Transtornos de personalidade no cotidiano – Narcisista

Um narcisista, o que costumava ser chamado de sociopata ou psicopata (antes do DSM5) é uma criatura, que parece um humano, mas não é. O maior problema que nós enfrentamos é que não temos ideia do que é ser um psicopata. Pior ainda, nossos filmes pegam qualquer conhecimento que possamos ter e o destroem completamente. Assim, a maioria das pessoas não consegue compreender o que é um psicopata, e suas noções preconcebidas estão completamente erradas.

(Everything You Were Not Told about PSYCHOPATHS — Steemit 2022)

Os filmes gostam de retratar um psicopata como um assassino insano. Os psicólogos modernos tendem a dizer que o narcisismo é um espectro. No entanto, a realidade está longe do que é a norma da psicologia atual. Uma pessoa criada por um pai narcisista terá muitos traços de narcisismo. No entanto, essa pessoa pode ser curada.

Eles podem se reprogramar para ter respostas diferentes. Um narcisista/psicopata não pode. Ninguém jamais curou um narcisista. Algo no cérebro está quebrado. Seja na primeira infância ou desde a concepção.

(Everything You Were Not Told about PSYCHOPATHS — Steemit, 2022).

O narcisismo faz parte da tríade sombria que trabalha buscando a si mesmos e abrange o narcisista: orgulho, grandiosidade, egoísmo, não aceitam criticas, trata os outros como troféus, promovem a si mesmos, falta de empatia.

Maquiavélico: manipulação, exploração dos outros, sem limite de moral e enganação.

Psicopata: egoísmo extremo, manipulação, bullying, competição, sedução e armadilhas.

TÁTICAS DO NARCISISTA

O narcisista devido o grande senso de grandiosidade percebe que merece tratamento especial, senso de grandiosidade, acarreta ideias de referência, hipersensível as críticas, depreciação do entorno, mentalidade aristocrática. Apesar da falta de empatia ser a principal característica de um narcisista, a simulação da empatia, a empatia fria, faz com que não se perceba essa característica, o narcisista quer com isso coletar informações da vítima.

(A empatia sombria: definição e características básicas,2022)

A projeção é descrita como o mecanismo de defesa do EU pelo qual o projetor atribui ao projetado. Para manter a cabeça fora d’água, o Narcisista Maligno tem necessidade de afundar a do outro e, por isso, faz comentários odiosos, cruéis e insensíveis sobre a vítima. (Mendonça, 2022).

Tratamento de silencio é quando o narcisista maligno  apaga o alvo de sua existência por dias, semanas, meses ou anos, como forma de depreciação, subjugação, objetificação.

Tal abuso psicoemocional deixa o alvo totalmente atordoado, sem compreender como algo assim pode acontecer. (Mendonça, 2022).

O termo “macaco voador” se refere a um grupo de pessoas que o narcisista tem uma certa influencia, seguidores ou até mesmo marionetes que servem como peões para o jogo sujo consciente ou inconsciente.

A duvida é como o narcisista tem sobre controle essas pessoas mesmo fazendo o errado e sendo admirado, pelo simples fato de elogiar de forma rasa essas pessoas no controle. Qualquer bajulador que deixe de fornecer esse suprimento a ele ou negar seus favores será descartado ou substituído. O narcisista simula amar para conseguir isso, se cerca de apenas de dois tipos de pessoas: aduladores
e marionetes. (Mendonça, 2022).

A estratégia do morde e assopra, o narcisista desaprova algo em você e logo depois ele próprio tenta mitigar a desaprovação com uma suposta justificativa, deixando-o totalmente confuso. (Mendonça, 2022).

O gaslighting

É a tática “carro chefe” do narcisista, consiste em deixar a pessoa de maluca para tirar qualquer credibilidade da pessoa. (Mendonça, 2022).

A campanha de difamação consiste em usar os “macacos voadores” para denigrir a imagem da vítima e assim ganhar credibilidade.

A primeira situação é quando a vítima está perto do descarte ou quando se torna um perigo. Ele faz intrigas, jogando uns contra os outros, sempre exigindo a promessa de silêncio.

Vai tecendo uma verdadeira rede de fofocas e campanha difamatória sobre o alvo. Quando a vítima passa a ser considerada a desequilibrada e malfazeja da história e tenta contar a sua versão para as pessoas, adivinhe o que acontece? Ninguém acredita nela. O abusador já se antecipou, preparou o terreno destilando seu veneno para todo o lado. (Mendonça, 2022).

Autor:  Igor Cândido de Freitas – Concluiu conosco o Curso de doutorado livre em psicanálise.

AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE NA EDUCAÇÃO

 

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo discutir a pertinência da aplicação dos conceitos psicanalíticos, relacionados a psicanálise freudiana no campo educacional. Trata-se de um estudo teórico, utilizando a metodologia de pesquisa bibliográfica com perspectiva qualitativa, baseada nas referências de Sigmund Freud e seus comentadores. Para tal, primeiramente será apresentada uma contextualização histórica da psicanalise, abordando os principais conceitos desta teoria, mencionando às implicações destas ideias para a prática pedagógica. Desta forma, o trabalho destaca os fatores inconscientes podem trazer repercussões para o contexto escolar no que se refere ao agir dos educandos, à relação professor-aluno e ao processo de ensino e aprendizagem. Os resultados do estudo apontam para a importância do docente dispor de tais conhecimentos, evidenciando a relevância do estudo da psicanálise nos cursos de formação pedagógica. Conclui-se acerca da importância de o educador apropriar-se do conhecimento fornecido por essa teoria para melhor compreender a subjetividade dos educandos e desenvolver uma prática pedagógica mais sensível.

Palavras chave: Psicanálise. Educação. Freud.

 

1 INTRODUÇÃO

Segundo Libâneo (2001, p. 8), “A educação é uma prática social que busca realizar nos sujeitos humanos as características de humanização plena”. Neste contexto, nota-se que o fazer pedagógico deve estar voltado para o atendimento das múltiplas dimensões de cada um: psíquica, cultural e social. Sendo assim, a apropriação de conhecimentos psicanalíticos por parte do educador proporciona mais subsídios para compreender os alunos, tornando-o um profissional mais advertido e sensível para fazer seu fazer seu papel pedagógico.

Para a educação, a psicanalise se apresenta como uma possibilidade para construir uma pedagogia mais leve, que considere sua subjetividade. Cabe ressaltar que, nesta pesquisa serão apresentados os principais conceitos da psicanalise freudiana, direcionando o seu foco para as contribuições no campo educacional. Este estudo visa elucidar a seguinte problemática: Qual a importância destes conhecimentos para o processo de formação docente?

A relevância desta pesquisa justifica-se pela necessidade de apresentar a psicanálise como campo do saber, resgatando elementos da história deste saber e do seu fundador. As informações apresentadas aqui, abordarão aspectos desta teoria que interessam a educação, como: os consentidos de inconsciente e suas manifestações, bem como de sublimação, transferência e desejo de saber.

O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a teoria psicanalítica, criada por Sigmund Freud, considerando a pertinência de suas ideias para o contexto educacional. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com perspectiva qualitativa, utilizando como principais fontes: o referido autor e seus demais comentadores.

 

2 A PSICANÁLISE ENQUANTO CAMPO DO SABER E REPERCURSSÕES NA EDUCAÇÃO

A psicanálise surgiu na transição do século XIX para XX, e é definida como o procedimento utilizado para investigar processos mentais que são quase inacessíveis de qualquer outra forma e simultaneamente um método de tratamento, com base nessa investigação, e como uma coleção de informações psicológicas que se fundou uma nova teoria gradualmente. A psicanálise se concentra especificamente no estudo do inconsciente, por esse motivo, é diferente das demais teorias psicológicas que focam diretamente no estudo da consciência humana.

Com base na investigação do inconsciente, ela busca compreender a manifestação de comportamentos e sintomas nos indivíduos. Foi desenvolvida diante de um contexto de ocorrências de doenças nervosas, como no caso da histeria, que acometia um alto número de mulheres. No final do século XIX, os quadros de histeria ainda intrigavam a medicina pois, abrangiam sintomas somáticos sem uma explicação fisiológica aparente, como: cegueira, paralisia e afonias duradouras ou transitórias.

No começo, a maioria das mulheres acometidas por estes sintomas eram tratadas como loucas, como se estivessem fingindo, desacreditados pela sociedade e pelos médicos. Um tempo depois, o médico Jean Martin charcot propôs um tratamento utilizando hipnose, conduzindo essas pacientes a um estado de consciência onde elas conseguiriam realizar justamente as funções afetadas pelos sintomas histéricos, mas, um tempo depois abandonou este tratamento e propôs que fosse substituído pelo “talking cure”, do português “cura através da fala”.

Sigmund Freud é considerado o fundador da psicanálise nascido na moravia, no ano de 1856. Durante a sua infância demonstrou grande comprometimento com os estudos, considerado um estudante exemplar e que aos 17 anos ingressou na faculdade de medicina, e após concluir o curso se especializou em neurologia. Na sua jornada profissional, seus estudos foram concentrados em neuropatologias, e assim, diagnosticou diversas pacientes com histeria.

Nos dias atuais, utiliza-se a psicanálise de forma mais ampla, não está restrita apenas ao tratamento e compreensão de histeria, visto que, pode contribuir em outras áreas, dentre estas, a educacional. Freud não se ateve em criar modos de atuação ou estabelecer métodos pedagógicos baseados em suas ideias. Ele esperava que os psicanalistas ou professores que o sucederam desenvolvessem propostas neste contexto.

Ou seja, a relação entre educação e a psicanálise é demonstrada em diversos aspectos do contexto escolar, como no próprio ofício docente, conforme profissionais da educação são designados para lidar diariamente com indivíduos dotados de singularidades, e isto torna o trabalho docente uma tarefa complicada, pois, o processo de ensino-aprendizado é composto por fatores de ordem subjetiva.

Sendo assim, as dificuldades de aprendizagem, de relacionamento interpessoal e outras que são apresentadas pelos estudantes não retratam apenas um ambiente escolar em se, podem ser resultados de conflitos da relação consigo e com o outro, e é certo que, tudo que envolve a realidade de vida do discente pode interferir. Ante ao exposto, nota-se que na escola o trabalho docente é com os indivíduos em sua totalidade, e cada aspecto do sujeito importa durante o processo de ensino-aprendizagem. Neste contexto, no que tange as contribuições da psicanálise para área educacional, é possível situar uma compreensão diferente dos determinados problemas vividos pelos estudantes na escola, que podem repercutir no desenvolvimento do seu potencial, pois fatores inconscientes interferem na dinâmica, então, se relacionam com o processo de ensino e aprendizagem.

É dessa maneira que a psicanálise pode ajudar o educador, permitindo a possibilidade de uma compreensão em profundidade do sujeito, no que ele tem de mais pessoal e de mais íntimo. Para tal, é necessário que a escola não mantenha os alunos numa relação de submissão passiva à autoridade do professor (PEDROZA, 2010 p.83).

Portanto, conhecer essa teoria irá proporcionar uma compreensão mais abrangente sobre o funcionamento psíquico, podendo tornar o educador mais sensível às particularidades de cada aluno levando este profissional a utilizar uma prática que considere o sujeito e os fatores psíquicos que o compõem.

 

2.1 Aspectos teóricos da psicanálise que interessam a educação

 

Primeiramente, a teoria freudiana dividiu processos mentais, considerando a existência de três níveis de consciência: consciente, pré-consciente e inconsciente. Essa sistematização ficou conhecida como primeira tópica, sendo reformulada posteriormente, no que atualmente recebe o nome de segunda tópica, sistematizada a partir de 1920, que concebe o sistema psíquico como constituído por: isso, eu e supereu (traduzidos equivocadamente como: ego, id e superego).

Desde então, o inconsciente tornou-se a base de três instâncias mentais: ele (Es), que é um conjunto de conteúdos sujeitos à censura e, portanto, corresponde à posição do sistema inconsciente no tópico anterior; o eu (Ich), concebido como a instância intermediária, ligada à consciência, mediando a relação entre o mundo externo e o psiquismo, e contém uma parte inconsciente que é responsável por suprimir os impulsos passionais do id e submetê-los à prova da realidade; e o superego, que atua sobre o ego como uma instância de consciência moral, governá-la através da culpa inconsciente. Como mencionado anteriormente, o inconsciente é o foco da pesquisa psicanalítica.

Segundo Garcia-Roza (2009), pode-se conceber tal área como sendo um sistema psíquico diferente dos outros, que possui sua própria atividade. Dessa forma, é possível compreender que seu funcionamento é direcionado por uma lógica distinta dos demais, contudo isso não significa que sua atividade seja arbitrária e incompreensível, uma vez que os conteúdos nele armazenados são carregados de sentido. Para este autor, “O inconsciente não é o mais profundo, nem o mais instintivo, nem o mais tumultuado, nem o menos lógico, mas uma outra estrutura, diferente da consciência, mas igualmente inteligível” (GARCIA-ROZA, 2009, p, 173). Seus conteúdos encontram-se parcialmente inacessíveis à consciência e não obedecem à lógica racional da consciência, pois, no inconsciente, ideias antagônicas podem coexistir, inclusive pode conter memórias traumáticas conscientemente esquecidas, assim como vontades e pensamentos reprimidos pela consciência. Esse conjunto de elementos armazenados no inconsciente, embora não sejam conhecidos conscientemente pelo sujeito, podem revelar-se por meio das chamadas manifestações do inconsciente, sendo as principais os sonhos, os sintomas, os atos falhos e as associações livres.

 

2.2 As manifestações do inconsciente no contexto educacional

Em sua obra “Além do princípio do prazer”, Freud (1996) relata que os sonos são a satisfação de um desejo do inconsciente, visto que, neste ato existe menos interferência da censura do consciente, proporcionando espaço para a manifestação dos elementos que provém do inconsciente. Sendo assim, a psicanalise considera os sonhos como a via régia para o inconsciente, conforme propõe Freud no livro “a interpretação dos sonhos”. Com base em seus estudos sobre os sonhos enquanto manifestações do inconsciente, Freud trouxe importantes contribuições para a psicologia.

Além de investigar os significados dessa atividade inconsciente, ele alerta para que sua interpretação não seja generalizada, considerando a singularidade do sujeito. Além disso, demonstrou detalhadamente como a interpretação dos sonhos pode proporcionar explicações para auxiliar no tratamento de doenças mentais e também em outras formas de sofrimento psíquico. No que tange as relações que se estabelecem entre tal manifestação inconsciente e o contexto educacional encontra-se o fato de que os sonhos também refletem dos elementos que ocorrem no cotidiano, o que é chamado por Freud de “restos diurnos”.

Neste contexto, na medida em que a escola é um espaço social, os alunos podem sonhar com os acontecimentos vividos no ambiente escolar, constituindo uma importante dimensão da vida. Além disso, os sonhos também podem ser com a figura do professor, em decorrência da função da natureza da relação afetiva entre ambas as partes, ou como uma atividade onírica advinda de outras relações ou eventos que se estabeleceram neste ambiente, etc. Conforme supracitada, compreender a existência dessas relações entre o ambiente escolar e inconsciente pode ajudar o docente a manter uma postura mais sensível em relação aos aspectos subjetivos de seus alunos.

Por outro lado, os sintomas consistem no surgimento de sinais físicos de desconforto (cegueiras, paralisias, afonias, dentre outros), sem que existam explicações orgânicas diante das interpretações e se justificam pelo ponto de vista psíquico por serem a realização de um desejo inconsciente, o que foi nomeado por Freud como “ganhos secundários”, como por exemplo, os sintomas de que o sujeito não quer executar algo, a ponto de até adoecer fisicamente, em casos onde embora seja experimentado um desconto pela doença, ocorre um ganho secundário que pode ser impossibilitado pelo desenvolvimento de fazer aquilo que não desejava.

Em relação ao contexto educacional, os sintomas de que tratam a psicanálise, geralmente envolvem dificuldades de aprendizado, que podem apontar para fatores subjetivos do aluno, ou da relação entre professor e aluno, ou entre algum outro significado. Ou seja, geralmente existem razões de natureza psíquica para justificar o surgimento desses sintomas, Ribeiro (2005 p.62) cita como exemplo, o caso de um menino onde “o sintoma de não saber, que, na escola, tomava a forma do não saber ler, mas, nas sessões, mostrava-se como um não saber sobre a sua mãe e sobre as suas origens”.

Este relato demonstra um caso onde uma criança de seis anos de idade, criada pela vó materna, a qual se queixava de comportamentos agressivos por parte do menino e também da sua dificuldade de aprendizado escolar. Em decorrência destas queixas, a avó buscou atendimento psicológico, E desde o início destes acompanhamentos clínicos que foram realizados sobre orientação da psicanálise o profissional que acompanhou a criança identificou que os sintomas adivinham aspectos inconscientes da criança, como por exemplo, pelo fato de não compreender o abandono da mãe e a atitude da sua avó de não o deixar ter acesso a informações sobre sua origem. Diante disso, foi possível perceber que os sintomas de não aprendizagem desta criança refletiam questões de natureza psíquica, ou seja a busca pelo conhecimento das suas origens familiares que estava sendo negada ponto final devido a este conflito pessoal, a maneira encontrada para manifestar esse impasse era através de dificuldade de aprendizagem, um comportamento considerado agressivo no ambiente escolar.

A partir de tais elementos, podemos pensar que a ‘agressividade’, relatada tanto pela avó como pela professora de Vitório, referia-se a uma busca incessante por uma verdade que as duas tentavam tamponar: a verdade sobre a sua origem, a verdade sobre a sua mãe. Este assunto não era falado de maneira alguma por ninguém, constituindo, assim, um não dito que colocava Vitório para trabalhar (RIBEIRO, 2009, p. 7).

Outra forma de manifestar o inconsciente é através dos atos falhos, que são uma realização do desejo inconsciente, e ocorrem quando o sujeito deixe escapar alguma ação ou fala que conscientemente não deixaria ocorrer, demonstrando intenções que foram oprimidas pelo seu consciente, mas que continuam persistindo no inconsciente. No ambiente escolar, o professor deve observar o aluno atentamente diante da manifestação dos atos falhos, podendo fornecer um olhar e escuta, mas atentos a dimensão psíquica destes discentes.

Por fim, diferentemente dos exemplos supracitados, que possuem desdobramentos no campo educacional, as associações livres enquanto forma de manifestação do inconsciente emergem, mas no contexto da clínica psicanalítica, conforme esta é conceituada como uma técnica onde o paciente tem um espaço livre de fala, que deve ocorrer com o mínimo de censura possível. Com base no nessa técnica, no contexto do tratamento psicanalítico elementos do inconsciente podem ser verbalizadas para que o analista e o analisando faça interpretações sobre o significado subjacente dos conteúdos expressados na fala.

 

3 OS PRINCIPAIS CONCEITOS PSICANALÍTICOS E SUA PERTINÊNCIA AO CONTEXTO EDUCACIONAL: TRANSFERÊNCIA E EDUCAÇÃO

 

Conforme apontado anteriormente, em seu princípio, a teoria psicanalítica não era direcionada à educação. Contudo, devido à vasta amplitude dos conhecimentos proporcionados pela psicanálise, reconheceu-se que alguns pontos são de extrema relevância para o meio educacional, visto que oferecem interpretações de caráter inovador no que concerne à aprendizagem do sujeito, por abordar como fatores inconscientes influem no ato de aprender. Nessa perspectiva, a psicanálise oferece uma compreensão mais ampliada a respeito da aprendizagem humana.

Segundo Kupfer (1989), dentre os conceitos psicanalíticos com maior relevância para o âmbito educacional estão o de transferência, sublimação e desejo de saber. Tais conceitos serão discutidos na sequência, focando em suas relações com o cotidiano do trabalho pedagógico.

Freud (1912/1980) observou que alguns de seus pacientes transferiam para ele, enquanto analista, sentimentos e cargas afetivas de origem parental, amorosa, etc. geralmente oriundos da infância de cada paciente. Em sua obra A dinâmica da transferência, ele define esse fenômeno da seguinte forma:

Logo percebemos que a transferência é, ela própria, apenas um fragmento da repetição e que a repetição é uma transferência do passado esquecido, não apenas para a figura do médico, mas também para todos os outros aspectos da situação atual (FREUD, 1912/1980, p.197).

Diante disso, com base no que está proposto pelo autor, o conceito de transferência pode ser compreendido como essa transposição de afetos de uma pessoa para outra ou de determinadas relações para outras, feita pelo sujeito de forma inconsciente. Contudo, convém destacar que o próprio Freud (1914/1996) afirmou em seu texto Algumas reflexões sobre a psicologia escolar que a transferência não está restrita à relação analista-paciente, mas também é observável em contextos educacionais, uma vez que a figura docente costuma ocupar um importante espaço na vida dos educandos, já que o ato de educar é perpassado pelo cuidado, atenção e dedicação, tal como acontece nas relações desenvolvidas no âmbito familiar.

Nessa perspectiva, Freud (1914/1996, p. 288) também acrescenta que por volta da segunda metade da infância as crianças enxergam em seus professores a figura de “pais substitutos”. Diante disso, pode-se compreender que a transferência está presente em contextos educacionais na medida em que alunos realizam uma transposição de afeto de algum ente, inclusive de seus pais, para seu professor, de modo a colocá-lo, em alguns casos, em um lugar de substituto que receberá uma carga afetiva proveniente de relações com outros significativos para a criança.

E tal processo ocorre em decorrência do educador desempenhar muitas funções semelhantes às realizadas pelos pais e cuidadores primários, tais como: cuidar, ensinar, preocupar-se, e sobretudo ter uma convivência diária. Desse modo, é possível concluir que a profissão docente está diretamente associada à disponibilidade afetiva para a vivência com os alunos e que as relações estabelecidas na escola são muito significativas nas vidas dos estudantes. Assim, convém ao educador estar ciente de que ser professor consiste em um ofício que oportuniza o estabelecimento de vínculos afetivos entre os sujeitos envolvidos no processo.

A transferência no âmbito educativo também implica a atribuição de significado especial à figura do professor, tal como aponta Kupfer (1989, p. 91), segundo a qual transferir também implica em conferir um sentido especial àquela figura determinada pelo desejo. Na perspectiva do contexto escolar isso significa que, muitas vezes, a figura do professor ganha grande importância para o aluno, em alguns casos, até suplantando os conhecimentos por ele transmitidos. Como também pode acontecer de a imagem, a personalidade do docente, ou o afeto desenvolvido para com o aluno serem associadas ao objeto de ensino, favorecendo que o educando tenha seu interesse despertado por determinado saber a depender do sentimento construído para com o educador.

Kupfer (1989, p. 91) discorre sobre esse assunto afirmando que: “a transferência se produz quando o desejo de saber do aluno se aferra a um elemento particular, que é a pessoa do professor”. Assim, pode-se compreender que a dimensão afetiva presente na relação professor-aluno também tem implicações no ato de aprender do educando.

Diante disso, é possível perceber que a transferência está muito presente no cenário educacional e não só permeia a relação professor-aluno, mas também traz repercussões no processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, é de grande relevância que o pedagogo tenha acesso à discussão acerca desse conceito em sua formação, pois estar advertido do papel desempenhado pela transferência no campo educacional possibilita a autorreflexão sobre a importância que cada professor assume na vida dos seus educandos.

 

3.1 A sublimação e suas implicações no contexto educacional

 

No que concerne ao conceito de sublimação, Freud (1905) faz a seguinte afirmação: “a energia – na totalidade ou em sua maior parte – é desviada do uso sexual e voltada para outros fins” (p. 108). Tal afirmação significa que em determinado momento da vida infantil, o sujeito inconscientemente abdica do interesse por questões sexuais e este passa a ser direcionado para fins socialmente estimados, fenômeno conceituado como sublimação. Segundo Freud, a fase em que esse desvio de interesses ocorre de forma mais contundente é a de latência, que se situa entre as fases fálica e genital do desenvolvimento psicossexual, as quais serão abordadas juntamente com a oral e anal no capítulo seguinte.

Dessa forma, a teoria psicanalítica propõe que o desejo de se empreender na busca pelo conhecimento científico resulta de uma energia primariamente de caráter sexual que foi sublimada. Ou seja, o processo de aprendizagem pode ser compreendido como proveniente da sublimação, isto é, resultado dessa canalização de energia oriunda do interesse sexual para o interesse em obter conhecimentos científicos. Nesse sentido, a teoria freudiana concebeu “o trabalho intelectual como forma sublimada de se obter satisfação, mediante o desvio do alvo pulsional” (TEIXEIRA, 2015, p. 21)

 

3.2 O desejo de saber e suas implicações no contexto educacional

 

Ainda no que refere-se ao fenômeno da aprendizagem, a psicanálise também aponta que a busca pelo saber encontra-se presente na vida do sujeito desde a infância, sendo expressa por meio do desejo infantil de conhecer, o qual pode ser observado, por exemplo, quando crianças fazem perguntas sobre o mundo que as cerca. A partir da percepção dessa busca pelo conhecimento presente no indivíduo desde os anos iniciais de sua vida, a teoria psicanalítica levanta a existência do chamado desejo de saber, o qual começa no interesse em investigar determinados assuntos, tais como: a origem da vida, as diferenças anatômicas entre homens e mulheres etc. Tais investigações demonstram o princípio da necessidade da criança de compreender melhor as coisas a seu redor.

Contudo, é importante ressaltar que, de acordo com a abordagem psicanalítica, esse desejo de saber manifesto na criança está diretamente vinculado às motivações sexuais relacionadas a sua necessidade de descobrir seu lugar no mundo enquanto sujeito. Tal como afirma Kupfer: “Pode-se dizer, então, que, para Freud, a mola propulsora do desenvolvimento intelectual é sexual. Melhor dizendo, a matéria de que se alimenta a inteligência em seu trabalho investigativo é sexual” (1989, p. 84). Desse modo, pode-se inferir que essas motivações sexuais impulsionam a criança a ter interesse pelo conhecimento e, por isso, é possível afirmar que o desejo de saber está diretamente relacionado com o processo de aprendizagem.

 

3.3 A transferência, o desejo de saber e a sublimação em contextos educacionais

 

Diante disso, pode-se pontuar que o contexto educacional é muito impactado pelos conceitos psicanalíticos, tornando importante a compreensão dos múltiplos fatores envolvidos na aprendizagem, tais como transferência, sublimação, desejo de saber etc. Conhecer tais conceitos permite concluir que a aprendizagem não depende apenas de aspectos conscientes, mas está também vinculada à fatores mentais inconscientes, haja vista que, conforme afirma Teixeira (2015, p. 21): “o conhecimento não é linear e escapa, frequentemente, ao controle volitivo e à consciência”.

Portanto, a psicanálise traz o conhecimento de que o inconsciente, além de manifestar-se de diversas formas na vida do indivíduo, como já discorrido anteriormente, também está envolvido no processo de aprendizagem. Tal percepção, permite ao educador concluir que o ato de aprender é algo não totalmente controlável, uma vez que envolve processos inconscientes. Nessa perspectiva, compreender o aprendizado por meio de um olhar psicanalítico confere ao docente uma maior sensibilidade para identificar as necessidades educativas dos discentes, concebendo o sujeito como movido por um desejo de saber proveniente do campo do inconsciente.

A partir daí, o professor poderá canalizar e direcionar seu trabalho, procurando maneiras de criar condições facilitadoras do aprendizado, tal como aborda Scorsato (2005, p. 48):

Acredito que aprendizagem poderá ocorrer se for considerada a questão do desejo no processo da aprendizagem, acionando a pulsão ao desejo de saber dos sujeitos ensinantes se estiverem marcados pelo próprio desejo de aprender. Não há como motivar alguém nem fazê-lo se interessar por algo se este algo, como objeto, não estiver “suficientemente” erotizado no sentido de que este objeto possa conter algo de valor.

 

4 A RELEVÂNCIA DA PSICANÁLISE PARA A FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Considerando as relações já apontadas entre a psicanálise e a educação, é possível afirmar que seus conceitos têm grandes implicações no campo pedagógico, uma vez que os conhecimentos trazidos acerca da subjetividade humana tornam-se muito favoráveis ao campo educacional, já que nesse contexto os aspectos subjetivos envolvidos influenciam diretamente nas relações estabelecidas em sala de aula e consequentemente traz repercussões para o processo de ensino e aprendizagem.

Dessa forma, sabendo que a psicanálise pode ser um importante aporte para a prática pedagógica, convém que esteja presente no processo de formação docente. No entanto, segundo apontam Costa e Mota (2011, p. 1), o tempo destinado ao estudo das ideias psicanalíticas nos cursos de formação de professores não é suficiente para o desenvolvimento dos conteúdos previstos.

Tal afirmação indica que a psicanálise costuma ser trabalhada de forma sucinta, na maioria dos casos não havendo uma disciplina específica para seu estudo, mas sendo abordada apenas como um conteúdo programático no âmbito de algum componente curricular. Diante desse fato, apontamos para a importância de que a psicanálise seja inserida de forma mais intensa no processo de formação de professores, uma vez que, de posse desse conjunto de saberes psicanalíticos, o docente poderá ampliar seu olhar e consequentemente estar mais preparado para exercer sua função.

 

4.1 A psicanálise e a subjetividade do professor

 

Para Kupfer. et al (2010, p. 299-300), “a dimensão subjetiva do professor é condição para a realização de qualquer projeto educacional; […] tem função facilitadora ou impeditiva da aprendizagem do aluno”. Assim, pode-se inferir que não apenas a subjetividade do aluno importa no processo pedagógico, mas é necessário que os aspectos subjetivos do docente também sejam considerados, pois interferem nas suas atitudes pedagógicas e podem gerar repercussões no processo de ensino aprendizagem.

Nessa perspectiva, pode-se afirmar que, à medida em que discorre sobre o psiquismo, a psicanálise fornece também subsídios para o docente melhor compreender as relações que envolvem os sujeitos presentes no contexto educacional. Ao refletir sobre isso a partir do referencial psicanalítico, torna-se possível conhecer mais acerca da esfera relativa à sua subjetividade enquanto docente, como também a respeito da maneira como os alunos são afetados inconscientemente pela sua figura, conforme foi discorrido no capítulo anterior no que se refere ao aspecto transferencial.

 

4.2 A psicanálise e a subjetividade do educando

 

Durante muito tempo, acreditou-se que ensinar consistia apenas em transmitir conteúdos. Nessa perspectiva, professores eram formados concebendo que o objetivo central de sua função era ser transmissor de conhecimentos. Posteriormente, percebeu-se que a educação ultrapassa a transmissão de conteúdos curriculares. A psicanálise também reconhece que “ensinar é muito mais do que a transmissão de conteúdo” (COSTA; MOTA, 2011, p. 3).

Ainda no que refere-se à maneira de conceber a educação, convém destacar que essa só passou a ser pensada de forma mais ampla e a direcionar sua atenção para os educandos a partir do manifesto dos pioneiros da Escola Nova, que almejavam transformar o contexto pedagógico vigente, pautado na concepção de que o professor era o detentor do saber enquanto os alunos meros receptores de informação.

Essa vertente pedagógica, conhecida como tradicional e baseada na teoria comportamentalista, não oferecia subsídios para o estudo e a preocupação com a figura do aluno, já que o principal responsável pela aprendizagem, nessa perspectiva, era o educador. Dessa forma, o manifesto pretendia modificar esse cenário e conceder mais centralidade ao estudante, visando trazer um olhar mais sensível para com o público estudantil, destacando a relevância e influência das diversas dimensões desses sujeitos no processo educativo. Conforme Costa (2013, p. 1):

O movimento da Escola Nova, responsável pelas principais transformações na educação nas primeiras décadas do século XX, trouxe uma mudança de paradigma no campo educacional: não era mais o professor e as formas de ensino que estavam em evidência, mas a criança e suas formas de aprender.

Sendo assim, importa que a formação docente não esteja focada apenas em aspectos conteudistas, mas que se concentre no estudo do sujeito em suas múltiplas vertentes, dentre elas, a psíquica. Assim, mediante o conhecimento da psicanálise é possível ter um olhar mais sensível à subjetividade do educando, pois como aponta Freire (1996) não há docência sem discência, sendo, portanto, a compreensão dos discentes e seus processos de aprender um conteúdo a ser estudado em profundidade pelos docentes em seus cursos de formação. Além disso, ao trazer essa discussão para o contexto atual de ensino, as Diretrizes Curriculares Nacionais de Formação de Professores apontam a necessidade de haver “aplicação ao campo da educação de contribuições e conhecimentos, como o pedagógico, o filosófico, o histórico, o antropológico, o ambiental-ecológico, o psicológico, o linguístico, o sociológico, o político, o econômico, o cultural” (BRASIL, 2015, p.10). Mediante ao que está apresentado nesse documento, é possível constatar que a psicanálise pode ser incluída no rol de conhecimentos que podem contribuir com a educação, uma vez que aborda aspectos psicológicos dos indivíduos, especificamente focando-se no inconsciente.

