Prova de psicanálise

1. O que é a Psicanálise?
A psicanálise é uma área independente da psicologia, tratada como arte, ciência, ética, é do ponto de vista terapêutico, pode-se dizer que é uma técnica psicoterapêutica, que tem como base a teoria do modelo inconsciente, desenvolvida por Sigmund Freud.
Ele a caracteriza como uma teoria, um método e uma técnica. Tem como pressuposto a investigação sobre o funcionamento da mente humana, o inconsciente, que são conteúdos mentais inacessíveis à própria pessoa. Através da fala do usando a técnica de associação livre, a interpretação dos sonhos, os atos falhos de palavras e ações dos pacientes, pode-se chegar a significados desses conteúdos do inconsciente, trazendo-os à consciência do paciente.
É um método de tratamento das perturbações neuróticas, fundado nessa investigação e que serve para investigar processos anímicos dificilmente acessíveis por outras vias, que pouco a pouco foram se constituindo em uma nova disciplina científica.
O processo terapêutico psicanalítico se dá através da análise, no qual o terapeuta explora e investiga o inconsciente do paciente. Esse processo visa trazer à consciência os desejos, medos, traumas e conflitos reprimidos que influenciam o comportamento, memórias traumáticas e impulsos não reconhecidos, geralmente
são as raízes dos problemas que afetam o sujeito psicológica e emocionalmente. A análise envolve frequentes sessões de fala e reflexão (do paciente), utilizando técnicas como a associação livre, interpretação dos sonhos e a análise da transferência e da resistência, com o objetivo de trazer clareza e compreensão aos padrões psíquicos inconscientes do analisando.

2. O que é esquizofrenia?

A esquizofrenia é uma doença mental crônica que se manifesta na adolescência ou início da idade adulta. A esquizofrenia evolui geralmente em episódios agudos onde aparecem os vários sintomas acima descritos, principalmente delírios e alucinações, intercalados por períodos de remissão, com poucos sintomas manifestos.
Os principais sintomas são: Os delírios, que são ideias falsas, das quais o paciente tem convicção absoluta. As alucinações, que são percepções falsas dos órgãos dos sentidos. As alucinações mais comuns na esquizofrenia são as auditivas, em forma de vozes. Alterações do pensamento, quando as ideias podem se tornar confusas, desorganizadas ou desconexas, tornando o discurso do paciente difícil de compreender. Alterações da afetividade, quando pacientes tem uma perda da capacidade de reagir emocionalmente às circunstâncias. Diminuição da motivação, caracteriza quando o paciente perde a vontade, fica desanimado e apático, não sendo mais capaz de enfrentar as tarefas do dia a dia. Quase não conversa, fica isolado e retraído socialmente.
Ainda hoje não se sabe quais são as causas da esquizofrenia. A
hereditariedade tem uma importância relativa, sabe-se que parentes de primeiro grau de um esquizofrênico têm chance maior de desenvolver a doença.
O diagnóstico é feito pelo especialista a partir das manifestações da doença.
Sendo que o tratamento é baseado no controle dos sintomas e na reintegração do paciente no meio social. Lembrando que o tratamento da esquizofrenia requer duas abordagens: medicamentosa e psicossocial.

3. Quem foi o Pai da Psicanálise?
Sigmund Freud, foi médico neurologista Austríaco de origem judaica, formado na Universidade de Viena, Áustria. O pai da psicanálise foi Sigmund Freud, que desenvolveu a teoria e a prática da psicanálise no final do século XIX e início do século XX, é conhecido por suas contribuições revolucionárias para a compreensão da mente humana, do inconsciente e dos processos psicológicos.

Reconhecido como o fundador da psicanálise, é uma abordagem revolucionária no campo da psicologia. Freud desenvolveu teorias inovadoras sobre a mente humana, a personalidade, o inconsciente e os processos psíquicos. Suas ideias influenciaram significativamente não apenas a psicologia clínica, mas também
áreas como a literatura, a filosofia, a sociologia e a cultura em geral.
Freud introduziu conceitos fundamentais, como o inconsciente, o complexo de Édipo, a interpretação dos sonhos e o papel dos impulsos sexuais na psique
humana, bem como descobriu a importância dos sonhos na revelação de conteúdos
inconscientes.
Através de sua abordagem clínica e teórica, Freud influenciou significativamente não apenas a psicologia e a psiquiatria, mas também campos como a literatura, a arte e a cultura em geral.
Freud também foi o fundador da primeira escola de psicanálise e
desenvolveu técnicas terapêuticas para explorar e resolver conflitos emocionais e traumas inconscientes. Sua obra influenciou gerações de teóricos e praticantes da psicoterapia, deixando um legado duradouro no campo da saúde mental.

4. Qual a diferença entre Psicanalista, psiquiatra e Psicólogo?
São profissionais da saúde mental, são os psiquiatras Psicólogo e
Psicanalista, atende as pessoas que têm transtornos, doenças, desequilíbrios na parte mental, também atendem indivíduos que anseiam por mudanças em relação ao que fazem, ao que sentem e ao que pensam. Tais diferenças dar-se no âmbito da sua formação profissional.
O psiquiatra é um profissional com formação em medicina e com
pós-graduação ou em Psiquiatria. Os psiquiatras fazem o diagnóstico da doença com base nos sinais e sintomas do paciente. Desta forma, o médico psiquiatra está preparado para lidar com os mais variados transtornos mentais (depressão, psicoses, etc). Ele faz uso do sistema de diagnóstico baseado em manuais como
CID10 – Código Internacional de Doenças e DSM-IV – Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais. E a principal forma de intervenção utilizada por este profissional é a prescrição de medicamentos como antidepressivos, ansiolíticos e outros psicofármacos.
O psicólogo é um profissional que concluiu a graduação em Psicologia, podendo atuar na área do conhecimento, seja na clínica, hospitalar, recursos humanos, educacional, jurídica e outras. Para atuar na área clínica, o psicólogo geralmente complementa a sua formação com cursos (especialização, pós-graduação stricto sensu e lato sensu).

Já para se tornar um psicanalista, não é necessário ter formação em psicologia ou medicina, no Brasil é um profissional autônomo, reconhecido pelo ministério do trabalho. Assim, a psicanálise é reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (CBO – código 2515.50), amparada pelo Decreto no 2.208 de 17 de abril de 1997, que estabelece Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
– Lei no 9.394, de 1996, e pela Constituição Federal.
As instituições psicanalíticas têm a responsabilidade social de formar psicanalistas competentes, conferir-lhes autonomia para o exercício de sua função, responsabilizando-os quanto à ética de seus atos. A Psicanálise não é regulamentada como profissão no Brasil e em nenhum outro país.
Para se tornar um psicanalista, o pretendente precisa fazer um curso, que atualmente é classificado como curso livre de formação em psicanálise e seguir a determinação do tripé psicanalítico de formação, que é a sua própria análise , conhecer a teoria psicanalítica, e ter supervisão de seus casos com outro
psicanalista mais experiente. devendo a pessoa se autoriza a exercer essa função, quando julgar está em condições para exercer a função. Desse modo, não possuem Conselho de Profissão para orientar, fiscalizar e disciplinar o seu exercício e acolher denúncias contra profissionais.

5. O que é Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)? Quais são as principais causas? Cite exemplos de (TOC).
A sigla TOC, significa Transtorno Obsessivo-Compulsivo, que é um transtorno mental de ansiedade, caracterizado pela presença de obsessões, que são pensamentos próprios, intrusivos ou ideias recorrentes de cunho negativo, sem muito sentido, causando ansiedade e desconforto emocional. Já as compulsões são comportamentos ou atitudes de forma repetitiva, como uma mania, porém muito intensa quantitativamente, atrapalhando a vida da pessoa em suas relações pessoais e sociais. Essas atitudes, menos no início, ocorrem com o intuito de aliviar a ansiedade e o incômodo dos pensamentos desagradáveis do indivíduo.
Causa: é um transtorno multicausal, que pode estar associado a questões biológicas (genética), neuroquímica (cerebral), bem como infecções e psicológica, como o estilo de vida estressante.
Ex: Lavar as mãos repetidamente e/ou várias vezes ao dia, com medo de se contaminar. Isso faz com que, na cabeça dela, ela esteja tomando uma atitude de que aquele pensamento de contaminação, seja eliminado, porém esse alívio é momentâneo, pois logo em seguida surge o mesmo pensamento, recomeçando o mesmo ritual repetidamente.
Outro exemplo é checar se algo foi realizado, como por exemplo, verificar se trancou a porta, isso é feito muitas vezes.

6. Quem foi Carl Gustav Jung?
Carl Gustav Jung foi um psiquiatra e psicólogo suíço que teve uma influência significativa no campo da psicologia analítica. Ele nasceu em 26 de julho de 1875, em Kesswil, Suíça, e faleceu em 6 de junho de 1961, em Küsnacht, Suíça.
Jung desenvolveu suas próprias teorias psicológicas, que divergiam em alguns aspectos das ideias de Sigmund Freud, embora inicialmente eles tenham colaborado. A abordagem de Jung ficou conhecida como psicologia analítica e introduziu conceitos como o inconsciente coletivo, arquétipos, tipos psicológicos (como extroversão e introversão), individuação e sincronicidade.
Diferentemente de Freud, Jung acreditava que o inconsciente não se limitava apenas a aspectos reprimidos, mas também continha elementos universais compartilhados pela humanidade ao longo da história. Seu trabalho influenciou áreas como psicologia, psicoterapia, mitologia, religião, literatura e arte. A abordagem de Jung continua a ser estudada e aplicada por psicólogos e terapeutas.

7. O que você entendeu ao ler a disciplina: O Luto e sua relação com os estados Maníaco-Depressivos?
O luto é uma resposta natural e saudável à perda de alguém ou algo significativo em nossas vidas. Envolve um processo emocional e psicológico que pode incluir sentimentos de tristeza, raiva, negação, choque e até mesmo momentos de aceitação e esperança. O luto é uma experiência única para cada pessoa e não segue um padrão pré definido, podendo durar diferentes períodos de tempo.
Quando se trata da relação entre o luto e os estados maníacos-depressivos, é importante considerar que o luto pode desencadear ou agravar transtornos do humor, como a depressão ou transtorno bipolar. Algumas pessoas podem experimentar um episódio depressivo após uma perda significativa, enquanto outras podem alternar entre estados maníacos e depressivos, especialmente se já tiverem um diagnóstico prévio de transtorno bipolar.
O luto pode ser um fator desencadeante para transtornos do humor em algumas pessoas, especialmente se houver predisposição genética ou histórico pessoal de episódios depressivos ou maníacos.
Klein considerava que o processo de luto envolvia a aceitação da realidade da perda, a internalização do objeto amado perdido e a elaboração de sentimentos ambivalentes. Ela faz a distinção inicialmente dos tipos de objeto de desejo, sendo o primeiro objeto, o peito da mãe, representado pelo: amor, bondade e segurança.
Mas surge a dor e a preocupação pela perda dos “objetos bons” que é a posição depressiva, ou seja o objeto mau. Outras dores também surgem como a situação edípica, as frustrações, e ansiedades.
O sentimento de ambivalência é colocado como a mãe interna e externa ou seja o mundo real e imaginário. O aumento de amor e confiança e a diminuição dos temores através de experiências felizes, ajuda o menino passo a passo a vencer sua depressão e sentimento de perda (LUTO). Capacitam-no para provar sua realidade interior por meio da realidade externa.

8. Faça um breve resumo da disciplina: A interpretação dos sonhos – Parte 1
Sonho é um produto da atividade do inconsciente e que tem sempre um sentido intencional ou de realizações do desejo. Os sonhos são produzidos com os pensamentos, dados e experiências da nossa vida diária, que são recalcados para o inconsciente.
Os sonhos, são fenômenos psíquicos, que possuem uma distorção do seu conteúdo, ele se exprime de modo deformado, funcionando como se fosse uma defesa com um desejo proibido, reprovável (que sofreu censura). Sendo a censura é que vai ter a função de permitir que a consciência aceite os pensamentos latentes dos sonhos.
Freud considerou três características da memória onírica, tem preferência por impressões recentes, por aquelas indiferentes e lembranças infantis.Os sonhos podem escolher seu material de qualquer momento da vida, desde que exista uma relação entre as experiências do dia anterior com o passado mais distante. As
representações pouco intensas, assumem o lugar das mais intensas (deslocamento). O conteúdo onírico pode unificar duas ou mais experiências, estímulos recentes com as do passado.
Os sonhos são formados pela elaboração de fatores fundamentais: a Condensação; o Deslocamento ;a Dramatização (representabilidade) e a elaboração secundária. A Condensação, representa um conteúdo que está no lugar de muitos outros (o mesmo conflito em vários símbolos do sonho). O deslocamento quando um elemento importante é representado diretamente por outro, por exemplo a censura é a força psíquica para efetuar o deslocamento. As operações mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo latente do sonho se transforma em sonho manifesto, damos o nome de elaboração do sonho, também chamada dramatização.
O método de interpretação dos sonhos, segundo Freud, há algumas normas, como por exemplo a experiência consciente, chamada de sonho manifesto que é o sonho que se consegue recordar. Já a parte dos os sonhos latentes, são os pensamentos e desejos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa.

