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Neste trabalho, será desenvolvido o tema relacionado às perdas que
ocorrem na velhice e que deixam a pessoa em um constante estado de luto ou
caminho para depressão, cuja elaboração precisa ocorrer para que a vida não
perca o seu sentido, no entanto, as experiências são vividas de maneira
particular, única, processando de maneira singular em cada indivíduo.
Esta abordagem é relevante, porque as perdas naturais desta fase da
vida nem sempre é reconhecida e acolhida pelas pessoas com quem o idoso
convive. Sejam as perdas orgânicas, como o funcionamento do corpo, como as
perdas simbólicas como a autonomia, a independência e a auto estima geram
na pessoa uma fragilidade que a faz questionar sobre a própria existência e
sua finitude. Desta forma, reconhecer no idoso os sinais de perda é uma forma
da família assumir o papel de incentivador de novos projetos de vida e da
necessidade que a velhice traz de se reinventar, ( coisas que muitas vezes não
acontecem ).
Como hipótese, parte-se do princípio de que o enfrentamento destas
perdas é árduo e, muitas vezes, vem acompanhado da depressão, fenômeno
que figura-se entre um dos mais significativos problemas de saúde pública do
mundo, em virtude, principalmente, à sua alta morbidade e mortalidade.
Como objetivos, busca-se, neste trabalho demonstrar aspectos
relacionados à instabilidade de sentimentos característicos do processo de
envelhecimento e pelo contexto social em que o indivíduo encontra-se inserido,
fortemente marcado pelo culto aos valores da juventude.
Na primeira parte do trabalho, é abordado aspectos demográficos
relacionados ao envelhecimento, sendo possível compreender que, é uma
realidade, entre os países desenvolvidos, que a população está envelhecendo,
ou seja, o número de idosos tem aumentando ano a ano em virtude do
aumento da expectativa de vida graças ao avanço científico, tecnológicos e a
construção de conhecimentos por diferentes áreas do conhecimento. Na
segunda parte, foca-se no conceito da longevidade, situando no presente
estudo enquanto um fator que tem sido objeto de estudo da comunidade

científica que busca compreender os efeitos que a vida mais longa provoca
sobre a vivencia deste processo de envelhecimento. A terceira parte é
dedicada a refletir sobre as perdas que ocorrem ao longo do envelhecimento,
sejam elas, físicas, biológicas, emocionais, motivadas por doenças, pelo luto ou
mesmo advindas do próprio ato de envelhecimento do organismo e que vão
proporcionando ao indivíduo a percepção da finitude da vida.
Para atingir esses objetivos, a metodologia empregada foi a pesquisa
bibliográfica, com foco em estudos de autores que já se dedicaram a abordar a
temática, cujas ideias e concepções foram colocadas em evidencias na
constituição deste texto.

  1. Envelhecimento: aspectos demográficos

Muitos países desenvolvidos começaram a registrar, a partir do século
XIX, uma redução nas taxas de natalidade, especialmente em virtude da
utilização de métodos anticoncepcionais. Nesta mesma perspectiva,
conquistas como a descoberta de vacinas, medicamentos novos, antibióticos e
o acesso ao saneamento básico reduziram as taxas de mortalidade (PICOLI, et
al, 2018). Tais mudanças passam a ser observadas também em países
subdesenvolvidos a partir da segunda metade do século XIX, alterando o
âmbito demográfico com a queda significativa das taxas de mortalidade.
Todavia, esta nova realidade não foi observada de maneira universal, países
do continente africano e algumas nações asiáticas continuaram a demonstrar
taxas altas tanto de natalidade quanto de mortalidade (ALMEIDA, RIGOLIN,
2016).
Segundo projeções realizadas pela Organização das Nações Unidas
(ONU), até o ano de 2030 a população mundial de pessoas idosas será
composta por cerca de 86 milhões de indivíduos, aumentando em mais de 9,8
milhões de pessoas no ano de 2050. Destaca ainda que, entre os países mais
populosos do mundo, República Democrática do Congo, Nigéria, Índia, Etiópia,
Paquistão, Congo, Uganda, Estados Unidos, Indonésia e Tanzânia, a Nigéria é
a que se destaca em termos de crescimento populacional desenfreado, se
tornando, no ano de 2050, o terceiro país mais populoso do mundo (ONU,
2015).
Outra informação interessante é que, nos últimos anos, a Europa não
registrou quedas da natalidade, ao contrário, a média de número de filhos por
mulher europeia cresceu de 1,4 entre os anos e 2000 e 2005 para 1,6 filhos
entre os anos de 2010 e 2015, ou seja, os dados são um indicativo e que a
população continua crescendo em números e, consequentemente, ocorre um
envelhecimento populacional (ONU, 2015).
O aumento populacional aliado à longevidade deram origem a um dos
mais importantes fenômenos do século XX, o envelhecimento da população em
diferentes regiões do planeta. Um fenômeno que tem se revelado distinto e
com características diferenciadas quando se observa países desenvolvidos e