 

4.3 A psicanálise e o processo de ensino e aprendizagem

 

Uma formação docente que permita um maior aprofundamento na psicanálise também possibilitaria uma melhor compreensão de certas condutas dos estudantes, de maneira a facilitar a identificação de eventuais sintomas que estejam interferindo no processo de ensino e aprendizagem, tais como: indisciplina, dificuldade de aprendizagem, etc. Assim, por meio de uma aproximação maior, o professor pode, através da escuta e observação, quando necessário, para descobrir que razões inconscientes subjazem determinadas posturas e modos de agir dos alunos, auxiliando-o a encontrar novas possibilidades.

De acordo com Costa e Mota (2011, p. 2), ” O pedagogo ocupa um lugar fundamental na vida das crianças de 0 (zero) aos 10 (dez) anos. É exatamente nessa fase que aprendemos e adquirimos as concepções de sociedade, moral, valores, entre outras”. Assim, o professor não é responsável apenas pelas aprendizagens científicas dos estudantes, mas ocupa um papel mais amplo na vida de seus alunos, uma vez que o processo educativo repercute em toda a formação do sujeito.

Sabendo disso, convém destacar que a formação do professor deve prepará-lo para preocupar-se com seus alunos, visando atendê-los também em suas questões subjetivas, de modo a tratar cada aluno de forma atenciosa, considerando-o como um sujeito dotado de singularidade. Sendo assim, mediante conhecimentos provenientes da psicanálise, o professor tende a desenvolver uma pedagogia mais humanizada, que considere a dimensão inconsciente que também se manifesta no contexto escolar, atribuindo-lhe a devida relevância para o processo de ensino e aprendizagem.

 

4.4 A psicanálise e o desenvolvimento psicossexual do sujeito

 

Em sua obra Três ensaios sobre a sexualidade, Freud (1905/1996) elaborou a teoria do desenvolvimento psicossexual, segundo a qual o desenvolvimento humano é perpassado por fases de acordo com as zonas erógenas privilegiadas. Estando muito à frente de sua época, Freud apontava que, desde os primeiros anos da infância, a sexualidade já se fazia presente na vida humana.

No entanto, convém ressaltar que ao referir-se à sexualidade infantil essa não é concebida de forma semelhante àquela presente na fase adulta. Pois a primeira está relacionada com a obtenção do prazer por parte da criança quando tem suas necessidades básicas atendidas, como exemplo pode ser citada a sensação de satisfação ao alimentar-se, ao ser cuidada pelos entes queridos, ou ao satisfazer sua necessidade de sucção (através do seio, do dedo ou da chupeta, por exemplo). Dessa forma, é possível entender que o alvo da sexualidade na infância não é o ato sexual, como ocorre na fase adulta. De acordo com Kauffman (1998):

Ao acariciar, beijar, embalar, entre outras coisas, o outro proporciona ao bebê uma fonte infindável de satisfação sexual. Sendo o sexual entendido, em psicanálise, como uma conotação particular: trata-se de um campo constituído como efeito da relação do filhote humano com outro ser humano falante e desejante, abarcando assim um conjunto de atividades que não se relacionam necessariamente aos órgãos genitais e são geradoras de um prazer que extrapola as finalidades biológicas.

Logo, pode-se constatar que a sexualidade infantil precisa ser compreendida de forma distinta daquela vivenciada durante a fase adulta. Sendo assim, para melhor compreensão, a sexualidade humana foi dividida por Freud (1905/1996), nas seguintes fases: oral, anal, fálica e genital. A fase oral compreende o momento em que o bebê concentra sua obtenção de prazer na sucção, isto é, satisfazendo-se por meio de alimentos, da amamentação materna e ao colocar objetos na boca a fim de conhecer melhor o ambiente. Já a fase anal trata-se do momento em que a criança concentra o prazer na defecação, na sensação de aprender os momentos de ir ao banheiro; no controle dos esfíncteres etc.

A fase fálica consiste no período em que a criança descobre a diferença anatômica entre homens e mulheres e passa a ter curiosidades relativas à presença ou ausência do falo, isto é, do órgão genital masculino. Entre a fase fálica e genital existe o período denominado de latência conforme já mencionado no capítulo anterior, o qual consiste em um momento da infância em que há um desvio da energia investida em curiosidades sexuais para outras atividades, tal como a interação com o ambiente que a cerca.

Por fim, a fase genital remete à etapa do desenvolvimento humano em que o prazer se concentra na área genital, associando-se ao corpo do outro e ao próprio ato sexual. Diante disso, é possível inferir que o pedagogo, enquanto profissional que trabalha diretamente com diversas fases de desenvolvimento do sujeito, beneficia-se do acesso a tal conhecimento durante sua formação para assim melhor compreender seu aluno, pois isso ajuda a melhor conhecer os sujeitos e assim ter suas ações pedagógicas melhores direcionadas para atender às reais necessidades de cada um.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Contemplar o conhecimento psicanalítico na formação do pedagogo, seja inicial ou continuada, certamente contribuirá para que esse docente esteja mais preparado para relacionar-se com os diversos educandos e realizar um trabalho mais reflexivo sobre sua prática, em virtude de dispor de uma compreensão mais ampla acerca da subjetividade humana.

Tais contribuições da psicanálise são também imprescindíveis para o meio educacional no que concerne à construção de uma educação pautada na formação integral do ser humano, uma vez que a dimensão psíquica consiste em um importante fator para a aprendizagem e desenvolvimento dos indivíduos no espaço escolar. Logo, torna-se de grande proveito dispor do saber sobre a psicanálise, já que um dos elementos que deve direcionar a prática pedagógica é o atendimento aos sujeitos em sua totalidade.

Em relação à função de formar os educandos, pode-se afirmar que é uma responsabilidade que recai com grande peso sobre a figura do professor, por isso, importa que a formação pedagógica prepare esse profissional para assumir tal desafio, fazendo-se, portanto, necessário que o docente tenha acesso aos conceitos oferecidos pela psicanálise, pois esses ajudarão a reconhecer e melhor compreender as variadas dimensões de cada sujeito.

Assim, trazer as teorias da psicanálise para o campo educacional é uma forma de tornar acessível aos educadores o conhecimento acerca dos elementos subjetivos do sujeito, para que assim o ato de educar seja facilitado, uma vez que, para desenvolver práticas de ensino eficazes é preciso conhecer melhor o público para quem destina-se o processo educativo, isto é, os alunos. Assim, ter noções acerca do funcionamento psíquico humano certamente tornará o docente mais capacitado para melhor desempenho do trabalho pedagógico.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior. Resolução CNE/CP n° 2. Brasília: CNE/CP, 1 de julho de 2015.

 

COSTA, André Júlio. A psicanálise em cursos de pedagogia. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte: 2013.

 

COSTA, André Júlio; MOTA, Maria Veranilda Soares. Psicanálise e educação e a formação do pedagogo. Anais do 8º Colóquio do LEPSI. São Paulo: USP, 2011. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC000000003201000010000. Acesso em: 20 mar.2022.

 

FREUD, Sigmund. Estudos sobre histeria [1893-1895]. In: . Edição Estandard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. II). Rio de Janeiro: Imago, 1996.

 

FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos [1900]. In: . Edição Estandard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. III). Rio de Janeiro: Imago, 2001.

 

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a sexualidade [1905]. In: . Edição Estandard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

 

FREUD, Sigmund. A dinâmica da transferência [1912]. In: . Edição Estandard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. XII). Rio de Janeiro: Imago, 2006.

 

FREUD, Sigmund. Algumas reflexões sobre a psicologia do escolar [1914]. In: . Edição Estandard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. XIII). Rio de Janeiro: Imago, 1987.

 

FREUD, Sigmund. Sobre o narcisismo: uma introdução [1914]. In: . Edição Estandard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. XIV). Rio de Janeiro: Imago, 1996.

 

FREUD, Sigmund. As pulsões e suas vicissitudes [1915]. In: . Edição EstandardBrasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. XIV). Rio de Janeiro: Imago, 1996.

 

FREUD, Sigmund. Conferências Introdutórias sobre Psicanálise (1917[1916-17]). In: . Edição Estandard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. XVI). Rio de Janeiro: Imago, 1990.

 

FREUD, Sigmund. Além do princípio do prazer [1920]. In: . Edição Estandard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. XVIII). Rio de Janeiro: Imago, 1996.

 

FREUD, Sigmund. Dois Verbetes de enciclopédia [1922]. In: . Edição Estandard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. (Vol. XVIII). Rio de Janeiro: Imago, 1996.

 

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. 24 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

 

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LOURENÇO, Lara Cristina d’Avila. Transferência e Complexo de Édipo, na Obra de Freud: Notas sobre os Destinos da Transferência. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 18, n. 1, jan./jul. 2005.

 

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SCORSATO, Teresinha Bastos. O desejo de saber e suas vicissitudes – da escola à universidade: um enfoque psicanalítico. (Tese de Doutorado). Porto Alegre: 2005.

 

TEIXEIRA, Ana Isaura Benfica. O saber na perspectiva psicanalítica de orientação freudo-lacaniana: um estudo teórico. (Dissertação de Mestrado em Psicologia). Natal: 2015.

[1]

Esse trabalho foi produzido por Jonas Barbacovi, aluno formado no Curso Livre de Doutorado em Psicanálise da SIP-SP.

A PSICANÁLISE E SUAS POSSIBILIDADES NAS CLASSES MENOS FAVORECIDAS

Resumo

O trabalho de pesquisa é norteado no contexto das Possibilidades da Psicanálise, enquanto agente motivadora da investigação do profundo e escondido, junto as classes sociais menos favorecidas e na maioria das vezes desconhecedoras da metodologia da ética que escuta o inconsciente humano. Trás a reflexão sobre as possibilidades de contribuição da Psicanálise
junto a famílias comumente atendidas por Instituições de Assistência Social e Sistema Único de Saúde e suas interfases, como PSF – Programa Municipal de Saúde da Família. Neste
contexto, mostrar a Pré-Psicanálise onde fazemos a leitura dos primórdios atos de Freud, que constrói um caminho de Possibilidades na dedicação da saúde do ser humano e nas curvas dos seus maiores desafios buscando respostas para o que não se resolvia pela ciência médica comum, se vê como autor do mais espetacular processo de investigação do pensamento oculto e adormecido: O Inconsciente! Ferramenta de muitas possibilidades, a Psicanálise se torna o ouvido da dor da alma e propicia a sua cura pela fala. Nesta proposta, o Trabalho mostra que Freud cria a Psicanálise para a cura da dor da Alma do ser humano e não de alguns seres humanos, pois essa dor é pertinente a todos, independente de classe social, raça, cor e etnias.

INTRODUÇÃO

A Psicanálise deste os seus primórdios, ainda nas mãos unigênitas de Freud, deixava claro que sua proposta de tratamento dos distúrbios psíquicos não se tratava de uma
aventura leviana mas uma ciência nova que buscaria na história o seu lugar de direito.

Mesmo encara de forma tão misteriosa e cercada de ceticismo pela sociedade da época, Freud entende que sua “maravilha” de investigação do inconsciente, pela análise dos conteúdos profundos e escondidos teria que ser “imposta” e não simplesmente exposta como objeto de avaliação popular para sua aceitação ou não.

Freud, mais do que qualquer outro, acreditou no seu método, planejou, criou formas e formulas da sua aplicação e mostrou resultados que incomodou a sociedade médica e seus desafetos.

O Pai da Psicanálise preocupou-se em mostrar não só o que era o seu método mas também para que servia.

“Olhe dentro das Profundezas de sua própria alma e primeiro,
Aprenda a se conhecer, então você entenderá por que esta doença o atingiu e talvez doravante evite adoecer.”Sigmund Freud.
As doenças orgânicas eram o que existia e qualquer manifestação de desequilíbrio era o suficiente para o diagnóstico de loucura. O avanço da medicina com a divisão dos estudos desta loucura, postulada como Psiquiatria, vai atenuar os “Loucos” e diagnosticá-los de histéricos, mas passivos de internação e tratamentos dolorosos.

Sem entender causa e origem, atacam os sintomas com fortes medicamentos de contenção de ânimos, eletro-choques e a clausura até que este indivíduo possa ser devolvido a sociedade.

Freud participa desta etapa da história disgnóstica da medicina quanto a tratativa dos problemas psíquicos e discorda de seus métodos.

A Psicanálise de Freud propõe a investigação da causa e remete ao passado infantil os motivos das desordens emocionais na vida adulta. Cria o Aparelho Psíquico e o divide para melhor compreensão, que no princípio, apenas ele compreendia. Mas a descoberta é para o mundo, para quem tinha dor na alma, distúrbios psíquicos de causa desconhecida,
enfim, para a humanidade!

 

1. FREUD E SUAS  POSSIBILIDADES

1.1.- NASCER PARA O “EXISTIR”

Freud nasceu numa família de origem Judaicano dia 06 de Maio de 1856, na cidade de Freiberg, Império Austro-Hungaro. Essa cidade hoje chama-se Pribor e está localizada na República Checa. FREUD, significa Alegria!

Seu pai, Sr. Jakob Freud, era comerciante de tecidos e tinha 41 anos quando Freud nasceu e sua mãe, Sra. Amalie, tinha 21 anos. Recebendo o nome de Sigmund Schlomo Freud ficando mais conhecido como Sigmund Freud. O casal teve oito filhos e
Freud o primogênito.

Os historiadores afirmam que a mãe de Freud tinha verdadeira adoração pelo filho e costumava chamá-lo de “Meu Sigi de Ouro”.

1.2 – A MUDANÇA

Em 1859, uma forte crise econômica e que compromete o desenvolvimento industrial prejudica as atividades comerciais do Sr. Jakob Freud e este se vê na necessidade de mudar e estabelece por um ano na cidade de Leipzig, no leste da Alemanha e posteriormente muda-se para o Bairro Judeu de Viena, centro comercial da Áustria.

1.3-UMA VIDA DE CONHECIMENTOS

Em Viena Freud inicia a sua vida escolar e se torna um aluno brilhante. Sua trajetória até o seu ingresso na Faculdade foi marcada por elogios e reconhecimentos pela sua
dedicação nos estudos.

1.4 – A FORMAÇÃO ACADEMICA E SUAS OPORTUNIDADES

O Direito era o objetivo primeiro na construção da formação acadêmica de Freud, mas acabou decidindo-se pela medicina, que teve inicio em 1873 e graduou-se em 1881. Seus primeiros estudos foram focados na Histologia, na anatomia do cérebro e doenças neurológicas, postulando-se como Médico Neurologista. Diante de oportunidades, direcionou seus estudos para as neuroses psíquicas, o que chamou de Psiconeuroses, com especial atenção para a Histeria que era sintoma orgânico porém com origem psíquica. Neste contexto de vida, surge a oportunidade do casamento. Freud casou-se com Martha Bernays em 1886 com 26 anos de idade. Teve seu primeiro filho com 31 anos e mais 05 filhos ao longo de 8 anos.

2 – A PSICANÁLISE
2.1 – AS POSSIBILIDADES E TENTATIVAS

Avançando nos estudos dos sofrimentos psíquicos Freud abandona as
pesquisas e passa a dedicar-se ao Consultório onde recebe pacientes e ao longo dos seus
tratamentos vai alicerçando toda a sua teoria de um novo método que ele denomina de
PSICANÁLISE.

Freud percebe que a origem dos sofrimentos psíquicos dos seus pacientes
seria encontrada nos primeiros anos de suas vida e essas marcas estavam impressas em suas
mentes.

2.2 – OS RESULTADOS DO INÍCIO

Após uma viagem de estudos a Paris em 1885, o interesse de Freud pelas doenças psíquicas é determinante a ponto de abandonar a neurologia.

Mesmo considerando os seus perigos eminentes Freud utiliza-se de um Método que ele mesmo declara que tinha pouca habilidade: A Hipnose. O método é usado, porém, logo Freud percebe a sua ineficiência, pois o seu objetivo era criar uma situação favorável para que o analisado pudesse expor as suas memórias reprimidas, e muitos não era hipnotizáveis, tendo ainda o agravante do retorno da doença psíquica.

3 – AS DESCOBERTAS DE UM GÊNIO
3.1 – Fala, Falar, Falar…

Diante da percepção da ineficácia da Hipnose, Freud trabalha na criação de novos métodos que produziriam o resultado eminente compatível com suas expectativas no processo de cura das doenças psíquicas. Logo, Freud substitui a Hipnose por uma grande descoberta e que passaria ser um ícone da Psicanálise:

A Livre Associação. Tão importante, que é conhecida nos dias de hoje como regra fundamental no tratamento Psicanalítico. Nessa regra, o paciente é motivado a falar ao Analista tudo que vier a sua mente, principalmente o que tente a ser omitido e/ou censurado.

Por meio da análise da fala Freud descobriu que assim teria acesso as memórias reprimidas. A Psicanálise então é conhecida como a Cura pelas Palavras.

3.2 – Sonhos Falam.

Em sua busca no entendimento do funcionamento do Inconsciente, onde acredita Freud estar todas as lembranças reprimidas, ele passa a prestar a atenção aos sonhos de seus pacientes e com especial atenção aos seus detalhes passa a interpretá-los. Nessa busca por essa compreensão, Freud interpresa seus próprios sonhos. Em 1900 ele publica um dos
seus maiores clássicos “A Interpretação dos Sonhos”.

4. A PSICANÁLISE E SUAS REJEIÇÕES
4.1- A Sociedade dos Revoltosos

Freud se reconheceu um neurótico obsessivo no processo de criação da Psicanálise, mas afirmou também ter sido fundamental essa neurose obsessiva que lhe proporcionou disciplina de trabalho para a consolidação de seu trabalho.

Mas este trabalho sofreu fortes críticas e chegou a revoltar a Sociedade de Medicina de Viena. A oposição as teorias do Dr. Freud pelos seus colegas médicos foram eminentes e principalmente diante do discurso de que a Psicanálise foi construída em torno da sexualidade, incluindo-se neste contexto, a sexualidade infantil. Este ponto recebeu ataques
violentos dentro e fora do meio médico da época.

4.2- O Fogo da Intolerância

Em 1938, no mês de março, os Nazistas proliferam na Áustria e Freud se vê na necessidade de deixar Viena em função de uma forte perseguição a comunidade Judaica.

Freud vai para Londres e pouco tempo depois tem notícias de que seus livros são queimados em Praça Pública na Alemanha pelos Nazistas e declaram a Psicanálise de “Ciência Judaica”.
Os seguidores de Adolfo Hitler retiraram todas as expressões Psicanalíticas que estavam contidas nos Vocabulários de Psiquiatria e da Psicologia e na Alemanha, Psicanalistas são
perseguidos tendo que migrarem para países como a Inglaterra, Estados Unidos e Argentina.

5. AS DORES DO MAIOR PSICANALISTA

5.1- A dor da Perda

Diante de uma perseguição aos Judeus, Freud deixa Viena ajudado pelo então presidente americano Theodore Roosevelt e ainda um pagamento de resgate feito Marie Bonaparte, sobrinha-bisneta de Napoleão Bonaparte. Marie Bonaparte se tornaria mais tarde Psicanalista e tradutora dos livros de Freud e hoje, considerada uma das figuras mais importantes na consolidação da Psicanálise na França.

Freud perde a sua querida Viena. Mas perdas maiores viriam. Suas irmãs foram impedidas de saírem de Viena junto com Freud. Refugiado em Londres, sofre pela situação de suas irmãs e em pouco tempo, as quatro são executadas em campos de concentração nazista em Auschwitz.

5.2 – A dor do Câncer

A Noticia de que Freud estava acometido de uma doença mortal não abate o Guerreiro, que luta bravamente para permanecer vivo. Um câncer na mandíbula o leva a realizar na menos do que mais de 30 cirurgias.

5.3 – A Morte do Doutor

Na agonia da morte que é eminente mas que não vem como se não concordasse com sua partida, Doutor Freud chama outro doutor, seu médico particular, Max Schur e lhe faz um pedido doloroso: Que lhe aplicasse três doses de morfina para que a morte viesse. Tendo o consentimento de sua filha Anna Freud, Dr. Max atende o pedido do amigo e paciente ilustra. Estava morto o homem que ousou mexer nas profundezas da mente humana e que modificou a forma de tratamento e cura da alma. Com 83 anos, morre o Dr. Freud, no dia 23 de setembro de 1939.

6. A PSICANÁLISE E SUAS PROPOSTAS
6.1 – Ferramenta de Transformação

A Psicanálise avança no seu propósito mostrando inúmeras possibilidades de mudanças na vida do ser humano pela conscientização que se faz pela compreensão do seu profundo e escondido. Os precursores e discípulos de Freud vão potencializar aos longo dos anos essas possibilidades numa releitura da Psicanálise, ampliando este universo de compreensão onde muitas outras ferramentas são utilizadas somando as “clássicas” do Dr. Freud.

Haja visto as afirmações do próprio Freud sobre a eficácia da Psicanálise, que declara

“A Psicanálise encontra apoio sempre crescente como método
terapêutico, devido ao fato de que ela pode fazer mais pelos seus
pacientes do que qualquer outro método de tratamento” Sigmund Freud

7.A PSICANÁLISE E A BURGUESIA
7.1 – Um Acesso Restrito

Neste contexto das possibilidades da Psicanálise, a ciência que escuta o inconsciente se viu levada a uma minoria capaz de arcar com os pagamentos das consultas.

Considerada possibilidade exclusiva dos mais afortunados, esta linha de raciocínio teve força com o discurso do próprio Freud que era radicalmente contrário ao tratamento gratuito.

A sociedade e as sociedades secretas de uma época aristocráta, pactuam-se para “blindar” a Psicanálise que torna-se oportunidade de poucos.

viesse. Tendo o consentimento de sua filha Anna Freud, Dr. Max atende o pedido do amigo e paciente ilustra. Estava morto o homem que ousou mexer nas profundezas da mente humana e que modificou a forma de tratamento e cura da alma. Com 83 anos, morre o Dr. Freud, no dia 23 de setembro de 1939.

6. A PSICANÁLISE E SUAS PROPOSTAS
6.1 – Ferramenta de Transformação

A Psicanálise avança no seu propósito mostrando inúmeras possibilidades de mudanças na vida do ser humano pela conscientização que se faz pela compreensão do seu profundo e escondido. Os precursores e discípulos de Freud vão potencializar aos longo dos anos essas possibilidades numa releitura da Psicanálise, ampliando este universo de compreensão onde muitas outras ferramentas são utilizadas somando as “clássicas” do Dr. Freud.

Haja visto as afirmações do próprio Freud sobre a eficácia da Psicanálise, que declara “A Psicanálise encontra apoio sempre crescente como método terapêutico, devido ao fato de que ela pode fazer mais pelos seus pacientes do que qualquer outro método de tratamento” Sigmund Freud

7.A PSICANÁLISE E A BURGUESIA
7.1 – Um Acesso Restrito

Neste contexto das possibilidades da Psicanálise, a ciência que escuta o inconsciente se viu levada a uma minoria capaz de arcar com os pagamentos das consultas.

Considerada possibilidade exclusiva dos mais afortunados, esta linha de raciocínio teve força com o discurso do próprio Freud que era radicalmente contrário ao tratamento gratuito.

A sociedade e as sociedades secretas de uma época aristocráta, pactuam-se para “blindar” a Psicanálise que torna-se oportunidade de poucos.

 

8. A PSICANÁLISE E OS MENOS FAVORECIDOS
8.1 – Não à estes

A Psicanálise tem possibilidades que se agiganta nas suas propostas de tratamento dos transtornos psíquicos mas que não está alinhada com as necessidades destes tratamentos por aqueles que são classificados de “desprovidos” e “desfavorecidos” economicamente falando.

Existe de forma clara e bom tom um divisor de gentes. Os que podem e os que não podem. E a própria sociedade estabelece uma consciência equivocada de que a Psicanálise é para “Rico” ou ao menos “Classe Média” e que tem o poder do “Pagar” e Não a esses, denominados “Desfavorecidos” do poder do “Pagar”.

Recorrente a este conceito de entendimento da aplicação da Psicanálise, tornando-a objeto de difícil acesso pelos indivíduos mais pobres, tal conceito é fortalecido pela postura radical do próprio Freud, que mais tarde MUDA RADICALMENTE a sua
posição e se torna um pregador do acesso a Psicanálise pelos menos favorecidos financeiramente.

8.2 – Compreendendo as Classes menos Favorecidas

A visão do IBGE, baseada no número de salários mínimos se divide em cinco faixas de renda ou classes sociais, conforme a tabela abaixo válida para o ano de 2012 (salário mínimo em R$ 622). Esta tabela foi obtida a partir de vários artigos sobre classes sociais nas pesquisas do IBGE divulgados na imprensa.

CLASSE SALÁRIOS MÍNIMOS (SM)
A Acima 20 SM
B 10 a 20 SM
C 4 a 10 SM
D 1 a 3 SM
E Até 1 a 2 SM

Vale a reflexão de que a classe A, como a B, C, D e E, comumente classificada, é constituída de pessoas que de alguma forma estará seriamente prejudicada por algum transtorno psíquico e que a “Classificação” não os torna imunes por serem A ou E.
Trata-se de seres humanos e suas neuroses, psicoses e multi transtornos emocionais só mudam de endereço.

 

8.3 – O Papel das Instituições de Assistência Social e Rede Pública

Considerado um processo histórico de reformulação crítica e prática do sistema nacional de saúde mental, o movimento da reforma psiquiátrica, por exemplo, tem como objetivo o questionamento e a elaboração de propostas de transformação do modelo clássico das instituições psiquiátricas e do paradigma da psiquiatria.

Nessa perspectiva, a reforma psiquiátrica propõe um afastamento da figura médica da doença, que não leva em conta os aspectos subjetivos de cada paciente assistido, demarcando um campo de práticas e saberes que não se restringe ao saber médico e aos saberes psicológicos tradicionais, sem citar aqui a Psicanálise.

No cumprimento desse objetivo, esse movimento vem reorganizando o campo de práticas e de instituições de tratamento, tornando-se, cada vez mais, referência para o que se oferece como tratamento clínico e cuidados institucional e social para os casos que vêm sendo acompanhados pelos serviços públicos de saúde. No entanto o direito a saúde e o
tratamento físico são pertinentes a todos por diferentes modalidades de acesso a essa assistência médica.

Os Planos de Saúde estarão para as classes A, B e C assim como o SUS através das redes publicas de atendimentos estão para as demais Classes D e E.

Especialidades de tratamento da saúde mental estão disponíveis para as Classes de maior poder aquisitivo, incluído a Psiquiatria, Psicologia e Psicanálise.

No entanto, para as classes menos favorecidas, através do SUS e outras modalidades de assistência médica pela rede pública, estas especialidades para o tratamento da saúde mental são restritas e com a completa ausência da Psicanálise.

“…é possível prever que, mais cedo ou mais tarde, a consciência
despertará e lembrar-se-á de que o pobre tem exatamente tanto direito
a uma assistência à sua mente, […] e que as neuroses ameaçam a saúde
pública não menos do que a tuberculose […] Tais tratamentos, serão
gratuitos. Pode ser que passa um longo tempo antes que o Estado
chegue a compreender como são urgentes esses deveres..” Sigmund Freud

Freud fala de DIREITOS, por conta de uma formação Humana, que nos tornam pessoas iguais e independe da pobreza ou da riqueza, os direitos de assistência no tratamento da saúde mental são pertinentes a todos.

Freud alerta e potencializa a responsabilidade do Estado que deve prover no seu contexto de fornecimento de tratamento publico de saúde o acesso a assistência de cuidados da sua mente.

8.4 –A interpretação do Pagamento da Consulta Psicanalítica

Para Freud, o pagamento dos honorários do analista tem função reguladora da transferência tanto para o analista quanto para o paciente. A falta de pagamento tem consequências importantes: em relação ao paciente, aumenta suas resistências neuróticas ao tratamento; e, em relação ao analista, a prática filantrópica desinteressada desperta fantasias de sacrifício e de submissão. E mais, o analista corre o risco de os pacientes entenderem que ele não valoriza adequadamente seu trabalho. Freud adverte os analistas que, ao ocuparem-se das questões de honorários, devem considerar que as pessoas tratam as questões de dinheiro como as questões de sexo, ou seja, com incoerência, pudor e hipocrisia. O analista, ao conversar sobre pagamento, tempo de tratamento, prognóstico, regras da análise, entre outros temas, ‘educa’ o paciente para o convívio com a realidade externa.

Freud vai defender a “paga” pelos serviços prestados do Analista, mas sugere posteriormente, a gratuidade para os menos favorecidos, gratuidade essa que deve ser subsidiada pelo Estado.

Potenciais Analisandos de classes sociais menos favorecidas
economicamente, não tem acesso aos Consultórios Psicanalíticos inviabilizados pela falta da condição do pagamento de consulta, principalmente, considerando que o tratamento psicanalítico é longo na maioria dos casos e com pagamentos sequenciais por consulta.

Neste trabalho, levantam-se as diretrizes freudianas para uma prática da psicanálise com brasileiros de baixa renda, com pouca escolaridade e não familiarizados com o discurso psicanalítico pergunta-se: Após uma mudança na sua opinião de que a Psicanálise deveria chegar aos pobres, por que Freud considerava que essa população mais pobre precisava ser atendida por analistas mais experientes?

Segundo minhas pesquisas, o valor da psicanálise para Freud (1920) era o de ser um procedimento terapêutico que pode fornecer ajuda àqueles que sofrem em sua luta para atender às exigências da civilização e o Analista tem que estar preparado para este desafio.

“Esse auxílio deveria ser acessível também à grande multidão,
demasiado pobre para reembolsar um analista por seu laborioso
trabalho. Isso parece constituir uma necessidade social,
particularmente em nossos tempos, quando os estratos intelectuais da
população, sobremodo inclinados à neurose, estão mergulhando
irresistivelmente na pobreza” (Freud, 1920, p. 357).

9.O ATENDIMENTO PSICANALÍTICO E A POBREZA
9.1 – A mudança de Opinião de Freud

Minhas pesquisas identificaram que posteriormente a essa defesa do pagamento dos honorários do Analista e do discurso de que a Psicanálise estava para os mais afortunados, Freud muda radicalmente sua opinião sobre o tratamento dos pobres. Constatei que depois do texto “Recomendações aos médicos que exercem a Psicanálise”, só em“Luto e Melancolia” (1917), ele estabelece as relações entre a pobreza, o empobrecimento do eu e a melancolia. Nesse intervalo, ele concebeu os estudos “Sobre o narcisismo…” (1915), “O inconsciente” (1915), “A pulsão e suas vicissitudes” (1915), entre outros da metapsicologia, que definitivamente mudaram a interpretação freudiana acerca da pobreza.

No V Congresso Psicanalítico Internacional (1918), em Budapeste, Freud declarou seu interesse de que a psicanálise pudesse beneficiar toda a sociedade humana. Fala da sua preocupação com a grande quantidade de miséria neurótica que existe no mundo e que, talvez, não precisasse existir.

“As neuroses ameaçam a saúde pública não menos do que a
tuberculose, que, como esta, também não podem ser deixadas aos cuidados impotentes de membros individuais da comunidade” (1919,p. 210).
Para Freud essa solução viria através da responsabilização do Estado e da sociedade sobre a necessidade urgente de o pobre ter direito a uma assistência à sua mente tanto quanto tem direito a uma cirurgia. Ele sugere que esses atendimentos aconteçam em instituições ou clínicas de pacientes externos, para as quais serão designados analistas
preparados:

“ …de modo que homens que de outra forma cederiam a bebida,
mulheres que praticamente sucumbiriam ao seu fardo de privações,
crianças para as quais não existe escolha a não ser o embrutecimento
ou a neurose, possam se tornar capazes, pela análise, de resistência e
de trabalho eficiente” (Freud, 1919, p. 210).