9. Qual é a definição de psicose e quais são as causas mais comuns?
A psicose é uma estrutura de personalidade, que afeta a capacidade de julgamento, ou seja, rompimento radical do contato do indivíduo com a realidade.
Ele cria uma realidade paralela, da qual ele irá realizar os desejos infantis. Na manifestação de transtornos mentais desta estrutura pode se mencionar: sociopata, desvio de caráter e esquizofrenia.
A causa da psicose é um desequilíbrio bioquímico cerebral, de causa genética, depressão profunda, uso de substâncias psicoativas e doenças que afetam o sistema nervoso central, como Alzheimer, AVC, AIDS e Parkinson, insônia grave, demência e traumas no cérebro também desencadeiam a psicose.

10. Defina Histeria, quais os principais sintomas e causas.
Na antiguidade a histeria era vista com muita distorção de como é hoje, desde o útero mudar de lugar no corpo a possessão demoníaca. A histeria era associada a possessão demoníaca, com sinais de convulsões e espasmos, um calor interno, associada ao erotismo.
Os sintomas acreditavam que poderiam ser minimizados com o ato sexual.
Em vários países a histeria era vista de uma forma, envolvendo a religião, hipnotismo, também foi tratado como doença dos nervos (neurose).
O conflito psíquico inconsciente é que foi reconhecido por Freud como a principal causa da histeria” e a teorização da sexualidade infantil permitiu a Freud
identificar o conflito nuclear da neurose histérica, desenvolvendo os conceitos de Complexo de Édipo e Angústia de Castração.
A histeria é um dos transtornos neuróticos, relacionados ao estresse e somatoformes, mais especificamente na subcategoria transtornos dissociativos (ou conversivos) O transtorno somatoforme é definido como o aparecimento de sintomas
físicos e apresenta variedades de sintomas que impactam a vida dos pacientes. O atendimento deve ser o que acolha suas necessidades e desenvolver uma escuta ativa.
A complacência somática é uma condição orgânica normal ou patológica que facilita a formação de um sintoma histérico.
Atualmente, o mais comum é que os pacientes chegam sem uma definição clara do seu sofrimento, seus corpos são simbolicamente desabitados de emoções, encaminhados por um clínico devido a sintomas físicos confundidos com somatizações dos histéricos.

11. Quais são as práticas de Freud que antecedem a formulação da teoria psicanalítica?
O próprio nome escolhido para o primeiro método – catarse = purificação – é um conceito corrente nas iniciações da antiguidade. O método catártico original consiste essencialmente em transferir o doente – com e sem a parafernália hipnótica
– ao fundo mais profundo de sua consciência, isto é, a um estado que nos sistemas de ioga orientais equivale aos estados de meditação ou contemplação. O objeto da contemplação, porém, diferencia-se do da ioga pelo emergir esporádico de vestígios
de noções crepusculares – ou na forma de imagens ou de sentimentos – que num cenário escuro se destacam do fundo invisível do inconsciente, a fim de se apresentarem, ainda que imprecisos, ao olhar introspectivo. É uma maneira de fazer voltar o que foi recalcado ou esquecido. Isso, por si só, já é um benefício, ainda que eventualmente desagradável, pois as qualidades inferiores e até condenáveis também me conferem substancialidade e corpo: é minha sombra.
A hipnose também foi uma técnica inicialmente empregada para colocar os pacientes em um estado de transe, em que eles começavam a rememorar os traumas que não podiam ser lembrados com espontaneidade. Ao tratar as jovens histéricas com a técnica da hipnose, Freud e Breuer perceberam que muitos
traumas estavam relacionados com conteúdos reprimidos. No entanto, havia alguns pacientes nos quais a técnica da hipnose realmente não era eficaz, o que gerou um certo desapontamento em Freud. Diante da insuficiência da técnica hipnótica, Freud
percebeu que a análise realmente não poderia ter eficácia.

12. Como se caracterizam as fases do desenvolvimento sexual?
Segundo Freud, a sexualidade do individuo evolui através dos estágios, denominados de fases: oral, anal, fálica, de latência e genital. Estes são chamados estágios psicossexuais porque cada estágio representa a concentração da libido (energia do impulso sexual) em uma área diferente do corpo. À medida que uma pessoa cresce, certas áreas do seu corpo (zonas erógenas) tornam-se, a cada momento, importantes como fontes de prazer, frustração potencial ou de ambos. De acordo com Freud, as crianças passam por cinco fases de desenvolvimento:

1.A fase oral , que vai do nascimento até 1 ano de idade
A primeira fase de desenvolvimento de uma criança se concentra na região oral. Tendo como exemplo principal foco a amamentação da mãe, a criança obtém prazer no momento da sucção e sente satisfação com a nutrição proporcionada pelo
ato. Com duração de um ano a um ano e meio, a fase oral termina com a época do desmame. As principais características psicológicas desse estágio, que podem evoluir ou se tonar fixadas, são onipotência, passividade, tendência à preensão e à
incorporação, não distinção interno-externo, intolerância à frustração, agressividade não intencional e dependência, entre outras.

2. A fase anal, que gira em torno de 1 a 3 anos de idade Durante esse período de vida principal região de prazer da criança é a região anal (zona erógena anal). A função mais importante nessa fase é o manejo das fezes (excreção e retenção) e o principal conflito desse estágio se dará em vista do controle dos esfíncteres. As características psicológicas próprias dessa fase são: busca de autonomia, agressividade intencional, formação das noções de tempo e espaço e formação das noções de ordem, higiene e limpeza.

3. A fase fálica (3 – 6 anos)
Dura mais ou menos do 3o ao 6o ano de vida da criança e tem como principal fonte de prazer a região genital (zona erógena genital). Essa fase é a mais crucial para o desenvolvimento sexual na vida de uma criança. O fato mais marcante dessa etapa é a masturbação infantil. É nesse estágio que ocorrem o conflito com dois dos mais momentosos complexos nomeados por Freud: os complexos de Édipo e Electra. São características psicológicas desse estágio: curiosidades (principalmente com relação à sexualidade), exibicionismo, sentimentos de superioridade / inferioridade e vaidade.

4. O período de latência (7 anos – puberdade)
A partir do 7o ano e até a puberdade, segue-se uma latência no desenvolvimento da sexualidade. Ou seja, não há ausência da sexualidade, mas sim uma detenção na sua evolução. Esse período é marcado pela ausência de novas descobertas sobre o corpo e a sexualidade e não instaura o funcionamento de uma nova zona erógena. Nessa fase ocorrem a escolarização, a socialização, o desenvolvimento intelectual e a formação de valores do pré-adolescente. A criança volta seu interesse para o mundo externo e aprende sobre as coisas da natureza: porque ocorrem, como são feitas, como funcionam, etc. Neste período, a criança já superou o complexo da fase fálica e, embora desejos e impulsos sexuais possam ainda existir, eles são expressos de forma assexuada em atividades como amizades, estudos ou esportes, até o começo da puberdade.

5. A fase genital (puberdade e vida adulta)
Daí em diante a sexualidade passa à fase genital, adulta. A puberdade é um período de grandes transformações físicas e fisiológicas. A ela segue-se a adolescência, período de importantes acontecimentos psicológicos. Ambas as fases se estendem até a vida adulta. A sexualidade surge agora impulsionada por uma nova onda instintiva, marcada por suas características adultas: primazia dos genitais sobre as demais zonas erógenas e escolha de um objeto fora do próprio corpo, normalmente outra pessoa. Por “primazia dos genitais” entende-se o fato de que os órgãos genitais passam a ser a principal via de descarga das tensões sexuais e sede de um prazer maior que o obtido nas demais zonas erógenas. Não se fala em zona erógena genital porque essa etapa é última e definitiva.

Do ponto de vista psicológico, o fim da evolução deve levar à capacidade de amar, produzir e criar. Desvios desses objetivos podem ocorrer por fixação a uma fase do desenvolvimento que já devia ter sido superada ou por regressão a ela.
Segundo Freud, na fase genital, a criança mais uma vez volta a sua energia sexual para seus órgãos genitais e, portanto, em direção às relações amorosas. Ele diz que esta é a primeira vez que uma criança quer agir de acordo com seu instinto de procriar.
Os conflitos internos típicos das fases anteriores atingem aqui uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta. Neste momento, meninos e meninas estão conscientes
suas identidades sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais.

13. Como se caracteriza a pulsão?
A teoria da pulsão postulava que, se foi frustrada ou gratificada em excesso em um estágio psicossexual precoce (por meio da interação entre a aptidão temperamento da criança e a resposta dos pais), uma criança pode se tornar “fixada” em algumas das questões biológicas dessa fase.
O caráter era visto como uma expressão de efeitos de longo prazo decorrentes dessa fixação: se um homem adulto tivesse uma personalidade depressiva, era teorizado que havia sido ou negligenciado ou sobrecarregado de gratificações entre o primeiro e o segundo ano de vida (a fase de desenvolvimento
oral); se ele fosse obsessivo, era inferido que havia tido problemas entre as idades de um 1 e meio e 3 anos (a fase anal); se fosse histérico, isso se devia a rejeição, à superestimulação da sensualidade, ou a ambos, entre os 3 e os 6 anos, quando o interesse da criança se volta para os genitais e para a sexualidade (a fase “fálica”, na linguagem freudiana orientada por um viés do masculino, posteriormente chamada de “edipiana” devido a questões de competição sexual e a fantasias associadas a tais disputas, características desse estágio – um paralelo com os temas da Grécia Antiga e com a história de Édipo). Nos primeiros tempos do movimento psicanalítico, era comum ouvir alguém se referir ao paciente como portador de um caráter oral, anal ou fálico.

14. Quais os três usos do termo psicanálise?
O termo “psicanálise” pode ser utilizado de diferentes maneiras, refletindo diferentes aspectos da abordagem. Esses três usos destacam as dimensões terapêuticas, teóricas e acadêmicas da psicanálise, mostrando como o termo é abrangente e aborda diferentes aspectos da abordagem desenvolvida por Freud e seus seguidores.

Como Método Terapêutico: A psicanálise é frequentemente referida como um método terapêutico que visa explorar os processos mentais inconscientes e as influências do passado na vida psíquica do indivíduo. Em uma sessão de
psicanálise, o paciente é encorajado a falar livremente (associação livre), explorando pensamentos, emoções e memórias, enquanto o analista interpreta os conteúdos reprimidos do inconsciente. O objetivo é trazer à consciência elementos anteriormente não reconhecidos para promover insights e resolução de conflitos.

Como Teoria Psicológica: A psicanálise também se refere a uma teoria psicológica desenvolvida por Freud e posteriormente expandida por outros teóricos.
Essa teoria abrange conceitos como o inconsciente, a repressão, a sexualidade infantil, os mecanismos de defesa, o complexo de Édipo e a importância dos estágios do desenvolvimento psicossexual. A psicanálise busca compreender os processos mentais subjacentes que influenciam o comportamento humano.

Como Campo de Estudo Acadêmico: Além disso, o termo “psicanálise” é usado para descrever um campo de estudo acadêmico que engloba a pesquisa, a teoria e a prática clínica relacionadas à abordagem psicanalítica. Isso inclui a investigação sobre o desenvolvimento da personalidade, a aplicação da psicanálise em diferentes contextos clínicos e a análise crítica das contribuições de diversos
teóricos para a evolução da psicanálise como disciplina.

15. Faça uma breve análise sobre o caso do HOMEM DOS RATOS.
O famoso e intrigante caso do Homem dos ratos de Freud, foi um caso de neurose obsessiva compulsiva (TOC) grave. FREUD TEVE EXITO paciente era atormentado por ideias obsessivas, por anos, que consistiam no medo que algo de ruim pudesse ocorrer com a namorada e com seu pai, na época já falecido.
Além disso, tinha uma série de sintomas, tais como: compulsões, prescrições minuciosas e ordens auto impostas, permeadas por dúvidas, hesitações e mudanças de ideia. Nesse caso o paciente tinha um desejo inconsciente de ferir sua namorada e seu pai.
Em relação ao pai ele tinha sentimentos ambivalentes por desejar receber a herança de seu pai e ao mesmo tempo considerar repulsivo esse tipo de pensamento. Os sintomas seriam assim sentimentos ambivalentes inconscientes objetivando adiar o casamento. O conflito entre feri-la e protegê-la seria a raiz de seus problemas. A expressão dessa fantasia é seguida por uma reação de medo, é a maneira obsessiva de dar testemunho da existência do inconsciente como alteridade, e de tentar separar do amor o fundo de ódio que o sustenta.
Era ainda perseguido pela lembrança de um relato contado no tempo que prestava seus serviços militares. Trata-se de uma tortura praticada no Oriente, que consistia na introdução de um rato (Ratten) vivo no ânus do torturado. O paciente tem dificuldade de relatar este episódio, e essa dificuldade na exposição da cena é interpretada por Freud como resistência. Freud baseou-se nesse caso para formular suas teorias sobre a fase anal, erotismo infantil, racionalização, deslocamento e ambivalência. Freud argumenta que existia um elemento subtraído dessa equação que deveria ser reintroduzido, é aquele que fora recalcado na fala do paciente, a trazer à fala um desejo inconsciente” O complexo de Édipo, é evidenciado no aparente amor por seu pai, que na verdade servia de fachada para um ódio inconsciente, o “desejo de eliminar o pai, perturbador dos apetites sexuais do sujeito”
No plano familiar desencadeou um conflito no paciente relacionado à sua amada, a despeito de sua pobreza, ou se seguiria os passos de seu pai e casaria com a linda, rica e bem relacionada jovem que lhe havia predestinado. E resolveu esse conflito, que na verdade dizia respeito ao confronto entre seu amor e a persistente influência dos desejos de seu pai, ficando doente; ou melhor, o fato de ficar doente evitará a tarefa de resolvê-la na vida real.
no caso do Homem dos Ratos é como as sucessivas significações se relacionam não por meio do sentido das palavras do paciente, mas por meio de traços comuns em torno da sonoridade da palavra Ratten (rato), evidenciando com
isso o uso que ele fazia da linguagem em sua fala particular.
Länzer passou por um período de ardente devoção religiosa em sua adolescência, contudo, havia nele um constante desejo masturbatório. Ele temia que ao fazer isso algo de ruim pudesse ocorrer com a dama de quem gostava, de modo que compôs uma fórmula protetora contra esses desejos: Glejisamen. Freud
analisa que, por meio desta pequena oração, o analisante conseguia unir-se com o nome de sua amada Gisela (anagrama de sua amada + amen), contudo com samen (sêmen) unia-se ao seu corpo, “ou seja, para expressar-se de forma mais direta,
que se masturbou com a imagem dela” (Freud, 1909/2002, p. 109).
O conceito de gozo é resultado da indiferenciação entre a experiência de prazer e de dor que cabe ao sofrimento. No movimento de satisfação pulsional,
existe um resíduo que sobra na forma de frustração (Versagung), uma satisfação
que foi privada do sujeito e que por meio da repetição busca ser recuperada. O gozo
(Genuss) remeteria para a dimensão que estaria além do princípio do prazer, um “a
mais” interditado ao sujeito, impossível de ser reconciliado.