em desenvolvimento. Longevidade que está diretamente relacionada, como já
destacado, a aspectos como a melhora na qualidade nutricional, saneamento
básico, assistência à saúde, progressos tecnológicos e na medicina, a
descoberta de vacinas e novos antibióticos, a urbanização das cidades, ou
ainda os progressos nas áreas medicas que tem proporcionado novos exames
diagnósticos, novas formas de intervir no corpo e tratar das doenças, enfim,
fatores múltiplos que tem elevado a qualidade de vida das pessoas, muito mais
em países desenvolvidos do que nos países em processo de desenvolvimento
(PESSINI, 2016).
Cavalcanti (2017) também considera o envelhecimento da população
um fenômeno fruto de uma verdadeira revolução demográfica pelo qual os
países foram passando a partir da segunda metade do século XIX. Os fatores
são de naturezas diversas, destacando o declínio tanto das taxas de
mortalidade quanto das taxas de fecundidade, como consequência, estes dois
declínios provocam um ingresso menor de jovens em populações que acabam
por ampliar o período de vida. Este fenômeno é compreendido como a
transição epidemiológica cujas repercussões para a sociedade estão
relacionadas à forma como os indivíduos entende e reconhece o
envelhecimento.

  1. Envelhecimento: a longevidade humana

Em diferentes regiões do mundo as últimas décadas tem sido
marcadas por um processo de transição demográfica através do qual a
população de jovens e adultos se tornou envelhecida. Um fenômeno que tem
suscitado estudos e pesquisas por parte de diferentes áreas do conhecimento
haja vista que, o aumento da expectativa de vida traz a necessidade de
planejar o futuro e isso significa pensar em um sistema de saúde, seguridade e
de estrutura urbana que permita adaptar-se com vistas a propiciar qualidade de
vida e atender as necessidades deste novo grupo populacional (ALVES et al,
2016).
Chan (2015) destaca que, pela primeira vez na história, a maior parte
da pessoas podem esperar viver por mais de 60 anos. Mas, para entender
sobre esta temática é importante discutir alguns conceitos de modo a
compreende-los e diferenciá-los. Neste contexto, dois conceitos são
importantes de serem analisado, o de longevidade e o de envelhecimento.
Segundo Carvalho (2013) a longevidade pode ser compreendida tanto
pelo número de anos que as pessoas de uma mesma geração viverá,
entendendo uma geração como o conjunto de bebes nascidos em um mesmo
momento ou espaço de tempo. E, longevidade pode ser entendida ainda dentro
de cenário individual, ou seja, os anos vividos por um indivíduo.
Refletindo o conceito de longevidade e procurando situa-lo no presente
estudo, pode considerar que estamos nos referindo às pessoas de uma mesma
geração. O total de sujeitos nascidos em um determinado intervalo de tempo
experimentará, através dos anos que se sucederão, um conjunto de taxa de
mortalidade própria de sua geração.
A longevidade humana é algo incontestável, a cada geração prolonga-
se o tempo de existência ao máximo e as pessoas vivem mais no entanto,
ninguém quer ficar velho. Longevidade é definida pelo fator tempo, enquanto
que velhice é definida como um processo.
No senso comum, expressões como “sentir-se velho” ou “ser velho”
nos remetem a um componente essencialmente cronológico mesmo que,
cientificamente falando, sabe-se que exista uma multiplicidade de fatores como