E acrescenta que tais tratamentos seriam gratuitos. Freud acreditava na aceitação e na validade das hipóteses psicológicas também para as pessoas pouco instruídas e simultaneamente declarou sua preocupação com a formação dos analistas e com os desvios da técnica por falta de domínio da doutrina da psicanálise. Talvez fosse necessário adaptar a técnica às novas condições:

“..no entanto, qualquer que seja a forma que essa psicoterapia para o povo possa assumir, quaisquer que sejam os elementos dos quais se componha, o seu ingrediente mais efetivo e mais importante continuará a ser, certamente, aquele tomado à psicanálise estrita e não tendenciosa” (Freud, 1919, p. 210, grifo meu).

Em “Linhas de progresso na terapia analítica” (1919), Freud voltou a afirmar que estávamos diante de um tipo de neurose extremamente grave – a miséria social e psíquica. A partir de então, a psicanálise teria condições de ser aplicada aos pobres.
Entendemos que com a teoria das pulsões, ele modificou seu modo de pensar o processo de civilização. Passou a declarar a necessidade de expansão da psicanálise à população pobre e,
assim, traçou os indicadores da psicanálise aplicada à terapêutica. Em Freud, há uma relação direta entre o empobrecimento do eu e o empobrecimento econômico e social. Entendemos que a divisão do eu é constitucional e as consequências dessa divisão estão diretamente relacionadas com as condições individuais e sociais em que cada criança se organiza.

9.2 – As Primeira Iniciativas para levar a Psicanálise aos Pobres

Em 1920, Freud fez dois agradecimentos especiais aos analistas que tomaram a iniciativa de criar centros de atendimento em psicanálise para os pobres.

O primeiro foi uma homenagem póstuma ao Doutor Anton von Freund, que foi Secretário- Geral da Associação Psicanalítica Internacional desde o Congresso de Budapeste, em setembro de 1918. O seu falecimento em 20 de janeiro de 1920 interrompeu o trabalho de fundação do Instituto de Psicanálise em Budapeste, cuja finalidade seria o ensino e a prática da psicanálise em ambulatório.

O outro agradecimento foi dirigido ao amigo Max Eitingon, que criou a Policlínica Psicanalítica de Berlim, em março de 1920, atendendo os mais pobres. Esta Policlínica tornou-se uma instituição de formação de analistas. A exigência de formação foi considerada como fundamental e “encarada como a única proteção possível contra o dano causado aos pacientes por pessoas ignorantes e não qualificadas, sejam leigas ou médicas”
(1920-22, p. 358).

Vale destacar também, que Lacan herda a preocupação freudiana com a formação do analista com a capacidade do atendimento dos mais pobres e também expande a prática da psicanálise em hospitais, na França.

9.3 – O atendimento Psicanalítico no PSF

O Ministério da Saúde no Brasil criou, em 1994, o Programa Saúde da Família (PSF). Seu principal propósito: reorganizar a prática da atenção à saúde em novas bases e substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto da família.

A estratégia do PSF prioriza as ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas, de forma integral e contínua. O atendimento é prestado na unidade básica de saúde do município ou no domicílio, pelos profissionais (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde) que compõem as equipes de Saúde da Família. Assim, esses profissionais e a população acompanhada criam vínculos de co-responsabilidade, o que facilita a identificação e o atendimento aos problema de saúde da comunidade possibilitando melhor atenção.

Diante dos ótimos resultados já alcançados, o Ministério da Saúde está estimulando a ampliação do número de equipes de Saúde da Família no Brasil. E, para isso, é fundamental a mobilização das comunidades e dos prefeitos, pois só por intermédio deles as portas dos municípios se abrirão para a saúde entrar, abrindo aqui a oportunidade para a Psicanálise como ferramenta importante no tratamento da saúde mental de pessoas que não possuem condição financeira suficiente para manter uma sequencia de pagamentos.

9.4 – O perfil do Paciente do PSF e Instituições de Assistência Social

Homens e Mulheres, idade que vai de uma variante de 17 a 65 anos. São remunerados com salário base e a maioria trabalha, porém, muitos sem garantias trabalhistas.
Vivem num ambiente social hostil, convivem com a violência urbana e a violência domestica.
Muitos têm a dependência química como pratica normal sendo o alcoolismo a incidência maior dessa dependência. Pouquíssima formação escolar e cultural próximo de zero.

9.5 – O Paciente do PSF no Setting Psicanalítico

Para o desprovido da condição econômica, se tornar Paciente numa consulta com um Psicanalista é algo de uma importância extremamente valorizada.
São disciplinados, Não perdem Consulta, São dedicados ao tratamento e são agradecidos.
Neste contexto de tratamento dentro de um Posto de Saúde, o paciente se sente amplamente valorizado e demonstra forte desejo de cura.

 

10 . CONCLUSÃO

Os conteúdos reprimidos, os recalques, os complexos e de um modo geral, as Queixas do paciente psicanalítico denominado de menos favorecido ou ainda simplesmente
“Pobre”, é exatamente os mesmos de qualquer outro ser humano. E assim sendo, passivo de tratamento como qualquer outro de maior poder aquisitivo econômico.

Freud, Intransigente no inicio mais amplamente favorável posteriormente, defendeu a Psicanálise como tratamento para o pobre, que possui a mesma dor na alma sentida por todos aqueles que são afligidos nas suas mentes.

E a percepção dessa “dor na alma” do ser humano é que levou Freud a mergulhar na escuridão do abismo do Inconsciente para encontrar solução paras essas mazelas emocionais. Freud se interessa pela felicidade alheia e o bem estar das pessoas e busca mecanismos para ajuda-las a se ajudarem, encontrando uma forma de viver melhor. “A dor da
alma não permite o indivíduo ser feliz!” Carlos Geraldo (2013)

 

REFERENCIAS

FERREIRA, LENILSON, (2010) “Psicanálise: O que ela pode fazer por você”. Rio de
Janeiro: Sá Editora, 2010, p. 67-75
COELHO DOS SANTOS, T. (2008) “Uma leitura politicamente incorreta da subjetivdade do
brasileiro”, in: COELHO DOS SANTOS, T. e DECOURT, M. (Orgs.) A cabeça do
Brasileiro no divã. Rio de Janeiro: Ed. Sephora.
BLANCO, Manuel Fernádez. (2007) “Cidadão-sintoma”, in Latusa digital. Ano 4, no 29 –
julho de 2007. Disponível em www.latusa.com.br
BROUSSE, Marie-Héléne. (2007) “Três pontos de ancoragem”, in ASSOCIAÇÃO DO
CAMPO FREUDIANO. Pertinências da psicanálise aplicada: trabalhos da Escola da
Causa Freudiana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007, p. 22-26.
FONSECA, V.W. (2009) “Psicanálise aplicada à pobreza como sintoma”. Projeto de pesquisa
de doutoramento apresentado ao Programa de pós-graduação em teoria psicanalitica/IP/UFRJ.
FREUD, S. (1913) “Sobre o início do tratamento (Novas recomendações sobre a técnica da
psicanálise)”, in Edição Standard Brasileira das Obras Completas de S. Freud. Rio de
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FREUD, S. (1917) “Luto e melancolia”, in Edição Standard Brasileira das Obras
Completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v. XIV, p. 271–291.
FREUD, S. [1919 (1918)] “Linha de progresso na terapia psicanalítica”, in Edição Standard
Brasileira das Obras Completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v. XVII, p. 199-
211.
FREUD, S. (1919) “Introdução à psicanálise e às neuroses de guerra”, in Edição Standard
Brasileira das Obras Completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v. XVII p. 257-
263.
FREUD, S. (1920-22) “Prefácio ao relatório sobre a Policlínica Psicanalítica de Berlim
(março de 1920 a junho de 1922), de Marx Eitingon”, in Edição Standard Brasileira das
Obras Completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v. XIX , p. 357-358.
FREUD, S. (1920) “Breves Escritos – Doutor Anton Von Freund”, in Edição Standard
Brasileira das Obras Completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v. XVIII, p.
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FREUD, S. (1926) “A questão da análise leiga”, in Edição Standard Brasileira das Obras
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LACAN, J. (1971) “Ata de Fundação da Escola Freudiana de Paris”, in Outros Escritos. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p. 235-247.
LAURENT, E. (2007) “Dois aspectos da torção entre sintoma e instituição”, in
ASSOCIAÇÃO DO CAMPO FREUDIANO. Pertinências da psicanálise aplicada:

24
trabalhos da Escola da Causa Freudiana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007, p.
238- 249.

Citacão: FONSECA, V.W.S. As indicações freudianas para a formação dos analistas e a
clínica com a população de baixa renda. Revista aSEPHallus, Rio de Janeiro, vol. VI, n. 11,
nov. 2010 / abr. 2011. Disponível em www.nucleosephora.com/asephallus

Esse trabalho foi produzido por Carlos Geraldo Ferreira, aluno formado no Curso Livre de Doutorado em Psicanálise da SIP-SP.

Carlos Geraldo Ferreira

| Psicanalista Clínico

| Neuropsicanalista

| Psicanálise Forense 

 

Depressão na gravidez – Sob a perspectiva Psicanalítica

INTRODUÇÃO

A depressão materna constitui-se como uma psicopatologia no período puerperal, com isso, todas as expectativas e esperanças atribuídas à criança acabam rompendo-se no processo de parto, uma vez que, ocorre mudanças no estilo de vida da mulher.

Dessa maneira, por um lado a figura materna encontra-se em uma situação delicada por sentir-se incapaz de cuidar do bebê referente à alimentação, educação, saúde, higiene e outras necessidades básicas para garantir a sobrevivência do mesmo, por outro viés, a mulher sente-se frustrada e também angustiada por abandonar seus projetos de vida para o futuro, pois os cuidados da prole exige amor incondicional, tempo e dedicação para criar a criança.

Nesse ínterim, essa condição pode gerar estresse e decepção culminando na fase de depressão.
A problemática dessa pesquisa deveu-se a seguinte questão norteadora: quais os motivos que levam a depressão materna?
Nesse sentido, o estudo apresentou o objetivo geral de analisar a depressão materna sob a luz da abordagem psicanalítica.
Para tanto, surgiu a necessitar de utilizar os seguintes objetivos
específicos:Traçar considerações sobre a instituição familiar, apontar características sobre a maternagem, enfatizar a influência da linguagem enquanto representação
simbólica na gravidez e explicitar o processo de depressão materna.

 METODOLOGIA

O estudo tem a finalidade de analisar a depressão materna sob a luz da abordagem psicanalítica. A revisão de literatura foi desenvolvida conforme a temática escolhida pela pesquisadora, onde foram utilizados procedimentos metodológicos para alcançar os objetivos propostos, através de uma pesquisa de
natureza bibliográfica.
Com relação à finalidade do estudo bibliográfico, Gil (1994, p.21) afirma:
A pesquisa bibliográfica possibilita um amplo alcance de
informações, além de permitir a utilização de dados dispersos em inúmeras publicações, auxiliando também na construção, ou na melhor definição do quadro conceitual que envolve o objeto de estudo proposto.

O método investigativo bibliográfico a pesquisadora utilizou livros, revistas, sites e artigos para facilitar o desenvolvimento do estudo e validar a concepção proposta.
Utilizou-se também a abordagem qualitativa, pois de acordo com Denzin ; Lincoln (2006):

É uma atividade situada que localiza o observador no mundo;
consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade ao mundo em uma série de representações, incluindo as notas de campo, entrevistas, fotografias. Busca-se entender o fenômeno em termo dos significados que as pessoas a ele conferem. A competência da pesquisa qualitativa será o mundo da experiência vivida, pois é nele que a crença individual, ação e cultura entrecruzam-se.

O método supracitado foi importante para efetuar a aplicação dos dados na análise e discussão dos resultados, pois, permitiu a pesquisadora fundamentar as informações apresentadas na revisão de literatura.

A pesquisa também é de natureza exploratória, pois de acordo com Gil (2007, p.17):

Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve:
(a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão.

O método exploratório permitiu gerar hipóteses durante a análise do conteúdo explanada, portanto, facilitou a postura epistemológica da pesquisadora frente à temática escolhida, pois, foi fundamental para realizar a aplicação das informações
teóricas apresentadas na revisão de literatura para validar o tema proposto.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A INSTITUIÇÃO FAMILIAR

A família constitui-se como o alicerce para a sociedade, pois, é a primeira instituição na qual o individuo é inserido, portanto, é no seio familiar onde ocorre o processo de socialização primária, com isso, essa instituição é caracterizada pela
intensa identificação afetiva proporcionada à criança, diante essa realidade. Conforme Winnicott (2008, p.28):

O bebê não quer tanto que lhe dêem a alimentação correta na hora exata como, sobretudo, ser alimentado por alguém que ama alimentar seu próprio bebê. O bebê aceita como coisas naturais a maciez das roupas ou a temperatura correta da água do banho. O que ele não pode dispensar é o prazer da mãe que acompanha o ato de vestir ou de dar banho ao seu próprio bebê. Se tudo isso lhe dá prazer, é algo como o raiar do sol para o bebê. O prazer da mãe tem que estar presente nesses atos ou então tudo o que fizer é monótono, inútil e mecânico.

Dessa maneira, desenvolvimento cognitivo da prole está diretamente relacionado ao equilíbrio emocional e racional simultaneamente o qual será promovido pela figura materna.
Segundo Sousa e Filho (2008, p. 2).

A família é a responsável pelos cuidados físicos, pelo desenvolvimento psicológico, emocional, moral e cultural da criança na sociedade, desde o seu nascimento. Com isso, através dos primeiros contatos com a família a criança supre suas necessidades e inicia a construção dos seus esquemas perceptuais, motores, cognitivos, linguísticos e afetivos. Também é a partir da família que a criança estabelece ligações emocionais para o estabelecimento de uma socialização adequada.

É na família onde os papéis são pré-determinados, facilitando o respeito às regras e limites de convivência entre as crianças e a mãe para evitar problemas de relacionamento da criança com a família, pois a negligência ou permissividade da mãe diante dos comportamentos furtivos da criança gera conseqüências negativas.
Nas palavras de Winnicott (1990, p. 132):

Seu amor por seu próprio bebê provavelmente é mais verdadeiro, menos sentimental do que o de qualquer substituto; uma adaptação extrema às necessidades do bebê pode ser feita pela mãe real sem ressentimento. É ela quem está em condições de preservar todos os pequenos detalhes de sua técnica pessoal, fornecendo assim ao bebê um ambiente emocional simplificado (que inclui os cuidados físicos).

Compreende-se que é papel da mãe, estabelecer uma relação mutua por meio da criação de vínculos afetivos, com o propósito de favorecer futuramente os processos psicológicos superiores da prole, dessa maneira, ocorrem naturalmente o
processo de consolidar uma relação caracterizada pela alteridade, satisfazendo os desejos da mãe e da criança.

. Enfatiza Tiba (1996, p.178) “É dentro de casa, na socialização familiar, que um filho adquire, aprende e absorve a disciplina para, num futuro próximo, ter saúde social […]”.
O equilíbrio entre o aspecto emocional e racional influencia no
desenvolvimento dos processos cognitivos da criança, com isso, a falta vínculo afetivo e regras na instituição familiar dificulta o processo de socialização secundária da criança, pois, existe o conflito de valores entre ambos, gerando tensão e frustração nas mesmas, uma vez que a criança teme que sua identidade seja sucumbida, já que, a liberdade de pensar e agir são condicionadas pela sistematização do conhecimento histórico e cultural. De acordo com Lima (2013, p.07):

[…] a família […] deve viabilizar relações pautadas na afetividade e no adequado desempenho de papéis. As crianças ao viverem ora como aluno, ora como filho, aprendem as normas sociais e éticas e compreendem o seu lugar no mundo. Se os adultos se eximirem da sua tarefa educativa, a criança encontrará dificuldades na construção
do ser “sujeito” e dificilmente entenderá o mundo e seu
funcionamento.

A concepção do autor revela que o sistema de referência familiar viabiliza adesão da criança nos diferentes espaços e situação da vida, pois o vinculo afetivo construído com a mãe torna-se o alicerce, para que a mesma compreenda as normas e regras sociais, promovendo sua adaptação constante aos desafios da vida.
Enfatiza Lima (2013, p.08):

A família tem o papel de acolher a criança e promover individuação e pertencimento. No convívio diário, nas conversas, na forma de proceder diante das rotinas da dia a dia è que a criança compreende os mitos, as crenças, os ritos de sua família, assim como a forma deles de viver e conviver.

O autor supracitado demonstra que a subjetividade da criança é constituída conforme a forma de acolhimento que a família proporciona a criança, pois, a resiliência da mesma.

3.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A MATERNAGEM

Quando a criança nasce necessita de atenção incondicional para promover seu equilíbrio emocional e fortalecer sua auto-estima, portanto, o papel da mãe é oferecer um ambiente acolhedor com a finalidade de estabelecer um vinculo afetivo
com a prole.
Segundo Winnicott (2001): “É necessário ser oferecido ao bebê o ambiente adequado para que ele se desenvolva bem. Assim, é de fundamental importância o que acontece na díade mãe-bebê ao longo do desenvolvimento da criança”.
De acordo com a concepção do autor, compreende-se que o desenvolvimento psicológico da criança é determinado pela interação mútua entre ambos mãe-filho, isto é, no momento em que a mãe satisfaz a necessidade da criança simultaneamente testemunha os efeitos da aprovação na qual foi concedida por ela, ampliando o vínculo afetivo com a criança.
Jerusalinsky (2002, p.137) preconiza:

[…] a mãe não só estabelece a demanda do bebê – colocando em cena seu saber inconsciente para ler, para outorgar significação ao choro –, ela produz outro movimento fundamental: após formular uma resposta à demanda do bebê, ela se certifica de que a significação que atribuiu a tal demanda tenha sido acertada. É como se a mãe se interrogasse: “será que é isso mesmo que ele queria?”
Nesse movimento ela supõe sujeito no bebê, supõe nele um desejo que não necessariamente coincidiria com o dela. A mãe sustenta uma posição de sujeito desde muito cedo, ainda quando as reações do recém-nascido são reflexas, carecendo de qualquer intencionalidade, ela está a supor um desejo no bebê.

Dessa forma, a estruturação e o desenvolvimento da personalidade da criança são influenciados pela forma de cuidado que a mãe proporciona a prole, pois sua subjetividade é construída gradativamente através da satisfação das suas necessidades básicas que funcionam como alicerce ou referência para a própria criança no futuro.

De acordo com Brazelton e Cramer (2002, p.12):

A gravidez de uma mulher reflete toda a sua vida anterior à
concepção, suas experiências com os próprios pais, sua vivência do triângulo edipiano, as forças que a levaram a adaptar-se com maior ou menor sucesso a essa situação e, finalmente, separar-se de seus pais.

È nítido perceber que o equilíbrio da mãe é determinado pelo pleno desenvolvimento na sua fase infantil, portanto, o complexo de édipo resolvido através do confronto dos sentimentos ambivalentes no período infantil propicia a mãe se adaptar as necessidades da criança e satisfazer suas demandas de forma efetiva.
Para Jerusalinsky (2002, p. 138).

A mãe articula a demanda do bebê ao seu saber inconsciente, à sua rede significante, atribui à ação do bebê um sentido, a partir do qual realiza a oferta de uma ação específica. Mas, neste movimento de articulação da pulsão pela demanda, também se abre a dimensão do desejo, pois a pulsão não fica toda articulada na demanda, o desejo sempre escapa, sempre insiste na busca da realização do que ficou inscrito como satisfação.

O período de gravidez da mulher é fundamental para que a mesma compreenda os sentimentos provocados pela expectativa de ter a criança e o desamparo com relação às condições favoráveis para satisfazer suas necessidades
e propiciar o desenvolvimento da mesma.
Afirma Klaus; Kennel e Klaus (2000, p.2):

O investimento emocional dos pais em seu filho. É um processo que é formado e cresce com repetidas experiências significativas e prazerosas. Ao mesmo tempo outro elo, geralmente chamado de‘apego’, desenvolve-se nas crianças em relação a seus pais e a outras pessoas que ajudem a cuidar delas. É a partir dessa conexão emocional que os bebês podem começar a desenvolver um sentido do que eles são, e a partir do que uma criança pode evoluir e ser capaz de aventurar-se no mundo.

A família é a primeira instituição que a criança é inserida, com isso, é no seio familiar que ocorre o processo de socialização primária, onde é caracterizado por uma forte identificação afetiva da criança com os pais, portanto, os genitores precisa
conceder aprovação aos comportamentos da prole independentemente de sua finalidade, pois a futura socialização secundaria depende dos valores construídos na instituição familiar.
Para Winnicott (2000, p.6):

É só na presença de uma mãe suficientemente boa que a criança pode iniciar o processo de desenvolvimento pessoal e real. A mãe suficientemente boa é flexível o suficiente para poder acompanhar o filho em suas necessidades, as quais oscilam e evoluem no percurso para a maturidade e a autonomia.

Conforme o autor supracitado compreende-se que o desenvolvimento pleno do aparelho psíquico da criança depende da relação empática da mãe com a prole, satisfazendo as necessidades físicas da criança (holding) e psicológicas através da relação ambiente – individuo buscando a integridade do self.
De acordo com Winnicott (1983, p. 56): “Quando a mãe não é suficientemente boa, a criança não é capaz de começar a maturação do ego, ou então ao fazê-lo, o desenvolvimento do ego ocorre necessariamente distorcido em certos aspectos vitalmente importantes”.
A saúde mental da criança depende da condição maternagem o qual propicia a prole a atingir a independência de acordo com o meio ambiente oferecido pela mãe, onde a criança tem a possibilidade de constituir sua subjetividade, portanto,
desde o processo de desmame a mãe suficientemente boa, oferece condições de ilusão para o bebê, para que o mesmo se adapte gradativamente a realidade externa visando evitar os estados esquizóides futuramente.
Segundo Winnicott (2000, p.315):

A mãe pode vir a falhar em satisfazer as exigências instintivas, mas pode ser perfeitamente bem sucedida em jamais deixar que o bebê se sinta desamparado, provendo as suas necessidades ecóicas até o momento em que ele já possua introjetada uma mãe que apóia o ego e que tenha idade suficiente para manter essa introjeção apesar das falhas do ambiente a esse respeito. Quando o par mãe-bebê funciona bem o ego da criança é apoiado em todos os aspectos.

Ao mesmo tempo em que a mãe satisfaz as demandas instintivas da criança, impõe também oportunidades para que a mesma se sinta desamparada, essa condição é caracterizada por introduzir o bebê gradativamente na realidade externa
buscando fortalecer o ego da criança, visto que, o sistema de referência de vínculo mãe-filho foi estabelecido nos enquadres do desenvolvimento infantil.

3.3. A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM ENQUANTO REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA NA GRAVIDEZ

Socialmente a linguagem é um instrumento simbólico essencial presente nas relações humanas, pois é através desta que o individuo tem a capacidade de expressar seus desejos e necessidades, ocorrendo uma permuta de valores e crenças em função da satisfação da sociedade, essa ferramenta possibilita as pessoas a constituir sua identidade através da cultura na qual está inserido. De acordo com Ferreira e Lima (2008, p.02):

A linguagem é ideológica, social, histórica e cultural e que está
vinculada à vida do ser humano. Essa vinculação envolve o indivíduo
dentro e fora da escola. Mas é fato que a linguagem se diferencia dependendo do contexto onde se vive. Os vários contextos onde se constrói e se desenvolve a linguagem têm sido alvo de estudos diversificados, entre eles estão os aspectos sócio-histórico-culturais.
Por isso, entendemos que é na linguagem, como uma ação humana, que está inserida toda uma história adquirida através das experiências vivenciadas pelo indivíduo. Este aspecto se apresenta como uma rede de significados que revela o indivíduo no mundo.

Sabe-se que a identidade não é um referencia natural de todo ser humano, pois a mesma é norteada por aparelhos ideológicos, na qual desvencilham a pessoa de sua condição epistemológica frente à realidade, com isso, pode gerar a depressão no sujeito.
Para Sigal (2002, p.5):

As questões da maternidade não se definem somente pelo Édipo, não podendo se afirmar que todo filho é um falo, já que nesse processo se entrecruzam questões de gênero, etnia, classe social, história individual, formando uma trama relacional que constitui realidades psíquicas singulares. Por ver no filho algo mais que um falo, reconectando-se com outras fontes de prazer narcísico, é que existe a possibilidade que a mãe deixe seu filho construir sua própria subjetividade.

Entende-se também que a linguagem é concebida como ferramenta essencial a cultura e fato de conseguir ser repassada ao longo da historia deve-se ao fato do sistema de referência da época é que a mesma satisfaz os interesses das classes dominantes, dessa forma influencia diretamente na maneira como a mulher concebe a prole em função da sua ideologia no discurso.
Preconiza Lane (2006, p.22):

O que, de fato, representa a identidade social, definida pelo conjunto de papéis que desempenhamos […] estes papéis atendem, basicamente, à manutenção das relações sociais representadas, no nível psicológico, pelas expectativas e normas que os outros envolvidos esperam sejam cumpridas.

Conforme o autor entender-se a linguagem constitui-se como um instrumento onde a identidade do sujeito é reconhecida pelo jogo de palavras fundamentadas em um sistema referência ideológico persuasivo na qual satisfaz a expectativa da própria sociedade.
Freud (1996, p.4) diz que:

O sujeito é subordinado às determinações eróticas, mesmo na
satisfação das denominadas necessidades básicas; dessa forma, os cuidados necessários para uma criança, promovidos em geral pela mãe, são permeados por questões pulsionais na via do desejo.
Portanto, o exercício da maternagem não pode ser pensado
unicamente pela necessidade que uma criança tem de ser cuidada.

A mulher ao romper com esses paradigmas, principalmente pelo desejo assumir o papel de ser mãe, ideologicamente desconstrói as crenças e valores repassados ao longo do tempo associado à posição da figura materna.
Sobre o perigo do jogo simbólico Borba (2003, p. 46) afirma:

A fala, resultado da necessidade de comunicação ou de interação social, é momentânea. Por ser realização individual da língua, torna-se fluente e vária, pois muda de individuo para indivíduo, de situação para situação. Altera-se facilmente pela influência de fatores diversos ligados ao falante ou às circunstancias em que se produz. No primeiro caso, depende de estados anímicos (emoção, irritação, aflição, pressa etc.) ou até das variações de estatuto social por ascensão, educação, migração etc. No segundo caso, depende de tudo o que acontece em redor do indivíduo quando está falando:
ambiente fechado ou aberto, presença de muitas pessoas, ruídos diversos etc.

A linguagem e representação simbólica podem representar vários significados conforme sua cultura, sucumbindo a identidade da mulher, impedindo a mesma de vislumbrar sua subjetividade, isto é, tomar consciência de si mesma de seus desejos e expectativas enquanto projeto de vida, em detrimento de aceitar o modelo cristalizado historicamente em cumprir com a posição de mãe para garantir a manutenção das relações sociais.

Donat (2008, p.14) afirma:

Ora, a aceitação dessa imagem provoca um ceticismo acerca da
significação, pois se temos que aceitar que o fundamento da
significação é a experiência subjetiva, então temos também que
aceitar que a associação entre palavra e experiência deve acontecer privadamente, uma vez que apenas o próprio sujeito tem acesso às suas experiências e pode a elas associar palavras. Teríamos também que aceitar a existência de critérios subjetivos para a discriminação e identificação das experiências subjetivas, que serviriam então de critérios para a correção ou não do uso das palavras correspondentes. Tais critérios devem ser privados, pois só o próprio sujeito tem acesso às suas experiências subjetivas, no sentido de que só ele tem tais experiências e que só ele pode saber o que está vivenciando, ou sentindo, em dado momento.

Conforme a idéia do autor, se a linguagem depende do aspecto idiossincrático do sujeito, só ele pode formular a percepção de sí próprio, através de referências baseadas na sua experiência com a realidade, e não através de rótulos sustentados pela polimorfia de poder na qual seqüestra o processo de alteridade da mulher impedindo a mesma de vivenciar suas sensações ou sentimentos sem prescrições de identidade.
Segundo Pougy (2006): “as verdades só podem alcançar a coerência de determinado discurso se estiverem presentes em determinados campos do enunciado. Um enunciado não é uma frase, uma palavra ou um sintagma. O enunciado é uma função enunciativa do discurso”.
Focault (1999, p.32) enfatiza que a linguagem é:

[…] é uma função de existência que pertence, exclusivamente, aos signos, e a partir da qual se pode decidir, em seguida, pela análise ou pela intuição, se eles ‘fazem sentido’ ou não, segundo que regra se sucedem ou se justapõem, de que são signos, e que espécie de ato se encontra realizado por sua formulação. Não há razão para espanto por não se ter podido encontrar para o enunciado critério estruturais de unidade; é que ele não é em si mesmo uma unidade, mas sim uma função que cruza um domínio de estruturas e de unidades possíveis e que faz com que apareçam conteúdos concretos, no tempo e no espaço.

A gravidez mantida e reproduzida ao longo do tempo por meio do jogo simbólico da linguagem na qual prescreve desejos, é imposta em uma conjuntura de dominação através de um espaço de correlações conforme a realidade apresenta, com isso, ela se torna funcional a medida em que satisfaz o modelo de produção da vida material, pois a mesma esvanece o efeito produzido pela sensação e conseqüentemente o sujeito utiliza o sentido provocado pela palavra como mediadora de sua própria identidade, ocorrendo assim a individualização do sujeito
individual, isto é, a subjetividade privatizada em um ciclo contínuo provocando sentimento negativos na mulher, principalmente em relação a tomada de decisão em assumir o papel de mãe.
De acordo com Foucault (1995, p. 235):

Ação do biopoder e do poder disciplinar. Essas lutas caracterizam-se por serem transversais, ou seja, acontecem em vários países ao mesmo tempo; têm por objetivo os efeitos do poder enquanto tal, ou
seja, do poder pelo poder; são imediatas, elas atuam rapidamente;
elas questionam o estatuto do indivíduo, buscam a coletividade; são
lutas contra o privilégio do saber; e, finalmente, são lutas que
buscam “quem somos nós”, numa forma de se rebelar contra a
subjetivação imposta pelo poder.

Sobre os desdobramentos da linguagem restrita à análise dos
agenciamentos.
Almeida (2003, 62) afirma:

Dado um enunciado, dado um conjunto de signos, nosso problema
primeiro é saber qual agenciamento ele efetua, de que regime de
signos participa, em que ponto cruza as formas de conteúdo, com
que velocidade se aproxima do plano de consistência, se é potência
criativa e alonga-se em direção aos limites (desterritorialização) ou
se forma blocos de captura (reterritorialização). Montagem e
desmontagem de agenciamentos, linhas, forças, materiais.

O discurso é pré-concebido pelo jogo de regras sociais, o qual estabelece o
aparecimento ou o desaparecimento de enunciados, conforme o plano de

consistência do regime do sistema de referência da época, propiciando o
agenciamento através de uma esfera multifacetada na expressão de um conteúdo.
De acordo com Fiorin (2002, p. 08).

A linguagem é um fenômeno extremamente complexo, que pode ser
estudado de múltiplos pontos de vista, pois pertence a diferentes
domínios. É ao mesmo tempo, individual e social, física, fisiológica e
psíquica. Por isso, dizer que a linguagem sofre determinações
sociais e também goza de certa autonomia em relação às formações
sociais não é uma contradição

Conforme o pressuposto, existe na linguagem um conjunto de estratégias de
poder adaptados a realidade capitalista, o qual funciona a partir da lógica dos
dispositivos que engendram formas de sujeito ser social , induzindo assim as formas
de pensar e agir.
Segundo Foucault (2007, p.468)

Mas pode ser também que esteja para sempre excluído o direito de
pensar ao mesmo tempo o ser da linguagem e o ser do homem pode
ser que haja aí como que uma indelével abertura de tal forma que
seria preciso rejeitar como quimera toda a antropologia que
pretendesse tratar do ser da linguagem, toda concepção da
linguagem ou da significação que quisesse alcançar, manifestar e
liberar o ser próprio do homem.

Entende-se que a posição de mãe é influenciada pela materialidade do
discurso determinado pelo enunciado, porque está fundamentado em um momento
histórico, com isso, o enunciado de um discurso de transforma à medida que os
interesses de um determinado período entra em vigor, assim, coexiste uma
ambigüidade entre a verdade, ou o saber, e o poder há saber, isto é, a mulher
encontra-se em situação frágil, pois de uma lado existe o papel prescrito da
maternidade concebido pela cultura, por outro, o desejo de liberdade para satisfazer
interesses os quais estão além do papel de mãe.