16. – O tipo de delírio onde o paciente se acha transformado em lobo ou em
outro tipo de animal é chamado de?

O tipo de delírio no qual um paciente acredita que foi transformado em um
animal é chamado de “licantropia” ou “delírio licantropo”. O termo é derivado da
lenda do lobisomem, onde a pessoa acredita que foi transformada em um lobo ou
outro animal. A licantropia é considerada um tipo específico de delírio de
transformação, onde a pessoa tem a convicção delirante de ter se metamorfoseado
em um animal. Esse tipo de delírio é uma manifestação de transtornos psicóticos,
como a esquizofrenia, por exemplo. Vale ressaltar que a licantropia é um fenômeno
psiquiátrico e não deve ser confundida com as crenças culturais ou folclóricas sobre
licantropia que podem existir em algumas sociedades.

17. Freud postulou diversos mecanismos de defesa. Defina: *Repressão:
*Recalque:
Algumas traduções da obra de Freud, bem como trabalhos publicados, têm
utilizado os dois termos como sinônimos. Recalque ou repressão é um dos
conceitos fundamentais da psicanálise, tendo sido desenvolvido por Sigmund Freud.
Denota um mecanismo mental de defesa contra idéias que sejam incompatíveis
com o eu
Então, de acordo com o mesmo, a repressão ocorre quando um pensamento,
memória ou sentimento é muito doloroso para um indivíduo. Por isso, a pessoa, de

maneira inconsciente, empurra a informação para fora da consciência. Sendo assim,
se torna inconsciente de sua existência.
Na psicanálise, a repressão é um mecanismo psíquico inconsciente. Ou
seja, é algo que a pessoa remove da sua consciência, pensamentos ou resíduos de
memória considerados inaceitáveis e intoleráveis pelo ego, ou seja, uma
experiência dolorosa e angustiante, sendo que o objetivo é modificar. Ou seja,
reestruturar em conteúdo e forma, o contexto real da memória reprimida daquela
experiência.
Freud dividiu a repressão psicológica em dois tipos: a repressão primária, na
qual o inconsciente é constituído; e a repressão secundária, que envolve a rejeição
de representações inconscientes. A repressão é o processo psíquico através do
qual o sujeito rejeita determinadas representações, ideias, pensamentos,
lembranças ou desejos, submergindo-os na negação inconsciente, no
esquecimento, bloqueando, assim, os conflitos geradores de angústia.
Mecanismo de ação da repressão: é distinguido por Freud em três momentos
do recalque:
Recalque originário (Urverdrängung), que, ao expulsar, da consciência, as
primeiras representações intoleráveis associadas à pulsão, marca uma cisão da
vida anímica, delimitando as áreas consciente/inconsciente e possibilitando a
repressão posterior. A premissa de Freud é a de que toda representação, para
poder ser reprimida, precisa ser atraída por essas representações originariamente
reprimidas.
Recalque propriamente dito ou recalque secundário, que desloca, para o
inconsciente, e ali mantém, as representações intoleráveis para a consciência,
magnetizadas pelo núcleo do inconsciente constituído pela repressão originária.
Retorno do recalcado , quando o recalcado expressa sua efetividade
psíquica, posto que mantém uma tendência a alcançar de algum modo a
consciência e a obter algum tipo de satisfação através das formações do
inconsciente, como os sonhos, os atos falhos ou os sintomas neuróticos.

18. O que é o COMPLEXO DE ÉDIPO? Explique com suas palavras.

Para Freud, o complexo de Édipo é uma formação psíquica que toda a
criança naturalmente acontece na fase fálica. A criança toma ambos os pais como

objetos sexuais, onde o menino se apaixona pela mãe e a menina pelo pai e ambos
(pai e mãe) são vistos alternadamente como rivais. Nessa fase é inevitavelmente
percebido a diferença anatômica entre os sexos, que resultará na formação do
complexo de castração. Que acontecerá de diferentes formas, no menino ao se
deparar com a ausência do pênis nas mulheres, o menino levará a sério a ameaça
de castração feita pelos pais durante seus momentos de masturbação e passará a
ter medo de perder o próprio pênis. Esse medo produzirá uma inibição dos impulsos
genitais. Como consequência, haverá um abandono dos pais como objetos sexuais
e a introjeção das imagos deles no próprio eu, formando o núcleo do superego. No
caso da menina, o complexo de castração, será diferente, não haverá diminuições
das fantasias edipianas. Pelo contrário, abre o caminho para a consolidação do
complexo de Édipo. Ao se dar conta de que não terá um pênis como o dos homens,
a menina se percebe como em falta e culpa a mãe por tê-la concebido dessa forma
supostamente defeituosa. A inveja do pênis e a mágoa da mãe levam a menina a
abandonar a mãe como objeto sexual e direcionar seu desejo para o pai, na
esperança de receber um filho. Essa fantasia incestuosa vai gradativamente se
desfazendo na medida em que não se realiza e, assim, a menina vai abandonando
seu complexo de Édipo e fazendo o mesmo processo de introjeção da imago
parental no eu para a formação do superego.

19. Quais são as diferenças entre transtorno bipolar e transtorno de
personalidade Borderline?
O transtorno bipolar e o transtorno de personalidade borderline (TPB) são
duas condições de saúde mental distintas, mas podem compartilhar algumas
características sintomáticas. Aqui estão as principais diferenças entre esses dois
transtornos:Transtorno Bipolar – Natureza do Humor: No transtorno bipolar, o
principal destaque é a presença de episódios distintos de alterações de humor,
incluindo episódios de mania, hipomania e depressão. Mania envolve um estado de
humor elevado, aumento da energia, impulsividade e diminuição da necessidade de
sono. Depressão no transtorno bipolar é caracterizada por tristeza intensa, baixa
energia, perda de interesse e prazer, alterações no sono e apetite. Episódios
Distintos:Os episódios de mania ou hipomania e depressão são claramente
delineados, com períodos de humor normal entre eles.Resposta a Medicamentos
Estabilizadores de Humor: Medicamentos estabilizadores de humor, como lítio ou

anticonvulsivantes, são frequentemente prescritos para controlar os sintomas do
transtorno bipolar.Transtorno de Personalidade Borderline (TPB)- Instabilidade
nas Relações e Identidade:O transtorno de personalidade borderline está
caracterizado por instabilidade nas relações interpessoais, autoimagem e
afetos.Pessoas com TPB muitas vezes experimentam medo intenso de abandono,
mudanças abruptas na autopercepção e uma tendência a ver os outros como “todos
bons” ou “todos maus”.Impulsividade e Comportamento
Autodestrutivo:Comportamentos impulsivos, como gastos impulsivos, abuso de
substâncias, comportamento sexual de risco ou autolesões, são comuns no
TPB.Intensa Variação do Humor, mas sem Episódios Maníacos: Pessoas com TPB
podem experimentar alterações rápidas e intensas de humor, mas essas flutuações
não atingem o nível de episódios maníacos ou hipomaníacos como no transtorno
bipolar. Reações Intensas ao Estresse e Relacionamentos Instáveis: O TPB está
associado a reações intensas ao estresse, bem como a relacionamentos
interpessoais instáveis, caracterizados por idealização e desvalorização. Embora
haja distinções claras entre esses transtornos, a sobreposição de alguns sintomas,
como alterações de humor e impulsividade, pode levar a desafios diagnósticos. É
importante uma avaliação detalhada para determinar o diagnóstico correto e
desenvolver um plano de tratamento adequado. O tratamento para ambos os
transtornos pode envolver terapia, medicamentos e, em alguns casos,
hospitalização.

20. O que é TDAH? Quais os principais sintomas?
A perturbação de défice de atenção/hiperatividade é uma perturbação de
saúde mental que inclui uma combinação de problemas persistentes, como a
dificuldade em prestar atenção, a hiperatividade e o comportamento impulsivo. O
TDAH pode levar a relações instáveis, mau desempenho no trabalho ou na escola,
baixa autoestima e outros problemas. Os sintomas começam na primeira infância e
continuam na idade adulta. Em alguns casos, não é reconhecida ou diagnosticada
até a pessoa ser adulta. Nos adultos, a hiperatividade pode diminuir, mas as
dificuldades com a impulsividade, a inquietação e a dificuldade em prestar atenção
podem continuar.
TDAH significa Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. É um
transtorno neuropsiquiátrico comum na infância, mas que também pode persistir na

adolescência e na idade adulta. O TDAH é caracterizado por padrões persistentes
de desatenção, hiperatividade e impulsividade que interferem no funcionamento
normal e no desenvolvimento do indivíduo.
É importante notar que os sintomas podem variar em intensidade e
manifestação de pessoa para pessoa. Além disso, o TDAH pode afetar a vida
acadêmica, profissional e social do indivíduo, impactando suas relações
interpessoais e seu desempenho em diversas áreas.
O diagnóstico do TDAH geralmente envolve uma avaliação clínica
abrangente, que inclui observações do comportamento, entrevistas com pais,
professores e, em alguns casos, o próprio indivíduo. O tratamento pode incluir
intervenções comportamentais, terapia psicológica, suporte educacional e, em
alguns casos, medicamentos.
Os principais sintomas do TDAH são geralmente agrupados em duas categorias
principais:
Desatenção:
● Dificuldade em prestar atenção a detalhes, cometendo erros por
descuido.
● Dificuldade em manter o foco em tarefas ou brincadeiras.
● Esquecimento frequente em atividades diárias.
● Dificuldade em seguir instruções e concluir tarefas.
Hiperatividade e Impulsividade:
● Inquietação e incapacidade de permanecer sentado em situações nas
quais é esperado que se sente.
● Dificuldade em brincar ou participar de atividades de forma tranquila.
● Fala excessiva.
● Impulsividade, agindo sem pensar nas consequências.
● Interrupção constante de conversas ou atividades de outras pessoas.

21. Carl Gustav Jung sugeriu que a psique era composta por alguns
componentes, quais são eles?

Jung em sua teoria divide a psique em três elementos: o EGO, que é a nossa
consciência, onde contém nossos sentimentos, pensamentos conscientes, ações e
experiências pessoais.
O segundo componente é o Inconsciente Pessoal,que se divide em
pré-consciente e inconsciente, e é formado por nossas experiências pessoais, por
isso é único em cada pessoa. Nessa região psíquica, o material é de fácil acesso,
mas algumas memórias são de difícil acesso. Tem conteúdos que foram consciente
que foi esquecido, suprimido e tem impressões sensoriais muito fracas para serem
registradas.
E por fim os Complexos, onde armazenam mais experiências, com padrões
de emoções, memórias, percepções e desejos em torno de um mesmo tema. São
conteúdos que podem ser conscientes e inconscientes. Os complexos podem
originar-se de experiências na infância, na vida adulta e até vindo de nossos
ancestrais (inconsciente coletivo).

22. Quem foi Melanie Klein e qual era a sua teoria?
Melanie Klein foi uma psicanalista austríaca-britânica, nascida em Viena em
1882 e falecida em Londres em 1960. Ela foi uma das principais figuras no
desenvolvimento da psicanálise infantil e contribuiu significativamente para a teoria
psicanalítica.
A teoria de Melanie Klein é conhecida como psicanálise kleiniana ou
psicanálise das relações objetais.
Klein expandiu a teoria freudiana ao introduzir a ideia de “objetos internos” na
mente do indivíduo. Ela argumentava que, desde os primeiros estágios da vida, as
experiências emocionais com as figuras de apego (geralmente os pais) são
internalizadas e formam objetos internos que influenciam o desenvolvimento
emocional.
Klein concentrou-se nos estágios iniciais do desenvolvimento psicossexual,
enfatizando a importância das primeiras relações com a mãe e o pai na formação da
personalidade. Também propôs em sua teoria duas posições emocionais
fundamentais na infância: a posição esquizo-paranóide, que envolve experiências
de angústia, paranóia e projeção de objetos internos negativos, e a posição
depressiva, que envolve a internalização de objetos bons e maus e a capacidade de
lidar com conflitos de ambivalência.