a interação dos genes, estilos de vida, estado de saúde e questões ambientais
e culturais que contribuem para a construção do conceito de pessoa idosa.
O conceito de velhice passa por um processo de construção social
própria da modernidade, acompanhando pela institucionalização e divisão dos
principais momentos do curso da vida: a infância, a juventude e a velhice. A
depender do contexto cultural a qual pertence o indivíduo, a velhice ganha
significados diferentes.
Complementando esta concepção, Motta (2013) afirma que as idades
são um fator importante na organização cultural de uma sociedade e passa, de
tempos em tempos, por um processo de construção e reconstrução de
significados. A autora trata o envelhecimento a partir de diferentes
perspectivas, propondo uma dissociação entre duas formas de envelhecimento:
o envelhecimento físico e o envelhecimento não físico.
Desta forma, o envelhecimento biológico é um processo inevitável e
irreversível sendo as transformações provocadas por ele visto como algo
inconveniente, indesejável e negativo: cabelo brancos, rugas na pele,
limitações físicas e doenças (MOTTA, 2013).
Por outro lado, o envelhecimento traz fatores positivos como o
desenvolvimento do intelecto. Sobre esta perspectiva, as palavras de
Rougemont (2012) são importantes e merecem ser citadas:

Visto como trajetória de vida, o envelhecimento é experiência,
conhecimento adquirido por tudo que foi vivenciado ao longo da vida.
Desse modo, o acúmulo de conhecimento será um elemento positivo
na velhice, pois trará a sabedoria. A maturidade, por sua vez, é
relacionada tanto à experiência de vida e à passagem de uma fase da
vida à outra quanto ao desenvolvimento do organismo. Apesar das
perdas físicas, envelhecer teria como recompensa ganhos
intelectuais: a experiência, a sabedoria e a maturidade (ROGEMONT,
2012, p. 18).

Barros (2014), em um estudo envolvendo 593 indivíduos com faixa
etária entre 39 e 59 anos sobre os benefícios trazidos com o passar dos anos,
sugere que os ganhos intelectuais são as principais vantagens trazidas pelo
envelhecimento. Assim, sabedoria, conhecimento e maturidade são citados
como sendo a principal conquista do envelhecimento por auxiliar a pessoa a
lidar melhor com as situações cotidianas, evitando erros ao tomar decisões e
lidar com situações adversas.

A antropóloga Debet (2006) leciona que existem diferentes categorias
de idade e formas de periodização da vida sendo esta diversidade formas
significativas para se pensar a produção e a reprodução social. A autora
legitima as duas dimensões da velhice: uma biológica e outra social e as
compreende como algo indissociáveis haja vista que o processo biológico do
envelhecimento é visto de diferentes formas.
A representação sobre a velhice passou por grandes transformação ao
longo dos tempos. Com o advento da aposentadoria, foi se entendendo a
necessidade de se criar políticas sociais voltadas para este público.
No século XIX a velhice trabalhadora vivia em condições miseráveis,
dependendo de filhos ou de instituições sociais para sua sobrevivência. Nesse
período o problema da velhice estava assentado na incapacidade da pessoa de
garantir financeiramente seu futuro. A noção de velho então estava fortemente
vinculada à uma classe social decadente e com incapacidade para o trabalho
(PEIXOTO, 2010).
Esta conotação negativa não se difere no contexto brasileiro uma vez
que, segundo um estudo realizado Rougemont (2012, p. 05), os sujeitos da
pesquisa apontaram que “velho designa as pessoas de mais idade, que
pertencem às classes populares e que apresentam sinais de envelhecimento e
declínio físico mais nitidamente. Remete, portanto, à decadência”.
Vale ressaltar contudo que, o envelhecimento humano é um fenômeno
natural e uma importante conquista da humanidade. Tornar-se idoso está
relacionado com os avanços na área tecnológica e com uma nova dinâmica de
organização da vida em sociedade que resultaram num aumento na
expectativa de vida da população. O processo de envelhecimento é algo
natural que tem início no momento em que a vida se inicia no útero materno e
envolve o desenvolvimento físico, psicológico e social.