Foucault (1995):

É como se ao libertar-se deste primeiro estágio de “grilhões
lingüísticos” que dão vida prática e transparência inicial à cultura,
esta instaurasse um segundo grilhão, neutralizador dos primeiros,
fazendo-os aparecerem ao mesmo tempo em que os excluíssem,
encontrando, assim, o estado bruto da ordem. E é em nome desta
ordem que são criadas as teorias gerais dos fatos, a ordenação das
coisas e a interpretação que as mesmas requerem. Temos, portanto,
entre a percepção já codificada e o pensamento reflexivo, um entre –
lugar promotor de uma liberação da ordem no seu ser mesmo. É
neste momento que a ordem, de fato, aparece, segundo as culturas e
épocas, contínuas e graduadas, ou fragmentadas e descontínuas,
variáveis, conectadas ao espaço e geradas a cada instante de
tempo.

A concepção do autor demonstra que o dispositivo engendrado pela ciência
normaliza e universaliza a constituição da verdade no discurso, cada vez mais a
linguagem se torna mais abstrata para atender os interesses da classe burguesa
dominante, para sustentar o modo de vida material os qual normaliza os status
macrossocial.

3.4 DEPRESSÃO MATERNA

A maternidade envolve uma multiplicidade de vetores de cunho psicológico e
social, cadê vez mais se percebe que o desejo da mulher em conceber um filho
ultrapassa os limites do instinto materno, pois, os valores culturais e sociais
prescrevem e naturalizam na mulher a ideologia para representar esse papel
historicamente, com isso, pode-se gerar a depressão caso a figura feminina não se
identifique com os valores e crenças associadas a condição de maternidade ao
longo do tempo.
Segundo Badinter (1985, p.19):

O amor materno foi por tanto tempo concebido em termos de instinto
que acreditamos facilmente que tal comportamento seja parte da
natureza da mulher, seja qual for o tempo ou o meio que a cercam.
Aos nossos olhos, toda mulher, ao se tornar mãe, encontra em si
mesma todas as respostas à sua nova condição. Como se uma
atividade pré-formada, automática e necessária esperasse apenas a
ocasião de se exercer. Sendo a procriação natural, imaginamos que
ao fenômeno biológico e fisiológico da gravidez deve corresponder
determinada atitude materna.

O sistema de produção estabelece maneiras das pessoas representarem
papéis na sociedade para resguardar a manutenção das relações sociais, portanto,
assim como o papel de pai é ser o protagonista e provedor da instituição familiar, a
mãe é preconcebida como condição de procriadora, caso a mesma não exerça o
papel determinado pelos valores culturais.

Observa-se que a mulher teme ser vítima do preconceito e discriminação,
com isso, para evitar frustração e ansiedade se submete a procriação, assim o filho
funciona como representação simbólica substituta dos entraves impostos pela
cultura, culminando no estado de depressão na figura materna.
De acordo com Winnicott (1978, p.07):

Caso a mãe não seja suficientemente boa e esse cuidado apresente
falhas onde se estabeleça carências que não são corrigidas, o bebê
poderá ter um comprometimento na constituição de sua
subjetividade devido a esta deficiente relação materna. A privação de
relações objetais ao longo do primeiro ano de vida é um fator muito
prejudicial, que leva a sérios distúrbios emocionais na criança, como
se esta estivesse sendo privada de algum elemento vital à
sobrevivência.

Quando a mãe não consegue satisfazer as necessidades do bebê, ocorre a
falha com relação à adaptação as demandas da criança, com isso, a mesma se
sente coagida em reagir a essa experiência o qual é percebida como invasiva, com
isso, essa condição compromete a integridade do self da mãe, visto que, encontra-
se impossibilitada de organizar as suas experiências sensoriais.

Segundo Coutinho (1999, p. 98):

Um bebê não pode existir sozinho, mas é parte de uma relação.
Sempre que encontramos um bebê, encontramos a maternagem,
pois “um bebê não pode ser pensado sem a presença de alguém que
lhe exerça a função de mãe e sem um ambiente, por esta última
criada, onde possa evoluir e desenvolver seu potencial de
crescimento e amadurecimento.

Toda criança possui um sistema de referencia maternal, seu self não pode ser
constituído sozinho, pois, seu crescimento e amadurecimento dependem da
evolução dos enquadres ocorridos no processo de desenvolvimento infantil, onde a
mãe oferece aprovação a seus comportamentos sem emitir juízo de valor
inicialmente, para posteriormente submeter a criança a situações de ilusão,
buscando fortalecer o ego da mesma, preparando-a para os desafios da realidade
externa.
Enfatiza Winnicott (1978, p.02): “A falha materna prolongada provoca fases
de reação à intrusão e as reações interrompem o ‘continuar a ser’ do bebê, gerando
uma ameaça de aniquilamento”.
O processo de adaptação as necessidade da criança é gradativo, portanto, a
mãe suficiente boa, satisfaz a demanda do bebê, através dos laços de empatia, o
qual permite a mãe proporcionar uma relação mutua com a criança.
Diante dessa realidade, quando ocorre a falha materna a mãe apresenta
dificuldade em elaborar o luto simbólico do corpo, processar perdas e ressignificar
sua experiência diante da condição da maternidade, gerando sentimentos negativos
caracterizados por angustia e frustração.
De acordo com Badinter (1985, p.02):

Não se pode então fugir à conclusão de que o amor materno é
apenas um sentimento humano como outro qualquer e como tal
incerto frágil e imperfeito. Pode existir ou não, pode aparecer e
desaparecer, mostrar-se forte ou frágil, preferir um filho ou ser de
todos. Contrariando a crença generalizada em nossos dias, ele não
está profundamente inscrito na natureza feminina. Observando-se a

evolução das atitudes maternas, verifica-se que o interesse e a
dedicação à criança não existiram em todas as épocas e em todos os
meios sociais. As diferentes maneiras de expressar o amor vão do
mais ao menos, passando pelo nada, ou quase nada.

Conforme o pressuposto compreende-se que o amor materno obedece o crivo
da causalidade linear do modelo pré-determinado pela cultura , na qual institui na
mulher a necessidade de idealizar a relação mãe-filho na qual é associada com a
união perfeita, garantindo assim na mesma, o alivio da tensão ou ansiedade
provocada pela condição de abandono ou perda mitigada pela polimorfia de poderes
da sociedade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teve a finalidade de investigar a depressão materna sob a luz da
perspectiva psicanalítica, logo, foi utilizado o procedimento técnico bibliográfico para
validar o estudo com clareza e precisão.
De acordo com as informações apresentadas na produção desse estudo,
conclui-se que antes do período puerperal a mulher idealiza expectativas sobre a
criança com relação ao amor, cuidado, educação, saúde, alimentação e outros
aspectos que promovem o bem-estar da prole, mas observou-se que a criança ao
nascer, as esperanças da figura materna são sucumbidas pelo viés do estilo de vida
anterior, onde a mãe entende que seus projetos de vida fomentados antes do parto
precisam ganhar um novo olhar em função da satisfação nas necessidades da prole.
Nesse sentido, essa condição gera angustia e frustração na mãe, pois de um
lado existe a influencia da cultura patriarcal que engessa o papel da figura materna
como identidade da mulher, por outro, os valores, crenças e atitudes edificados até o
parto são rompidos em função do paradigma do papel de mãe, isso culmina em
sentimento negativos, dessa maneira, a mãe reprime os sentimentos os quais para
ela não pode ser expressados diretamente na mulher gerando a depressão. Nesse
ínterim, ocorre o sofrimento psicológico enquanto como representação simbólica de
expressar a dor que a mesma encontra impossibilitada de manifestá-la.
.

REFERÊNCIAS

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Este material sobre: DEPRESSÃO NA GRAVIDEZ –
A LUZ SOB A PERSPECTIVA PSICANALITICA , foi escrito por IONE IRES BARBOSA DOS ANJOS DE MELO, aluna formada no nosso curso de mestrado livre em psicanálise.

PSICOSE E LAÇO SOCIAL: SOCIAL: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA LOUCURA NA CONTEMPORANEIDADE

INTRODUÇÃO

O discurso da loucura abrange campos não apenas psicológicos, mas principalmente sociais; o dito “louco” enfrenta dificuldades para se adequar à sociedade desde a antiguidade.
A sociedade sempre tentou encontrar formas para não precisar incluir essas pessoas em seu meio; embora a reforma psiquiátrica tenha tornado essa questão mais discutida em termos da desinstitucionalização dos “pacientes psiquiátricos”, pouco tem sido feito a respeito da conscientização social para restabelecimento de laços entre esses pacientes e suas famílias e a sociedade em geral (BARROSO; SILVA, 2011).

Partindo das ideias desenvolvidas por Émile Durkheim (2002, p. 01) de que “não há,por assim dizer, acontecimentos humanos que não possam ser chamados sociais”, qualquer
aspecto da vida humana que tome proporções abrangentes pode ser considerado de interesse social, portanto a loucura deve ser estudada em seu componente particular e subjetivo, mas ao mesmo tempo, devem ser discutidas as suas representações sociais.
Os fatos sociais não podem ser confundidos nem com os fenômenos orgânicos e nem com os psíquicos, pois não se trata um sujeito específico, mas sim de uma coletividade na
qual este sujeito está inserido, numa sociedade. No entanto, para compreender os problemas e fatos sociais, são necessárias compreensões dos sujeitos em suas individualidades.

A psicanálise é “uma ciência particular do singular” (Carvalho, 2014, p.1). Nesse ponto, compreende-se que a psicanálise se debruça sobre a compreensão da psiquê daquele sujeito que se propõe a ser “psicanalisado”, e não necessariamente, da sociedade a qual ele está inserido. A psicanálise nos servirá, portanto, como aporte teórico capaz de expandir o entendimento da psicose e do sujeito louco, e a partir disso será proposta uma discussão acerca do lugar social do “louco”.
Como aponta Barata (2009), as desigualdades sociais, estão relacionadas a injustiça, diferenças injustas. Para o entendimento da psicanálise lacaniana (LACAN, 2007) que busca entender o psicótico na sua “loucura”, a forma com que a sociedade lida com tais sujeitos é carregada de preconceito e de descaso, devido à falta de conhecimento e compreensão social
acerca do tema. Essa forma de desigualdade é de fato diferente em alguns aspectos das outras formas mais gerais, como riqueza, educação, e ocupação, mas aponta as mesmas
características de menos valia de uma parte considerável da população que são os psicóticos.

Estudos apontam que entre 0,3 a 2,4% da população brasileira é constituída de psicóticos, o que demonstra ser uma minoria considerável e que por isso precisa ser mais bem assistida
pelo Estado e pela sociedade brasileira. (PICON, 2013)
A sociedade contemporânea ainda encontra desafios com o manejo da “loucura”, principalmente no momento do surto (momento em que há uma elevação dos delírios e alucinações), pois, está carregada de preconceitos relacionadas à saúde mental. Por cousa dessas concepções advindas de vários momentos históricos que serão aqui abordados, o psicótico durante do surto é mal compreendido e mal acolhido por parte das pessoas que estão próximas a ele; muitos ficam com medo dos seus comportamentos, pois podem ficar agitados, e se não houver um manejo adequado, podem ficar agressivos (FOUCAUT, 2002).

Portanto, este artigo buscará compreender quais são as representações sociais da loucura na sociedade brasileira contemporânea. Para chegar a essa compreensão será feita
descrevendo a história da loucura, analisando a psicose sob o olhar da psicanálise, e por fim discutindo a loucura e suas representações sociais no contexto social brasileiro contemporâneo.

MÉTODO
O modelo deste artigo é qualitativo, sob a modalidade de pesquisa bibliográfica (livros, artigos, dissertações e teses) que abordem o tema proposto. Segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.61), a pesquisa bibliográfica “constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado
tema”.

Este estudo terá como aporte teórico os escritos psicanalíticos, principalmente os volumes das Obras Completas de Sigmund Freud e os Seminários de Jacques Lacan. Essa literatura será levantada com o objetivo de discutir a “loucura”, as suas representações sociais.

O artigo está estruturado nas seguintes partes: Capa (título e resumos); Introdução (p.2); Método (p.3); Definições Gerais da Psicose (p.4); História da Loucura (p.5); A psicose sob o olhar da psicanálise (p.9) – teoria freudiana (p.9), teoria lacaniana (p.10), a psicanálise contemporânea e a psicose (p.12); Discussão (p.13); Conclusão (p.14); Referencias (p.15).

DEFINIÇÕES GERAIS DA PSICOSE
Sigmund Freud (1910), um dos pioneiros da psicologia moderna e considerado o pai da psicanálise – área de estudo da psicologia que se interessa em estudar a loucura – aponta
que existem três tipos principais de personalidade: neurose, psicose e perversão. Como a maioria esmagadora da população mundial é constituída de neuróticos e os perversos se adaptam na realidade dos neuróticos com uma certa facilidade de “camuflagem”, o único sujeito que não se submete a esse contexto social e tem dificuldades para se adequar ao meio,
é o psicótico. E é por não se adequar as normas do meio social, que ele é chamado de “louco”.
Na psiquê dos psicóticos existem realidades diferentes; essas diferenças incomodam a sociedade neurótica, que por sua vez, assume o discurso do desmerecimento do sujeito psicótico.

É importe ressaltar que ser psicótico não é ser doente; a doença mental do psicótico se dá no desenvolvimento da psicose, ela sim se configura como psicopatologia. O psicótico é
tido como “louco”, quando desenvolve a Esquizofrenia, a Paranoia ou o Transtorno Bipolar.

Na esquizofrenia o sujeito cria uma realidade própria, e são caracterizados por “distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção e por efeito inadequado ou
embotado”; “pode ver a si mesmo como o pivô de tudo o que acontece”, podendo ser presente os delírios de perseguição (achar que está sendo perseguido, atacado ou enganado), grandeza (achar que é o senhor ou salvador do mundo, comum nos delírios religiosos) e místicas (ideias de poderes sobrenaturais).

Na paranoia, “o quadro clínico é dominado por delírios relativamente estáveis, com frequência paranoides, usualmente acompanhados por alucinações”; o paranoico alucina principalmente com vozes que o ameaçam, com zumbidos, assobios e risos, já as alterações olfativas, gustativas e visuais são mais raras. No caso da Bipolaridade, hora o sujeito se encontra na Neurose, num quadro depressivo (diminuição de energia e atividade) que dura cerca de 6 meses, e hora se encontra num quadro eufórico de psicose (aumento de energia e atividade) que dura entre duas semanas e 5 meses, por isso são também conhecidos como maníaco-depressivos. (CID-10, F20, p.85; F20.0, p.88; F31, p.113 e 114; VIEIRA, 2008)
A psicose se caracteriza pelas alterações na sensopercepção, causadas pelos delírios (alteração do pensamento) e pelas alucinações (alteração da sensopercepção: audição, visão,
tato, paladar e olfato); a alucinação não é simplesmente uma “fantasia” em que o sujeito imagina algo que não existe, é uma alteração real nos sentidos, a pessoa realmente vê, ouve e
sente como se fosse algo real os conteúdos da sua mente. (CHINIAUX, 2015).

O delírio pode ser definido como um juízo falso, de conteúdo impossível e incorrigível; ou, ainda, como uma crença absurda que não se submete às evidências que a realidade impõe. A alucinação, por sua vez, representa uma falsa percepção, a
percepção de um objeto cujos estímulos externos correspondentes na verdade estão ausentes (CHINIAUX, 2015, p. 195)

Uma das características da psicose é a certeza; os psicóticos não duvidam, ele se olha no espelho e vê o Jair Bolsonaro (atual presidente do Brasil) ou outra figura que exerça poder
ou influência social. Quando ele é contrariado e escuta alguém lhe dizer que ele não é o Bolsonaro, ele não aceita tal prerrogativa e às vezes se torna agressivo. Portanto, a alucinação é uma forma de aumentar o poder do delírio, uma vez que ele acredita ser o presidente do Brasil, ele precisa enxergar esse personagem no espelho, talvez até mesmo com a faixa presidencial. Esses sintomas psicóticos os prejudicam em suas relações sociais e familiares, pois a própria sociedade não compreende o que se passa, algumas pessoas más informadas
discutem e brigam com os psicóticos, prejudicando ainda mais seu quadro psicopatológico.

Todo esse desconforto social fez com que por muito tempo esses sujeitos fossem excluídos da sociedade (HOLMES, 2007)
Para contextualizar a “presença” do psicótico na sociedade atual, é necessário entender algum aspectos principais da história da loucura, e como esses “loucos” se adaptaram nas
sociedades ao longo dos tempos, dentre os autores que serão utilizados aqui para discutir o assunto, pode-se ressaltar Michel Faucault (1972), um filósofo que contribuiu bastante para o entendimento da história da loucura, com seus apontamentos críticos, ele trouxe as representações sociais que envolviam o os psicóticos e suas relações com o meio ao longo dos anos, apontando algumas características históricas que são muito relevantes e que serão levantadas neste estudo.

HISTÓRIA DA LOUCURA

Tanto a ciência quanto o senso comum enfrentam dificuldades quando o assunto é “loucura”; nas últimas décadas, a ciência demonstrou avanços no tratamento desses pacientes
e no manejo que deve ser utilizado pela sociedade, pelos familiares e pelos profissionais de saúde que os atendem (GOMES, 1994).

No momento em que a razão cristã se liberta de uma loucura com a qual durante muito tempo constituíra um único corpo, o louco, em sua razão abolida, na raiva de sua animalidade, recebe um singular poder de demonstração: como se o escândalo, escorraçado dessa região acima do homem, lá onde ele mantém relações com Deus e onde se manifesta a Encarnação, reaparecesse na plenitude de sua força e
encarregado de um novo ensino nessa região em que o homem tem relações com a natureza e sua animalidade… Àqueles que nas casas de internamento devem zelar pelos homens dementes, São Vicente de Paula lembra que sua norma é, aqui, Nosso Senhor, ficar rodeado por lunáticos, endemoniados, loucos, tentados, possuídos (FOUCAULT, 2002, pp.175,176)

Essas concepções ultrapassaram os séculos passados e as representações sociais da loucura ainda estão bem internalizadas na sociedade contemporânea, havia (e ainda há em muitos contextos sociais) o pensamento de que o louco é uma pessoa endemoninhada, que está com algum tipo de possessão demoníaca e que necessitam de um “exorcista” e não de um profissional de saúde. Acreditavam que essas pessoas interpretavam mal as Escrituras e que por isso ficavam loucos (FAUCAULT, 2002).
Para Paim (1993), no livro Curso de Psicopatologia, possessão demoníaca seria a “alteração da consciência do eu caracterizada pelo fato de o indivíduo sentir-se ‘possuído’ por entidades sobrenaturais, especialmente espíritos ou pelo demônio”. No pensamento deste autor existem demandas que são do campo da religiosidade/espiritualidade e outras que são do
campo da ciência da psicologia, que é o caso da psicose, que para ele não tem relação alguma com questões espirituais. Ele não exime a possibilidade de haver manifestações sobrenaturais de entidades no corpo de alguém, mas também aponta que não se pode pensar apenas em questões espirituais, e esquecer que a pessoa pode estar sofrendo de uma doença mental que precisa de um tratamento adequado por um profissional da área da saúde.
Por um período curto, em algumas civilizações acreditou-se que os “loucos” na verdade eram sábios e iluminados, que conseguiam enxergar o outro lado do mundo que a população comum não podia, porém, foi um pensamento que não perdurou por muito tempo.

Acreditaram ainda, que o “louco” era alguém que tinha “minhocas na cabeça”, dando um sentido de que eles não tinham cérebro, ou que estevam danificados. (FOUCAULT, 2002).
Providelho e Yasui (2012) apontam que no século XIX, os loucos eram pessoas com comportamentos profanos, e por isso os libertinos, hereges, homossexuais, etc., foram considerados “loucos”. Não eram apenas os psicóticos que eram considerados “loucos” em algumas comunidades da antiguidade, os bêbados, os adúlteros, os devassos, e outras pessoas que não se enquadravam nas normas da época ou que tinham um comportamento um pouco fora do normal ou do aceitável naquela comunidade.
É importante ressaltar que a homossexualidade também foi alvo, por muito tempo, de representações sociais que colocavam a população “LGBT” da época como “loucos”, pois as
pessoas que não se enquadrassem nas normas sociais eram “loucas”, e os homossexuais não se isentaram desta classificação. Hoje, essa visão já foi desconstruída, porém, é uma visão que afeta parte da sociedade atual que ainda enxerga os homossexuais como “a-normais”; ainda é
necessário avançar bastante nesse ponto, criando uma sociedade que respeite a identidade e a orientação sexual de casa pessoa (PROVIDELHO; YASUI, 2012).

Começaremos nossa análise no século XII, onde os “loucos” eram confinados a Navios, as chamadas Nau dos Loucos; eles eram postos nesses navios e entregues à própria sorte no oceano; já que não tinham lugar na sociedade, esse era o lugar que lhes caberia estar.
Ali, eles poderiam viver seu próprio mundo de desejos sem se preocupar com a sociedade, no entanto, estavam sendo entregues a morte, uma vez que o barco era deixado em alto mar sem leme, apenas flutuava sem destino e sem esperança de voltar. Era uma forma da sociedade se ver livre de um grupo que não pensava como eles, o preconceito estava nítido no comportamento dessas comunidades que praticavam tal coisa com opiniões extremamente desfavoráveis para essa parte da sua população (FOUCAULT, 2002).
Nos meados dos séculos XVII e XVIII, acreditava-se que todas as doenças mentais eram causadas por “vapores” intracorporais que começavam nos membros inferiores e se
acumulavam na cabeça; esse vapor precisava de alguma saída, assim, vários procedimentos cirúrgicos foram feitos na tentativa de retirar a doença mental do paciente, depois essa teoria foi reajustada e nomeada como “doença dos nervos”. Alguns anos depois perceberam que a causa não era por vapores, pois não conseguiam resultados satisfatórios nessas cirurgias (FOUCAULT, 2002).

A medicina clássica teve dificuldades em explicar a loucura e tratar esses pacientes.
Por limitações técnicas, foi preferível para a medicina, apenas controlá-los como animais a serem domados, e não tratavam a doença. Nessas tentativas de controle, os maus tratos eram
extremos, usavam a força e faziam com que os pacientes fossem controlados a partir de administração medicamentosa, os sedativos foram e ainda são muito usados nessa prática da
medicina (GONÇALVES, 2012).
Foi neste cenário que a medicina clássica criou os hospitais psiquiátricos (manicômios/ mani = loucos, cômios = casa) para ser a “casa dos loucos”. Foi nos manicômios que grandes práticas de torturas foram criadas, a camisa de força entrou nesse ambiente como algo necessário, a administração medicamentosa passou a ser rotina e usada em excesso, o que
deveria ser utilizado apenas em últimas opções, passou a ser um cotidiano nos hospitais psiquiátricos (AMORIM; DEMENSTEIN, 2009).

Nestes hospitais, outras práticas foram avançando de formas cada vez mais desumanas e cruéis. Foi então, que no século XX, o neurologista Antônio Egas Moniz em 1935, criou a lobotomia, um procedimento cirúrgico, ainda mais cruel, que através de um instrumento de ferro (semelhante a um picador de gelo) que era introduzido sem anestésicos em uma das narinas ou pelo canto dos olhos, rompiam as ligações do lobo frontal com o restante do encéfalo; para a neurociência, o lobo frontal é responsável por várias funções executivas, entre elas a tomada de decisão, pois ele se vale do tálamo para mandar os comandos motores para o corpo, o que já não é mais possível no desligamento feito na lobotomia. Muitos morriam nesse procedimento brutal, outros perdiam o senso crítico e viravam uma espécie de “fantoche” ou “zumbis”, no sentido de mortos vivos, estavam vivos fisicamente, mas é como se a mente estivesse morta, voltavam a ser pessoas completamente dependentes, voltavam a ser bebês (MASEIRO, 2003).

Essa prática tomou grandes proporções no cenário mundial, muitas pessoas passaram pelo procedimento da lobotomia por estarem com simples transtornos mentais, sem que houvesse a mínima necessidade de tal intervenção cirúrgica, que por sua vez é irreversível; as ligações cerebrais não se refazem, nenhum paciente voltou a ser a pessoa que era antes da
lobotomia (MASEIRO, 2003).

Os manicômios brasileiros também eram cheios de torturas e maus-tratos, os pacientes psicóticos eram internados em ambientes completamente inadequados para qualquer tipo de
pessoa, nesses lugares não havia higiene adequada, os internos eram tratados como “animais” e muitas vezes eram abusados e usados como objetos sexuais por pessoas que ali trabalhavam.
No Hospital Colônia, antigo maior hospício do Brasil, foram registradas mais de 60 mil mortes por maus-tratos. (ARBEX, 2013) Sobre os manicômios, Venturini, Casagrande e Toresini (2012), diz:

O paciente psiquiátrico não é violento, mas a situação psiquiátrica, sim! Há ‘lugares’ de marginalização, de grande sofrimento (a situação psiquiátrica, o cárcere, o mundo
dos tóxicos-dependentes, etc.), para onde se canaliza todas as contradições sociais, as necessidades psicológicas não resolvidas, tudo aquilo que perturbam a imagem de
certa ordem e certa ‘limpeza’… situações explosivas e violentas. (VENTURINI, CASAGRANDE & TORESINI, 2012, p.90)
… Haveria de ser confirmada a visão que pusera fim à própria existência dos manicômios, daqueles cárceres – não – cárceres que se disfarçavam em hospitais, mas que fundavam seu próprio princípio inspirador exatamente sobre uma concepção de doença mental reducionista e grosseira. (VENTURINI,
CASAGRANDE & TORESINI, 2012, p.223)

Para Venturini, Casagrande e Toresini (2012), os pacientes psiquiátricos não são violentos, mas a situação a que são submetidos é, e isso faz com que muitos deles se tornem
agressivos por conta dos maus-tratos. O cárcere não é e nunca foi a melhor opção para lidar com sujeitos psicóticos; a solução permeia na atenção das necessidades psicológicas dos mesmos. Por isso foi criada a reforma psiquiátrica no Brasil, que possibilita a reinserção do “louco” na saciedade, por meio de novas políticas públicas de assistência social e reintegralização destes em seus ambientes familiares, o que também inclui acompanhamento psicológico.
A psicanálise moderna entra nesse novo cenário da loucura com base nos seminários de Jacques Lacan, teórico que trouxe contribuições para o trabalho psicanalítico com psicóticos. Ele construiu conceitos relacionados as representações psíquicas de imagem, de símbolo e realidade de cada indivíduo (imaginário, simbólico e real), com esses conceitos foi
possível entender de forma muito mais ampla o universo do “mundo real” do psicótico (LACAN, 2007).

A psicanálise lacaniana auxilia o trabalho com psicóticos, pois torna a vida deles possível, articulando-os com a realidade, mas o trabalho vai muito além do que um setting terapêutico (RAMOS e CHUN, 2009). Para que os psicóticos tenham uma boa “qualidade de vida”, as sociedades precisam ser reeducadas e orientadas, paradigmas precisam ser quebrados, para que aja um o melhor manejo social com os sujeitos psicóticos (LACAN,2007).

A PSICOSE SOB O OLHAR DA PSICANÁLISE
TEORIA FREUDIANA

A psicanálise começou seus estudos acerca da Psicose nas Obras Completas de Sigmund Freud, especificamente no volume 12, onde encontra-se a análise que Freud fez do
caso do doutor em direito Daniel Paul Schreber, a partir da história clínica que o mesmo Dr.
Schreber escreveu e publicou. Freud nunca viu Schreber, a análise foi feita apenas através do relato publicado. O caso se tratava de uma paranoia e aqui apontaremos algumas
características desse caso e algumas interpretações feitas por Freud a respeito. (FREUD, 1996,v.12)
A primeira caraterística percebida é a própria imagem que Schreber tinha de si, voltada a uma superioridade que ultrapassa a normalidade, ele acreditava que era “o ser humano mais notável que até hoje viveu sobre a Terra” (FREUD, 1996, v.12, p.11), ele disse a seu respeito: “homem de dotes mentais superiores e contemplado com agudeza fora do
comum, tanto de intelecto quanto de observação” (FREUD, 1996, v.12, p.7). A facilidade em falar sobre conteúdos mentais, que os neuróticos escondem da sociedade, também aponta para uma personalidade psicótica, pois o papel da análise é trazer à tona por meio da palavra os conteúdos inconscientes de forma sigilosa entre analista e analisando; sobre a exposição de seus conteúdos inconscientes por meio de uma publicação, Schreber diz: “não tenho problemas em fechar o olhar às dificuldades que pareciam jazer no caminho da publicação…
todos os sentimentos de caráter pessoal devem submeter-se a esta ponderação”. (FREUD, 1996, v.12, p.7).

O adoecimento de Schreber se deu em alguns momentos; o primeiro foi em 1884, sendo declarada por ele como hipocondria, mas não durou muito devido o tratamento feito
pelo Dr. Flechsig. O segundo momento, em 1893 foi tido por um torturante acesso de insônia que piorou sua condição clínica rapidamente e proporcionou o aumento das ideias
hipocondríacas, achava que seu cérebro estava amolecido e que morreria cedo.

Os episódios foram acompanhados de ilusões visuais e auditivas, acompanhados de delírios persecutórios, pensava que estava sendo perseguido e prejudicado por certas pessoas. Seus delírios também assumiram um “caráter místico e religioso; achava-se em comunicação direta com Deus”
(FREUD, 1996, v.12, p. 8). Suas preocupações acerca da sua saúde, o levaram a um estado de estupor alucinatório: “O paciente estava tão preocupado com estas experiências patológicas, que era inacessível a qualquer outra impressão e sentava-se perfeitamente rígido e imóvel durante horas”. (FREUD, 1996, v.12, p. 8) Suas ideias delirantes também o fizeram assumir um caráter de redentor do mundo, mas no pensamento dele isso só seria possível se ele se transformasse em mulher, ele sentiu que era a esposa de Deus. (FREUD, 1996, v.12, p. 8, 9)

Em uma de suas tentativas de interpretação do caso, Freud apontou para uma possível homossexualidade de Schreber; deixa claro em seu volume, que não deseja fazer criticas
quanto a sexualidade do doutor em direito, apenas procura a causa dos seus delírios (FREUD, 1996, v.12, p. 26). Para Freud, Schreber desenvolveu uma fantasia feminina dirigida ao seu
médico Dr. Flechsig, mas seu ego não aceitava o fato de representar o papel de uma devassa para com o seu médico, o que o fez substituir o médico pela figura superior de Deus; ele
precisava transformar-se em mulher para atender as exigências de Deus, pelo bem e pela remissão da humanidade.

Freud cita que Schreber tentava, “apesar de seus delírios, não confundir o mundo do inconsciente com o da realidade”, (FREUD, 1996, v.12, p.27) essa afirmação é utilizada e
ampliada por Jacques Lacan – teórico que possibilitou a prática da psicanálise entre ospsicóticos – veremos algumas de suas considerações sobre a psicose.

TEORIA LACANIANA- Nó Borromeano
O Seminário 23 de Jacques Lacan (1976), traz explicações da psicose de acordo com a visão de lacaniana. Neste volume são trabalhados alguns conceitos importantes para a compreensão da psicose, como o Nó Borromeano, Nome-do-Pai e Foraclusão.
O Nó Borromeano (brasão da família Borromeu) é uma representação utilizada por Lacan pra explicar os 3 registros da psiquê humana, o Imaginário (I), o Simbólico (S) e o Real (R) –
ver figura 1. O registro imaginário (do latim imago) representa aparte da psiquê onde as imagens são compostas, essas imagens podem advir dos sentidos (visão, audição…) e das fantasias, ele é representado pelo pensamento independentemente da realidade; o registro Real é “impossível
de ser simbolizado na palavra ou na escrita”, e é isso que provoca nos neuróticos a criação do simbolismo e do registro Simbólico, que possibilita ao sujeito uma relação fantasiosa com o Real. O desejo do neurótico não estaria, portanto, na vida real, mas no que ele enxerga nela, nas imagens que são projetas e assim simbolizadas por meio da linguagem e da cadeia de significantes. (LACAN, 1976; ZIMERMAN, 2008)
A psicanálise é conhecida como a clínica do real, pois é o real que se contrapõe ao componente imaginário do sujeito, forçando assim a criação do simbólico para os neuróticos.
Hérman (2008) citando Rabinovich (1993), aponta quatro características do Registro real.
1. O real é aquilo que retorna sempre ao mesmo local, local de semblante. Nesse sentido, não é possível instituí-lo a partir do registro do imaginário, tal como pode
indicar, à primeira vista, a noção de lugar.