Klein atribuiu uma importância significativa às fantasias inconscientes,
especialmente aquelas relacionadas a sentimentos de amor e ódio em relação aos
objetos internos.

23- Qual é a definição de fobia?
É o nome genérico de várias espécies de receios mórbidos ou patológicos de
algo específico, como escuro, fogo, aranha, altura, cachorro, etc. Fobia em
linguagem comum, é o temor ou aversão exagerada diante de situações
específicas, objetos, animais ou lugares.
Sob o ponto de vista clínico, no âmbito da psicopatologia, as fobias fazem
parte do espectro dos transtornos de ansiedade com a característica especial de só
se manifestarem em situações particulares.
São três os tipos de fobias:
1. Agorafobia – Temor de estar em lugares públicos concorridos, onde o
indivíduo não possa retirar-se de uma forma fácil ou despercebida.
2. Fobia Social – Temor perante situações em que a pessoa possa estar
exposta à observação dos outros, ser vítima de comentários ou passar perante uma
situação de humilhação em público.
3. Fobia Simples – Receio circunscrito diante de objetos ou situações
concretas.

24- O que é depressão, quais são as causas e principais sintomas?
No campo dos estudos sobre a depressão, o conhecimento é vasto,
enquanto as verdades absolutas são raras.Talvez futuramente, possamos descobrir
que cada ser possui um funcionamento único e peculiar e, como tal, requer um
tratamento individualizado, que seja capaz de harmonizar as suas verdades
bioquímicas, genéticas, psicológicas e/ou ambientais, das quais interagem no
surgimento e na apresentação do quadro depressivo.
O cérebro e o sistema endócrino apresentam um ponto de conexão
importante no hipotálamo. Hipotálamo: controla uma série de atividades corporais,
como o sono, o apetite e o desejo sexual, além de controlar a principal glândula do
corpo humano: a hipófise (ou glândula pituitária). O hipotálamo, para administrar a
produção hormonal do organismo, utiliza em parte a noradrenalina, a serotonina e a
dopamina. Por isso, a dosagem dos grandes grupos hormonais do organismo deve

constar na avaliação laboratorial de pacientes deprimidos: cortisol, hormônios
tireoidianos, os sexuais e os hormônios do crescimento etc.
Uma parcela significativa de pacientes que sofrem de depressão não
apresenta um quadro clínico de forma isolada. A depressão costuma vir
acompanhada de outros transtornos mentais ou mesmo de doenças físicas e fatores
de risco: abuso de drogas; dor crônica; Alzheimer; Parkinson; câncer; doenças
cardíacas; insônia crônica; transtorno de ansiedade; histórico familiar; estresse
crônico; ansiedade crônico; excesso de peso; sedentarismo e dieta desregrada; uso
excessivo de internet e redes sociais; traumas físicos ou psicológicos; separação
conjugal; enxaqueca crônica e outros.
Alguns dos diversos sintomas:
● irritabilidade, ansiedade e angústia; desânimo, cansaço fácil, necessidade de
maior esforço para fazer as coisas;
● diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer ;
● desinteresse, falta de motivação e apatia;
● sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero e desamparo;
● pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa
auto-estima;
● sensação, inutilidade, ruína e fracasso;
● interpretação distorcida e negativa da realidade;
● dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento;
● diminuição do desempenho sexual;
● perda ou aumento do apetite e do peso;
● insônia ou despertar matinal precoce;
● dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos;

25- Quais são as Cinco Premissas da Psicanálise?

As premissas fundamentais formam a base teórica da psicanálise são:

1. Inconsciente: A psicanálise postula a existência de processos mentais e
conteúdos emocionais que estão fora da consciência do indivíduo, mas que
influenciam seu comportamento, pensamentos e emoções. O inconsciente é
dinâmico, tem um conteúdo de difícil acesso, é atemporal, não conhece “o tempo”,
para o inconsciente, o que aconteceu há anos atrás em sua vida, é como se tivesse
acontecido hoje. As formas mais comuns de se acessar estes conteúdos são
através de técnicas terapêuticas: sonhos; associação livre; atos falhos; chistes;
testes projetivos; história de sintomas neuróticos e psicóticos.

2. Determinismo psíquico: A psicanálise considera que os comportamentos,
pensamentos e emoções humanas são determinados por uma série de fatores,
incluindo impulsos instintivos, experiências passadas e dinâmicas inconscientes.
Essa perspectiva contrasta com a ideia de livre-arbítrio absoluto.

3. Sexualidade infantil: Freud enfatizou a importância da sexualidade na
formação da personalidade e no desenvolvimento emocional, argumentando que as
fases do desenvolvimento psicossexual na infância têm um papel crucial na
estruturação da psique. A sexualidade infantil é o conjunto de transformações no
corpo e no psiquismo que se iniciam no nascimento e culminam na fase fálica.

4. Complexo de Édipo: Segundo a psicanálise, as crianças passam por uma
fase de desenvolvimento marcada por desejos e conflitos em relação aos pais,
conhecida como complexo de Édipo para meninos e complexo de Electra para
meninas. Essa dinâmica influencia as relações futuras e a formação da identidade.

5. Resistência e transferência: Durante a terapia psicanalítica, é comum que
os pacientes manifestem resistências (mecanismos de defesa) em relação à
exploração de conteúdos inconscientes. Além disso, ocorre a transferência, em que
o paciente projeta sentimentos e experiências passadas nos relacionamentos com o
terapeuta.

26- Quais são as Causas do Transtorno de Personalidade Narcisista?

Para Freud, o conceito de narcisismo refere a relação de amor que as
pessoas possuem com a sua própria imagem idealizada, que projetam de si
mesmas. O transtorno de personalidade narcisista é uma condição psíquica
complexa, que provoca no indivíduo um padrão generalizado de grandiosidade
(sentem-se superiores aos outros), necessidade de atenção constante e adulação,
além de falta de empatia.
Não se sabe o que causa o transtorno de personalidade narcisista. Ele é
resultado de um conjunto de fatores genéticos e ambientais que moldam as
características do indivíduo até a idade adulta.
As causas do transtorno narcisista, mesmo que ainda não exatas, os
pesquisadores observam fatores que acarretam a origem deste transtorno, entre
eles o genético, que segue a lei de genes hereditários. O fator ambiental que afirma
que o modo de criação e educação emocional de uma criança, além de traumas e
angústias do passado, podem acarretar no transtorno de personalidade narcisista.
Além de causas vindas da neurobiologia do sujeito, quando as conexões
entre pensamento e comportamento apresentam distúrbios no que se diz respeito
ao temperamento e também à capacidade de gerir tensões. Sabe-se que é mais
frequente em homens e também em pessoas que sofreram abusos na infância ou
tiveram relacionamentos problemáticos com pais e familiares.

27 – Para Freud o que é uma Ferida Narcísica?

Na teoria psicanalítica, o conceito de narcisismo está relacionado ao
desenvolvimento saudável da autoestima e do amor-próprio. Uma ferida narcísica
ocorre quando o ego do indivíduo é afetado por eventos que ameaçam sua visão
positiva de si mesmo, causando sofrimento emocional e psicológico.
A compreensão da ferida narcísica é importante na psicanálise, pois pode
influenciar a formação da personalidade, os padrões de relacionamento e o
bem-estar emocional do indivíduo.
Para Freud, uma ferida narcísica refere-se a um tipo de ferida emocional ou
psicológica que afeta a autoestima e a autoimagem de um indivíduo. O termo
“narcísico” tem origem na mitologia grega, relacionado ao mito de Narciso, um
jovem que se apaixonou por sua própria imagem refletida na água.

A ferida narcísica pode estar ligada a experiências de rejeição, críticas
severas, traumas emocionais ou situações que desafiam a imagem idealizada que o
indivíduo tem de si mesmo. Essas experiências podem levar a sentimentos de
inadequação, vergonha, angústia e dificuldade em manter uma autoimagem
positiva.
As “feridas narcísicas” são experiências individuais que se referem a tudo o
que venha a diminuir a autoestima do eu ou seu sentimento de ser amado, por
objetos valorizados e também o chamado “narcisismo das pequenas diferenças”.
A Ferida Narcísica é de natureza psicológica, luto pela perda do objeto A
faceta narcísica do ciúme. Com efeito, o que o ciumento verdadeiramente não
suporta não é exatamente a ausência do objeto amado, mas sim o buraco aberto
em sua autoimagem ao imaginar que seu parceiro ou parceira possam preferir outra
pessoa.
Também é colocada como uma lesão emocional profunda que ocorre quando
o narcisismo do indivíduo é ameaçado ou desafiado de alguma forma. Isso pode
acontecer quando suas crenças sobre si mesmo são questionadas, quando ele é
rejeitado, ignorado ou criticado, ou quando suas expectativas não são atendidas.
A ferida narcísica pode desencadear uma reação emocional intensa, como
raiva, humilhação, vergonha ou depressão, e pode levar o indivíduo a buscar
vingança ou a se isolar dos outros. Para um narcisista, sua autoimagem é
extremamente importante, e qualquer ameaça a ela pode ser vista como uma
ameaça à sua existência.

ALUNA ARABELA  BARBOSA  – DOUTORADO EM PSICANALISE

GRADE CURRICULAR DO CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

MÓDULO 01 – SUPLEMENTO PSICANALÍTICO

  • Noções Básicas de Psicanálise

  • A Psicanálise e a Psicoterapia

  • Sociologia das Doenças Mentais

  • Introdução a Psicanálise

  • Psicanálise dos Sonhos

  • Psicanálise e Complexo de Édipo

  • Medicina Psicossomática

  • A Diferença entre Psiquiatra, Psicólogo, Psicanalista…

  • Alcoolismo

  • Transtorno Obsessivo Compulsivo

  • Transtorno de Pânico

  • Transtorno de Déficit de Atenção E Hiperatividade

  • Fobias (Transtornos Fóbico-Ansiosos)

  • Esquizofrenia

  • Depressão no Idoso

  • Depressão (Transtorno Depressivo)

MÓDULO 02 – SIGMUND FREUD (O pai da psicanálise)

  • O Desenvolvimento de uma Criança

  • Publicações pré-Psicanalíticas e esboços inéditos

  • Estudos sobre a histeria

  • Primeiras Publicações Psicanalíticas

  • A interpretação dos sonhos – Parte 1

  • A interpretação dos sonhos – Parte 2

  • Sobre a psicopatologia da vida cotidiana

  • Um Caso de Histeria. Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade e outros trabalhos

  • Os chistes e sua relação com o inconsciente

  • Gradiva de Jensen e outros trabalhos

  • O Pequeno Hans e o Homem dos ratos

  • Cinco lições de psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos

  • O caso Schereber, artigos sobre técnica e outros trabalhos

  • Totem e tabu e outros trabalhos

  • A história do movimento psicanalítico, artigos sobre metapsicologia e outros trabalhos

  • Conferências introdutórias sobre psicanálise – Parte 1 e 2

  • Conferências introdutórias sobre psicanálise – Parte 3

  • História de uma neurose infantil e outros trabalhos

  • Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos

  • O ego e o ID e outros trabalhos

  • Um estudo autobiográfico, Inibições, sintomas e ansiedade, A questão da análise leiga

  • O Futuro de uma Ilusão, O mal-estar na civilização e outros trabalhos

  • Novas conferências introdutórias sobre psicanálise e outros trabalhos

  • Moisés e o monoteísmo, Esboço de psicanálise

MODULO 03 – MELANIE KLEIN

  • O Desenvolvimento de uma Criança

  • Inibições e Dificuldades na Puberdade

  • O Papel da Escola no Desenvolvimento Libidinal da Criança

  • Análise Infantil

  • Uma Contribuição à Psicogêneses dos Cacoetes

  • Princípios Psicológicos da Análise Infantil

  • Simpósio sobre Análise Infantil

  • Tendências Criminosas em Meninos Normais

  • Estágios Temporões do Conflito Edípico

  • A Personificação no Jogo dos Meninos

  • Situações Infantis de Angústia Refletidas numa obra de arte e no Impulso Criador

  • A Importância da Formação de Símbolos no Desenvolvimento do Id

  • A Psicoterapia das Psicoses

  • Uma Contribuição à Teoria da Inibição Intelectual

  • O Desenvolvimento Temporão da Consciência no Menino

  • Sobre a Criminalidade

  • Contribuição a Psicogênese dos estados Maníaco-Depressivos

  • O Desmame

  • Amor, Culpa e Reparação

  • O Luto e sua relação com os estados Maníaco-depressivos

MÓDULO 04 – CARL GUSTAV JUNG

  • O Segredo da Flor de Ouro

  • Mito Moderno

  • A Energia Psíquica

  • Análise de Sonhos

  • O Desenvolvimento da Personalidade

  • Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo

  • Psicologia do Inconsciente

  • Psicologia e Religião

Transtornos Fóbicos-ansiosos

Resumo da disciplina: Transtornos Fóbicos-ansiosos

Sociedade Internacional de Psicanálise de São Paulo- Curso de Doutorado Livre em Psicanálise

As fobias, também conhecidas como transtornos fóbico-ansiosos, são um grupo de transtornos psiquiátricos caracterizados por medos intensos e irracionais de objetos, situações ou atividades específicas. Esses medos podem levar a respostas de ansiedade extremas, acompanhadas por uma série de sintomas físicos e emocionais. A abordagem psicanalítica oferece uma compreensão profunda das fobias, buscando identificar as origens inconscientes dos medos e trabalhando para transformar esses padrões disfuncionais.
A visão psicanalítica entende as fobias como manifestações simbólicas de conflitos e ansiedades reprimidas que remontam à infância e ao período de desenvolvimento. Esses medos irracionais são considerados mecanismos de defesa que surgem para proteger o indivíduo de sentimentos e memórias dolorosas que estão no nível inconsciente. A fobia se torna uma forma de evitar o confronto direto com esses conteúdos reprimidos.
O tratamento psicanalítico das fobias tem como objetivo fundamental a exploração e a resolução desses conflitos inconscientes subjacentes. O trabalho terapêutico busca identificar as causas e os significados simbólicos dos medos fóbicos, ajudando o indivíduo a acessar e compreender os conteúdos inconscientes relacionados. A interpretação dos sonhos, as associações livres e a análise da transferência são algumas das técnicas utilizadas para aprofundar a compreensão e promover a mudança.

