrutura neurótica,
impedindo que o componente Simbólico se separe do Imaginário e do Real.

Foraclusão
A psicose surge quando o sujeito foraclui o Nome-do-
Pai da sua psiquê. Foracluir significa colocar para fora e não
deixar que algo seja incluído. A foraclusão se dá por meio da
não aceitação da norma, daí surge o termo anormal, aquele que
não está sujeito a norma. Ao foracluir o Nome-do-Pai, ele também coloca para fora de sua psiquê o registro Simbólico, tendo que lidar com seu imaginário diretamente no Real, como
retratado na figura 3. Essa relação direta se dá por meio dos delírios e alucinações, que são suplências que o psicótico utiliza para ver a realidade imaginária no mundo real.

A PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA E A PSICOSE
A psicanálise contemporânea tem lidado com a psicose com base nos escritos de Jacques Lacan; autores contemporâneos como Antônio Quinet e J-D. Nasio, vêm contribuindo
grandemente com o manejo clínico e social da psicose. Além deles, vários outros estudos têm sido feitos na tentativa de compreender cada vez mais o funcionamento da psicose, buscando melhorias no tratamento e nas intervenções clínicas com o psicótico.

Neste tópico faremos
alguns apontamentos retirados da Tese de doutorado em Psicologia da USP do autor Maurício
Castejón Hérman (2008), que tem como título “ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO E
PSICOSE: um articulador do real, simbólico e imaginário”.
Hermán (2008), comentando o método clínico de Lacan, aponta que “a noção de
metáfora delirante como direção do tratamento foi substituída pela noção de construção do
Figura 2 – Nome-do-Pai Figura 3 – Foraclusão

sinthoma”. O próprio Lacan teve que mudar o direcionamento do tratamento com seus pacientes psicóticos, ao passo que sua teoria avançava, esse exemplo mostra que a medida em
que os estudos da psicose avançam, as formas de tratamento também podem mudar, pensando sempre numa melhor articulação do sujeito psicótico com o real.
Nas propostas trazidas por Hérman (2008), encontra-se o acompanhamento terapêutico (AT) por meio da “cena”. A introdução desta palavra no setting terapêutico produz ao
paciente uma nova proposta de articulação, pois cria “circunstancias, situações ou cenas que
aproximam o sujeito psicótico de um convite oriundo da cidade, de uma oferta de laço social.
E mais apropriado, portanto, circunscrever o uso da palavra cena no manejo específico da
transferência no AT”. Essa intervenção consiste em propor cenas que facilitem a articulação
do sujeito com o social; promovendo a criação de uma suplência capaz de amarrar os três
registros como forma de substituição do Nome-do-Pai.
Portanto, a psicanálise moderna não se propõe a analisar o sujeito psicótico, mas assim
a ajuda-lo a articular-se com a sociedade, partindo de intervenções clínicas. Mas além das
intervenções psicanalíticas, é relevante que a sociedade de forma geral saiba como evitar o
desencadeamento do surto de algum psicótico, facilitando o seu contato social e promovendo
aceitação e acolhimento social.

DISCUSSÃO
O livro o mal-estar da civilização de Sigmund Freud, traz as relações sociais como as principais causas de adoecimento mental. “O mal-estar das civilizações é o mal-estar dos
laços sociais”. E na imposição feita pelo Outro, pela sociedade que buscamos ser quem não somos ou que fazemos ou fingimos fazer o que não desejamos. O sujeito psicótico se revolta
com esse desejo do Outro que lhe é imposto e não aceita que seu desejo seja anulado e por isso foraclui. (FREUD, 1996, v.21; QUINET, 2009)
Esse mal-estar é impulsionado pelos laços sociais que se manifesta no ato de governar, educar, psicanalisar e fazer desejar. O ato de governar corresponde ao discurso do
mestre/senhor, em que o poder domina; o de educar ao discurso universitário, dominado pelo
saber; o de analisar que corresponde ao processo analítico em que o analista se apaga como
sujeito e permite ao analisando o processo analítico; e por fim o de desejar que é o “discurso
da histérica dominado pelo sujeito da interrogação”. (FREUD, 1996, v.21; QUINET, 2009,
p.17)
O convívio social só é possível se houver renúncia da natureza pulsional original, que
seria “tratar o outro como um ser a ser consumido: sexual e fatalmente”. Por isso as civilizações criaram as leis, para impedir que o homem fosse lobo do outro homem, abusando,
explorando, torturando e matando para saciar no outro sua pulsão de morte erotizada. (QUINET, 2009, p.17)
Por isso, quando um sujeito se mostra “estranho” a regra social é para sociedade uma “afronta”. Quando o psicótico apresenta um surto, logo é tido como “louco” e “a-normal”,
pois ultrapassa as regras sociais e “não toma conhecimento delas”, rejeitando as normas e agindo com seu “inconsciente a céu aberto”. (SOLER, 2007)
O primeiro episódio de surto psicótico é de certa forma assustador para os que nunca
presenciaram algo semelhante, principalmente se a pessoa for próxima. Quando as pessoas se
deparam com a estranheza do surto, não sabem como agir e nem como ajudar o sujeito que está em surto.