2. O real é formulado a partir do
impossível de uma modalidade lógica. Lacan define o impossível como aquilo que não cessa de não se inscrever.

3. E descreve também a incompatibilidade entre o
imaginário do mundo e o real, de modo a afirmar a impossibilidade de alcançar o real através da representação.

4. Existe uma relação entre o real e não-todo, que traz
consigo modalidades de escrita com as fórmulas de sexuação. Afirma que o real não é universal e, assim sendo, não é possível afirmar que haja todos os elementos de um conjunto que possam demonstrar uma universalidade. Há conjuntos que podem ser determinados a cada caso. Por isso, afirmam-se que o real tem, em seu sentido mais estrito, uma ideia de que cada um de seus elementos seja idêntico a si próprio.
(HERMAN, 2008, p. 190, citando RABINOVICH, 1993)

Nome-do-Pai
O Nome-do-Pai representa a função de normatização de
cada sujeito, é o que o insere na cadeia de significantes e o
classifica como neurótico ao impor-lhe a culpa. O surgimento do Superego (Supereu) como herdeiro do Complexo de Édipo
amarra a estrutura simbólica como um sinthoma da neurose,
chamada por Lacan de Nome-do-Pai. Apesar do termo, a função de normatização pode ser desempenhada por qualquer pessoa, não necessariamente o pai; o termo está ligado apenas a função daquele que exerce a Lei sobre o sujeito. O quarto nó da figura 2 representa essa amarração feita pelo Nome-do-Pai, que mantém o sujeito na estrutura neurótica,
impedindo que o componente Simbólico se separe do Imaginário e do Real.

Foraclusão
A psicose surge quando o sujeito foraclui o Nome-do-
Pai da sua psiquê. Foracluir significa colocar para fora e não
deixar que algo seja incluído. A foraclusão se dá por meio da
não aceitação da norma, daí surge o termo anormal, aquele que
não está sujeito a norma. Ao foracluir o Nome-do-Pai, ele também coloca para fora de sua psiquê o registro Simbólico, tendo que lidar com seu imaginário diretamente no Real, como
retratado na figura 3. Essa relação direta se dá por meio dos delírios e alucinações, que são suplências que o psicótico utiliza para ver a realidade imaginária no mundo real.

A PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA E A PSICOSE
A psicanálise contemporânea tem lidado com a psicose com base nos escritos de Jacques Lacan; autores contemporâneos como Antônio Quinet e J-D. Nasio, vêm contribuindo
grandemente com o manejo clínico e social da psicose. Além deles, vários outros estudos têm sido feitos na tentativa de compreender cada vez mais o funcionamento da psicose, buscando melhorias no tratamento e nas intervenções clínicas com o psicótico.

Neste tópico faremos
alguns apontamentos retirados da Tese de doutorado em Psicologia da USP do autor Maurício
Castejón Hérman (2008), que tem como título “ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO E
PSICOSE: um articulador do real, simbólico e imaginário”.
Hermán (2008), comentando o método clínico de Lacan, aponta que “a noção de
metáfora delirante como direção do tratamento foi substituída pela noção de construção do
Figura 2 – Nome-do-Pai Figura 3 – Foraclusão

sinthoma”. O próprio Lacan teve que mudar o direcionamento do tratamento com seus pacientes psicóticos, ao passo que sua teoria avançava, esse exemplo mostra que a medida em
que os estudos da psicose avançam, as formas de tratamento também podem mudar, pensando sempre numa melhor articulação do sujeito psicótico com o real.
Nas propostas trazidas por Hérman (2008), encontra-se o acompanhamento terapêutico (AT) por meio da “cena”. A introdução desta palavra no setting terapêutico produz ao
paciente uma nova proposta de articulação, pois cria “circunstancias, situações ou cenas que
aproximam o sujeito psicótico de um convite oriundo da cidade, de uma oferta de laço social.
E mais apropriado, portanto, circunscrever o uso da palavra cena no manejo específico da
transferência no AT”. Essa intervenção consiste em propor cenas que facilitem a articulação
do sujeito com o social; promovendo a criação de uma suplência capaz de amarrar os três
registros como forma de substituição do Nome-do-Pai.
Portanto, a psicanálise moderna não se propõe a analisar o sujeito psicótico, mas assim
a ajuda-lo a articular-se com a sociedade, partindo de intervenções clínicas. Mas além das
intervenções psicanalíticas, é relevante que a sociedade de forma geral saiba como evitar o
desencadeamento do surto de algum psicótico, facilitando o seu contato social e promovendo
aceitação e acolhimento social.

DISCUSSÃO
O livro o mal-estar da civilização de Sigmund Freud, traz as relações sociais como as principais causas de adoecimento mental. “O mal-estar das civilizações é o mal-estar dos
laços sociais”. E na imposição feita pelo Outro, pela sociedade que buscamos ser quem não somos ou que fazemos ou fingimos fazer o que não desejamos. O sujeito psicótico se revolta
com esse desejo do Outro que lhe é imposto e não aceita que seu desejo seja anulado e por isso foraclui. (FREUD, 1996, v.21; QUINET, 2009)
Esse mal-estar é impulsionado pelos laços sociais que se manifesta no ato de governar, educar, psicanalisar e fazer desejar. O ato de governar corresponde ao discurso do
mestre/senhor, em que o poder domina; o de educar ao discurso universitário, dominado pelo
saber; o de analisar que corresponde ao processo analítico em que o analista se apaga como
sujeito e permite ao analisando o processo analítico; e por fim o de desejar que é o “discurso
da histérica dominado pelo sujeito da interrogação”. (FREUD, 1996, v.21; QUINET, 2009,
p.17)
O convívio social só é possível se houver renúncia da natureza pulsional original, que
seria “tratar o outro como um ser a ser consumido: sexual e fatalmente”. Por isso as civilizações criaram as leis, para impedir que o homem fosse lobo do outro homem, abusando,
explorando, torturando e matando para saciar no outro sua pulsão de morte erotizada. (QUINET, 2009, p.17)
Por isso, quando um sujeito se mostra “estranho” a regra social é para sociedade uma “afronta”. Quando o psicótico apresenta um surto, logo é tido como “louco” e “a-normal”,
pois ultrapassa as regras sociais e “não toma conhecimento delas”, rejeitando as normas e agindo com seu “inconsciente a céu aberto”. (SOLER, 2007)
O primeiro episódio de surto psicótico é de certa forma assustador para os que nunca
presenciaram algo semelhante, principalmente se a pessoa for próxima. Quando as pessoas se
deparam com a estranheza do surto, não sabem como agir e nem como ajudar o sujeito que está em surto.

Durante o surto, alguns ficam demasiadamente agressivos, outros ficam nus e
podem cometer assédio sexual. Isso tudo gera desconforto e mal-estar familiar e social. Por
não saberem lidar com a situação, as famílias procuram o Estado, procurando auxílio em tal
demanda; recorrem a hospitais, postos de saúde e asilos, e muitas vezes procuram apenas se
livrar do problema, tentando internar o paciente, pois têm medo de os levarem de volta para
casa e ocorrerem novos episódios, mas depois da reforma psiquiátrica, isso não é mais
possível.
A reforma psiquiátrica propôs a reinserção dos psicóticos aos seus ambientes
familiares. O acompanhamento destes pacientes estão agora são feitos pelos Centros de
Atenção Psicossocial – CAPS, onde eles recebem os medicamentos e são realizadas rápidas intervenções e logo retornam para suas casas. Mas os desafios que eles encontram em casa são inúmeros, inaceitação, exclusão e até mesmo maus tratos tem feito parte do cotidiano desses pacientes. Muitos familiares não compreendem e nem aceitam a doença mental que
eles enfrentam, isso gera conflitos intrafamiliares e aumenta ainda mais a doença do paciente.
Portanto, é necessário que hajam novas representações sociais da loucura para que o
louco encontre seu “lugar” numa sociedade que ainda não o aceitou. A psicoeducação seria
muito relevante neste aspecto, o que contribuiria para aceitação e ajudaria na inclusão social
do sujeito psicótico. Campanhas e movimentos sociais podem e devem ser feitos a favor dos
direitos dos psicóticos, que apesar de “a-normais”, são cidadãos com os mesmos direitos de
acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos da Unicef, no artigo 1º, “todos os
seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”. (UNICEF, 1948)

CONCLUSÃO

Os conteúdos encontrados na literatura apontaram o problema social causado pela não aceitação social da loucura. Por muitos anos, os loucos sofreram muitos maus-tratos e ainda
sofrem atualmente por não terem seus direitos respeitados e seu lugar social preservado.
Apesar de não serem mais confinados na nau dos loucos, se encontram em suas “naus” da solidão e da exclusão. Dentro do próprio ambiente são rejeitados e não encontram em seus
familiares a apoio que precisavam para enfrentam sua doença mental.
A psicanálise enquanto prática clínica busca compreender e auxiliar os sujeitos em seus sofrimentos e enxerga o psicótico com um alguém que precisa de ajuda e compreensão.
Busca assim, encontrar meios que possibilitem uma melhor articulação deste com a sociedade e um tratamento que lhe promova alívio diante de suas demandas mentais.
Ainda existe a necessidade da criação de muitos outros estudos que abranjam a compreensão da psicose e que discutam o lugar social “louco” na sociedade brasileira contemporânea. Políticas públicas também devem ser discutidas visando novas representações
sociais que coloquem a loucura num lugar social melhor e mais respeitado.

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Este material sobre: PSICOSE E LAÇO SOCIAL: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA LOUCURA NA CONTEMPORANEIDADE

Foi escrito por Samuel Santos de Oliveira e Jayrton Noleto de Macedo, alunos formados no nosso Curso Livre de doutorado em psicanálise.

TRANSTORNOS DEPRESSIVOS

1. DEFINIÇÕES

1.1 Transtorno depressivo
A organização Mundial da Saúde (OMS) define depressão como um
transtorno mental caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de
prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixo autoestima, além de
distúrbios do sono ou do apetite. É também comum relatos de cansaço e falta de
concentração. A doença pode ser de longa duração ou recorrente, e na sua
forma mais grave pode culminar num suicídio.
A OMS chegou a afirmar, fundamentada em estudos e pesquisas, que
nos próximos anos a depressão será a segunda maior causa de morte mundial
por doença, ficando atras apenas das doenças cardíacas.

1.2 Neurofisiologia da depressão
Avanços nas pesquisas em psiquiatria biológica, permitiram a descoberta
de numerosas alterações neuroquímicas, neuroendócrinas e neuroanatômicas
na depressão unipolar. Essas alterações favorecem que um indivíduo com
depressão desenvolva doenças cardiovasculares.
Entre as alterações no eixo hipotalâmicopituitário-adrenocortical, hiper-
reatividade simpático-adrenal, alterações nos receptores plaquetários e aumento
na secreção de citocinas pró-inflamatórias além da instabilidade e isquemia
miocárdica relacionada ao estresse mental.
Indivíduos com transtorno depressivo possui uma desregulação no
sistema simpático adrenérgico.

A hiper-reatividade simpática-adrenérgica contribui para o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares através dos efeitos das
catecolaminas no coração, vasos sanguíneos e plaquetas. A ativação simpática
modifica as funções das plaquetas induzindo mudanças hemodinâmicas.
A inflamação e a secreção de citocinas pró-inflamatórias podem mediar a
associação entre depressão e a progressão aterosclerótica. A atividade do
sistema límbico é regulada por muitos neurotransmissores envolvidos na
fisiopatologia e possivelmente na etiologia dos transtornos mentais.
Sabe-se que os níveis séricos do hormônio cortisol estão aumentados no
indivíduo deprimido.
Estudos recentes sugerem que a depressão é um importante fator de
risco não somente para o desenvolvimento da doença coronariana (DAC), mas
também para a mortalidade entre os pacientes que sofreram infarto do
miocárdio.
Devido ao comum subdiagnóstico da depressão, os sintomas acabam
sendo atribuídos a doenças físicas, contribuindo para o agravamento e
recorrência da doença.

1.3 Conceituação histórica da depressão

A depressão é uma doença bastante comum caracterizada por uma
tristeza profunda e duradoura, acompanhada por sentimentos de menos valia,
perda do interesse em atividades, sensação de vazio, falta de energia, apatia,
desânimo, perda da esperança, pensamentos negativos e pessimistas.
Os transtornos depressivos têm recebido, por parte dos psicanalistas,
desde os pioneiros até os autores mais atuais, uma profunda e crescente.

atenção e investigação em várias linhas de abordagem, devido a sua grande
complexidade.
Freud, descreveu a depressão e a melancolia, no texto intitulado “Luto e
Melancolia” (1917). Na época, Freud escreveu, que depressão era sinônimo de
melancolia, não fazendo uma distinção clara, sendo “melancolia” a palavra mais
usada. Freud continua sua descrição da depressão com a famosa frase, diz
que, “na melancolia, a sombra do objeto cai sobre o ego”, com isso
caracterizando o quadro depressivo resultante de uma identificação do ego com
o objeto perdido. Segundo ele, quando o luto não é suficientemente elaborado,
resulta que o objeto e o ego, num processo que lembra o fenômeno da osmose,
confundem-se entre si de tal sorte que o destino de um, passa a ser o destino do
outro.
Lacan, deu continuidade ao trabalho de Freud, já em um momento
histórico diferente, onde a depressão não era assunto tão difundido na
sociedade. A tristeza, por exemplo, ele qualifica como depressão, ao se lhe dar
por suporte a alma, bem como a tensão psicológica do filósofo Pierre Janet. Mas
esse não seria um estado de espírito, mas simplesmente uma falha moral, um
pecado, o que significaria uma covardia moral, que só é situado, em última
instância, a partir do pensamento, isto é, do dever de bem dizer, ou de se
referenciar no inconsciente, na estrutura. (Lacan, 1974/2003).
Zimerman (2007), afirma que os quadros clínicos de depressão, nas suas
múltiplas formas e graus, adquirem uma crescente importância na prática
analítica, assumindo a condição de predominância na motivação para a busca
de tratamento. Segundo ele, tal afirmativa pode ser comprovada por meio dos
seguintes dados estatísticos: entre as dez mais importantes causas
incapacitantes dos indivíduos, cinco são psiquiátricas, e, nessas, a depressão –
especialmente a “depressão maior unipolar” – é a primeira delas. Ele afirma
ainda que em geral, os médicos não-psiquiatras, em uma média de 50%, não
diagnosticam, e entre os que fazem o diagnóstico, quase sempre tratam mal, equivocadamente usando benzodiazepínicos ou, acertadamente,
antidepressivos, porém em dosagens inadequadas.
Ainda segundo Zimerman, o número de depressões está aumentando,
não só em números absolutos, mas também em números relativos a outras
épocas. Importante salientar que na maioria das patologias mentais existe,
subjacente, alguma forma de base depressiva. O grande aumento do número
de pacientes deprimidos que procuram análise deve-se, segundo ele, em grande
parte, ao fato de que vem mudando o perfil da pessoa que busca alguma forma
de tratamento, psicoterápico ou medicamentoso, pois, as atuais condições
competitivas de cada pessoa para conseguir algum desfecho profissional
favorecem o surgimento da sensação de fracasso pessoal, o que afeta
severamente a autoestima e, daí a eclosão de quadros depressivos. Ele afirma
ainda, ser grande o número de “depressões subclínicas”, isto é, estados
depressivos que não se manifestam de forma habitual e clara, mas, sim, por
meio de sinais e sintomas discretos e sutis, como um estado de continuada
apatia; assim como a depressão pode se revelar por meio de manifestações
equivalentes, como a de uma hipocondria, alcoolismo, transtornos alimentares,
do sono e outros.
Para Winnicott, do ponto de vista psicológico, avalia-se a depressão como
uma experiência dolorosa, paralisante, incapacitante e solitária. Sob o aspecto
biológico, verifica-se um desequilíbrio das reações químicas responsáveis pelo
estado de ânimo e humor deprimido.
Winnicott observa a depressão por outro ângulo, afirmando que os
fenômenos depressivos possuem sua origem no estágio de amadurecimento,
sendo entendido como um fenômeno comum, consequência do luto e do
sentimento de culpa (Winnicott, 1984).
Ele afirma ainda que, a interação frágil do ego (ego fraco), por não ter sido
consolidado adequadamente, faz com que a pessoa se torne incapaz de tolerar
alguns sentimentos e pensamentos, ou administrar conflitos internos resultantes
das experiências relacionais, sucumbindo aos estados depressivos.

2. CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS
O Vocabulário Contemporâneo de Psicanálise (2001), classifica os
transtornos depressivos como resultantes de:
1. Perdas (perdas de objetos necessitados e, ambivalentemente, amados e
odiados; ou perdas de capacidades do ego).
2. Culpas (devidas a um superego demasiadamente rígido e punitivo; obtenção
de êxitos que mobilizam uma necessidade de castigo; culpas imputadas pelos
outros).
3. Fracasso narcisista.
4. Ruptura de determinados papéis impostos à criança e que o adulto repete estereotipadamente.
Zimerman (2007) classifica o estado depressivo em três tipos:
1. Atípica: era mais conhecida com os nomes de “depressão neurótica” ou
“depressão reativa”. Seu perfil é único e resulta de alguma forma de crise
existencial, por razões predominantemente internas ou externas. Geralmente
não respondem bem à medicação.
2. Endógena: resultado de causas orgânicas que manifesta-se com
sintomatologia mais típica, adquirindo características “unipolares” (os sintomas
são unicamente depressivos) ou “bipolares” (os sintomas tanto podem ser da
esfera depressiva ou, em um pólo oposto, de natureza “maníaca”). Apesar de
serem endógenas, comumente elas podem ser desencadeadas por fatores
ambientais, assemelhando-se qualitativamente à depressão atípica. Costuma
responder bem a medicação antidepressiva, quando adequadamente ministrada e, principalmente, quando acompanhada de alguma forma de terapia de base
analítica.
3. Distímica: corresponde à depressão que comumente era chamadas de
“crônica”, de duração mais prolongada que responde bem a associação de
medicamentos e terapia analítica.

2.1 DEPRESSÃO ATÍPICA
O conceito de depressão atípica refere-se àquelas formas de depressão
caracterizadas por reatividade do humor, sensação de fadiga acentuada e “peso”
nos membros, e sintomas vegetativos “reversos” (opostos aos da depressão
melancólica), como aumento de peso e do apetite, em particular por carboidratos
e hipersonia. Além disso, descreve-se como característica constante das
pessoas sujeitas a esse tipo de depressão um padrão persistente de extrema
sensibilidade à percepção do que consideram como rejeição por parte de outras
pessoas. Episódios com características “atípicas” são mais comuns nos
transtornos bipolares (I e II), no transtorno depressivo com padrão sazonal.
Especialmente no hemisfério norte, onde as estações do ano são bem definidas,
verifica-se com clareza que algumas formas de depressão acentuam-se ou são
precipitadas de acordo com um padrão sazonal; mais comumente as depressões
desse tipo ocorrem no outono e no inverno. Muitos desses pacientes têm fases
hipomaníacas na primavera, sendo classificados como do tipo bipolar II
(depressões maiores e hipomania). Frequentemente esses pacientes
apresentam algumas características sobrepostas às da depressão atípica, como
fadiga excessiva, aumento do apetite (em particular por carboidratos) e hiper
sonolência.

2.2 DEPRESSÃO ENDÓGENA
A depressão endógena é descrita como uma ocorrência espontânea, que
não guarda relação com precipitantes psicossociais, estando na dependência de
uma base que residiria no organismo. Um acontecimento organísmico, cuja
natureza ainda se ignora, provoca a depressão endógena; uma ocorrência
desfavorável no mundo próprio do paciente provoca, em certos predispostos,
uma depressão reativa; uma ocorrência orgânica — cerebral ou não, reversível
ou não — pode provocar em determinados indivíduos uma depressão. O
potencial para o desenvolvimento dessa patologia diverge de pessoa para
pessoa. Na depressão endógena, a tristeza, quase sempre originária, é descrita
como tristeza nítida, pura, saliente, clara; em outras palavras, o acontecimento
depressivo é, nas depressões endógenas, mais extrínseco à personalidade
anterior, sendo, qualitativamente, diverso das demais depressões.

2.3 DEPRESSÃO DISTÍMICA
A depressão distímica ou distimia é uma forma de depressão crônica,
não-episódica, de sintomatologia menos intensa do que as chamadas
depressões maiores. O padrão básico desses pacientes é um baixo grau de
sintomas, os quais aparecem insidiosamente, na maioria dos casos antes dos 25
anos. Apesar dos sintomas mais brandos, a cronicidade e a ausência do
reconhecimento da doença fazem com que o prejuízo à qualidade de vida dos
pacientes seja considerado maior do que nos demais tipos de depressão. Os
pacientes com transtorno distímico frequentemente são sarcásticos, niilistas,
rabugentos, exigentes e queixosos. Eles podem ser tensos, rígidos e resistentes
às intervenções terapêuticas, embora possam comparecer regularmente às
consultas. Como resultado disso, o médico pode vir a desconsiderar suas
queixas. Apesar de o transtorno favorecer um funcionamento social
relativamente estável, essa estabilidade é relativa, visto que muitos desses
pacientes investem a energia que têm no trabalho, nada sobrando para o prazer e para as atividades familiares e sociais, o que acarreta atrito conjugal e familiar.
A distimia pode ser um subtipo adaptativo de humor que se desenvolveu para
enfrentar estados de estresse ou carências. Assim, certas características de
humor deprimido poderiam conferir vantagens evolucionárias em condições
específicas, sendo benéficas em certas subpopulações e ambientes,
selecionando-os com o passar do tempo. Como uma condição mal adaptativa, a
distimia se manifesta clinicamente como um afastamento da rotina de atividades
diárias ao invés de enfrentá-las. Diferenças de gênero – dominância feminina –
em distimia e depressão também podem ter uma razão evolucionária
(Spanemberg, L.; Juruena M.F. 2004).

2.4 DEPRESSÃO PSICÓTICA
A depressão psicótica foi descrita por Winnicott e descreve os estados
depressivos relacionados a perdas que ocorrem antes ou durante a fase de
amadurecimento da criança que ainda não é capaz de reagir a perda sem
comprometimento da organização da personalidade promovendo a
desestabilização do indivíduo.
Nas depressões psicóticas, manifesta-se de forma nítida a mistura e
alternância dos estados depressivos. Podem surgir sintomas clínicos
semelhantes a esquizofrenia, devendo haver cautela no diagnóstico.

3. SINTOMAS DEPRESSIVOS

3.1 SINTOMAS PSÍQUICOS
Os sintomas psíquicos mais comuns são o humor depressivo, sensação
de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Os pacientes costumam
aludir ao sentimento de que tudo lhes parece fútil, ou sem real importância.
Acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir alegria ou prazer na vida. Tudo lhes parece vazio e sem graça, o mundo é visto sem
alegria. Certos pacientes mostram-se mais apáticos do que tristes, referindo-se
muitas vezes ao “sentimento da falta de sentimentos”. Referem já não se
emocionarem com nada, ou sentir-se indiferente ao sofrimento de um ente
querido. O deprimido, com frequência, julga-se um peso para os familiares e
amigos, muitas vezes desejando a morte. São frequentes as ideias de suicídio.
Pessoas deprimidas podem relatar que já não se interessam pelos seus
passatempos prediletos. As atividades sociais são frequentemente
negligenciadas, e tudo lhes parece sem sentido. A pessoa pode relatar fadiga
persistente, mesmo sem esforço físico, e as tarefas mais leves parecem exigir
esforço substancial. Lentifica-se o tempo para a execução das tarefas.
Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões.
Decisões antes quase automáticas parecem agora custar esforços
intransponíveis. Um paciente pode se demorar infindavelmente para terminar um
simples relatório, pela incapacidade em escolher as palavras adequadas. O
pensamento pode estar notavelmente lentificado.
Em crianças e adolescentes, sobretudo, o humor pode ser irritável, ou
“rabugento”, ao invés de triste. Podem apresentar queda em seus rendimentos
escolares, geralmente em função da fatigabilidade e déficit de atenção, além do
desinteresse generalizado.

3.2 SINTOMAS FISIOLÓGICOS
Os sintomas fisiológicos são muito frequentes e comumente se
apresentam como alterações do sono (mais frequentemente insônia, podendo
ocorrer também hiper sonolência).
A insônia é, mais tipicamente, intermediária (acordar no meio da noite,
com dificuldades para voltar a conciliar o sono), ou terminal (acordar mais
precocemente pela manhã). Pode também ocorrer insônia inicial. Com menor frequência, mas não raramente, os indivíduos podem se queixar de sonolência
excessiva, mesmo durante as horas do dia.
Podem ocorrer alterações do apetite (mais comumente perda do apetite,
podendo ocorrer também aumento do apetite). Muitas vezes a pessoa precisa
esforçar-se para comer, ou ser ajudada por terceiros a se alimentar. As crianças
podem, pela inapetência, não ter o esperado ganho de peso no tempo
correspondente. Algumas formas específicas de depressão são acompanhadas
de aumento do apetite, que se mostra caracteristicamente aguçado por
carboidratos e doces.
Esse consumo aumentado de carboidratos e doces alimenta um ciclo
perigoso, uma vez que eles  podem levar ao aumento de substâncias pró-
inflamatórias responsáveis pela liberação de neurotransmissores como o cortisol
e a noradrenalina. Em desequilíbrio, os dois tendem a aumentar o estado de
ânimo.
Encontra-se também relatos de redução do interesse sexual, retraimento
social, crises de choro, comportamentos suicidas, retardo psicomotor e
lentificação generalizada, ou agitação psicomotora. Frequentemente os
pacientes se referem à sensação de peso nos membros, ou ao “manto de
chumbo” que parecem estar carregando. Em recente revisão da literatura sobre
os estados depressivos, o item “retardo psicomotor” foi o denominador comum,
em nove sistemas classificatórios, como traço definidor da melancolia.
Na Austrália, Gordon Parker e colaboradores propuseram, para o
diagnóstico da melancolia, um sistema baseado não em “sintomas” (subjetivos),
mas em “sinais” (características objetivas, observáveis): o sistema “core”, que
tem sido cada vez mais utilizado pelos pesquisadores nessa área. Na França,
Daniel Widlöcher e colaboradores, na Salpêtrière, desenvolveram uma escala
especificamente destinada a medir o retardo psicomotor.
Deve-se observar, no diagnóstico das depressões, que algumas vezes o
quadro mais típico pode ser mascarado por queixas proeminentes de dor crônica
(cefaleia, dores vagas no tórax, abdome, ombros, região lombar, etc.). A

MANEJO CLÍNICO
Em relação às depressões endógenas, o uso de recursos
psicofarmacológicos apresenta boa resposta terapêutica, tendo em vista que
pertencem mais particularmente à área da psiquiatria, não havendo prejuízo
algum – pelo contrário – entre a concomitância do emprego da medicação e o
prosseguimento normal da análise, pelo contrário, farmacologia e terapia se
complementam no tratamento do indivíduo acometido da patologia. Um aspecto
prático que cabe ressaltar é o de que o analisando e o analista aprendam a
reconhecer e a discriminar as diferenças clínicas constantes de sinais e
sintomas típicos e específicos entre essas depressões e os estados depressivos
de outra natureza.
Quanto às depressões por perda, o analista deve considerar que esse tipo
de paciente deprimido sofreu uma profunda perda, seja ela física ou afetiva e,
por isso, se mantém em um estado permanente de carência, amargurando os
sentimentos de desesperança. São pacientes muito propensos a somatizar.
Podem se tornar pessoas vingativas e rancorosas, e, na situação analítica, esse
ressentimento crônico pode traduzir-se sob a forma de desistência. Nesses
casos, é importante a atitude psicanalítica interna do terapeuta, de forma a ele
vir a ser introjetado pelo paciente como um objeto confiável, pois consegue
conter suas angústias, demonstra prazer com sua presença, impõe-lhe limites
quando necessário, não o trai ou o engana e tampouco desaparece.
Nas depressões resultantes de significativas perdas, costuma haver por
parte do paciente uma significativa, prematura e intensa idealização da pessoa
do analista, como forma inconsciente de recuperar o lado bom e necessitado do
objeto perdido. A recomendação técnica é que o terapeuta aceite essa
idealização tão necessária para o equilíbrio de seu paciente deprimido, desde
que fique bem claro para o analista que essa idealização deve ser transitória e
vir a ser, gradativamente, desfeita.

Nos casos em que a depressão é resultante de culpas, a principal
recomendação técnica consiste na cautela que o analista deve ter diante da
costumeira possibilidade de que a compulsão inconsciente do paciente o induza
a estabelecer um vínculo analítico de natureza sadomasoquista. Se o analista
ficar contratransferencialmente envolvido, o mais provável é que suas
intervenções virão confundidas com advertências, cobranças, normas e
acusações, o que virá de encontro ao núcleo masoquista do paciente e, nessa
situação, o processo analítico desembocará em um repetitivo círculo vicioso
fechado, sem possibilidades para novas saídas. Cabe ao terapeuta, abrandar a
tirania do superego “mau” do paciente e, tanto quanto possível, transformá-lo em
um superego “bom”. Igualmente é tarefa do analista prover ao paciente a
capacidade de ele fazer discriminações entre as culpas que, de fato, são devidas
e que podem vir a ser reparadas, daquelas outras culpas que lhe foram
indevidamente imputadas – o que exige um trabalho de fazer ressignificações
que ficaram impressas no ego de forma patogênica, para que ele possa se livrar
delas.
Nos casos em que o colapso narcisista é o responsável pela depressão,
como uma consequência da decepção sofrida pelo seu ego ideal e pelo seu
ideal do ego, a ênfase da técnica analítica consiste em que se promova uma
gradual e muito difícil renúncia às suas grandiosas e ilusórias aspirações. Não é
tarefa fácil para tais pacientes reconhecer que não são o que pensavam que
eram ou gostariam de vir a ser, e que não o são e que, muito provavelmente,
nunca virão a sê-lo. De fato, é uma transição de mudança psíquica muito penosa
para o analisando, pelo fato de que o sentimento depressivo de perda de sonhos
tão caros e antigos vem mesclado com sentimento de fracasso, luto e
humilhação. Por outro lado, se o sentimento de fracasso narcisista do paciente
deve-se à sua convicção de ter decepcionado as expectativas das pessoas que
representam o seu “ideal de ego”, a técnica analítica consiste em trabalhar
sistematicamente na transferência das identificações projetivas que o paciente
reproduz com o analista, tendo em vista que este também é um importante
representante do seu ideal do ego. Nestes casos, o tipo de contratransferência despertada no analista, em cujo caso pode servir para o terapeuta como uma
“bússola empática”, ou se ela é patológica, e, nessa situação, o analista,
sobretudo quando também ele tem expectativas narcisistas em relação ao seu
paciente, acaba reforçando ainda mais no paciente a sensação de ser um
fracassado.
Podem ocorrer também as pseudodepressões, neste caso, o aspecto
mais importante a ser destacado é a necessidade de o psicanalista ter bem claro
para si a distinção entre as aparências falsas de depressão e os verdadeiros
estados depressivos. Uma vez estabelecida a diferença, o manejo técnico
consiste em fazer o respectivo desmascaramento da falsidade das queixas
depressivas, acompanhado da atividade interpretativa enfocada nas fantasias
inconscientes responsáveis por essa estruturação enganosa.
Nos casos em que está justificado o uso de medicação antidepressiva, é
necessário que o analista tenha em mente que o mais indicado é que haja uma
complementação entre o uso medicamentoso e a concomitância da terapia
analítica. Isoladamente, um deles, sem o auxílio do outro, perde em muito a
eficácia.
Os terapeutas da atualidade estão, cada vez mais, levando em
consideração os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, mesmo que não
muito específicos, bem como a existência de depressões em crianças e
adolescentes, com características específicas da faixa etária, e que merecem
uma atenção acurada, contando, se necessário, com a colaboração de
psicofármacos. Observa-se que, entre os adolescentes depressivos, existem
claras evidências de que há um grande risco de que a depressão não seja
superada e que possam resultar diversos problemas em etapas posteriores da
vida, incluindo a depressão maior (TDM) e a possibilidade de suicídio.
(Zimerman, 2008)

ALBERTI, S. Depressão: o que o afeto tem a ver com isso? In: Atas das
Jornadas Clínicas para o Corte Freudiano, dezembro de 1989, p. 102-9.
COSER, O. Depressão: clínica, crítica e ética [online]. Rio de Janeiro: Editora
FIOCRUZ, 2003. 170 p. Coleção Loucura & Civilização. ISBN: 85-7541-030-X.
http://books.scielo.org/id/6gsm7/pdf/coser-9788575412558-05.pdf acessado em
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FREUD, Sigmund. Obras completas volume XIV, “Luto e melancolia” (1917
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http://lacanempdf.blogspot.com/ acessado em 20/03/2021
MELTZER, Donald. O desenvolvimento Kleniano II. São Paulo: Escuta 1989
REZENDE, Ariadne A.; MORAES, Engelberg. Depressão na obra de Winnicott.
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ZIMERMAN, David E. Fundamentos Psicanalíticos. Porto Alegre: Artmed 1999.
ZIMERMAN, David E. Manual da Técnica Psicanalítica. Porto Alegre: Artmed
2004.
ZIMERMAN, David. Vocabulário Contemporâneo de Psicanálise. Porto Alegre:
Artmed 2001.