Um aspecto importante da terapia psicanalítica das fobias é a análise das memórias e experiências traumáticas que podem estar associadas ao desenvolvimento do transtorno. Eventos traumáticos da infância ou experiências de natureza aversiva podem ter um impacto duradouro no psiquismo do indivíduo, levando ao surgimento de medos fóbicos. Através do processo terapêutico, é possível revisitar essas memórias traumáticas e trabalhar na sua elaboração e assimilação.

Outro aspecto relevante na abordagem psicanalítica das fobias é a compreensão do simbolismo por trás dos objetos ou situações temidas. A fobia muitas vezes está associada a significados ocultos e simbólicos que remetem a questões mais profundas do indivíduo. A terapia psicanalítica busca identificar e explorar esses significados, auxiliando o paciente a trazer à consciência os conteúdos inconscientes
que estão sendo expressos através dos medos fóbicos.

É importante ressaltar que o tratamento psicanalítico das fobias pode ser um processo longo e profundo, uma vez que busca trabalhar não apenas os sintomas visíveis, mas também as raízes psíquicas dos medos fóbicos. Além disso, a terapia psicanalítica das fobias pode ser complementada por abordagens terapêuticas adicionais, como a terapia cognitivo-comportamental, que se concentra na modificação dos padrões de pensamento e comportamento associados às fobias.

Em resumo, a abordagem psicanalítica das fobias busca compreender e transformar os medos irracionais a partir da exploração dos conflitos inconscientes subjacentes. O trabalho terapêutico envolve a análise das memórias traumáticas, a compreensão do simbolismo por trás dos medos fóbicos e a elaboração dos conteúdos reprimidos. A terapia psicanalítica das fobias oferece um espaço seguro para a exploração profunda do psiquismo e a busca pela superação dos medos paralisantes.

Transtornos Fóbicos-ansiosos na visão Psicanalítica
Os transtornos fóbico-ansiosos são caracterizados por medos intensos e irracionais de objetos, situações ou atividades específicas. Esses medos desencadeiam respostas de ansiedade significativas, levando a sintomas físicos e emocionais desconfortáveis. Na visão psicanalítica, os transtornos fóbico-ansiosos são compreendidos como manifestações de conflitos inconscientes e ansiedades reprimidas que remontam à infância e ao processo de desenvolvimento.
A abordagem psicanalítica busca identificar as origens inconscientes dos medos fóbicos, explorando as experiências passadas e a dinâmica psíquica do indivíduo. Acredita-se que esses medos irracionais sejam mecanismos de defesa que surgem para proteger o indivíduo de sentimentos e memórias dolorosas que estão reprimidos no nível inconsciente. A fobia torna-se uma forma de evitar o confronto direto com esses conteúdos reprimidos.

O trabalho terapêutico psicanalítico na abordagem dos transtornos fóbico- ansiosos envolve a exploração e a resolução desses conflitos inconscientes subjacentes. O terapeuta busca identificar as causas e os significados simbólicos dos medos fóbicos, ajudando o indivíduo a acessar e compreender os conteúdos inconscientes relacionados. Isso é feito por meio de técnicas como a interpretação dos sonhos, associações livres e análise da transferência.

Um aspecto importante da terapia psicanalítica dos transtornos fóbico-ansiosos é a análise das memórias e experiências traumáticas que podem estar associadas ao desenvolvimento do transtorno. Eventos traumáticos da infância ou experiências aversivas podem deixar marcas duradouras no psiquismo do indivíduo, contribuindo para o surgimento dos medos fóbicos. A terapia psicanalítica visa revisitar essas memórias traumáticas e trabalhar na sua elaboração e assimilação.

Além disso, a visão psicanalítica busca compreender o simbolismo por trás dos objetos ou situações temidas. As fobias muitas vezes estão associadas a significados ocultos e simbólicos que remetem a questões mais profundas do indivíduo. O terapeuta auxilia o paciente a identificar e explorar esses significados, ajudando-o a trazer à consciência os conteúdos inconscientes que estão sendo expressos através
dos medos fóbicos.

É importante ressaltar que o tratamento psicanalítico dos transtornos fóbico- ansiosos pode ser um processo longo e complexo, uma vez que busca trabalhar não apenas os sintomas visíveis, mas também as raízes psíquicas dos medos fóbicos. A terapia psicanalítica oferece um espaço de investigação e compreensão profunda do psiquismo, permitindo ao paciente a oportunidade de transformar seus padrões de
funcionamento e superar os medos paralisantes.

Em conclusão, a abordagem psicanalítica dos transtornos fóbico-ansiosos busca compreender e transformar os medos irracionais a partir da exploração dos conflitos inconscientes e da análise das memórias e experiências traumáticas. A terapia psicanalítica oferece um caminho para o paciente acessar e compreender os conteúdos reprimidos e simbólicos por trás dos medos fóbicos, permitindo uma maior
integração e harmonia psíquica.

-Chave: Psicanálise. Fobia. Tratamento. Simbolismo. Sintomas.

Trabalho apresentado pelos alunos Ronaldo José de Menezes e José Samuel Teixeira Dantas como parte dos requisitos, para  a conclusão do curso livre de doutorado em psicanálise.

Os Fundamentos das Teorias Psicológicas

Todas as teorias – científicas ou não – começam com um problema. Eles pretendem resolvê-lo provando que o que parece ser “problemático” não é. Eles reafirmam o enigma ou introduzem novos dados, novas variáveis, uma nova classificação ou novos princípios de organização. Eles incorporam o problema em um corpo maior de conhecimento, ou em uma conjectura (“solução”). Eles explicam por que pensamos que tínhamos um problema em nossas mãos – e como ele pode ser evitado, viciado ou resolvido.

 

As teorias científicas convidam a críticas e revisões constantes. Eles geram novos problemas. Eles são comprovadamente errôneos e são substituídos por novos modelos que oferecem melhores explicações e um senso de compreensão mais profundo – muitas vezes resolvendo esses novos problemas. De tempos em tempos, as teorias sucessoras constituem uma ruptura com tudo o que se sabia e se fazia até então. Essas convulsões sísmicas são conhecidas como “mudanças de paradigma”.

 

Ao contrário da opinião generalizada – mesmo entre os cientistas – a ciência não trata apenas de “fatos”. Não se trata apenas de quantificar, medir, descrever, classificar e organizar “coisas” (entidades). Não se preocupa nem em descobrir a “verdade”. A ciência trata de nos fornecer conceitos, explicações e previsões (conhecidas coletivamente como “teorias”) e, assim, nos dotar de um senso de compreensão do nosso mundo.

 

As teorias científicas são alegóricas ou metafóricas. Eles giram em torno de símbolos e construções teóricas, conceitos e suposições substantivas, axiomas e hipóteses – a maioria dos quais nunca pode, mesmo em princípio, ser computada, observada, quantificada, medida ou correlacionada com o mundo “lá fora”. Ao apelar à nossa imaginação, as teorias científicas revelam o que David Deutsch chama de “o tecido da realidade”.

 

Como qualquer outro sistema de conhecimento, a ciência tem seus fanáticos, hereges e desviantes.

 

Instrumentalistas, por exemplo, insistem que as teorias científicas devem se preocupar exclusivamente em prever os resultados de experimentos adequadamente planejados. Seus poderes explicativos não têm importância. Os positivistas atribuem significado apenas a declarações que lidam com observáveis ​​e observações.

 

Instrumentalistas e positivistas ignoram o fato de que as previsões são derivadas de modelos, narrativas e princípios organizadores. Resumindo: são as dimensões explicativas da teoria que determinam quais experimentos são relevantes e quais não são. Previsões – e experimentos – que não estão embutidos em uma compreensão do mundo (em uma explicação) não constituem ciência.

 

É verdade que previsões e experimentos são cruciais para o crescimento do conhecimento científico e para a eliminação de teorias errôneas ou inadequadas. Mas eles não são os únicos mecanismos de seleção natural. Existem outros critérios que nos ajudam a decidir se adotamos e confiamos em uma teoria científica ou não. A teoria é estética (parcimoniosa), lógica, fornece uma explicação razoável e, assim, amplia nossa compreensão do mundo?

 

David Deutsch em “O Tecido da Realidade” (p. 11):

 

“… (I) é difícil dar uma definição precisa de ‘explicação’ ou ‘compreensão’. Grosso modo, eles são sobre ‘por que’ e não ‘o quê’; sobre o funcionamento interno das coisas; sobre como as coisas realmente são, não apenas como parecem ser; sobre o que deve ser assim, e não sobre o que simplesmente acontece; sobre leis da natureza e não sobre regras práticas. Eles também são sobre coerência, elegância e simplicidade, em oposição à arbitrariedade e complexidade…”

 

Reducionistas e emergentistas ignoram a existência de uma hierarquia de teorias científicas e metalinguagens. Eles acreditam – e é um artigo de fé, não de ciência – que fenômenos complexos (como a mente humana) podem ser reduzidos a fenômenos simples (como a física e a química do cérebro). Além disso, para eles o ato de redução é, em si, uma explicação e uma forma de compreensão pertinente. O pensamento humano, a fantasia, a imaginação e as emoções nada mais são do que correntes elétricas e jatos de substâncias químicas no cérebro, dizem eles.

 

Os holistas, por outro lado, se recusam a considerar a possibilidade de que alguns fenômenos de nível superior possam, de fato, ser totalmente reduzidos a componentes básicos e interações primitivas. Eles ignoram o fato de que o reducionismo às vezes fornece explicações e compreensão. As propriedades da água, por exemplo, decorrem de sua composição química e física e das interações entre seus átomos constituintes e partículas subatômicas.

 

Ainda assim, há um consenso geral de que as teorias científicas devem ser abstratas (independentes de tempo ou lugar específico), intersubjetivamente explícitas (conter descrições detalhadas do assunto em termos inequívocos), logicamente rigorosas (fazer uso de sistemas lógicos compartilhados e aceitos pelos profissionais da área), empiricamente relevantes (correspondem a resultados de pesquisas empíricas), úteis (para descrever e/ou explicar o mundo) e fornecem tipologias e previsões.

 

Uma teoria científica deve recorrer à terminologia primitiva (atômica) e todos os seus termos e conceitos complexos (derivados) devem ser definidos nesses termos indivisíveis. Deve oferecer um mapa que conecte de forma inequívoca e consistente as definições operacionais aos conceitos teóricos.

 

As definições operacionais que se conectam ao mesmo conceito teórico não devem se contradizer (se correlacionar negativamente). Eles devem chegar a um acordo sobre a medição realizada de forma independente por experimentadores treinados. Mas a investigação da teoria de sua implicação pode prosseguir mesmo sem quantificação.

 

Os conceitos teóricos não precisam necessariamente ser mensuráveis, quantificáveis ​​ou observáveis. Mas uma teoria científica deve permitir pelo menos quatro níveis de quantificação de suas definições operacionais e teóricas de conceitos: nominal (rotulagem), ordinal (ranking), intervalo e razão.

 

Como dissemos, as teorias científicas não se limitam a definições quantificadas ou a um aparato classificatório. Para se qualificarem como científicos, eles devem conter declarações sobre relações (principalmente causais) entre conceitos – leis e/ou proposições empiricamente sustentadas (enunciados derivados de axiomas).

 

Filósofos como Carl Hempel e Ernest Nagel consideram uma teoria científica se for hipotético-dedutiva. Para eles, as teorias científicas são conjuntos de leis inter-relacionadas. Sabemos que estão inter-relacionados porque um número mínimo de axiomas e hipóteses produz, em uma inexorável seqüência dedutiva, tudo o mais conhecido no campo ao qual a teoria pertence.

 

A explicação é sobre retrodição – usando as leis para mostrar como as coisas aconteceram. Previsão é usar as leis para mostrar como as coisas vão acontecer. Compreensão é explicação e previsão combinadas.

 

William Whewell aumentou este ponto de vista um tanto simplista com seu princípio de “consiliência de induções”. Muitas vezes, ele observou, explicações indutivas de fenômenos díspares são inesperadamente atribuídas a uma causa subjacente. É disso que trata a teorização científica – encontrar a fonte comum do aparentemente separado.

 

Essa visão onipotente do esforço científico compete com uma escola mais modesta e semântica de filosofia da ciência.