  1. Envelhecimento: a elaboração das
    perdas

A transitoriedade da vida acontece por meio de passagens
espontâneas não detectadas a priori e isentas de uma reflexão consciente
sobre as mudanças de status que vão ocorrendo ao longo da existência,
simplesmente, as mudanças são vividas e seus impactos vão sendo sentidos e
assimilados no dia a dia, sem que haja um desgaste significativo de energia
emocional e psíquica.
A vida se modifica como as estações do ano, a vida se modifica na
passagens dos meses, na troca de cuidado e na maneira como o cuidado
estético vai, aos poucos, cedendo espaço para os cuidados terapêuticos. Um
movimento que vai impulsionando a pessoa a mudar sua percepção sobre a
vida, dando a ela um novo sentido, modificando seus projetos e, muitas vezes,
começando projetos novos e até então impensados. A vida é um constante
processo de transformação e renovação que necessita ser acompanhada de
reflexão e pequenos “rituais de passagens” pois são mudanças que tornam
evidentes o quanto a condição humana é transitória e as relações são
provisórias.
Estas passagens caracterizam o sentimento de morte simbólica, ou
seja, uma condição que leva a pessoa a se recolher em si e vivencia suas
experiências de final de etapa que, sob determinado aspecto, pode ser
considerado como uma morte, naquele específico recorte. Esta condição de
morte simbólica acompanha o ser humano ao longo de toda a sua existência.
São muitas as transformações que vão ocorrendo ao longo da vida
evidenciando que a necessidade de se adaptar para poder viver de acordo com
as limitações que cada etapa impõe a pessoa contudo, as que mais tornam
evidente que a velhice está chegando e, portanto, costumam desencadear a
crise da meia idade são as doenças, a aposentadoria e o desemprego
(COSTA, SOARES, 2016).
Vivemos em uma sociedade cujo sistema capitalista compreende o
corpo enquanto um instrumento de produção. Isto significa que, adoecer é o

mesmo que perder o direito de se fazer presente no ambiente em que a vida
acontece. Além disso, a doença causa dependência e a necessidade de
cuidados, deixando implícito que a pessoa se tornou secundária e sujeita a
outras pessoas. Ficar doente impõe ao indivíduo a vergonha da inatividade
portanto, a doença deve ser escondida do mundo social pois ela carrega em si
a ideia da finitude da vida e da autonomia da pessoa, remetendo-a à
consciência de sua mortalidade.
Desta forma, a doença é uma espécie de morte que coloca a pessoa
em contato com sua fragilidade e com sua finitude e traz o sentimento de
mortalidade. Eventualmente, a doença traz transformações como amputações
ou a perda de um membro ou órgão, fazendo com que o sentimento de luto e
morte sejam vivenciados de forma mais intensa. A amputação pode ocorrer em
virtude de diversos fatores, como acidentes, traumatismo ou degeneração
contudo, a pessoa amputada passará pelo processo de finitude de vida ao
considerar que uma parte de si está em óbito.
Ainda que a sociedade não compreenda que a perda de um membro
traz para o amputado a ideia de luto, o estresse enfrentado por esta pessoa
equivale à morte de um ente querido, sendo um dos aspectos que mais traz a
ideia de envelhecimento (CARVALHO, 2013).
Outro fator que traz o sentimento de perda e, portanto, um luto
simbólico, é a aposentadoria. Para muitas pessoas aposentar-se, embora seja
um momento muito esperado ao longo da vida produtiva, significa a ruptura
com sua história individual, indicando a necessidade de organização financeira
e do tempo, alterando o papel social desempenhado até então.
Portanto, traz implícito um valor simbólico que corresponde ao luto de
uma perda. Estando afastado do contexto produtivo em que se habituou, surge
a necessidade te buscar uma nova organização temporal, espacial e de
identidade, quando a aposentadoria o corre tardiamente ver bula em especial,
quando acontece na terceira idade. Obviamente, em um primeiro momento
aposentadoria é vista como a libertação de uma atividade que se tornou
insatisfatória e desagradável ao longo dos anos e a pessoa vai ter a
oportunidade de descansar e portanto, experimenta a sensação de liberdade
ponto no entanto, o que no início parecia férias, trata-se de uma condição que