Este material sobre: Transtornos depressivos , foi escrito por Isis Claudia Cabral, aluna formada no nosso Curso Livre de doutorado em psicanálise.

PSICOPATAS E SUAS PSICOPATIAS

PSICOPATAS, QUEM SÃO ELES?

Etimologicamente, psicopatia vem do grego psyché – alma; e pathos – enfermidade. O psicopata é alguém que tem a alma doente ou mente doente.
No entanto, apesar de ser um dos transtornos mentais mais intrigantes bem como cruel, em termos médico-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças mentais. Os psicopatas não são considerados loucos nem apresentam algum tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações e tampouco apresentam intenso sofrimento psíquico.

Na verdade, os psicopatas agem de maneira lúcida, fria e calculista sem deixar qualquer rastro de uma mente adoecida. Eles são bem articulados, sua oratória ilibada é tão envolvente que é capaz até mesmo de envolver os seus entrevistadores. Os psicopatas agem livremente no anseio desmedido de satisfazer suas próprias necessidade ou vontade independente se as pessoas sentem-se afetadas com isso.

Em ralação a sociedade, eles clandestinamente incomodam, criam problemas irreparáveis, são esquisitos ou diferentes, infringem a lei e os costumes sociais, não se adaptam ao sistema cotidiano, não produzem e não rendem.

Os psicopatas agem rompendo tudo que regem a sociedade como um todo, pois eles acreditam ser o centro do universo. Eles tem uma visão narcisistas demasiada de seu relevado grau de relevância. Vivem com o ego inflado, pensam ser o centro das atenções e superiores a todos os outros que compõe o planeta terra e, que por esta razão, acredita que tem o direito de criar suas próprias regras.

Indivíduos com psicopatias assim com sujeitos que sofrem do transtorno de personalidade narcisista são bons em dá atenção somente aquilo que o interessa e, que sobretudo, lhe proponha favorecimentos. Se não há recompensa, então não possibilidade do psicopata lhe dá atenção.

O psicanalista Robert Lindner em 1944 escreveu um estudo clássico sobre a psicopatia criminosa. Lindner via a psicopatia como uma praga, uma força terrível cujo potencial destrutivo é extremamente subestimado. Ele descreveu os psicopatas na sua relação com a sociedade. Citado o autor em pauta, Hare (2013, p. 93) diz:

psicopata é um rebelde, um zeloso infrator dos códigos e padrões prevalentes, um rebelde sem causa, um agitador sem bordão, um revolucionário sem programa;
em outras palavras, o alvo de sua rebeldia é alcançar
objetivos capazes de satisfazer apenas a ele próprio; é incapaz de esforços em prol dos outros. Todos os seus esforços, sob qualquer que seja o disfarce, representam investimentos destinados a satisfazer suas vontades e desejos imediatos.

Para o autor, diante desta perspectiva, a cultura pode mudar, mas o “rebelde” psicopata continua o mesmo. Os psicopatas podiam ser encontrados, com frequência, no limiar da sociedade, onde “cintilam com o brilho de sua liberdade pessoal, onde “não há as rédeas nem os freios da comunidade, nem nenhum tipo de limite, tanto no sentido físico quanto no psicológico.

Os psicopatas falam copiosamente. Contam suas histórias mirabolantes com o intuito de convencer ou cativar seu ouvinte. Eles não se importam se forem pegos na mentira, e se por acaso forem pegos na mentira, forjam uma leviana preocupação ou trocam de assuntos. Portanto, diante disto, eles agem de forma friamente natural como se nada tivesse acontecido.

Suas longas conversas acontecem na expectativa de proporcionar uma boa impressão na vítima. Eles mentem sobre suas supostas conquistas e títulos acadêmicos.

Os psicopatas com frequência são espirituosos e articulados. Sua conversa pode ser divertida e envolvente; podem ter sempre uma resposta inteligente na ponta da língua e são capazes de contar histórias improváveis, mas convincentes, que os colocam em posição favorável.
(HARE, 2013, p. 50).

Os psicopatas de acordo com o autor acima, ao se apresentar,
costumam ser muito efetivos e, com frequência, mostram-se agradáveis e atraentes. Para alguns, porém, eles parecem pretensiosos e lisonjeiros demais, claramente falsos e superficiais. Observadores astutos costumam ter a impressão de que os psicopatas estão desempenhando um papel, “repetindo suas falas” mecanicamente.

Os psicopatas acreditam ser autossuficiente e, sobretudo, pensam que sua única fraqueza está em ser caridoso em extremo. Devido a sua autoconfiança e soberba pensam ser capazes diante de um tribunal elaborar sua própria defesa. A ostentação e o glamour emergem de maneira dramática
na vida dos psicopatas diante dos seus julgamentos. Muitas vezes, eles chegam até mesmo demitir seus advogados, na soberba ideia que são capazes de realizar suas próprias defesas.

A psicopatia é um dos transtornos ou perturbação da personalidade mais estudada tanto pelos profissionais da saúde mental tanto por aqueles que desejam está informado do assunto para terem um certo cuidado quando estiver de frente com esses indivíduos. Uma das maiores autoridade no assunto, o psicólogo Hare (2013), “psicopatia é um transtorno da personalidade definido por um conjunto específico de comportamentos e de traços de personalidade inferidos, a maioria deles vista pela sociedade como pejorativa”.

Apesar de ser um assunto tanto quanto intrigante e que causa
curiosidade em muitas pessoas, o primeiro estudo sobre psicopatas só foi publicado em 1941, com o livro The mask of sanity (A máscara da sanidade), de autoria do psiquiatra americano Hervey Cleckley. Na introdução do livro, Cleckley deixa claro que sua obra aborda um problema “muito conhecido, mas ao mesmo tempo ignorado pela sociedade como um todo”. Ele cita diversos casos de pacientes que apresentavam um charme acima da média, uma capacidade de convencimento muito alta e ausência de remorso ou arrependimento em relação às suas atitudes.
Destarte, os tempos são outros, e por isso vivemos tempos em que a informação são requisitos fundamentais para não somente empregarmos pessoas nos grandes centros corporativos, mas sobretudo, para lidarmos no dia-a-dia e principalmente sabermos com quem nos relacionamos, bem como levamos para o nosso lar.

Com base nos estudos de Cleckley, o psicólogo canadense Robert Hare, dedicou anos de sua vida profissional reunindo características comuns de pessoas com esse tipo de perfil, até conseguir montar, em 1991, um sofisticado questionário denominado escala Hare e que hoje se constitui no método mais confiável na identificação de psicopatas.

Obviamente, ficou menos complicado com a criação deste método, pois assim os especialista da saúde mental, ganhou mais credibilidade em seu diagnóstico, uma vez que a escala de Hare mostrou-se mui fidedigna.

De acordo com a psiquiatra Silva (2014), “o diagnóstico da psicopatia ganhou uma ferramenta altamente fidedigna”. A autora citada acima explica que a escala Hare também recebe o nome de psychopathy checklist, ou PCL, e sua aceitação e relevância têm levado diversos países a utilizá-la como um
instrumento de grande valor no combate à violência e na melhoria ética da sociedade.

O PCL examina, de forma detalhada, vários aspectos da personalidade psicopática, desde os ligados aos sentimentos e relacionamentos interpessoais até o estilo de vida dos psicopatas e seus comportamentos evidentemente antissociais. Especialistas explicam que o PCL é uma complexa ferramenta
cuja utilização clínica somente deve ser feita por profissionais ou instituições qualificados. A simples identificação de alguns sintomas não é suficiente para a realização do diagnóstico da psicopatia. Muitas pessoas podem ser sedutoras, impulsivas, pouco afetivas ou até mesmo terem cometido atos ilegais, mas nem por isso são psicopatas.

O psicólogo canadense Robert Hare, diz que a prevalência desses indivíduos na população carcerária gira em torno de 20%. No entanto, essa minoria é responsável por mais de 50% dos crimes graves cometidos quando comparados aos outros presidiários. Além disso, tudo indica que esses números também são válidos para os psicopatas que se encontram fora do sistema penitenciário.

A psicopatia mostra-nos níveis diversos quanto a sua gravidade: leve, moderado e grave. A psiquiatra Silva em seu livro Mentes Perigosas (2014), explica estes níveis da seguinte maneira:

os primeiros se dedicam a trapacear, aplicar golpes e pequenos roubos, mas provavelmente não “sujarão as mãos de sangue” nem matarão suas vítimas. Já os últimos botam verdadeiramente a “mão na massa”, com métodos cruéis sofisticados, e sentem um enorme prazer com seus atos brutais. Mas não se iluda! Qualquer que seja o grau de gravidade, todos, invariavelmente, deixam marcas de destruição por onde passam, sem piedade.

De acordo com a autora em apreço, a parte racional ou cognitiva dos psicopatas é perfeita e íntegra, por isso sabem perfeitamente o que estão fazendo. Quanto aos sentimentos, porém, são absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e de profundidade emocional. Assim, concordo plenamente quando alguns autores dizem, de forma metafórica, que os psicopatas entendem a letra de uma canção, mas são incapazes de compreender a melodia.

Paradoxalmente, uma vez que os psicopatas sabem exatamente o que estão fazendo, por outro lado, eles não tem capacidade de formar imagens mentais relacionado as suas dantescas atrocidades.
Estes fatores faz com que as características do transtorno sejam percebida em suas diversas maneiras, isto é, nem todos os psicopatas apresentam as mesmas características em números e graus iguais.

Características dos Psicopatas

São insensíveis;
Apresentam parasitismo;
Tem autoestima inflada;
São estupidamente frios;
São extremamente calculistas;
São inescrupulosos e dissimulados;
Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos;
Eles também apresentam comportamentos fantasiosos;
Eles também facilmente se ofendem;
São denominados “cabeça quente” ou “pavio curto”;

Eles também são:

Egocêntricos;
Megalomaníacos;
Indiferente ao próximo;
Sem emoção;
Manipuladores;
Cheio de lábia;
Desrespeitosos;
Apresentam luxúria;
Sem consciência;
Fingem emoção;
São desprovidos de consciência;
Revelam ausência de empatia ou remorso.

Volátil,
Mentirosos,
Aproveitadores da boa fé dos outros,
Sede por adrenalina,
Desejo desmedido de dominância,
Comportamentos violentos e manipuladores,
Transgressores de regras sociais;

Eles também são especialistas na arte de provocar uma boa impressão de acordo com sua conveniência.

Em seu livro Psicopatas do cotidiano, Katia Mecler (2014), ressalta sobre alguns traços dos psicopatas:

nos seduzem, manipulam, surpreendem, espantam,
assustam, sufocam. Tudo em seu comportamento é
exagerado: amor demais, carência demais, desconfiança
demais, controle demais, raiva demais. Invariavelmente,
passam a impressão de que alguma coisa está fora da
ordem.

Os psicopatas são explosivos e agressivos, e isso pode acontecer num pequeno espaço de tempo, para logo depois, eles agirem surpreendentemente como se absolutamente nada tivesse acontecido. É normal muitas vezes que diante dos ataques súbitos dos psicopatas as pessoas pensarem que eles
estão tendo um ataque de loucura, no entanto, é importante entender que todo processo de raiva dos psicopatas estão tudo friamente calculado, isto é, eles sabem exatamente o que fazendo.

Eles não conseguem manter seu súbito ataque pela carência de
emoção. Diante desta perspectiva, (SILVA, 2014), diz que eles “rapidamente se recompõem, até porque lhes falta a verdadeira emoção vivenciada pelas pessoas comuns quando estas perdem a cabeça”.

De acordo com a autora citada acima, um psicopata, quando perde o controle, sabe exatamente até onde quer ir para magoar, amedrontar ou machucar uma pessoa. Apesar de tudo isso, recusa-se a admitir que tenha problemas em controlar seu temperamento. Ele descreve seus episódios agressivos como uma resposta natural à provocação a que foi submetido. Daí a se colocar como vítima de toda a situação é um passo muito pequeno!

O diagnóstico para os psicopatas ainda é algo muito complexo. Tudo isso ao fato deles apresentarem uma gangorra de característica positiva e negativa, no entanto, essa gangorra os torna poderosos.

Vemos alguns traços:

Eles apresentam ausência de nervosismo;
São indiferentes;
Também são egoístas e dissimulados;
São autocentrados;
Impiedosos;
Misantropos;
São desprovidos de quaisquer sentimentos;
Os psicopatas também são indiferentes a todas as matérias da vida em si,
Eles também apresentam comportamento transgressor;
Falhas em seguir qualquer plano especifico de vida;
Mente trapaceira;
Apresenta ausência de culpa;
Não sentem nenhum embaraço em relação a dívidas ou pendências;
Recusam uma educação que o direcione à uma carreira qualificada, pois julgam serem detentores ou possuidores de habilidades excepcionais;

Os psicopatas também pintam suas vítimas como os verdadeiros vilões, eles também têm todas as ferramentas de que precisam para fraudar, manipular e enganar a quem deseja. Eles são convincentes, encantadores, sabem persuadir, são seguros de si, hábeis em situações sociais, frios sob pressão, inteiramente implacáveis e, sobretudo não se intimidam com o risco de serem flagrados.
O catedrático sobre psicopatia, o psicólogo canadense Robert Hare (2013, p. 20), explica alguns traços dos psicopatas:

reunidas, as peças desse quebra-cabeça formam a
imagem de uma pessoa autocentrada, fria, que não sente
remorso, com profunda falta de empatia, incapaz de
estabelecer relações emocionais calorosas com os outros;
uma pessoa que age sem as restrições da consciência.
Se você parar para pensar, vai perceber que, nesse
quadro, faltam justamente as qualidades que permitem ao
ser humano viver em harmonia social.

Citando Cleckley, o psicólogo Robert Hare (2013, p. 43), diz:

“beleza e feiura, exceto em um sentido superficial,
bondade, maldade, amor, horror e humor não têm
nenhum significado real, nenhuma força que o mova.
Além disso, não tem capacidade de entender como os
outros são tocados por essas coisas. É como se fosse
cego a cores, a esse aspecto da existência humana,
embora tenha uma inteligência aguçada. Ele não pode
entender nada disso porque não há nada, em nenhum
ponto de sua consciência, que possa preencher a lacuna
necessária a uma comparação. Ele pode repetir as
palavras e dizer com loquacidade que está
compreendendo, mas não tem como saber que não
compreende”.

Os psicopatas desconhece a magia de sentir a poética melodia de uma
bela canção. O céu azul não passa de uma nuvem cinzenta para eles. Eles
sabem agir como se estivesse apaixonado, mas são incapazes de sentir o calor
voraz de uma paixão. Eles sabem a natureza de fazer um filho, mas não
entendem e nem tem a capacidade de propor um amor fraternal. O amor dos
psicopatas é insipido e desunamos. Portanto, viver na espera de afetividade de
um psicopata é uma infindável ilusão.

Os psicopatas não são loucos, apesar do seu comportamento insano

Apesar de carregar todos esses traços pesados, os psicopatas não são
classificados como loucos. Sei que o leito está pensando que é uma loucura
em pensar que os psicopatas assassinos não são loucos, mas é verdade. De
acordo com os padrões psiquiátricos eles não apresentam quaisquer indicio de
insanidade mental.
Seus atos aparentemente insano não resultam de uma mente
caoticamente perturbada, mas de uma mente racional, fria e, sobretudo,
calculista. Por isso, é que eles tratam as pessoas sem se importar com os
sentimento alheios. “Esse comportamento moralmente incompreensível exibido
por uma pessoa aparentemente normal nos deixa desnorteados e impotentes”
(HARE, 2013, p. 23).
É importante frisar que os psicopatas ou pessoas que tem traços de
psicopatia não são todos necessariamente assassinos em série bem como
indivíduos que realizam crimes hediondos.
Porém, vale ressaltar que há psicopatas que levam a vida de boa,
trabalham, criam família como outras pessoas comuns. A médica psiquiatra
Ana Beatriz Barbosa (2014) diz:

“Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar
intrigas, destruir sonhos, mas não matam. E, exatamente
por isso, permanecem por muito tempo, ou até uma vida
inteira, sem ser descobertos ou diagnosticados. Por
serem charmosos, eloquentes, inteligentes, envolventes e
sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de
quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados
de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos.
Visam apenas o benefício próprio, almejam o poder e o
status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são
mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos,
pedófilos, líderes natos da maldade” (SILVA, 2014).

Para autora em tela, é preciso estar atento para o fato de que, ao
contrário do que se possa imaginar, existem muito mais psicopatas que não
matam do que aqueles que chegam à desumanidade máxima de cometer um

homicídio. Cuidado: os psicopatas que não matam não são, em absoluto,
inofensivos! Eles são capazes de provocar grande impacto no cotidiano das
pessoas e são igualmente insensíveis. Estamos muito mais propensos e
vulneráveis a perder nossas economias ao cair na lábia manipuladora de um
golpista do que perder a vida pelas mãos dos assassinos.

Os psicopatas sentem prazer em proporcionar desprazer nas suas

vítimas

Os psicopatas são sujeitos que de certa forma biológica ou psicológica
não conseguem discernir emoções. O jogo deles está sempre fitado sempre na
autopromoção e no poder sempre a custas dos indivíduos desprovidos de
conhecimento sobre a seu respeito. Eles são, portanto, capazes de atropelar
pelo simples fato de saciar seu egocentrismo inflado.
Outro ponto também importante a se destacar é quando pensamos em
psicopatia, vem à mente um alguém com cara de sisudo, sagaz, truculento, de
aparência maltratada, pinta de assassino ou serial killer e desvios
comportamentais tão claro que poderíamos reconhecê-lo ao primeiro olhar. No
entanto, isso é uma inverdade, pois, muitos diante desta crença são pegos por
esses indivíduos.
Para os desavisados, é importante se municiar dos traços citados no
decorrer desta obra para não serem pego de surpresa. Contudo, mesmo sendo
detentores dos fatores que tornam um indivíduos com psicopatia, não nos
imune de hora ou outro sermos pegos pelos psicopatas. Em seu livro Mentes
perigosas, a psiquiatra Ana Beatriz (2014) diz:

Os psicopatas enganam e representam muitíssimo bem!
Seus talentos teatrais e seu poder de convencimento são
tão impressionantes que eles chegam a usar as pessoas
com a única intenção de atingir seus sórdidos objetivos.
Tudo isso sem nenhum aviso prévio, em grande estilo,
doa a quem doer.

Diante disto, de acordo com a autora em pauta esses “predadores
sociais” com aparência humana estão por aí, misturados conosco, incógnitos,
infiltrados em todos os setores sociais. São homens, mulheres, de qualquer
etnia, credo ou nível social. Trabalham, estudam, fazem carreiras, casam, têm
filhos, mas, definitivamente, não são como a maioria das pessoas: aquelas a
quem chamaríamos de “pessoas do bem”.
A personalidade dos psicopatas são externo e superficialmente
irrepreensível e, por isso, não revela qualquer sinal de variação ou distorção.
Cleckley (1988, p. 247), diz que o psicopata “conduz no que é considerado
consciência normal sobre as consequências e sem influências distorcidas de
qualquer demonstração de um sistema delirante. Sua personalidade externa é
aparentemente ou superficialmente intacta e sem sinais de distorção”.
Os psicopatas em casos absolutamente extremos assassinam a sangue-
frio, com requintes de crueldades, sem medo nem remorso ou arrependimento.
O mais grave de tudo isso, é que não sabemos que de fato é um
individuo tirano. Eles moraram dentro até mesmo do nosso lar. Eles podem ser
nossos patrões, colegas de trabalho, amigo de faculdade, namorado, primo,
pai, mãe, vizinhos ou até você mesmo pode ser um psicopata. O fato é que,
muitos transitam bem próximos de nós sem deixar rastros de sua impiedosa
personalidade.
Katia Mecler (2015), em seu livro Psicopatas do cotidiano diz:

O psicopata do cotidiano tanto pode ser um líder místico
que convence seus seguidores ao suicídio coletivo quanto
um garoto que depreda patrimônio público e posta foto de
seu ato na internet. Mas seus traços de personalidade
também aparecem nos motoristas que perdem a cabeça
no trânsito, nos vizinhos que vão parar na delegacia após
uma discussão no condomínio ou nos pais e nas mães
que fazem chantagem emocional com os filhos até levá-
los a tomar atitudes contrárias às suas vontades.

Por isso, é importante que saibamos que os psicopatas não estão
apenas nos presídios, porém, mas perto do que imaginamos. Muitos deles

podem está no poder público, bem como regendo as grandes empresas de
nossas nações. O psicopata é um ser que realiza sua malvadez nos bastidores
emocionais e psicológicos de suas vítimas.
É comum indivíduos como os psicopatas agirem arrogantemente
revelando a sua prepotência vaidosa e também vive sem qualquer tipo de
vergonha diante dos seus atos.
Os psicopatas são extremamente seguros de si, são de opinião firme e
controladores ao extremo. E vivem sempre invalidando a opinião de outras
pessoas. Como já disse, eles são tão dissimulado que dificilmente sentem-se
constrangidos com problemas jurídicos, financeiros ou pessoais. “Em vez
disso, consideram esses problemas como derrotas temporárias, resultado de
má sorte, de amigos traidores ou de um sistema injusto e incompetente”
(HARE, 2013, p. 53).
Em caso extremo os psicopatas são, sobretudo, seres cruéis que não se
importam com a dor alheia e que destrói não somente o corpo, mas que,
também, vampirizam a alma humana, deixando a emoção de suas vítimas em
frangalhos, sem razão para continuar vivendo nesta diminuta existência. Morar
com um psicopata é um convite fantasmagórico pra viver na antessala do
inferno.
Não obstante a isto, vale ressaltar que todos nós temos traços
corriqueiros que indivíduos com psicopatia comentem e nem por isso somos
psicopatas. Pelo simples fato de estamos nesta existencia estamos sujeito aqui
e acolá magoar, insultar, mentir e cometer de injustiça com alguém. Somos
seres humanos, sujeitos a falhas e como ressaltou a psiquiatra Silva (2014),
que “nem sempre estamos com nossa consciência funcionando cem por cento:
somos influenciados pelas circunstâncias ou pelas necessidades”.
Ao contrário de nós que somos assaltados pelo senso ético de culpa que
nos faz refletir sobre nossa conduta, os psicopata está na ausência de
altruísmo, da empatia e do arrependimento. Eles fazem seus atos insanos
conscientes por mera diversão e sem qualquer vestígio ressentimento ou
arrependimento.
Existem muitos criminosos que cometeram atos inumanos que não são
considerados psicopatas. Por isso, é bom ressaltar que os psicopatas não são
os únicos a cometerem atos insanos.

É comum os vizinhos ou até mesmo parentes ficarem surpreso quando
descobrem as atrocidades de um psicopatas. Alguns ficam estupefatos diante
da desumanidade que agiu aquele que ela considerava a pessoa mais
formidável que já conheceu.
Esta obra trata-se apenas fatos teóricos baseados em intensas
pesquisas. Não dissecarei sobre alguns fatos verídicos pelo fato da
complexidade de entrevistar algum psicopata e, que, sobretudo, reconhecer ser
um detentor da psicopatia.
Por isso, concordo com a médica psiquiatra Ana Beatriz (2014), quando
em seu livro Mentes perigosas diz:

é um grande e limitante problema em realizar pesquisas
sobre os psicopatas é que elas, em geral, só podem ser
feitas em penitenciárias, e isso é perfeitamente
compreensível. Afinal, é muito difícil um psicopata
subcriminal, ou seja, aquele que nunca foi preso ou
internado em instituições psiquiátricas, falar
espontaneamente sobre seus atos ilícitos.

Para autora acima, na grande maioria das vezes, eles não possuem
nenhum interesse em revelar algo significativo para os pesquisadores ou
mesmo para os funcionários do presídio, e, quando o fazem, tentam manipular
a verdade somente para obter vantagens, como a redução da pena por bom
comportamento e colaborações de cunho social.
Tentar entrevistar ou realizar um trabalho terapêutico com um psicopata
é quase um trabalho em vão. Eles não acreditam precisar de ajuda psicológica
uma vez que acreditam serem detentores de uma ilibada estrutura psíquica.
Diane disto, perceba que realizar uma terapia no desejo de tirar deles verdades
e desiquilíbrio emocional já é uma tarefa difícil agora imagine conviver com
eles.
Apesar dos psicopatas serem inteligentes e bem articulados, contudo, é
bem arriscado senão quase impossível conviver com um psicopata, pois eles
podem assumir qualquer papel para conseguir o que desejam. A certeza é que
sempre a vítima sempre sairá com danos físicos e emocionais irreparáveis. Os

psicopatas podem ter inúmeras facetas, isto é, ora eles são encantadores e
amigáveis e para outro, porém, são pessoas insensíveis.
Os psicopatas não estão apenas nos manicômios ou nos presídios de
segurança máxima de nosso país, mas, sobretudo, estão nos cargos de poder
público regendo erroneamente e atuando com toda sua sagacidade.
Hare psicólogo canadense em diversas vezes na sua obra, chama os
psicopatas de “predadores sociais”. Que vivem na busca desenfreada de
conquista e manipular todos aqueles que cruzam seu caminho. Para o
psicólogo, o psicopata deixa um rastro nos corações partidos de suas vítimas,
sem nenhum remorso ou arrependimento.

Sem nenhuma consciência ou sentimento, tomam tudo o
que querem do modo mais egoísta, fazem o que têm
vontade, violam as normas e expectativas sociais sem a
menor culpa ou arrependimento. Suas vítimas,
desnorteadas, perguntam em desespero: “Quem são
essas pessoas?”, “Por que elas são assim?”, “Como
podemos nos proteger?” (HARE, 2013).

Para o autor citado acima, muitos psicopatas nunca vão para a prisão
nem para alguma outra instituição. Eles parecem funcionar razoavelmente
bem, são advogados, médicos, psiquiatras, acadêmicos, mercenários, policiais,
líderes religiosos, militares, empresários, escritores, artistas, etc., e não
infringem a lei ou, pelo menos, não são descobertos nem condenados. Esses
indivíduos são tão egocêntricos, frios e manipuladores quanto o psicopata
criminoso típico; porém, sua inteligência, formação familiar, habilidades sociais
e circunstâncias de vida permitem que construam uma fachada de normalidade
e que consigam o que querem com relativa impunidade.
Os psicopatas não andam nas vielas da cidade ou dos becos escuros da
periferia. Eles não andam sisudo com a cara fechada ou aparentando alguém
mal encarado. Ao contrário, eles são elegantes, bem articulados, bem trajados,
usam de forma inigualável sua arte de persuasão.
Os psicopatas andam dentro de ternos valiosos com sorrisos
encantadores exercendo cargos políticos de nossa nação. Eles vestem belos

jalecos exercendo o desejado cargo de médico, contudo, ao invés de curar
nossas crianças, esses pedófilos criam nelas uma ferida incurável. Eles
também vestem-se de poder nos centros corporativos relevantes de nossa
cidades.
Os psicopatas inúmeras vezes são pessoas de alto patamar, são
pessoas conceituadas do Brasil e detentor de um currículo invejável. Eles
podem está vestido de juiz, desembargador, professor, médicos, líderes
religiosos. Os psicopatas também estão envolvidos em transgressões sociais,
como tráfico de drogas, estelionatos, corrupção, roubos, assaltos à mão
armada, fraudes no sistema financeiro, agressões físicas, violência no trânsito
e familiar.
Esses indivíduos agem de maneira tão discreta que raramente são
penalizado pelo seu comportamento criminoso. Um exemplo bem comum de
suas atrocidades são o abuso físico realizado nas esposas, filhos, funcionários
e amigos. Silvia (2014) diz que “se existe uma “personalidade criminosa”, esta
se realiza por completo no psicopata. Ninguém está tão habilitado a
desobedecer às leis, enganar ou ser violento como ele”.
Portanto, esta obra tem por objetivo propor ao leitor uma compreensão,
bem como protege-los dos laços malignos dos psicopatas sociais anônimos
que compões nossa sociedade tristemente falida emocionalmente.

2 – O PSICOPATA E SUAS PSICOPATIAS

Os psicopatas são desprovidos do medo

O medo é uma característica bem comum para os psicopatas, isto é,
eles são absolutamente desprovidos de medo. Aquilo que nos causaria
arrepios, para os psicopatas não passa de algo comum como passeia pela
varanda serena de uma casa.
O medo trata-se de uma emoção primária que atua como um
mecanismo de defesa, ou seja, ela é necessária para nossa sobrevivência e,
sobretudo, no impede de tomar decisões incoerentes.

O medo proporciona sensações psicológica e física desagradáveis. Silva
(2014) diz que o medo provoca sensações como “suor nas mãos, coração
acelerado, boca seca, tensão muscular, tremores e até náuseas e vômitos”.
Para os psicopatas, estes tipos de emoções ou sensações não significa
absolutamente nada, pois o medo é algo que os psicopatas jamais
experimentarão. “Para eles, o medo, como a maioria das emoções, é algo
incompleto, superficial, cognitivo por natureza (apenas um conceito de
linguagem) e não está associado a alterações corporais” (SILVA, 2014).
A autora em tela ainda traz luz ao fato corroborando que alguns
presidiários identificados como psicopatas foram submetidos à visualização de
cenas de conteúdo chocante. Esse conjunto de imagens editadas mostrava,
entre outras coisas, corpos decapitados, torturas com eletrochoques, crianças
esquálidas com moscas nos olhos e gritos de desespero. Enquanto as pessoas
comuns ficariam arrepiadas e com reações físicas de medo só de imaginar tais
situações, esses psicopatas não apresentaram sequer variação dos batimentos
cardíacos.

Experimentos de laboratório que utilizam registros
biomédicos têm mostrado que os psicopatas não têm as
respostas psicológicas normalmente associadas ao medo.
O medo impede que façamos coisas erradas – “Faça isso
e vai se arrepender”. Isso não acontece com os
psicopatas; eles simplesmente mergulham de cabeça,
talvez sabendo o que pode acontecer, mas sem dar a
mínima para isso (HARE, 2013, p. 68).

De acordo com o pensamento do autor em tela, para os psicopatas, o
medo, assim como as outras emoções ou uma parte delas é de natureza
incompleta, “rasa” e, sobretudo, amplamente cognitiva e não envolve o
turbilhão fisiológicas que a maioria de nós acha distintamente inconvenientes e
quer evitar ou reduzir.