 

Muitas teorias – especialmente aquelas com amplitude, amplitude e profundidade, como a teoria da evolução de Darwin – não são integradas dedutivamente e são muito difíceis de testar (falsificar) conclusivamente. Suas previsões são escassas ou ambíguas.

 

As teorias científicas, segundo a visão semântica, são amálgamas de modelos da realidade. Estes são empiricamente significativos apenas na medida em que são empiricamente (diretamente e, portanto, semanticamente) aplicáveis ​​a uma área limitada. Uma teoria científica típica não é construída com objetivos explicativos e preditivos em mente. Muito pelo contrário: a escolha dos modelos incorporados determina seu sucesso final em explicar o Universo e prever os resultados dos experimentos.

 

As teorias psicológicas são teorias científicas por qualquer definição (prescritiva ou descritiva)? Dificilmente.

 

Em primeiro lugar, devemos distinguir entre as teorias psicológicas e a forma como algumas delas são aplicadas (psicoterapia e tramas psicológicas). As tramas psicológicas são as narrativas em coautoria do terapeuta e do paciente durante a psicoterapia. Essas narrativas são o resultado da aplicação de teorias e modelos psicológicos às circunstâncias específicas do paciente.

 

Os enredos psicológicos equivalem a contar histórias – mas ainda são exemplos das teorias psicológicas usadas. As instâncias de conceitos teóricos em situações concretas fazem parte de toda teoria. Na verdade, a única maneira de testar teorias psicológicas – com sua escassez de entidades e conceitos mensuráveis ​​- é examinando tais instâncias (tramas).

 

Contar histórias está conosco desde os dias da fogueira e do cerco de animais selvagens. Ele serve a uma série de funções importantes: melhora de medos, comunicação de informações vitais (sobre táticas de sobrevivência e características dos animais, por exemplo), a satisfação de um senso de ordem (previsibilidade e justiça), o desenvolvimento da capacidade de formular hipóteses. , prever e introduzir teorias novas ou adicionais e assim por diante.

 

Todos nós somos dotados de um sentimento de admiração. O mundo ao nosso redor é inexplicável, desconcertante em sua diversidade e miríade de formas. Sentimos um desejo de organizá-lo, de “explicar a maravilha”, de ordená-lo para que saibamos o que esperar em seguida (prever). Estes são os fundamentos da sobrevivência. Mas, embora tenhamos conseguido impor nossa mente ao mundo exterior, tivemos muito menos sucesso quando tentamos explicar e compreender nosso universo interno e nosso comportamento.

 

A psicologia não é uma ciência exata, nem pode ser. Isso porque sua “matéria-prima” (os humanos e seu comportamento como indivíduos e em massa) não é exata. Nunca produzirá leis naturais ou constantes universais (como na física). A experimentação no campo é limitada por regras legais e éticas. Os seres humanos tendem a ser opinativos, desenvolvem resistência e tornam-se autoconscientes quando observados.

 

A relação entre a estrutura e o funcionamento de nossa mente (efêmera), a estrutura e os modos de operação de nosso cérebro (físico) e a estrutura e a conduta do mundo exterior têm sido um assunto de acalorado debate há milênios.

 

Em termos gerais, existem duas escolas de pensamento:

 

Um campo identifica o substrato (cérebro) com seu produto (mente). Alguns desses estudiosos postulam a existência de uma rede de conhecimento preconcebido, nascido e categórico sobre o universo – os vasos nos quais despejamos nossa experiência e que a moldam.

 

Outros dentro deste grupo consideram a mente como uma caixa preta. Embora seja possível, em princípio, conhecer sua entrada e saída, é impossível, novamente em princípio, entender seu funcionamento interno e gerenciamento de informações. Para descrever esse mecanismo de entrada-saída, Pavlov cunhou a palavra “condicionamento”, Watson a adotou e inventou o “behaviorismo”, Skinner criou o “reforço”.

 

Os epifenomenologistas (proponentes de teorias de fenômenos emergentes) consideram a mente como um subproduto da complexidade do “hardware” e da “fiação” do cérebro. Mas todos eles ignoram a questão psicofísica: o que É a mente e COMO ela está ligada ao cérebro?

 

O outro campo assume ares de pensamento “científico” e “positivista”. Especula-se que a mente (seja uma entidade física, um epifenômeno, um princípio não físico de organização ou o resultado da introspecção) tem uma estrutura e um conjunto limitado de funções. Argumenta-se que um “manual do proprietário da mente” poderia ser composto, repleto de instruções de engenharia e manutenção. Ele oferece uma dinâmica da psique.

 

O mais proeminente desses “psicodinamistas” foi, é claro, Freud. Embora seus discípulos (Adler, Horney, o grupo das relações objetais) divergissem descontroladamente de suas teorias iniciais, todos compartilhavam sua crença na necessidade de “cientificar” e objetivar a psicologia.

 

Freud, um médico de profissão (neurologista) – precedido por outro MD, Josef Breuer – apresentou uma teoria sobre a estrutura da mente e sua mecânica: energias (suprimidas) e forças (reativas). Fluxogramas foram fornecidos juntamente com um método de análise, uma física matemática da mente.

 

Muitos consideram todas as teorias psicodinâmicas uma miragem. Falta uma parte essencial, observam: a capacidade de testar as hipóteses que derivam dessas “teorias”. Embora muito convincentes e, surpreendentemente, possuidores de grandes poderes explicativos, sendo não verificáveis ​​e não falsificáveis ​​como são – os modelos psicodinâmicos da mente não podem ser considerados como possuindo as características redentoras das teorias científicas.

 

Decidir entre os dois campos foi e é uma questão crucial. Considere o embate – ainda que reprimido – entre psiquiatria e psicologia. A primeira considera “transtornos mentais” como eufemismos – reconhece apenas a realidade das disfunções cerebrais (como desequilíbrios bioquímicos ou elétricos) e de fatores hereditários. A última (psicologia) pressupõe implicitamente que existe algo (a “mente”, a “psique”) que não pode ser reduzido a hardware ou a diagramas de fiação. A terapia da conversa visa esse algo e supostamente interage com ele.

 

Mas talvez a distinção seja artificial. Talvez a mente seja simplesmente a maneira como experimentamos nossos cérebros. Dotados do dom (ou maldição) da introspecção, experimentamos uma dualidade, uma cisão, sendo constantemente observadores e observados. Além disso, a terapia da fala envolve FALAR – que é a transferência de energia de um cérebro para outro através do ar. Esta é uma energia direcionada, especificamente formada, destinada a acionar certos circuitos no cérebro receptor. Não deveria ser surpresa se fosse descoberto que a terapia da fala tem efeitos fisiológicos claros sobre o cérebro do paciente (volume sanguíneo, atividade elétrica, descarga e absorção de hormônios, etc.).

 

Tudo isso seria duplamente verdadeiro se a mente fosse, de fato, apenas um fenômeno emergente do cérebro complexo – dois lados da mesma moeda.

 

As teorias psicológicas da mente são metáforas da mente. São fábulas e mitos, narrativas, histórias, hipóteses, conjunturas. Eles desempenham papéis (extremamente) importantes no ambiente psicoterapêutico – mas não no laboratório. Sua forma é artística, não rigorosa, não testável, menos estruturada do que as teorias nas ciências naturais. A linguagem utilizada é polivalente, rica, efusiva, ambígua, evocativa e difusa – em suma, metafórica. Essas teorias estão impregnadas de juízos de valor, preferências, medos, construções post facto e ad hoc. Nada disso tem méritos metodológicos, sistemáticos, analíticos e preditivos.

 

Ainda assim, as teorias em psicologia são instrumentos poderosos, construções admiráveis, e satisfazem necessidades importantes para explicar e compreender a nós mesmos, nossas interações com os outros e com nosso ambiente.

 

A obtenção da paz de espírito é uma necessidade, que foi negligenciada por Maslow em sua famosa hierarquia. As pessoas às vezes sacrificam a riqueza material e o bem-estar, resistem a tentações, abrem mão de oportunidades e arriscam suas vidas – para garantir isso. Há, em outras palavras, uma preferência do equilíbrio interno sobre a homeostase. É a satisfação dessa necessidade esmagadora que as teorias psicológicas atendem. Nisso, não são diferentes de outras narrativas coletivas (mitos, por exemplo).

 

Ainda assim, a psicologia está tentando desesperadamente manter contato com a realidade e ser pensada como uma disciplina científica. Emprega observação e medição e organiza os resultados, muitas vezes apresentando-os na linguagem da matemática. Em alguns bairros, essas práticas conferem-lhe um ar de credibilidade e rigor. Outros consideram sarcástico como uma camuflagem elaborada e uma farsa. A psicologia, eles insistem, é uma pseudociência. Tem as armadilhas da ciência, mas não sua substância.

 

Pior ainda, enquanto as narrativas históricas são rígidas e imutáveis, a aplicação de teorias psicológicas (na forma de psicoterapia) é “adaptada” e “customizada” às circunstâncias de cada paciente (cliente). O usuário ou consumidor é incorporado na narrativa resultante como o herói principal (ou anti-herói). Essa “linha de produção” flexível parece ser o resultado de uma era de crescente individualismo.

 

É verdade que as “unidades de linguagem” (grandes pedaços de denota e conota) usadas na psicologia e na psicoterapia são uma e a mesma, independentemente da identidade do paciente e de seu terapeuta. Na psicanálise, é provável que o analista sempre empregue a estrutura tripartida (Id, Ego, Superego). Mas estes são apenas os elementos da linguagem e não precisam ser confundidos com as tramas idiossincráticas que são tecidas em cada encontro. Cada cliente, cada pessoa, e seu próprio enredo, único, irreplicável.

 

Para se qualificar como enredo “psicológico” (significativo e instrumental), a narrativa, oferecida ao paciente pelo terapeuta, deve ser:

 

All-inclusive (anamnético) – Deve englobar, integrar e incorporar todos os fatos conhecidos sobre o protagonista.

Coerente – Deve ser cronológico, estruturado e causal.

Consistente – Autoconsistente (suas subtramas não podem se contradizer ou ir na contramão da trama principal) e consistentes com os fenômenos observados (tanto os relacionados ao protagonista quanto os pertencentes ao resto do universo).

Logicamente compatível – Não deve violar as leis da lógica tanto internamente (a trama deve obedecer a alguma lógica imposta internamente) quanto externamente (a lógica aristotélica que é aplicável ao mundo observável).

 

Perspicaz (diagnóstico) – Deve inspirar no cliente um sentimento de admiração e espanto que é o resultado de ver algo familiar sob uma nova luz ou o resultado de ver um padrão emergindo de um grande corpo de dados. Os insights devem constituir a conclusão inevitável da lógica, da linguagem e do desenrolar da trama.

Estética – O enredo deve ser ao mesmo tempo plausível e “certo”, bonito, não pesado, não desajeitado, não descontínuo, suave, parcimonioso, simples e assim por diante.

Parcimonioso – A parcela deve empregar o número mínimo de suposições e entidades para satisfazer todas as condições acima.

Explicativo – A trama deve explicar o comportamento de outros personagens da trama, as decisões e o comportamento do herói, por que os eventos se desenvolveram da maneira que aconteceram.

Preditivo (prognóstico) – O enredo deve possuir a capacidade de prever eventos futuros, o comportamento futuro do herói e de outras figuras significativas e as dinâmicas emocionais e cognitivas internas.

Terapêutica – Com o poder de induzir a mudança, estimular a funcionalidade, tornar o paciente mais feliz e satisfeito consigo mesmo (ego-sintonia), com os outros e com as circunstâncias.

Imponente – O enredo deve ser visto pelo cliente como o princípio organizador preferencial dos acontecimentos de sua vida e uma tocha para guiá-lo no escuro (vade mecum).

Elástico – O enredo deve possuir as habilidades intrínsecas de se auto organizar, reorganizar, dar espaço à ordem emergente, acomodar novos dados confortavelmente e reagir com flexibilidade a ataques internos e externos.

Em todos esses aspectos, uma trama psicológica é uma teoria disfarçada. As teorias científicas também satisfazem a maioria das condições acima. Mas essa identidade aparente é falha. Os elementos importantes de testabilidade, verificabilidade, refutabilidade, falsificabilidade e repetibilidade – estão em grande parte ausentes das teorias e tramas psicológicas. Nenhum experimento poderia ser projetado para testar as afirmações dentro do enredo, para estabelecer seu valor de verdade e, assim, convertê-las em teoremas ou hipóteses em uma teoria.

 

Há quatro razões para explicar essa incapacidade de testar e provar (ou falsificar) teorias psicológicas:

 

Ética – Experimentos teriam que ser conduzidos, envolvendo o paciente e outros. Para alcançar o resultado necessário, os sujeitos terão que ignorar as razões dos experimentos e seus objetivos. Às vezes, até mesmo o próprio desempenho de um experimento terá que permanecer em segredo (experimentos duplo-cegos). Alguns experimentos podem envolver experiências desagradáveis ​​ou mesmo traumáticas. Isso é eticamente inaceitável.

O Princípio da Incerteza Psicológica – O estado inicial de um sujeito humano em um experimento geralmente é totalmente estabelecido. Mas tanto o tratamento quanto a experimentação influenciam o sujeito e tornam esse conhecimento irrelevante. Os próprios processos de medição e observação influenciam o sujeito humano e o transformam – assim como as circunstâncias e vicissitudes da vida.