Durante o surto, alguns ficam demasiadamente agressivos, outros ficam nus e
podem cometer assédio sexual. Isso tudo gera desconforto e mal-estar familiar e social. Por
não saberem lidar com a situação, as famílias procuram o Estado, procurando auxílio em tal
demanda; recorrem a hospitais, postos de saúde e asilos, e muitas vezes procuram apenas se
livrar do problema, tentando internar o paciente, pois têm medo de os levarem de volta para
casa e ocorrerem novos episódios, mas depois da reforma psiquiátrica, isso não é mais
possível.
A reforma psiquiátrica propôs a reinserção dos psicóticos aos seus ambientes
familiares. O acompanhamento destes pacientes estão agora são feitos pelos Centros de
Atenção Psicossocial – CAPS, onde eles recebem os medicamentos e são realizadas rápidas intervenções e logo retornam para suas casas. Mas os desafios que eles encontram em casa são inúmeros, inaceitação, exclusão e até mesmo maus tratos tem feito parte do cotidiano desses pacientes. Muitos familiares não compreendem e nem aceitam a doença mental que
eles enfrentam, isso gera conflitos intrafamiliares e aumenta ainda mais a doença do paciente.
Portanto, é necessário que hajam novas representações sociais da loucura para que o
louco encontre seu “lugar” numa sociedade que ainda não o aceitou. A psicoeducação seria
muito relevante neste aspecto, o que contribuiria para aceitação e ajudaria na inclusão social
do sujeito psicótico. Campanhas e movimentos sociais podem e devem ser feitos a favor dos
direitos dos psicóticos, que apesar de “a-normais”, são cidadãos com os mesmos direitos de
acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos da Unicef, no artigo 1º, “todos os
seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”. (UNICEF, 1948)

CONCLUSÃO

Os conteúdos encontrados na literatura apontaram o problema social causado pela não aceitação social da loucura. Por muitos anos, os loucos sofreram muitos maus-tratos e ainda
sofrem atualmente por não terem seus direitos respeitados e seu lugar social preservado.
Apesar de não serem mais confinados na nau dos loucos, se encontram em suas “naus” da solidão e da exclusão. Dentro do próprio ambiente são rejeitados e não encontram em seus
familiares a apoio que precisavam para enfrentam sua doença mental.
A psicanálise enquanto prática clínica busca compreender e auxiliar os sujeitos em seus sofrimentos e enxerga o psicótico com um alguém que precisa de ajuda e compreensão.
Busca assim, encontrar meios que possibilitem uma melhor articulação deste com a sociedade e um tratamento que lhe promova alívio diante de suas demandas mentais.
Ainda existe a necessidade da criação de muitos outros estudos que abranjam a compreensão da psicose e que discutam o lugar social “louco” na sociedade brasileira contemporânea. Políticas públicas também devem ser discutidas visando novas representações
sociais que coloquem a loucura num lugar social melhor e mais respeitado.

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Este material sobre: PSICOSE E LAÇO SOCIAL: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA LOUCURA NA CONTEMPORANEIDADE

Foi escrito por Samuel Santos de Oliveira e Jayrton Noleto de Macedo, alunos formados no nosso Curso Livre de doutorado em psicanálise.


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