Os psicopatas são especialistas em manipulação

Manipular, mentir e enganar são talentos naturais e corriqueiros dos
psicopatas. Os psicopatas são talentosos em mentir. Eles são verdadeiros
atores da manipulação, ou seja, para manter seus desejos sempre supridos,
eles agem de forma sutil, dissecando suas histórias mirabolantes e, sobretudo,
se passando por um catedrático do saber humano pelo simples fato de manter
sob seu domínio sua frágil presa.
Este livro trata-se também de uma ferramenta introdutória que revela
alguns traços dos psicopatas, a partir do conhecimento sobre eles, não
seremos pegos desprovidamente. É importante termos conhecimento o
suficiente a respeito destes sujeitos, pois eles não são pessoas desprovida do
saber. Silva (2014) diz que psicopatas “tentam demonstrar conhecimento em
diversas áreas, como filosofia, arte, literatura, sociologia, poesia, medicina,
psiquiatria, psicologia, administração e legislação”.
Diante disto, é bem comum eles esbanjarem sabedoria e além disso,
eles elencam desabridos termos técnicos dos mais variados temas do saber
humano na busca macabra de encantar suas vítimas desavisadas.
Por isso, é incoerente pensar que os psicopatas se importam com
alguém por mais que suas atitudes aparentam bondade. Os psicopatas,
portanto, não costumam se relacionar com indivíduos por questões emocionais
verdadeira, mas sim para se aproveitar do que essas pessoas tem a lhe
oferecer. Suas atitudes em relação a outras pessoas trata-se de algo que elas
podem oferecer.
Para médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, em seu livro Mentes
perigosas (2014) diz que os psicopatas são os vampiros da vida real, a autora
explica este fato da seguinte maneira:

Não é exatamente o nosso sangue o que eles sugam,
mas sim nossa energia emocional. Podemos considerá-
los autênticas criaturas das trevas. Possuem um
extraordinário poder de nos importunar e de nos
hipnotizar com o objetivo maquiavélico de anestesiar
nossa capacidade de julgamento e nossa racionalidade.
Com histórias imaginárias e falsas promessas, fazem-nos
sucumbir ao seu jogo, e, totalmente entregues à nossa

própria sorte, perdemos nossos bens materiais ou somos
dominados mental e psicologicamente.

Para psiquiatra citada acima, convidar um psicopata a entrar em nossa
vida e, quase sempre, só percebemos o erro e o tamanho do engodo quando
eles desaparecem inesperadamente, deixando-nos exaustos, adoecidos, com
uma enorme dor de cabeça, a carteira vazia, o coração destroçado e, nos
piores casos, com vida perdida.
Os prejuízos são irreparáveis. Por onde eles passam, deixam rastros de
destruição. Além da dificuldade de se responsabilizarem pelas suas atitudes
insanas, eles costumam pensar que são o centro das atenções e que as luzes
de lisonjas devem está sempre em torno deles.

Os psicopatas são mentirosos contumazes

Os psicopatas apresentam real orgulho da sua impiedosa habilidade de
mentir. Suas mentiras são tão costumeira ou patológico que as vezes eles não
se dão conta da veracidade de suas mentiras e acabam que acreditando
piamente nelas. Eles conseguem forjar até mesmo copiosas lágrimas para
aparentar um sentimento alheio.
Os psicopatas são mentirosos habilidosos. Eles mentem com maestria
sem se importar se serão pegos mentindo. Eles mentem olhando nos olhos de
suas vítimas sem pestanejar. Com razão Silva (2014) diz:

Os psicopatas são mentirosos contumazes, mentem com
competência (de forma fria e calculada), olhando nos
olhos das pessoas. São tão habilidosos na arte de mentir
que, muitas vezes, podem enganar até mesmo os
profissionais mais experientes do comportamento
humano. Para os psicopatas, a mentira é como se fosse
um instrumento de trabalho, utilizado de forma sistemática
e motivo de grande orgulho.

De acordo com a autora em tela, mentir, trapacear e manipular são
talentos inatos dos psicopatas. Com uma imaginação fértil e focada sempre em
si próprios, os psicopatas também apresentam uma surpreendente indiferença
à possibilidade de serem descobertos em suas farsas. Se forem flagrados
mentindo, raramente ficam envergonhados, constrangidos ou perplexos;
apenas mudam de assunto ou tentam refazer a história inventada para que ela
pareça mais verossímil. Eles se gabam de suas habilidades em mentir, e
podem fazê-lo sem nenhuma justificativa ou motivo. Essa habilidade, muitas
vezes, é potencializada pela facilidade de associarem a linguagem verbal à
corporal (gestos e expressões) na elaboração de suas mentiras, dando-lhes um
apelo teatral. Nesse cenário de enganação, os psicopatas são, ao mesmo
tempo, roteiristas, atores e diretores de suas histórias improváveis.
Por muito tempo, acreditamos que se a pessoa está falando a verdade,
ela falando olhando nos olhos e com uma postura firme e coerente na fala. O
psicopata faz isso de tal maneira que deixa qualquer ator profissional de boca
aberta. Eles são tão perspicazes na mentira que mesmo sendo flagrados, eles
conseguem se livrar de suas mentiras.

A indiferença do psicopata quanto à identificação da
mentira é realmente extraordinária; isso faz o ouvinte
questionar a sanidade do falante. No entanto, com mais
frequência, o ouvinte é levado na conversa (HARE, 2013,
p. 62).

O autor citado acima, trata-se de uma das maiores autoridades do
mundo no que diz respeito a psicopatia. Seus trabalhos têm servido de grande
ajuda para todos os especialistas da saúde mental. Para ele a capacidade que
os psicopatas tem de iludir amigos e inimigos indistintamente faz com que seja
comum para os psicopatas fraudar, dar desfalques e fingir, vender ações
falsificadas e propriedades sem valor, realizar fraudes de todo tipo, pequenas e
grandes.
A psiquiatra Silva (2014), ainda explica que “Alguns psicopatas mais
experientes são tão especialmente hábeis em mentir que se utilizam de
pequenas verdades para ganhar credibilidade em seus discursos”. Para a

psiquiatra em tela, os psicopatas admitem alguns deslizes que cometeram de
fato apenas para que as pessoas de bem se confundam e pensem da seguinte
maneira: “Sejamos razoáveis: se ‘fulano’ está admitindo seus erros, é bem
provável que ele esteja falando a verdade sobre as demais histórias”. Por isso,
é preciso muita observação, conhecimento de seu passado e um pouco de
distanciamento emocional para não se deixar enganar com facilidade por um
psicopata.

A maioria de nós ficaria devastada e humilhada pela
exposição pública como mentiroso e trapaceiro, mas o
psicopata não. Ele ainda é capaz de olhar nos olhos dos
membros da comunidade e de fazer promessas
fervorosas, dando sua “palavra de honra” (HARE, 2013, p.
122).

Diante desta perspectiva, seu objetivo é ganhar a confiança, mesmo que
para isso, muitos deles tenham que criar mentiras exorbitantes sobre suas
origens, conquistas e títulos acadêmicos. Estes sujeitos acreditam que
detentores de todo o conhecimento e que nenhuma ideia se igual as suas, tudo
isso pelo simples fato de manter seu domínio sob as pessoas que os rodeiam.
Obviamente, sabemos que essas características que aparentemente
seriam virtudes, ou seja, a capacidade de conquistar outros, na verdade, eles
aprendem a agir ou simular desta maneira para que seus desejos levianos
sejam satisfeitos. Não obstante a isto, estas atitudes parecem normais aos
sujeitos desavisados.
As mentiras são tão bem elaboradas a ponto deles olharem nos olhos
dos indivíduos com os olhos marejados de lágrimas e dissecarem suas
supostas histórias. Quando suas mentiras são reveladas, eles agem
normalmente e rapidamente trocam de assunto ou na menor das hipóteses
tentam elaborar outro caso para que pareça que estão corretos de suas
mentiras escabrosas.
Hare (2013, p. 63) diz que “dada sua eloquência e facilidade em mentir,
não causa surpresa o fato de os psicopatas enganarem, trapacearem,
fraudarem, iludirem e manipularem as pessoas sem o menor escrúpulo”.

Para o autor citado acima, algumas das operações dos psicopatas são
elaboradas e bem pensadas, enquanto outras são bastante simples: envolver-
se com várias mulheres ao mesmo tempo ou convencer familiares e amigos de
que precisa de dinheiro “para sair de uma enrascada”. Seja qual for o
esquema, ele é conduzido de modo frio, confiante, atrevido.
Portanto, não se impressione quando as pessoas olharem nos olhos e
dissecam suas supostas verdades. Não estou dizendo que todas as pessoas
que são firmes e coerentes quando falam são psicopatas. Na verdade, existem
muitos fatores como já disse até aqui que corroboram para diagnosticar um
psicopata. E novamente volto a ressaltar que o diagnostico é realizado
somente por um psiquiatra especialista no assunto.

3 – OS PSICOPATAS SÃO INDIVÍDUOS ARTICULADOS

Os psicopatas são pessoas articuladas que tem um bom emprego e,
sobretudo, apresentam-se aparentemente como sujeitos educados. Muito deles
tem família e vínculos afetivo de longa duração sem revelar quaisquer suspeita
aqueles que o cercam. No entanto, suas emoções são apenas em palavras,
pois seus sentimentos são desprovidos de altruísmo.
Nas relações interpessoais os psicopatas são possuidores de uma
ilibada loquacidade. Sua autoestima vive sempre no ápice, afinal de conta,
acham-se sempre os melhores.
Eles usam de sua habilidade de persuasão para angariar empregos que
lhe proporciona poder. Eles não ficam satisfeito em apenas permanecer no
mesmo degrau corporativa, ele desejam crescer e executar um carga de alto
escalão. Eles lutarão até ter aquilo que desejam com o seu poder de
manipulação.
Eles estão por toda parte, e, no dia a dia, é possível encontrá-los em
diversas categorias profissionais, no entanto, outra área além dos presídios ou
manicômios judiciários bem comum deles atuarem apesar de ser uma
empreitada bastante difícil é no cenário político. Pouquíssimos cargos

permitem um exercício tão propício para a atuação dos psicopatas quanto o
político.
Além do salário relevante, os psicopatas valem-se da impunidade
parlamentar. Principalmente no Brasil onde a impunidade funciona com
maestria e assim possibilitam os psicopatas de saírem ilesos de suas
falcatruas.
Eles gostam desta área devido a imensidão da projeção, das regalias e
privilégios que eles terão. Afinal de contas, eles sempre saem-se bem como
politico devido a inigualável retórica rebuscada em brilhantes discursos.
Segundo Robert Hare, o número de psicopatas burocratas ou de “colarinho-
branco” é significativo em cargos de liderança e chefias. Por ser difícil
reconhecê-los no início, eles costumam tiranizar seus colegas de trabalho, e
alguns chegam até a causar grandes prejuízos financeiros para as empresas
em que trabalham.
O psicólogo norte-americano Paul Babiak (2007), especializado em
recursos humanos, realizou um importante estudo das táticas utilizadas por
psicopatas no meio corporativo. Devido suas ações cínicas, ele o chamou de
“cobras de terno” inescrupulosas e antiéticas na disputa por altos cargos,
salários e, sobretudo, poder. Segundo psicólogo, os psicopatas em ambientes
empresariais costumam adotar um plano tático que pode ser resumido em
cinco fases, vejamos:

Fase 1 — Ingresso na empresa Esta fase corresponde
basicamente à entrevista de emprego. Na ocasião, o
candidato psicopata mostra-se cativante, seguro e
charmoso. Utiliza-se de todo o seu arsenal sedutor com o
objetivo claro de impressionar o entrevistador da forma
mais positiva possível.

Fase 2 — Estudo do território (avaliação) Nesta etapa o
psicopata já se encontra empregado. Procura então
descobrir, da forma mais rápida possível, quem são as
pessoas que possuem voz ativa na empresa. Logo em

seguida, trata de construir relações pessoais, de
preferência íntimas, com esses funcionários influentes.

Fase 3 — Manipulação de pessoas e fatos De forma
intencional, espalha falsas informações para que ele seja
visto de forma positiva e os outros, de maneira negativa
perante as chefias. Semeia desconfiança entre os
funcionários, jogando uns contra os outros. Disfarça-se de
amigo, contando aos colegas sobre outros que o
difamaram. Estabelece contato individual com as
pessoas, mas evita reuniões ou situações nas quais
precise se posicionar perante todo o grupo. Mantém-se
“camuflado” para levar adiante a estratégia de ascensão
ao poder.

Fase 4 — Confrontação Nesta fase, os psicopatas “de
terno e gravata” abandonam as pessoas que haviam
cortejado anteriormente e que não são mais úteis à sua
ascensão profissional. Num requinte de maldade, utilizam
a humilhação como arma para manter suas vítimas em
silêncio. Dessa forma, as pessoas que mais foram
exploradas são aquelas que menos se dispõem a falar
sobre suas experiências.

Fase 5 — Ascensão Tal qual num jogo de xadrez, esta é
a hora do xeque-mate, a hora do golpe fatal. Após colocar
líderes e chefias uns contra os outros, o psicopata “de
terno e gravata” toma o lugar do seu superior, que
geralmente é demitido ou rebaixado de cargo e função. É
importante lembrar que a ausência de consciência e de
medo torna essas pessoas potencialmente ardilosas e
perigosas. Para elas, infringir as normas e externar seus
desejos agressivos e predatórios sem nenhum escrúpulo

ou culpa são atitudes naturais e, por isso mesmo, isentas
de qualquer autocrítica.

O psicopata não descansará até conseguir o cargo almejado, não
obstante a isto, Stout (2010), diz que “carreiras militares e médicas também
chamam atenção, uma vez que há a possibilidade de manipular vidas, uma boa
maneira de extravasar todo seu desejo de agressividade e domínio.
Para Stout, o psicopata busca na sua carreira uma profissão que traga
sucesso, dinheiro e reconhecimento pelo trabalho excepcional. A sua vaidade e
o ego inflado fazem com que sinta necessidade de estar sempre nos holofotes,
colhendo os louros do sucesso.
Diante desta perspectiva, o papel de liderança em funções como diretor
executivo, gerente administrativo, supervisor ou executivo é sempre algo muito
empolgante para um psicopata. Para muitos supervisores que vivem num pico
dantesco de tarefa e responsabilidades, fica mais complexo identificar os
supostos psicopatas.
Ora, a psiquiatra Silva (2014) sugere que a presença de psicólogos
qualificados e bem treinados nas empresas pode ser um diferencial muito bem-
vindo quando se trata de separar o joio do trigo no campo profissional”
Para autora acima as pessoas que têm que tomar decisões sobre a
contratação de funcionários nem sempre estão adequadamente capacitadas e
treinadas para enfrentar as habilidades de manipulação e convencimento dos
psicopatas. Assim, deve-se atentar para as seguintes dicas:

Desconfie de um currículo ostensivo em demasia.

Repare se ele apresenta inúmeras mudanças de cargo em curtos
espaços de tempo.

Solicite ao setor de Recursos Humanos que faça contato com seu último
empregador.

Na entrevista com o candidato, elabore perguntas habilidosas que
possam aferira veracidade das informações contidas no currículo.

4 – SINTOMAS

A psicopatia pode acontecer tento em homens quanto em mulheres,
porém, as características são mais evidentes em homens. Outro ponto
importante a se notar é que crianças não podem ser diagnostica com o mesmo
padrão dos adultos que por sua vez podem ser diagnosticados quando estes
atingem a maioridade.
Por outro lado, vale lembrar que as crianças revelam traços ainda
tenros. Percebemos as dificuldades de muitas pessoas de acreditarem que
crianças tem capacidade de cometer crimes cruéis. O fato delas aparentarem
universalmente meigas, isso não significa que ela são isentas de cometer
dantesca atrocidade.
Hare (2013, p. 168) diz que “a maioria das crianças que chega à idade
adulta como psicopata desperta a atenção de professores e conselheiros bem
cedo, e é essencial que esses profissionais compreendam a natureza do
problema que estão enfrentando”.
Se a intervenção psicológica não acontecer ainda na tenra idade, os
procedimentos terapêuticos com a expectativa de resultados positivo será mui
tênue.
De acordo com Hare, muitos dos profissionais que lidam com essas
crianças não enfrentam o problema de frente, por uma série de razões. Alguns
adotam uma abordagem puramente comportamental, preferindo tratar
comportamentos específicos – agressão, roubo, etc. – em vez do transtorno da
personalidade como um todo, com a complexa combinação de traços e
sintomas que o caracteriza. Outros se sentem desconfortáveis com
consequências de longo prazo que a criança pode ter se receber o diagnóstico
de um transtorno que se acredita incurável.

outros ainda acham difícil conceber que os
comportamentos e os sintomas observados nesses jovens
clientes sejam algo mais do que formas exageradas do

comportamento normal, resultado de uma criação
inadequada ou de uma condição social baixa, e, portanto,
tratáveis. Todas as crianças são um tanto egocêntricas,
falsas e manipuladoras; é uma simples questão de
imaturidade, argumentam eles para desalento de pais
arrasados, que precisam lidar diariamente com uma
situação que se recusa a ceder e que, às vezes, até piora”
(HARE, 2013, 168).

O autor acima sugere que não reconhecer que a criança tem muitos ou a
maioria dos traços de personalidade que definem a psicopatia pode sentenciar
os pais a intermináveis consultas a diretores de escolas, psiquiatras, psicólogos
e conselheiros, em uma tentativa vã de descobrir o que há de errado com seu
filho e com eles próprios. Isso pode levar também a uma sucessão de
tratamentos e intervenções inapropriados – tudo com grande custo financeiro e
emocional. Se o profissional não se sente confortável em rotular indivíduos
mais jovens com um diagnóstico formal, então deve evitar essa situação.
Entretanto, não deve perder o problema de vista: a presença de uma síndrome
com traços de personalidade e comportamentos específicos que se traduz em
problemas de longo prazo, não importa como seja chamada.
Em seu livro Mentes perigosas, a médica psiquiatra Silva (2013) diz algo
bem real nos dias hodiernos:

O Brasil, infelizmente, também faz parte desse cruel
panorama. É estarrecedor observar que crianças que
deveriam estar brincando ou folheando livros nas escolas
trafiquem drogas, empunhem armas e apertem gatilhos
sem nenhum vestígio de piedade. Logicamente, não
podemos negar que muitas delas são influenciadas pelo
meio social ao redor; no entanto, outras crianças possuem
uma inclinação voraz e inata ao crime.

Para Silva, assim como adultos psicopatas, crianças com essa natureza
são desprovidas de sentimento de culpa ou remorso, características inerentes
às pessoas “de bem”. São más em sua essência.
Em razão da complexidade do diagnóstico, antes dos dezoito anos é
conhecido como transtorno da conduta. Alguns traços citados abaixo revelarão
condutas incoerentes de crianças com traços de psicopatia. No entanto, vale
ressaltar que são características genéricas, uma vez que somente um
especialista no assunto poderá corroborar com o possível diagnóstico.
Curiosamente o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
(DSM-5), “bíblia” do diagnóstico da American Psychiatric Association, não
apresenta nenhuma categoria que capture toda a essência da personalidade
psicopática em crianças e adolescentes. Em vez disso, descreve uma classe
de transtornos disruptivos do comportamento, caracterizada por um
comportamento socialmente inadequado que, com frequência, causa mais
sofrimento aos outros do que à própria pessoa que o apresenta. São listadas
três categorias que se sobrepõem:

Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade.
Caracterizado por graus de desatenção, impulsividade e
hiperatividade inconsistentes com o nível de
desenvolvimento.

Transtorno da conduta. Padrão de conduta persistente,
em que são violados os direitos individuais dos outros,
normas ou regras sociais importantes próprias da idade.

Transtorno desafiador de oposição. Padrão de
comportamento negativista, hostil e desafiador, somado a
graves violações dos direitos individuais básicos dos
outros observadas no transtorno da conduta.

Hare (2013, p. 167), explica que “a maioria dos psicopatas adultos
provavelmente atende aos critérios do diagnóstico do transtorno da conduta
quando mais novo, mas o inverso não é verdadeiro”.

Para Hare, a maioria das crianças com transtorno da conduta não serão
adultos psicopatas. O texto em tela mostra-nos a criança com traços de
psicopatia pode não ser um psicopata, contudo, os psicopatas tiveram o
mesmo traço quando eram tenros, porém, em escalar menor.
Ainda cedo aparecem os traços da psicopatia. As crianças com traços
da psicopatia ou transtorno de conduta podem cometer:

Mentiras repetitivas e sem sentidos;
Introdução precoce ao uso de drogas;
Ausência de empatia ou preocupação pelos sentimentos alheios;
Faltas constante na escola;
Impulsividade e irresponsabilidade;
Tendência a culpar os outros por erros cometidos por si mesmos,
Frieza emocional diante de situações catastróficas;
Violação às regras sociais;
Atos de vandalismo;
Dificuldade em manter amizades;
Desobediências e desrespeito aos pais e professores e outras
autoridades;
Crueldade com animais, irmãos e coleguinhas;

Algumas atrocidades são aprendidas ainda muito cedo pelos psicopatas.
Os pais fingem que nada está acontecendo e que o filho está apenas
cometendo algo impensadamente, porém não é assim que acontece.

“É comum que os psicopatas adultos descrevam a
crueldade contra animais praticada na própria infância
como acontecimentos normais, coisas triviais, até
divertidas” (HARE 2013, p. 80).

Eles podem realizar maldades e, sobretudo, podem ser flagrados
cometendo atos ilícitos ou cruéis e não expressarem nenhum remorso.
Elencarei outros traços importantes que devemos notar deste cedo nos filhos:

Agressão;
Bullying e brigas persistentes;
Preocupação excessiva com seus próprios interesses;
Permanência fora de casa até tarde da noite;
Vandalismo e incêndios;
Pequenos roubos de objetos de outras crianças e dos pais eles;
Experiências sexuais ainda muito tenros;

Alguns crianças têm sua primeira relação sexual precoce acentuada aos
dez anos. Alguns devido a sua insensibilidade não poupam ninguém para
manter relação sexual.
Inúmeros casos de psicopatas quando eram crianças causam pavor na
sociedade. Hare (2013, p. 81) diz que “crianças impulsivas, que enganam os
outros, que não sentem empatia e veem o mundo como sua própria concha,
serão assim também quando adultas”.
Atrocidades como sufocar a irmã enquanto dorme ou cortá-la, atirar no
em cachorros e pendurá-los nas estacas, esquartejar sapos, matar cruelmente
os gatos, fazer operações nos ratos e até mesmo crueldade com a boneca da
irmã são traços corriqueiro em forte pretendentes a psicopatia.
O psicólogo Robert Hare (2013, p. 80), numa de suas entrevistas com
um psicopata discorre sobre um feito dele quando era criança: um “preso por
fraude, disse que, quando era criança, pegava uma corda, amarrava uma ponta
no pescoço do gato e a outra em uma vara, e fazia o gato rodar, batendo nele
com uma raquete de tênis. Disse, também, que a irmã tinha uns cachorrinhos e
que ele matou aqueles que ela não queria criar. “Eu amarrava o bicho em uma
barra de ferro e usava a cabeça dele como bola de beisebol”, disse com um
leve sorriso”.
Os psicopatas começam a exibir problemas comportamentais sérios
desde muito cedo, tais como mentiras recorrentes, falta de remorso,
estelionatos, trapaças, roubo, vandalismo, incêndio e violência.
De acordo com Silva (2014) os psicopatas também “apresentam também
comportamentos cruéis contra os animais e outras crianças, que podem incluir
seus próprios irmãos, bem como os coleguinhas da escola”

Silva sugere que vale a pena destacar que crianças e adolescentes com
perfil psicopático costumam realizar intimidações contra pessoas pertencentes
aos seus grupos sociais. E quando isso acontece no ambiente escolar, pode
caracterizar a ocorrência de um fenômeno denominado bullying.
Como já trabalhamos em outra obra que abordamos assuntos somente
sobre o bullying, para autora citada acima, este fenômeno pode ser definido
como um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que
ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra
outros. Os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão
e prazer, cujas “brincadeiras” têm como propósito maltratar, intimidar, humilhar
e amedrontar, causando dor, angústia e sofrimento às vítimas. O líder do grupo
agressor (o “valentão” ou “tirano”) costuma ser o indivíduo que apresenta
características compatíveis com a personalidade psicopática.
É importante os pais observar se estes gostam de torturar animais de
estimação e até mesmo mata-lo, e quando isso acontecer também deve
perceber a reação do filho diante de um animal dilacerado ou até mesmo um
ser humano.
Os pais além de observar, precisam também se posicionar em relação a
conduta do filho. A psiquiatra Ana Beatriz em seu livro Mentes perigosas
(2014), propõe algumas posturas a ser assumida pelos pais:

1 – Procure conhecer bem o seu filho. A maioria dos pais
não sabe como ele se comporta longe dos seus olhos.
Estabeleça contato com todas as pessoas do convívio
dele (professores, amigos, pais dos amigos etc.). Quanto
mais precocemente você identificar o problema, maiores
serão as chances de que ele se molde a um estilo de vida
minimamente produtivo e socialmente aceito.

2 – Busque ajuda profissional. Isso é válido tanto para se
certificar do diagnóstico dessa criança quanto para
receber orientações de como você deve agir.

3 – Não permita que seu filho controle a situação.
Estabeleça um programa de objetivos mínimos para obter
alguns resultados positivos. Regras e limites claros são
necessários para evitar as condutas de manipulação,
enganos e falta de respeito para com os demais. Lembre-
se de que uma criança com perfil psicopático apresenta
um talento extraordinário para distorcer as regras
estabelecidas e virar o jogo a favor dela. Por isso, não
ceda! Se você fraquejar, certamente ela ocupará todos os
“espaços” deixados pela sua desistência.

Ao identificar traços de personalidade nos filhos, os pais por sua vez
devem buscar ajuda de um especialista da saúde mental para o devido
tratamento. Este transtorno psicológico assim como outros relacionados, surge
por alterações cerebrais, isto é, devido a fatores genéticos e, principalmente
traumas quando ainda eram tenros como abuso sexual, físico, moral e outros
conflitos no contexto familiar.
No caso dos adultos, alguns sintomas são dignos de nota nesta obra,
mas para isso, irei abordar de forma sistemática os sintomas interpessoal e
social citado pelo psicólogo Robert Hare (2013, p. 49):

Emocional/interpessoal

• eloquente e superficial
• egocêntrico e grandioso
• ausência de remorso ou culpa
• falta de empatia
• enganador e manipulador
• emoções “rasas”

Desvio social

• impulsivo
• fraco controle do comportamento

• necessidade de excitação
• falta de responsabilidade
• problemas de comportamento precoces
• comportamento adulto antissocial

O psicólogo em pauta, durante seus anos de pesquisa criou aquilo que
chamamos de Psychopathy Checklist (Avaliação de psicopatia), ou seja, é uma
ferramenta clínica complexa, destinada ao uso profissional. Mesmo tendo em
mãos a ferramenta que sugere que uma pessoa possa ser um psicopata,
sugiro que não estabeleça um critério ou diagnóstico do mesmo, ao contrário,
busque ajuda de um especialista qualificado, para realizar os devidos
procedimentos.
Outro ponto importante a se ressaltar, é que existem indivíduos com
traços de psicopatia, no entanto, nem por isso, ele pode ser considerado um
psicopata. Hare (2013, p. 49) explica que “Muitos indivíduos são impulsivos ou
volúveis, frios ou insensíveis, antissociais, mas isso não significa que são
psicopatas. A psicopatia é uma síndrome – um conjunto de sintomas
relacionados”.
Percebemos neste capítulo a complexidade não apenas aqui, mas em
todo o livro. Os psicopatas são de fato um verdadeiro enigma para todos nós.
Na verdade, é um enigma até mesmo para os psicopatas que acreditam serem
donos de uma sanidade inigualável.
Os sintomas ou traços são por sua vez fáceis de detectar, contudo, o
tratamento é algo ainda que fica somente no campo das ideias até mesmo para
os mais gabaritado da saúde mental.
Portanto, ao encontrar alguém com alguns traços da psicopatia, não é
prudente você querer diagnosticá-lo. Deixa este assunto para um profissional
da saúde mental. E caso você tem alguém na família com traços de psicopatia,
busque ajuda terapêutica para você aprender a lidar com um psicopata.

5 – COMO LIDAR COM OS PSICOPATAS

Sabemos que lidar com um psicopata parece ser uma habilidade ainda
distante. Só quem vive sabe o quão pesaroso é viver com pessoas desprovida

de qualquer beneficio emocional. Como lidar com alguém que não se importa
se você existe ou não? E se você existe, não passará de alguém que servirá
para alavancar o ego inflado do psicopata.
Este livro não substitui o diagnóstico médico, esta obra trata-se apenas
de uma breve introdução e que com muita responsabilidade me atrevo a
dissecar cuidadosamente num campo totalmente minado de detalhe. Sei da
responsabilidade que estou tento de compartilhar com o leitor alguns fatores
que de certa forma ajudará a lidar cotidianamente com um psicopata.
Somente quem convive com um psicopata tem uma sensação
permanente de abuso, invasão, inutilidade. “Suas relações são marcadas pela
exigência de um padrão que dificulta a ação de quem está ao redor. A vida gira
em torno desse sequestrador de emoções alheias” (MECLER, 2015).
Temos também a sensação de ter a energia sugado e vivem num
drástica gangorra emocional. Depois de tudo que já estudamos até aqui,
parece uma ironia deste capítulo em salientar sobre como lidar com os
psicopatas.
Não obstante, nem tudo está perdido, para o psicopata, a sanidade
mental para eles ainda é um caminho quase impenetrável, contudo, para nós
lidarmos com ele, ainda temos trilhos para galgarmos triunfantemente.
A psicopatia pode acontecer tento em homens quanto em mulheres,
porém, as características são mais evidentes em homens. Outro ponto
importante a se notar é que crianças não podem ser diagnostica com o mesmo
padrão dos adultos que por sua vez podem ser diagnosticados quando estes
atingem a maioridade.
Por outro lado, vale lembrar que as crianças revelam traços ainda
tenros. Percebemos as dificuldades de muitas pessoas de acreditarem que
crianças tem capacidade de cometer crimes cruéis. O fato delas aparentarem
universalmente meigas, isso não significa que ela são isentas de cometer
dantesca atrocidade.
Com já ressaltei anteriormente, isto é, me escudando de outros autores
que diz que no Brasil, crianças que deveriam estar brincado ou realizando
atividades lúdicas, elas estão traficando drogas com armas em punho
sabotando assim sua infância. Muitas delas são influenciadas pelo meio social,
outras crianças possuem uma inclinação voraz e inata ao crime. Assim como

adultos psicopatas, crianças com essa natureza são desprovidas de sentimento
de culpa ou remorso, características inerentes às pessoas “de bem”.
Em razão da complexidade do diagnóstico, antes dos dezoito anos é
conhecido como transtorno da conduta. Alguns traços citados abaixo revelarão
condutas incoerentes de crianças com traços de psicopatia. No entanto, vale
ressaltar que são características genéricas, uma vez que somente um
especialista no assunto poderá corroborar com o possível diagnóstico.

Aprendendo a lidar com o psicopata na família

Tudo que você imaginar de pior, pode acontecer por um psicopata. Hare
(2013), diz que “os psicopatas não hesitam em usar os recursos da família e de
amigos para sair de suas próprias dificuldades e não se intimidam com a
possibilidade de que suas ações possam resultar em sofrimento ou risco para
outros”.
Viver com um cônjuge psicopata é ter o inferno com seus demônios
dentro de casa. Os filhos sofrem a esposa ou marido sofrem, os familiares
sofre e até mesmo os vizinhos sofrem.
Estudos apontam que uma parte considerável dos maridos que agridem
a esposa são psicopatas. Esposas de homens psicopatas vivem dias de terror
sem precedentes. Elas vivem momentos de insegurança e humilhação diante
do seu algoz, ora, pelo fato do psicopata ser um individuo bem articulado,
inúmeras esposas devido a sua ilusão causada por eles, vivem dentro de um
macabro relacionamento abusivo.

O psicopata pode, por exemplo, achar que não há nada
errado em dizer a uma mulher “Eu te amo” logo depois de
bater nela. Ou então de dizer a alguém “Eu precisei dar
uma surra nela para ela não sair da linha, mas ela sabe
que eu a amo”. (HARE, 2013, p. 146).