Singularidade – Experimentos psicológicos são, portanto, fadados a serem únicos, irrepetíveis, não podem ser replicados em outros lugares e em outros momentos, mesmo quando realizados com os MESMOS sujeitos. Isso porque os sujeitos nunca são os mesmos devido ao referido princípio da incerteza psicológica. Repetir os experimentos com outros sujeitos afeta negativamente o valor científico dos resultados.

A subgeração de hipóteses testáveis ​​– A psicologia não gera um número suficiente de hipóteses que possam ser submetidas a testes científicos. Isso tem a ver com a natureza fabulosa (=narrativa) da psicologia. De certa forma, a psicologia tem afinidade com algumas linguagens particulares. É uma forma de arte e, como tal, é autossuficiente. Se as restrições estruturais, internas forem atendidas – uma afirmação é considerada verdadeira mesmo que não satisfaça os requisitos científicos externos.

Então, para que servem as teorias e tramas psicológicas? São os instrumentos utilizados nos procedimentos que induzem a paz de espírito (até mesmo a felicidade) no cliente. Isso é feito com a ajuda de alguns mecanismos incorporados:

 

O Princípio do Purgatório – Na maioria dos casos, o cliente se sente pecador, degradado, desumano, decrépito, corruptor, culpado, punível, odioso, alienado, estranho, ridicularizado e assim por diante.

A trama oferece-lhe a absolvição. O sofrimento do cliente expurga, purifica, absolve e expia seus pecados e deficiências. Um sentimento de conquista duramente conquistada acompanha uma trama de sucesso. O cliente lança camadas de estratagemas funcionais e adaptativos tornados disfuncionais e desadaptativos. Isso é excessivamente doloroso.

O cliente se sente perigosamente nu, precariamente exposto. Ele então assimila a trama que lhe é oferecida, usufruindo assim dos benefícios emanados dos dois princípios anteriores e só então desenvolve novos mecanismos de enfrentamento. A terapia é uma crucificação mental e ressurreição e expiação pelos pecados do paciente. É uma experiência religiosa. As teorias e tramas psicológicas estão no papel das escrituras das quais consolo e consolo sempre podem ser obtidos.

 

 

Transtornos de Personalidade do Grupo B

O DSM-IV-TR (2000) define um transtorno de personalidade como:

“Um padrão duradouro de experiência interna e comportamento que se desvia marcadamente das expectativas da cultura do indivíduo (e se manifesta em duas ou mais de suas áreas da vida mental): cognição, afetividade, funcionamento interpessoal ou controle de impulsos.”

 

Tal padrão é rígido, de longo prazo (estável) e recorrente. Ela se manifesta em todas as áreas da vida (é generalizada). Não é devido ao abuso de substâncias ou a uma condição médica (como traumatismo craniano). Torna o sujeito disfuncional “em áreas sociais, ocupacionais ou outras áreas importantes” e esse prejuízo causa sofrimento.

 

No DSM, existem 10 transtornos de personalidade distintos (paranoide, esquizoide, esquizotípica, antissocial, limítrofe, histriônico, narcisista, esquivo, dependente, obsessivo-compulsivo) e uma categoria abrangente, transtornos de personalidade SOE (sem outra especificação).

 

Os transtornos de personalidade com semelhanças marcantes são agrupados em grupos.

 

O Grupo A (o Grupo Estranho ou Excêntrico) inclui os Transtornos da Personalidade Paranoide, Esquizoide e Esquizotípica.

 

O Grupo B (o Grupo Dramático, Emocional ou Errático) é composto pelos Transtornos de Personalidade Antissocial, Borderline, Histriônico e Narcisista.

O Grupo C (o Grupo Ansioso ou Temeroso) engloba os Transtornos da Personalidade evitativa, Dependente e Obsessivo-compulsivo.

 

Os Clusters não são construtos teóricos válidos e nunca foram verificados ou testados rigorosamente. Eles constituem apenas uma abreviação conveniente e, portanto, fornecem pouco conhecimento adicional sobre seus transtornos de personalidade componentes.

 

Começamos nosso tour com o Cluster B porque os transtornos de personalidade que ele inclui são onipresentes. É muito mais provável que você tenha encontrado um Borderline, um Narcisista ou um Psicopata do que um Esquizotípico, por exemplo.

 

Primeiro, uma visão geral do Cluster B:

 

O Transtorno de Personalidade Borderline é marcado pela instabilidade. O paciente é uma montanha russa de emoções (isso se chama labilidade emocional). Ela (a maioria dos Borderlines são mulheres) não consegue manter relacionamentos estáveis ​​e dramaticamente se apega, se apega e se separa violentamente de um fluxo aparentemente inesgotável de amantes, cônjuges, parceiros íntimos e amigos. A auto-imagem é volátil, o senso de valor próprio é flutuante e precário, o afeto é imprevisível e inadequado e o controle dos impulsos é prejudicado (o limiar de frustração do paciente é baixo).

 

O Transtorno de Personalidade Antissocial envolve desrespeito desdenhoso pelos outros. O psicopata ignora ou viola ativamente os direitos, escolhas, desejos, preferências e emoções de outras pessoas.

 

O Transtorno da Personalidade Narcisista baseia-se em uma sensação de grandiosidade fantástica, brilho, perfeição e poder (onipotência). O narcisista não tem empatia, é explorador e busca compulsivamente o suprimento narcisista (atenção, admiração, adulação, ser temido, etc.)

 

Finalmente, o Transtorno da Personalidade Histriônica também gira em torno da busca de atenção, mas geralmente se limita a conquistas sexuais e demonstrações da capacidade do histriônico de seduzir irresistivelmente os outros.

 

Narcisismo patológico, psicose e delírios

Um dos sintomas mais importantes do narcisismo patológico (o Transtorno da Personalidade Narcisista) é a grandiosidade. Fantasias grandiosas (delírios megalomaníacos de grandeza) permeiam todos os aspectos da personalidade do narcisista. Eles são a razão pela qual o narcisista se sente no direito de um tratamento especial que é tipicamente incomensurável com suas realizações reais. A Grandiosidade Gap é o abismo entre a autoimagem do narcisista (como reificada pelo seu falso eu) e a realidade.

 

Quando o Suprimento Narcisista é deficiente, o narcisista descompensa e age de várias maneiras. Os narcisistas muitas vezes experimentam micro episódios psicóticos durante a terapia e quando sofrem lesões narcisistas em uma crise de vida. Mas o narcisista pode “passar do limite”? Os narcisistas se tornam psicóticos?

 

Alguma terminologia primeiro:

 

A definição mais restrita de psicose, de acordo com o DSM-IV-TR, é “restringida a delírios ou alucinações proeminentes, com as alucinações ocorrendo na ausência de insight sobre sua natureza patológica”.

 

E o que são delírios e alucinações?

 

Um delírio é “uma falsa crença baseada em inferência incorreta sobre a realidade externa que é firmemente sustentada apesar do que quase todo mundo acredita e apesar do que constitui prova ou evidência incontroversa e óbvia em contrário”.

 

Uma alucinação é uma “percepção sensorial que tem a sensação convincente de realidade de uma percepção verdadeira, mas que ocorre sem estimulação externa do órgão sensorial relevante”.

 

argumentado, o domínio do narcisista sobre a realidade é tênue (os narcisistas às vezes falham no teste de realidade). É certo que os narcisistas muitas vezes parecem acreditar em suas próprias confabulações. Eles desconhecem a natureza patológica e a origem de seus auto ilusões e são, portanto, tecnicamente delirantes (embora raramente sofram de alucinações, fala desorganizada ou comportamento desorganizado ou catatônico). No sentido mais estrito da palavra, os narcisistas parecem ser psicóticos.

 

Mas, na verdade, não são. Há uma diferença qualitativa entre autoengano benigno (embora bem arraigado) ou mesmo com arte maligna – e “perdê-lo”.

 

O narcisismo patológico não deve ser interpretado como uma forma de psicose porque:

Os narcisistas geralmente estão plenamente conscientes da diferença entre verdadeiro e falso, real e fictício, o inventado e o existente, certo e errado. O narcisista conscientemente escolhe adotar uma versão dos eventos, uma narrativa engrandecedora, uma existência de conto de fadas, uma vida contrafactual “e se”. Ele está emocionalmente envolvido em seu mito pessoal. O narcisista se sente melhor como ficção do que como fato – mas ele nunca perde de vista o fato de que tudo é apenas ficção.

Por toda parte, o narcisista está no controle total de suas faculdades, ciente de suas escolhas e orientado a objetivos. Seu comportamento é intencional e direcional. Ele é um manipulador e seus delírios estão a serviço de seus estratagemas. Daí sua capacidade camaleônica de mudar de aparência, sua conduta e suas convicções em um centavo.

Delírios narcisistas raramente persistem em face da oposição geral e resmas de evidências em contrário. O narcisista geralmente tenta converter seu meio social ao seu ponto de vista. Ele tenta condicionar seus mais próximos e mais queridos para reforçar positivamente seu falso eu delirante. Mas, se ele falhar, ele modifica seu perfil na hora. Ele “toca de ouvido”. Seu falso eu é extemporâneo – uma obra de arte perpétua, permanentemente reconstruída em um processo reiterativo projetado em torno de loops de feedback intrincados e complexos.

Embora a personalidade narcisista seja rígida – seu conteúdo está sempre em fluxo. Os narcisistas se reinventam para sempre, adaptam seu consumo de Suprimento Narcisista ao “mercado”, sintonizados com as necessidades de seus “fornecedores”. Como os performers que são, eles ressoam com seu “público”, dando-lhe o que ele espera e quer. São instrumentos eficientes para a extração e consumo de reações humanas.

 

Como resultado desse processo interminável de ajuste fino, os narcisistas não têm lealdades, valores, doutrinas, crenças, afiliações e convicções. Sua única restrição é o vício em atenção humana, positiva ou negativa.

 

Os psicóticos, em comparação, estão fixados em uma certa visão do mundo e de seu lugar nele. Eles ignoram toda e qualquer informação que possa desafiar seus delírios. Gradualmente, eles se retiram para os recessos internos de sua mente atormentada e se tornam disfuncionais.

 

Os narcisistas não podem se dar ao luxo de fechar o mundo porque dependem muito dele para regular seu senso de valor próprio. Devido a essa dependência, eles são hipersensíveis e hipervigilantes, atentos a cada novo dado. Eles estão continuamente ocupados reorganizando suas auto ilusões para incorporar novas informações de uma maneira egossintônica.

 

É por isso que o Transtorno da Personalidade Narcisista é motivo insuficiente para alegar uma defesa de “capacidade diminuída” (insanidade). Os narcisistas nunca estão divorciados da realidade – eles a desejam, precisam dela e a consomem para manter o equilíbrio precário de sua personalidade desorganizada e psicótica. Todos os narcisistas, mesmo os mais esquisitos, podem distinguir o certo do errado, agir com intenção e estão no controle total de suas faculdades e ações.

O Narcisista como Criança Eterna

 

“Puer Aeternus” – o eterno adolescente, – é um fenômeno frequentemente associado ao narcisismo patológico. As pessoas que se recusam a crescer parecem egocêntricas e indiferentes, petulantes e malcriadas, arrogantes e exigentes – em suma: como infantis.

 

O narcisista é um adulto parcial. Ele procura evitar a idade adulta. A infantilização – a discrepância entre a idade cronológica avançada e o comportamento retardado, cognição e desenvolvimento emocional – é a forma de arte preferida do narcisista. Alguns narcisistas até usam um tom de voz infantil ocasionalmente e adotam a linguagem corporal de uma criança.

 

Mas a maioria dos narcisistas recorre a meios mais sutis. Eles rejeitam ou evitam tarefas e funções adultas. Eles se abstêm de adquirir habilidades de adultos (como dirigir) ou educação formal de um adulto. Eles fogem das responsabilidades adultas para com os outros, incluindo e especialmente para com os mais próximos e queridos. Eles não têm empregos fixos, nunca se casam, não criam família, não cultivam raízes, não mantêm amizades reais ou relacionamentos significativos.

 

Muitos narcisistas permanecem ligados à sua família de origem. Ao se apegar aos pais, o narcisista continua a agir no papel de uma criança. Assim, ele evita a necessidade de tomar decisões adultas e escolhas (potencialmente dolorosas). Ele transfere todas as tarefas e responsabilidades de um adulto – de lavanderia a babá – para seus pais, irmãos, cônjuge ou outros parentes. Ele se sente solto, um espírito livre, pronto para enfrentar o mundo (em outras palavras, onipotente e onipresente).

 

Esse “atraso da idade adulta” é muito comum em muitos países pobres e em desenvolvimento, especialmente naqueles com sociedades patriarcais. Eu escrevi em “A Última Família”:

 

“Para os ouvidos alienados e esquizoides dos ocidentais, a sobrevivência da família e da comunidade na Europa Central e Oriental (CEE) parece uma proposta atraente. com subsídio de desemprego, alojamento, alimentação e aconselhamento psicológico.

 

As filhas divorciadas, sobrecarregadas com filhos pequenos (e não tão pequenos), os filhos pródigos incapazes de encontrar um emprego à altura de suas qualificações, os doentes, os infelizes – todos são absorvidos pelo seio compassivo da família e, por extensão, da comunidade. A família, o bairro, a comunidade, a aldeia, a tribo – são unidades de subversão, bem como válvulas de segurança úteis, liberando e regulando as pressões da vida contemporânea no estado moderno, materialista e dominado pelo crime.