não terá fim trazendo para a pessoa ou sentimento de perda de pontos de
referências sobre o que fazer após o descanso.
A pessoa idosa é beneficiada, em vários fatores de sua vida, com uma
rotina de trabalho, uma vez que, quando se sente útil e ativo, vivência o
sentimento de que está escapando da decadência e do tédio. Desta forma
circular não só o idoso, como também todos os que se afastam do ritmo
laboral, sem inserir-se em algum um tipo de trabalho alternativo, sofrem
emocionalmente em virtude de demandas sociais e, principalmente, do próprio
movimento interior que solicita utilidade e ritmo.
Caterina (2017) explica que o medo da própria morte é um fator que
impulsiona o homem a manter-se ativa e desempenhando atividades. A morte
do vínculo que ocorre entre o homem esse é um instrumento de trabalho, leva
à morte em si, em geral observada pelas pessoas que possuem convivência
diária com a pessoa em lotada, ao salientar que a pessoa foi morrendo aos
poucos quando a aposentadoria chegou e este parou de trabalhar.
Não apenas a aposentadoria provoca esse tipo de sentimento, também
o desemprego traz riscos ao equilíbrio psíquico, por colocar a pessoa em
condição de vulnerabilidade, ameaçando o equilíbrio do lar tanto financeiro
quanto emocional. Por isso o desemprego é uma realidade entendida como um
tipo de morte quando a pessoa já está avançando em sua idade cronológica.

Conclusão

O envelhecimento é um processo natural, que ocorre de maneira
sequencial, acumulativo, universal e individual ao mesmo tempo, que pode ou
não, incluir doenças. O processo de envelhecimento envolve aprendizagens,
amadurecimento, desenvolvimento, no entanto, envelhecer é um processo que
não está isento de perdas.
O avanço do tempo leva o indivíduo a enfrentar perdas em diferentes
âmbitos e de diferentes dimensões: sociais, físicas, cognitivas, que vão
exigindo do indivíduo que envelhece um complexo e contínuo exercício de
elaboração emocional com o objetivo de adaptar-se, de maneira saudável, às
mudanças e transformações que esta fase vai proporcionando.
Como a sociedade ocidental não foi capaz de oferecer um espaço de
destaque para o idoso, o envelhecimento se torna, nestas culturas, algo
problemático e a percepção é a de que as perdas são maiores e mais
significativas do que os ganhos proporcionados pela maturidade. Neste
contexto, o luto é diverso e não está relacionado somente à perda de um ente
querido, de um filho ou do companheiro, toda mudança, por menor que seja, é
considerada uma perda. Assim, o luto é em decorrência de perdas no âmbito
profissional, financeiro, fisiológico, social e simbólico.
Eventos naturais da vida como a saída de um filho da casa dos pais
para estudar ou morar fora, a aposentadoria compulsória que, por muitas vezes
reduz a renda familiar e o contato social, o declínio da beleza, o surgimento de
doenças, a perda na expectativa com relação ao futuro, a solidão, a viuvez, são
fatores que levam o idoso a se organizar de modo a mudar seu estilo de vida e
a lançar mão de seus recursos emocionais para atuar em uma realidade agora
compostas por perdas concretas e ou simbólicas.
Portanto, a velhice é uma questão complexa e que necessita ser
compreendida, debatida e discutida em consonância com o contexto social pois
envelhecer não é um processo apenas biológico e fisiológico, como também

psicológico, sociológico e cultural, que tem como características o fato de ser
universal e, porque não pensar em vital, multideterminado e que transcorre ao
longo de toda a existência do indivíduo.
Como se processa de maneira singular, cada pessoa vive sua velhice
de maneira única e, no exercício de elaborar suas perdas e de se adaptar a
elas vai reinterpretando sua vida e reconstruindo suas expectativas

 

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Este material sobre: As perdas no processo de envelhecimento e a consequente depressão em idosos , foi escrito por Carlos Augusto Leite da Costa, aluno formado no nosso Curso Livre de Mestrado em psicanálise.

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