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Psicanálise na fábula: o Mestre, o discípulo e vaquinha

Autor: Psicanalista Anny Maia

No post de hoje, compartilharemos essa fábula, uma das mais interessantes, e muito conhecida na internet, mas que nos faz refletir e nos traz um grande e precioso ensinamento.

“Existem momentos na vida da gente, em que as palavras perdem o sentido ou parecem inúteis e, por mais que a gente pense numa forma de empregá-las, elas parecem não servir. Então a gente não diz, apenas sente.”
SIGMUND FREUD

Conta a lenda que o Mestre e discípulo andavam pela estrada. O caminho era inóspito, agressivo. O ambiente não era favorável à vida. Muitas pedras e montanhas escarpadas de muito pouca vegetação. Avistaram, ao longe, uma casinha de aspecto pobre e humilde, e para lá se dirigiram.

Foram recebidos, hospitaleiramente, pelo dono da casa e sua numerosa família. Foram abrigados, e os residentes, com eles, compartilharam sua escassa comida e seu espaço para dormir. Interrogado pelo mestre, o dono da casa disse que a alimentação provinha de uma única fonte: uma única vaca da qual tiravam leite e seus subprodutos. O excedente era usado para efetuar trocas no povoado mais próximo.
Mestre e discípulo ficaram ali mais alguns dias, e depois partiram. Algumas horas depois da partida, o mestre disse ao discípulo:

Fábula: O Mestre, o discípulo e vaquinha
Fábula: O Mestre, o discípulo e vaquinha

– Volte lá, às escondidas, e jogue a vaca no penhasco.

Estupefato, o discípulo argumentou:

– Mestre, como podes me pedir isto? Então não percebes a pobreza de tão numerosa família, e que seu único sustento é a vaca? E, mesmo assim, pedes-me para jogá-la no penhasco?

– Sim – disse o mestre. Jogue a vaca no penhasco.

Desorientado, o discípulo decidiu atender o mestre, no entanto, não conseguia fazê-lo, sem sentir uma enorme culpa. Mesmo assim, o fez pelo mestre.
Alguns anos depois, passavam novamente pelas proximidades, o mestre e o discípulo. Sem nada dizer ao mestre, o discípulo decidiu que faria a expiação, e pediria perdão por ter jogado a vaca do penhasco. Assim, dirigiu-se até lá. Mas, quando chegou, não mais encontrou a pobre casinha em seu lugar. Havia uma construção nova e confortável. As pessoas, que avistou, eram limpas e bem vestidas, o ambiente era de trabalho, e o progresso era evidente. Foi, então, até uma das pessoas e perguntou:

– Há uns dois ou três anos, aqui havia uma pequena e pobre casinha. Saberia me dizer para onde foram aquelas pessoas?

– Somos nós – respondeu o homem.

– Não, refiro-me àquelas pessoas pobres que aqui viviam.

– Somos nós – respondeu ele, novamente.

– Mas, o que aconteceu? – disse, olhando o progresso a sua volta.

– Bem – disse o homem. Aconteceu, numa noite, um terrível acidente, em que nossa vaca, nossa única vaca, caiu do penhasco, e ficamos sem nossa fonte de sustento. Não tivemos outra alternativa, então, a não ser buscar trabalho. Descobrimos, então, nossas próprias capacidades, e as potencializamos. Como resultado, temos hoje uma bonita e confortável casa”.

Imagina se o dono da fazenda soubesse da intensão do mestre, jamais deixaria ele fazer isso, não é mesmo? jogar fora o meu bem mais precioso, para depois me trazer algo melhor? Como assim? Não tem sentido!

Em algum momento de nossas vidas, será necessário nos desprendermos daquilo que mais gostamos, para podermos alcançar vôos mais altos, não se limite a sua “vaquinha” vá além, haverá ocasiões em que você terá que “jogar a vaca do penhasco”!!

O ser humano tem muita dificuldade em lidar com perdas, todos os dias atendemos pessoas e notamos como as pessoas tem dificuldades em lidar com: separação, rejeição, luto, perda de um emprego, falência de um negócio etc..

Em momentos difíceis, nunca esqueça essa frase:

“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.”


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