 

As antigas leis de feudo de sangue do kanoon foram entregues através de linhagens familiares no norte da Albânia, em desafio ao regime paranóico de Enver Hoxha. Os criminosos escondem-se entre os seus parentes nos Balcãs, fugindo assim efetivamente do longo braço da lei (Estado). Empregos são concedidos, contratos assinados e licitações vencidas numa base aberta e estrita de nepotismo e ninguém acha isso estranho ou errado. Há algo atávico comovente em tudo isso.

 

Historicamente, as unidades rurais de socialização e organização social eram a família e a aldeia. À medida que os aldeões migravam para as cidades, esses padrões estruturais e funcionais eram importados por eles, em massa. A escassez de apartamentos urbanos e a invenção comunista do apartamento comunal (seus minúsculos quartos alocados um por família com cozinha e banheiro comuns a todos) serviram apenas para perpetuar esses antigos modos de aglomeração multigeracional. Na melhor das hipóteses, os poucos apartamentos disponíveis eram compartilhados por três gerações: pais, filhos casados ​​e seus filhos. Em muitos casos, o espaço de vida também era compartilhado por parentes doentes ou desamparados e até mesmo por famílias não relacionadas.

 

Esses arranjos de vida – mais adaptados a espaços abertos rústicos do que a arranha-céus – levaram a graves disfunções sociais e psicológicas. Até hoje, os homens balcânicos são mimados pela subserviência e servidão de seus pais internos e incessante e compulsivamente atendidos por suas esposas submissas. Ocupando a casa de outra pessoa, eles não estão bem familiarizados com as responsabilidades dos adultos.

 

Crescimento atrofiado e imaturidade estagnada são as marcas de uma geração inteira, sufocada pela proximidade sinistra de um amor sufocante e invasivo. Incapaz de levar uma vida sexual saudável atrás de paredes finas como papel, incapaz de criar seus filhos e quantas crianças acharem conveniente, incapaz de se desenvolver emocionalmente sob o olhar ansioso e vigilante de seus pais – esta geração de estufa está fadada a uma existência zumbi na terra crepuscular das cavernas de seus pais. Muitos aguardam cada vez mais ansiosamente a morte de seus captores cuidadosos e a terra prometida de seus apartamentos herdados, livres da presença de seus pais.

 

As pressões e exigências diárias da coexistência são enormes. A bisbilhotice, a fofoca, a crítica, o castigo, os pequenos maneirismos agitados, os cheiros, os hábitos e preferências pessoais incompatíveis, a contabilidade pusilânime – tudo isso serve para corroer o indivíduo e reduzi-lo ao modo mais primitivo de sobrevivência. . Isso é ainda agravado pela necessidade de compartilhar despesas, alocar trabalho e tarefas, planejar com antecedência contingências, enfrentar ameaças, ocultar informações, fingir e afastar comportamentos emocionalmente prejudiciais. É um trópico sufocante de câncer afetivo.”

 

Alternativamente, agindo como cuidador substituto para seus irmãos ou pais, o narcisista desloca sua vida adulta para um território mais confuso e menos exigente. As expectativas sociais de um marido e um pai são claras. Não é assim de um pai substituto, simulado ou substituto. Ao investir seus esforços, recursos e emoções em sua família de origem, o narcisista evita ter que estabelecer uma nova família e enfrentar o mundo como adulto. A sua é uma “idade adulta por procuração”, uma imitação vicária da coisa real.

 

O máximo em evitar a vida adulta é encontrar Deus (há muito reconhecido como um substituto do pai) ou alguma outra “causa superior”. O crente permite que a doutrina e as instituições sociais que a aplicam tomem decisões por ele e assim o isentem de responsabilidade. Ele sucumbe ao poder paternal do coletivo e abre mão de sua autonomia pessoal. Em outras palavras, ele é uma criança mais uma vez. Daí o fascínio da fé e o fascínio de dogmas como o nacionalismo ou o comunismo ou a democracia liberal.

 

Mas por que o narcisista se recusa a crescer? Por que ele adia o inevitável e considera a vida adulta uma experiência dolorosa a ser evitada com um grande custo para o crescimento pessoal e a autorrealização? Porque permanecer essencialmente uma criança atende a todas as suas necessidades e defesas narcisistas e combina muito bem com a paisagem psicodinâmica interna do narcisista.

 

O narcisismo patológico é uma defesa infantil contra abuso e trauma, geralmente ocorrendo na primeira infância ou no início da adolescência. Assim, o narcisismo está inextricavelmente entrelaçado com a composição emocional, déficits cognitivos e visão de mundo da criança ou adolescente abusada. Dizer “narcisista” é dizer “criança frustrada e torturada”.

 

É importante lembrar que arrogante, sufocar, mimar, supervalorizar e idolatrar a criança – são todas formas de abuso dos pais. Não há nada mais narcisicamente gratificante do que a admiração e adulação (Narcissistic Supply) conquistadas por crianças-prodígio precoces (Wunderkinder). Os narcisistas que são os tristes resultados de mimos e abrigo excessivos se tornam viciados nisso.

 

Em um artigo publicado no Quadrant em 1980 e intitulado “Puer Aeternus: The Narcissistic Relation to the Self”, Jeffrey Satinover, um analista junguiano, oferece estas observações astutas:

 

“O indivíduo narcisisticamente ligado (à imagem ou arquétipo da criança divina) para a identidade pode experimentar a satisfação de uma realização concreta apenas se corresponder à grandeza dessa imagem arquetípica. Deve ter as qualidades de grandeza, singularidade absoluta, de ser o melhor e… prodigiosamente precoce. Esta última qualidade explica o enorme fascínio das crianças prodígio, e também explica por que mesmo um grande sucesso não produz satisfação permanente para o puer: sendo um adulto, nenhuma realização é precoce a menos que ele permaneça artificialmente jovem ou iguale suas realizações com os de velhice (daí a busca prematura pela sabedoria daqueles que são muito mais velhos).”

 

A verdade simples é que as crianças escapam com traços e comportamentos narcisistas. Os narcisistas sabem disso. Eles invejam as crianças, as odeiam, tentam imitá-las e, assim, competem com elas pelo escasso suprimento narcisista.

 

As crianças são perdoadas por se sentirem grandiosas e auto importantes ou até mesmo encorajadas a desenvolver tais emoções como parte da “construção de sua autoestima”. As crianças frequentemente exageram com realizações, talentos, habilidades, contatos e traços de personalidade impunes – exatamente o tipo de conduta pela qual os narcisistas são punidos!

 

Como parte de uma trajetória de desenvolvimento normal e saudável, as crianças pequenas são tão obcecadas quanto os narcisistas por fantasias de sucesso ilimitado, fama, poder temível ou onipotência e brilho inigualável. Espera-se que o adolescente se preocupe com a beleza corporal ou desempenho sexual (como é o narcisista somático), ou amor ou paixão ideal, eterno e conquistador. O que é normal nos primeiros 16 anos de vida é rotulado como patologia mais tarde.

 

As crianças estão firmemente convencidas de que são únicas e, sendo especiais, só podem ser compreendidas, devem ser tratadas ou associadas a outras pessoas especiais ou únicas ou de alto status. Com o tempo, através do processo de socialização, os jovens adultos aprendem os benefícios da colaboração e reconhecem o valor inato de cada pessoa. Os narcisistas nunca o fazem. Eles permanecem fixados no estágio anterior.

 

Pré-adolescentes e adolescentes exigem excessiva admiração, adulação, atenção e afirmação. É uma fase transitória que dá lugar à auto-regulação do senso de valor interior. Os narcisistas, no entanto, permanecem dependentes dos outros para sua autoestima e autoconfiança. Eles são frágeis e fragmentados e, portanto, muito suscetíveis à crítica, mesmo que meramente implícita ou imaginada.

 

Bem na pubescência, as crianças se sentem no direito. Quando crianças, elas exigem o cumprimento automático e total de suas expectativas irracionais de tratamento prioritário especial e favorável. Eles crescem à medida que desenvolvem empatia e respeito pelos limites, necessidades e desejos de outras pessoas. Novamente, os narcisistas nunca amadurecem, nesse sentido.

 

As crianças, como os narcisistas adultos, são “exploradoras interpessoais”, ou seja, usam os outros para alcançar seus próprios fins. Durante os anos de formação (0-6 anos), as crianças são desprovidas de empatia. Eles são incapazes de se identificar, reconhecer ou aceitar os sentimentos, necessidades, preferências, prioridades e escolhas dos outros.

 

Tanto os narcisistas adultos quanto as crianças pequenas têm inveja dos outros e às vezes procuram ferir ou destruir as causas de sua frustração. Ambos os grupos se comportam de forma arrogante e altiva, sentem-se superiores, onipotentes, oniscientes, invencíveis, imunes, “acima da lei” e onipresentes (pensamento mágico) e se enfurecem quando frustrados, contrariados, desafiados ou confrontados.

 

O narcisista procura legitimar sua conduta infantil e seu mundo mental infantil permanecendo realmente criança, recusando-se a amadurecer e a crescer, evitando as marcas da idade adulta e forçando os outros a aceitá-lo como o Puer Aeternus, o Eternal Youth, um Peter Pan sem preocupações e sem limites.

Psicanálise, Definições e instinto

A psicanálise analítica situa-se no ponto paradoxal do comumente rejeitado como método científico, em paralelo que é aceito por suas profundas contribuições para as ciências, por dar estímulo ao pensamento e ao comentário em muitas áreas, até então negligenciadas, da psicologia. Assim, o estudo e a definição do conceito de Psicanálise aumentariam sua aceitação e compreensão.

 

 

As teorias científicas aparecem influenciadas pelas condições da vida social nos aspectos econômicos, políticos, culturais etc. São produtos históricos criados por homens concretos que vivem seu tempo e contribuem ou modificam radicalmente o desenvolvimento da ciência. Sigmund Freud (1856-1839) foi um médico vienense que mudou radicalmente o imaginário sobre a vida psíquica.

Sua contribuição é comparável a Karl Max na compreensão dos fenômenos históricos e sociais. Freud ousou colocar os [processos misteriosos] do psiquismo, suas [regiões obscuras], ou seja, as fantasias, os sonhos, os buracos negros, a interioridade do homem, como questões científicas. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da Psicanálise.

O termo Psicanálise é usado para se projetar como uma teoria, um método de investigação e uma prática profissional. A teoria caracteriza-se por um conjunto de saberes sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica. Freud publicou uma extensa obra de cartas, durante toda a sua vida, contando suas descobertas e formulando leis gerais sobre as estruturas e o funcionamento da psique humana.

A psicanálise (enquanto método inquisitivo) caracteriza-se pelo método interpretativo, que busca o sentido oculto do que se manifesta através da ação e da fala ou das produções imaginárias, como sonhos, delírios, associações  livres.

 

Os profissionais práticos mencionam a forma ao tratamento psicanalítico (a análise), que visa a cura ou o autoconhecimento.

A psicanálise analítica encontra-se na paradoxal posição de frequentemente rejeitado como sistema científico (ao mesmo tempo que é aceito por suas notáveis ​​contribuições para a ciência) deu contribuições para alguns campos, estimulou o pensamento e o comentário em muitas áreas, até então negligenciadas , da psicologia: o significado dos fatores inconscientes na determinação do comportamento; a importância geral do sexo no comportamento normal e anormal; a importância do conflito da infância, o irracional e o emocional.

O próprio Freud realizou belos comentários durante uma longa vida de trabalho incansável e diário e contribuiu com hipóteses ou fatos sobre vastas áreas do comportamento humano. O instinto, para Freud, é o representante dos estímulos.

Os psicólogos interessam verificar novas fontes de motivação derivadas da satisfação dos instintos e não os processos somáticos como fonte dos instintos, que é a fonte de comentário do biólogo.

Algumas novas fontes de motivação originadas da satisfação dos instintos são as pulsões. Sabemos agora (e graças a Freud) que o instinto tem natureza biológica e hereditária e a pulsão resulta de um desvio do instinto. A pulsão sexual torna-se um desvio do instinto, como um bebê que recebe leite da mãe.

 

Depois deste leite sua fome e por isso tem o instinto de sugar, mas o contato com o seio também lhe proporciona prazer, que é um desvio do instinto. A libido é a energia derivada dos instintos, que está profundamente relacionada com o prazer e os impulsos afetivos resultantes das punções. A libido é qualquer energia instintiva ou pulsional que tenha como fontes os estímulos sexuais que aparecem no corpo.

O ser humano é um sistema que opera em função dos instintos e pulsões na busca do prazer. Existem diferentes tipos de instintos como o instinto de morte, vistos em vida e casos de sadismo. Os instintos de vida levam à conservação da pessoa: fome, sede, fuga, dor, sexo. Os instintos de morte têm como objetivo o retorno a um estado anterior da substância: a autodestruição. A agressão também pode fazer parte do instinto de vida: competição, brigas.

Instintos e punições, no mais comum, não podem encontrar sua satisfação isenta. Portanto, cria mecanismos de ajuste para tolerar a frustração, aliviando ou defendendo os indivíduos de tensões, angústias e ansiedades. Os conflitos geram reações emocionais intensas, como a ansiedade, que é um composto de medo, apreensão e esperança – um sentimento de ameaça real ou imaginária à segurança individual.