Silva (2014) diz que “maridos que agridem fisicamente sua esposa
costumam responsabilizá-la por seus atos agressivos” para autora, os
psicopatas não amam seus cônjuges, isso não existe! Eles os possuem como

uma mercadoria ou um troféu, com os quais reforçam seus desejos de
manipulação, controle e poder.
Alguns até podem casar, mas simplesmente para aparenta-se um sujeito
do bem e também por a família representar a fonte de status da sociedade,
contudo, o casamento de fachada servirá apenas para revelar seu poderio, sua
posse, mas amor, infelizmente, a família não terá.
A psiquiatra Silva (2014), explica que “quando a questão é família, o
comportamento deles também segue o mesmo padrão de indiferença e
irresponsabilidade”.
Para Silva, quando constituem famílias, os psicopatas não o fazem por
sentimentos amorosos, mas como um instrumento necessário para construir
uma boa imagem perante a sociedade.
A relação com um pai ou uma mãe psicopata sempre será uma relação
distante e vazia, pois não haverá efetividade, uma vez que o psicopata busca
apenas o interesse próprio. Ora, tanto, o transtorno de personalidade
antissocial e narcisista tem uma relação muito semelhante aos psicopatas.
Outro fator importante a se ressaltar é que o pai psicopata sempre fará a
esposa e os filhos se sentirem culpados diante dos seus atos.

“Apesar de todo o estrago, muitas pessoas vitimadas por
eles ainda se perguntam e exclamam: “Será que o erro foi
meu ou foi dele?”, “Onde foi que eu errei para que aquela
pessoa que era tão boa e fascinante se transformasse
num monstro sem escrúpulos?”, “Meu Deus, a culpa disso
tudo é minha?!”” (SILVA, 2014).

De acordo com a autora citada acima, os psicopatas mostram uma total
e impressionante ausência de culpa em relação aos efeitos devastadores que
suas atitudes provocam nas outras pessoas. Os mais graves chegam a ser
sinceros sobre esse assunto: dizem que não possuem sentimento de culpa,
que não lamentam pelo sofrimento que causaram em outras pessoas e que
não conseguem ver nenhuma razão para se preocuparem com isso. Na cabeça
dos psicopatas, o que está feito, está feito, e a culpa não passa de uma ilusão
utilizada pelo sistema para controlar as pessoas. Por sinal, eles (os psicopatas)

sabem utilizar a culpa contra as pessoas de bem e a favor deles com
impressionante maestria.
Para os psicopatas, é possível que um veículo tem o mesmo valor que
um filho. Obviamente, como já ressaltei, isso não significa também que eles
não tenham apreço pelo filho. As pessoas sendo do vinculo familiar ou não,
sempre serão apenas meros fantoches nas mãos de um ser inescrupuloso
como o psicopata.
Hare (2013, p. 17) diz que a “indiferença em relação ao bem-estar dos
filhos – ao bem-estar próprio e do homem ou mulher com quem estão vivendo
no momento – é tema comum em nossos arquivos de psicopatas.
O psicólogo Hare diz que os psicopatas veem as crianças como uma
inconveniência. Alguns, como Diane Downs, insistem em que se preocupam
muito com os próprios filhos, mas suas ações negam as palavras. Em geral,
deixam as crianças sozinhas por longos períodos ou aos cuidados de pessoas
que não merecem confiança.
As famílias por sua vez terá grande importância de como lidar com
psicopatas. O objetivo desta obra é fazer com que tenhamos uma noção das
pessoas a nossa volta. Não pelo simples fato de poder julgá-lo ou até mesmo
querer diagnosticá-lo, mas, sobretudo, poder prevenir a nós mesmo bem como
as pessoas que fazem parte de nosso vinculo afetivo. Ora, diante disto, o
psicólogo Hare (2013, p. 124) diz:

Tenho certeza de que, se as famílias e os amigos desses
indivíduos estivessem dispostos a discutir suas
experiências sem medo de retaliação, nós poderíamos
revelar um ninho de ratos de abuso emocional, flertes,
falsidade e comportamentos de baixo nível em geral.
Esses ninhos de rato às vezes vêm a público de modo
dramático.

Diante desta perspectiva, sugiro que todos aqueles que fazem parte ou
tem alguém na família com traços ou literalmente é um psicopata, procure
urgentemente um acompanhamento psicológico. O psicopata jamais entenderá

que precisará de ajuda, mas você com ajuda de um terapeuta especializado na
área triunfará diante das artimanhas do psicopata.

Conhecendo a natureza dos psicopatas

Para lidar com os psicopatas é importante em primeiro lugar saber com
quem estamos lidando ou convivendo, e principalmente, conhecer a si próprio,
pois quando conhecemos nós mesmo, saberemos onde está nossos pontos
frágeis.

Se você gosta de ser elogiado, o psicopata saberá disso;
Se você gosta de ganhar presentes, o psicopata saberá disso;
Se você gosta de ser aceito, o psicopata saberá disso;
Se você gosta de carinho, o psicopata saberá disso;
Se você não gosta de ficar, o psicopata saberá disso;

O psicopata procurará informações sobre você para que através destas
informações ele procure estabelecer uma investida, ou seja, para eles a vida é
um jogo, e quanto mais ele sabe sobre sua vítima, mas chance ele terá de
dominá-la.
Portanto, a melhor maneira de lidar com os psicopatas está em
fortalecer as zonas frágeis da sua vida, pois ele saberá onde atuar na tua
história e diante disto, causar estragos emocionais irreparáveis.
Os psicopatas estão em todos os lugares e em todos os seguimentos da
sociedade. Encontra-se com um psicopata será inevitável, por isso, saber como
lidar com eles é a melhor maneira para não sofrermos grandes perdas. Por
isso, é que nesta obra tenho objetivo, sobretudo, de aconselhar que para poder
lidar com esses sujeitos, é importante conhecer a naturezas desses indivíduos.

Não se engane com o sorriso inglório de um psicopata

Outro ponto importante a se ressaltar, é que não podemos nos deixar
levar pelos sorrisos mateiros desses sujeitos. Por detrás de cada sorriso de um

psicopata encontra-se um desejo desenfreado de obter ganho sobre seu
oponente.

Não se engane com as palavras rasas de um psicopata

Os psicopatas são habilidosos em seus discursos. Como já vimos no
decorrer desta obra, estes indivíduos são muitos bons em mentir bem como
persuadir. Por isso, suas belas palavras não revelam que são bons moços, e
em razão disso, a melhor coisa a se fazer é não considerar suas palavras de
suposta empatia. Os psicopatas usaram de todas as suas ferramentas para
adentrar nos corredores mentais de seu opressor. Eles também usaram suas
linguagens fácil e corporal, tudo isso, para apresentar-se como bons cidadãos
dignos de aceitação bem como de apreciação.

Não se engane com o olhar firme nos olhos dos psicopatas

Não pense que pessoas que falam a verdade são aquelas que olham
nos olhos. Não se engane. Os psicopatas olham com demasiado entusiasmo
nos olhos de suas vítimas. Portanto, a melhor coisa a se fazer é manter a
distância.
É importante frisar que mesmo tomando todo os cuidados necessários
para lidar com os psicopatas, não é garantia de que você está livre da ação
predadora deles.

Não se sinta culpado diante dos atos insanos dos psicopatas

Como já disse, uma hora ou outra, inevitavelmente nos depararemos
com um psicopata. Independentemente como o psicopata entrou na sua vida, e
tenha te machucado horrendamente, não se culpe. Pois uma das habilidades
dos psicopatas é fazer com que suas vítimas se sintam culpadas.

os psicopatas dão a impressão de que são eles que estão
sofrendo, de que as verdadeiras vítimas são as culpadas
por seus problemas. Entretanto, sofrem muito menos do

que você e por outras razões. Não gaste sua compaixão
com eles; os problemas deles não estão no mesmo nível
dos problemas das vítimas (HARE, 2013, p. 220).

A vida para os psicopatas são um jogos de xadrez onde as pessoas que
o cercam são as peças desse tabuleiro onde ele decide onde elas devem ficar.
Hare diz que os psicopatas jogam sempre de acordo com as mesmas regras –
as deles – com todo mundo.
Eles sempre farão de tudo para se dá bem, pois os jogos deles serão de
acordo com as próprias regras deles e por isso, eles jamais se consideram que
sairão perdendo.

Se posicione diante das atitudes dos psicopatas

É comum em nossa sociedade até mesmo aqueles que não são
psicopatas se aproveitarem de pessoas que tem dificuldade de se posicionar
diante dos dilemas da vida. Diante disto, para lidar com os psicopatas é
prudente que você seja firme em suas decisões. Além de revelar sua firmeza,
não brinque ou jogue com eles, pois os psicopatas não gostam ou não sabem
perder.

Não tente mudar os psicopatas, eles não acreditam que precisam de
mudança

Não procure mudanças por parte dos psicopatas, eles não mudam. Eles
podem até fazer joguinho de poder para de certa maneira tentar impressionar
suas vítimas, mas, contudo, eles não mudam.
Sei que muitos podem até ter boa intenção em querer que eles uma hora
ou outra tenha uma mudança radical, no entanto, esperar ou criar possibilidade
para mudança deles, será tristemente um ato inglório.

Procure acompanhamento psicológico

É importante que se você convive com um psicopata, que procure
orientação terapêutica. Assim, o especialista da saúde mental e, que
sobretudo, saiba profundamente sobre os psicopatas, possa orienta-la como
agir diante destes indivíduos.
Uma razão de você fazer sessões terapêuticas dar-se pelo fato dos
próprios psicopatas acreditarem que não necessitam de tratamento. O fato
deles reconhecer que precisam de ajuda, é quase que uma busca em vão.

6 – TRATAMENTO

Quanto mais cedo melhor para o devido tratamento para pessoas com
traços de psicopatia. É importante que os pais tenham real sensibilidade ou
flexibilidade para entender os atos do filho e leva-lo à um especialista para
poder propor uma vida significativa, aceita e produtiva para o paciente, mesmo
aparentando ser um procedimento ineficaz.
Infelizmente, há uma situação em que todo especialista da saúda mental
não deseja dizer ao paciente e muito menos aos familiares que “a psicopatia
não tem cura; é um transtorno da personalidade, e não uma fase de alterações
comportamentais momentâneas” (SILVA, 2014).
Quando os pais levam o filho cedo fica mais fácil deles saberem lidar
com o filho em momentos de crise. Assim como outros transtornos, o
tratamento para este comportamento, muito embora com pouco eficácia é a
psicoterapia. Devido também o seu ego inflado, eles simplesmente acreditam
que não precisam de tratamento ou ajuda.
Para Silva (2014), “só é possível ajudar aqueles que de fato querem e
procuram ajuda” e como já falamos no decorrer desta obra, os psicopatas,
pensam que não há nada de errado com eles em relação a sua saúde mental.
Eles também não esboçam nenhum anseio para se enquadrar nos patrões
normativos da sociedade.
Silva diz que eles julgam-se autossuficientes, são egocêntricos, e suas
ações predatórias são absolutamente satisfatórias e recompensadoras para
eles mesmos. Mudar para quê?. Os psicopatas raramente procuram auxílio
médico ou psicológico. Quando chegam a um consultório, quase sempre é por

pressões familiares ou, então, com o intuito de se beneficiarem de um laudo
técnico. Frequentemente estão envolvidos com problemas legais, endividados
e às voltas com o sistema judicial. Por isso, tentam obter do profissional de
saúde mental algum diagnóstico ou alguma comprovação de problemas que os
auxiliem a minimizar as sanções que lhes foram impostas.
Por esta razão, dificilmente se sujeitarão ao tratamento medicamentoso
e psicoterapêutico, pelo fato de acreditarem que não necessitam de ajuda
emocional.

Diante disto, “com raras exceções, as terapias biológicas
(medicamentos) e as psicoterapias em geral se mostram,
até o presente momento, ineficazes para a psicopatia.
Para os profissionais de saúde, esse é um fator intrigante
e, ao mesmo tempo, desanimador, uma vez que não
dispomos de nenhum método eficaz que mude a forma de
um psicopata se relacionar com os outros e perceber o
mundo ao seu redor. É lamentável dizer que, por
enquanto, tratar um deles costuma ser uma luta inglória”
(SILVA, 2014).

De acordo com a autora citado acima, temos que ter em mente que as
psicoterapias são direcionadas às pessoas que estejam em intenso
desconforto emocional, o que as impede de manter uma boa qualidade de vida.
Por mais bizarro que possa parecer, os psicopatas parecem estar inteiramente
satisfeitos consigo mesmos e não apresentam constrangimentos morais nem
sofrimentos emocionais, como depressão, ansiedade, culpas, baixa autoestima
etc. Não é possível tratar um sofrimento inexistente.
Há outras razões pelas quais os psicopatas são candidatos tão
inadequados à terapia. O psicólogo canadense Robert Hare (2013, p. 201)
elenca algumas razões deles não pensarem que não precisa de terapia:

Os psicopatas não são indivíduos “frágeis”. O que eles
pensam e fazem são extensões de uma estrutura de
personalidade sólida como uma rocha, extremamente

resistente à influência externa. Quando concordam em
participar de um programa de tratamento, suas atitudes e
padrões comportamentais já estão tão fortalecidos, que é
difícil fazê-los ceder mesmo nas melhores circunstâncias.

Muitos psicopatas são protegidos das consequências dos
próprios atos por familiares ou amigos bem-intencionados;
o comportamento deles permanece relativamente sem
controle e sem punição. Outros são tão hábeis que
conseguem traçar o próprio caminho na vida sem muita
inconveniência pessoal. E, inclusive aqueles que são
pegos e punidos por suas transgressões, geralmente
culpam o sistema, os outros, o destino – com exceção de
si mesmos – pelo próprio apuro. Muitos simplesmente
gostam do estilo de vida que levam.

Diferentemente de outros indivíduos, os psicopatas não
procuram ajuda por conta própria. Em vez disso, são
empurrados para a terapia pela família desesperada ou
então aceitam se tratar para cumprir uma ordem judicial
ou como prelúdio do pedido de liberdade condicional.

Quando estão em terapia, em geral fazem pouco mais do
que fingir. São incapazes de desenvolver a intimidade
emocional e de fazer as buscas profundas que a maioria
das terapias se empenha em estimular. As relações
interpessoais, cruciais para o sucesso, não têm valor
intrínseco para o psicopata.

De acordo com o autor acima, os sociopatas não têm vontade de mudar,
acham que compreender melhor a situação é arranjar desculpas, não têm
noção do futuro, demonstram ressentimento em relação a autoridades,
incluindo os terapeutas, veem o papel do paciente como lamentável, detestam
ficar em posição de inferioridade, julgam que a terapia é uma brincadeira e, os

terapeutas, objetos que devem ser enganados, ameaçados, seduzidos ou
usados.
Para Hare (2013, p. 38), “os psicopatas não são pessoas desorientadas
ou que perderam o contato com a realidade; não apresentam ilusões,
alucinações ou a angústia subjetiva intensa que caracterizam a maioria dos
transtornos mentais”.
Os psicopatas são extremamente racionais, conscientes dos seus atos,
eles sabem o motivo por agirem assim. Seu comportamento, portanto, são
resultados de uma escolha pensada e friamente calculada.
Diante desta perspectiva, temos uma ideia da complexidade do
tratamento bem como do diagnóstico. A psicopatia é um transtorno de colocar
os psiquiatras para trabalhar na busca incessante e incansável por soluções ou
diagnósticos.
O diagnostico por sua vez é feito por um médico psiquiatra. Vale
ressaltar que o diagnostico não é nada fácil. Especialistas corroboram que o
diagnóstico de psicopatia somente pode ser feito quando o indivíduo se
encaixa, de forma significativa, nesse perfil, ou seja, quando possui a maioria
dos sintomas aqui apresentados.
“Como acontece com qualquer outro transtorno psiquiátrico, o
diagnóstico baseia-se no acúmulo de indícios presentes no indivíduo a ponto
de satisfazer os critérios mínimos exigidos. Os indivíduos são cuidadosamente
diagnosticados de acordo com extensivas entrevistas e registro de
informações” (HARE, 2013).
Portanto, para o devido tratamento para os psicopatas ainda é um sonho
a ser conquistado. A mente humana é complexa do que podemos imaginar,
porém, nem tudo está perdido, acreditamos no avanço da ciência bem como
psicológico para adentramos na mais fantástica fronteira imprevisível e instável
do universo, a mente humana.

Citando Cleckley, o psicólogo Robert Hare (2013, p. 43), diz:

“beleza e feiura, exceto em um sentido superficial,
bondade, maldade, amor, horror e humor não têm
nenhum significado real, nenhuma força que o mova.
Além disso, não tem capacidade de entender como os
outros são tocados por essas coisas. É como se fosse
cego a cores, a esse aspecto da existência humana,
embora tenha uma inteligência aguçada. Ele não pode
entender nada disso porque não há nada, em nenhum
ponto de sua consciência, que possa preencher a lacuna
necessária a uma comparação. Ele pode repetir as
palavras e dizer com loquacidade que está
compreendendo, mas não tem como saber que não
compreende”.

Os psicopatas desconhece a magia de sentir a poética melodia de uma
bela canção. O céu azul não passa de uma nuvem cinzenta para eles. Eles
sabem agir como se estivesse apaixonado, mas são incapazes de sentir o calor
voraz de uma paixão. Eles sabem a natureza de fazer um filho, mas não
entendem e nem tem a capacidade de propor um amor fraternal. O amor dos
psicopatas é insipido e desunamos. Portanto, viver na espera de afetividade de
um psicopata é uma infindável ilusão.

Os psicopatas não são loucos, apesar do seu comportamento insano

Apesar de carregar todos esses traços pesados, os psicopatas não são
classificados como loucos. Sei que o leito está pensando que é uma loucura
em pensar que os psicopatas assassinos não são loucos, mas é verdade. De
acordo com os padrões psiquiátricos eles não apresentam quaisquer indicio de
insanidade mental.
Seus atos aparentemente insano não resultam de uma mente
caoticamente perturbada, mas de uma mente racional, fria e, sobretudo,
calculista. Por isso, é que eles tratam as pessoas sem se importar com os
sentimento alheios. “Esse comportamento moralmente incompreensível exibido
por uma pessoa aparentemente normal nos deixa desnorteados e impotentes”
(HARE, 2013, p. 23).
É importante frisar que os psicopatas ou pessoas que tem traços de
psicopatia não são todos necessariamente assassinos em série bem como
indivíduos que realizam crimes hediondos.
Porém, vale ressaltar que há psicopatas que levam a vida de boa,
trabalham, criam família como outras pessoas comuns. A médica psiquiatra
Ana Beatriz Barbosa (2014) diz:

“Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar
intrigas, destruir sonhos, mas não matam. E, exatamente
por isso, permanecem por muito tempo, ou até uma vida
inteira, sem ser descobertos ou diagnosticados. Por
serem charmosos, eloquentes, inteligentes, envolventes e
sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de
quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados
de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos.
Visam apenas o benefício próprio, almejam o poder e o
status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são
mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos,
pedófilos, líderes natos da maldade” (SILVA, 2014).

Para autora em tela, é preciso estar atento para o fato de que, ao
contrário do que se possa imaginar, existem muito mais psicopatas que não
matam do que aqueles que chegam à desumanidade máxima de cometer um

homicídio. Cuidado: os psicopatas que não matam não são, em absoluto,
inofensivos! Eles são capazes de provocar grande impacto no cotidiano das
pessoas e são igualmente insensíveis. Estamos muito mais propensos e
vulneráveis a perder nossas economias ao cair na lábia manipuladora de um
golpista do que perder a vida pelas mãos dos assassinos.

Os psicopatas sentem prazer em proporcionar desprazer nas suas

vítimas

Os psicopatas são sujeitos que de certa forma biológica ou psicológica
não conseguem discernir emoções. O jogo deles está sempre fitado sempre na
autopromoção e no poder sempre a custas dos indivíduos desprovidos de
conhecimento sobre a seu respeito. Eles são, portanto, capazes de atropelar
pelo simples fato de saciar seu egocentrismo inflado.
Outro ponto também importante a se destacar é quando pensamos em
psicopatia, vem à mente um alguém com cara de sisudo, sagaz, truculento, de
aparência maltratada, pinta de assassino ou serial killer e desvios
comportamentais tão claro que poderíamos reconhecê-lo ao primeiro olhar. No
entanto, isso é uma inverdade, pois, muitos diante desta crença são pegos por
esses indivíduos.
Para os desavisados, é importante se municiar dos traços citados no
decorrer desta obra para não serem pego de surpresa. Contudo, mesmo sendo
detentores dos fatores que tornam um indivíduos com psicopatia, não nos
imune de hora ou outro sermos pegos pelos psicopatas. Em seu livro Mentes
perigosas, a psiquiatra Ana Beatriz (2014) diz:

Os psicopatas enganam e representam muitíssimo bem!
Seus talentos teatrais e seu poder de convencimento são
tão impressionantes que eles chegam a usar as pessoas
com a única intenção de atingir seus sórdidos objetivos.
Tudo isso sem nenhum aviso prévio, em grande estilo,
doa a quem doer.

Diante disto, de acordo com a autora em pauta esses “predadores
sociais” com aparência humana estão por aí, misturados conosco, incógnitos,
infiltrados em todos os setores sociais. São homens, mulheres, de qualquer
etnia, credo ou nível social. Trabalham, estudam, fazem carreiras, casam, têm
filhos, mas, definitivamente, não são como a maioria das pessoas: aquelas a
quem chamaríamos de “pessoas do bem”.
A personalidade dos psicopatas são externo e superficialmente
irrepreensível e, por isso, não revela qualquer sinal de variação ou distorção.
Cleckley (1988, p. 247), diz que o psicopata “conduz no que é considerado
consciência normal sobre as consequências e sem influências distorcidas de
qualquer demonstração de um sistema delirante. Sua personalidade externa é
aparentemente ou superficialmente intacta e sem sinais de distorção”.
Os psicopatas em casos absolutamente extremos assassinam a sangue-
frio, com requintes de crueldades, sem medo nem remorso ou arrependimento.
O mais grave de tudo isso, é que não sabemos que de fato é um
individuo tirano. Eles moraram dentro até mesmo do nosso lar. Eles podem ser
nossos patrões, colegas de trabalho, amigo de faculdade, namorado, primo,
pai, mãe, vizinhos ou até você mesmo pode ser um psicopata. O fato é que,
muitos transitam bem próximos de nós sem deixar rastros de sua impiedosa
personalidade.
Katia Mecler (2015), em seu livro Psicopatas do cotidiano diz:

O psicopata do cotidiano tanto pode ser um líder místico
que convence seus seguidores ao suicídio coletivo quanto
um garoto que depreda patrimônio público e posta foto de
seu ato na internet. Mas seus traços de personalidade
também aparecem nos motoristas que perdem a cabeça
no trânsito, nos vizinhos que vão parar na delegacia após
uma discussão no condomínio ou nos pais e nas mães
que fazem chantagem emocional com os filhos até levá-
los a tomar atitudes contrárias às suas vontades.

Por isso, é importante que saibamos que os psicopatas não estão
apenas nos presídios, porém, mas perto do que imaginamos. Muitos deles

podem está no poder público, bem como regendo as grandes empresas de
nossas nações. O psicopata é um ser que realiza sua malvadez nos bastidores
emocionais e psicológicos de suas vítimas.
É comum indivíduos como os psicopatas agirem arrogantemente
revelando a sua prepotência vaidosa e também vive sem qualquer tipo de
vergonha diante dos seus atos.
Os psicopatas são extremamente seguros de si, são de opinião firme e
controladores ao extremo. E vivem sempre invalidando a opinião de outras
pessoas. Como já disse, eles são tão dissimulado que dificilmente sentem-se
constrangidos com problemas jurídicos, financeiros ou pessoais. “Em vez
disso, consideram esses problemas como derrotas temporárias, resultado de
má sorte, de amigos traidores ou de um sistema injusto e incompetente”
(HARE, 2013, p. 53).
Em caso extremo os psicopatas são, sobretudo, seres cruéis que não se
importam com a dor alheia e que destrói não somente o corpo, mas que,
também, vampirizam a alma humana, deixando a emoção de suas vítimas em
frangalhos, sem razão para continuar vivendo nesta diminuta existência. Morar
com um psicopata é um convite fantasmagórico pra viver na antessala do
inferno.
Não obstante a isto, vale ressaltar que todos nós temos traços
corriqueiros que indivíduos com psicopatia comentem e nem por isso somos
psicopatas. Pelo simples fato de estamos nesta  estamos sujeito aqui
e acolá magoar, insultar, mentir e cometer de injustiça com alguém. Somos
seres humanos, sujeitos a falhas e como ressaltou a psiquiatra Silva (2014),
que “nem sempre estamos com nossa consciência funcionando cem por cento:
somos influenciados pelas circunstâncias ou pelas necessidades”.
Ao contrário de nós que somos assaltados pelo senso ético de culpa que
nos faz refletir sobre nossa conduta, os psicopata está na ausência de
altruísmo, da empatia e do arrependimento. Eles fazem seus atos insanos
conscientes por mera diversão e sem qualquer vestígio ressentimento ou
arrependimento.
Existem muitos criminosos que cometeram atos inumanos que não são
considerados psicopatas. Por isso, é bom ressaltar que os psicopatas não são
os únicos a cometerem atos insanos.

É comum os vizinhos ou até mesmo parentes ficarem surpreso quando
descobrem as atrocidades de um psicopatas. Alguns ficam estupefatos diante
da desumanidade que agiu aquele que ela considerava a pessoa mais
formidável que já conheceu.
Esta obra trata-se apenas fatos teóricos baseados em intensas
pesquisas. Não dissecarei sobre alguns fatos verídicos pelo fato da
complexidade de entrevistar algum psicopata e, que, sobretudo, reconhecer ser
um detentor da psicopatia.
Por isso, concordo com a médica psiquiatra Ana Beatriz (2014), quando
em seu livro Mentes perigosas diz:

é um grande e limitante problema em realizar pesquisas
sobre os psicopatas é que elas, em geral, só podem ser
feitas em penitenciárias, e isso é perfeitamente
compreensível. Afinal, é muito difícil um psicopata
subcriminal, ou seja, aquele que nunca foi preso ou
internado em instituições psiquiátricas, falar
espontaneamente sobre seus atos ilícitos.

Para autora acima, na grande maioria das vezes, eles não possuem
nenhum interesse em revelar algo significativo para os pesquisadores ou
mesmo para os funcionários do presídio, e, quando o fazem, tentam manipular
a verdade somente para obter vantagens, como a redução da pena por bom
comportamento e colaborações de cunho social.
Tentar entrevistar ou realizar um trabalho terapêutico com um psicopata
é quase um trabalho em vão. Eles não acreditam precisar de ajuda psicológica
uma vez que acreditam serem detentores de uma ilibada estrutura psíquica.
Diane disto, perceba que realizar uma terapia no desejo de tirar deles verdades
e desiquilíbrio emocional já é uma tarefa difícil agora imagine conviver com
eles.
Apesar dos psicopatas serem inteligentes e bem articulados, contudo, é
bem arriscado senão quase impossível conviver com um psicopata, pois eles
podem assumir qualquer papel para conseguir o que desejam. A certeza é que
sempre a vítima sempre sairá com danos físicos e emocionais irreparáveis. Os

psicopatas podem ter inúmeras facetas, isto é, ora eles são encantadores e
amigáveis e para outro, porém, são pessoas insensíveis.
Os psicopatas não estão apenas nos manicômios ou nos presídios de
segurança máxima de nosso país, mas, sobretudo, estão nos cargos de poder
público regendo erroneamente e atuando com toda sua sagacidade.
Hare psicólogo canadense em diversas vezes na sua obra, chama os
psicopatas de “predadores sociais”. Que vivem na busca desenfreada de
conquista e manipular todos aqueles que cruzam seu caminho. Para o
psicólogo, o psicopata deixa um rastro nos corações partidos de suas vítimas,
sem nenhum remorso ou arrependimento.

Sem nenhuma consciência ou sentimento, tomam tudo o
que querem do modo mais egoísta, fazem o que têm
vontade, violam as normas e expectativas sociais sem a
menor culpa ou arrependimento. Suas vítimas,
desnorteadas, perguntam em desespero: “Quem são
essas pessoas?”, “Por que elas são assim?”, “Como
podemos nos proteger?” (HARE, 2013).

Para o autor citado acima, muitos psicopatas nunca vão para a prisão
nem para alguma outra instituição. Eles parecem funcionar razoavelmente
bem, são advogados, médicos, psiquiatras, acadêmicos, mercenários, policiais,
líderes religiosos, militares, empresários, escritores, artistas, etc., e não
infringem a lei ou, pelo menos, não são descobertos nem condenados. Esses
indivíduos são tão egocêntricos, frios e manipuladores quanto o psicopata
criminoso típico; porém, sua inteligência, formação familiar, habilidades sociais
e circunstâncias de vida permitem que construam uma fachada de normalidade
e que consigam o que querem com relativa impunidade.
Os psicopatas não andam nas vielas da cidade ou dos becos escuros da
periferia. Eles não andam sisudo com a cara fechada ou aparentando alguém
mal encarado. Ao contrário, eles são elegantes, bem articulados, bem trajados,
usam de forma inigualável sua arte de persuasão.
Os psicopatas andam dentro de ternos valiosos com sorrisos
encantadores exercendo cargos políticos de nossa nação. Eles vestem belos

jalecos exercendo o desejado cargo de médico, contudo, ao invés de curar
nossas crianças, esses pedófilos criam nelas uma ferida incurável. Eles
também vestem-se de poder nos centros corporativos relevantes de nossa
cidades.
Os psicopatas inúmeras vezes são pessoas de alto patamar, são
pessoas conceituadas do Brasil e detentor de um currículo invejável. Eles
podem está vestido de juiz, desembargador, professor, médicos, líderes
religiosos. Os psicopatas também estão envolvidos em transgressões sociais,
como tráfico de drogas, estelionatos, corrupção, roubos, assaltos à mão
armada, fraudes no sistema financeiro, agressões físicas, violência no trânsito
e familiar.
Esses indivíduos agem de maneira tão discreta que raramente são
penalizado pelo seu comportamento criminoso. Um exemplo bem comum de
suas atrocidades são o abuso físico realizado nas esposas, filhos, funcionários
e amigos. Silvia (2014) diz que “se existe uma “personalidade criminosa”, esta
se realiza por completo no psicopata. Ninguém está tão habilitado a
desobedecer às leis, enganar ou ser violento como ele”.
Portanto, esta obra tem por objetivo propor ao leitor uma compreensão,
bem como protege-los dos laços malignos dos psicopatas sociais anônimos
que compões nossa sociedade tristemente falida emocionalmente.

2 – O PSICOPATA E SUAS PSICOPATIAS

Os psicopatas são desprovidos do medo

O medo é uma característica bem comum para os psicopatas, isto é,
eles são absolutamente desprovidos de medo. Aquilo que nos causaria
arrepios, para os psicopatas não passa de algo comum como passeia pela
varanda serena de uma casa.
O medo trata-se de uma emoção primária que atua como um
mecanismo de defesa, ou seja, ela é necessária para nossa sobrevivência e,
sobretudo, no impede de tomar decisões incoerentes.

O medo proporciona sensações psicológica e física desagradáveis. Silva
(2014) diz que o medo provoca sensações como “suor nas mãos, coração
acelerado, boca seca, tensão muscular, tremores e até náuseas e vômitos”.
Para os psicopatas, estes tipos de emoções ou sensações não significa
absolutamente nada, pois o medo é algo que os psicopatas jamais
experimentarão. “Para eles, o medo, como a maioria das emoções, é algo
incompleto, superficial, cognitivo por natureza (apenas um conceito de
linguagem) e não está associado a alterações corporais” (SILVA, 2014).
A autora em tela ainda traz luz ao fato corroborando que alguns
presidiários identificados como psicopatas foram submetidos à visualização de
cenas de conteúdo chocante. Esse conjunto de imagens editadas mostrava,
entre outras coisas, corpos decapitados, torturas com eletrochoques, crianças
esquálidas com moscas nos olhos e gritos de desespero. Enquanto as pessoas
comuns ficariam arrepiadas e com reações físicas de medo só de imaginar tais
situações, esses psicopatas não apresentaram sequer variação dos batimentos
cardíacos.

Experimentos de laboratório que utilizam registros
biomédicos têm mostrado que os psicopatas não têm as
respostas psicológicas normalmente associadas ao medo.
O medo impede que façamos coisas erradas – “Faça isso
e vai se arrepender”. Isso não acontece com os
psicopatas; eles simplesmente mergulham de cabeça,
talvez sabendo o que pode acontecer, mas sem dar a
mínima para isso (HARE, 2013, p. 68).

De acordo com o pensamento do autor em tela, para os psicopatas, o
medo, assim como as outras emoções ou uma parte delas é de natureza
incompleta, “rasa” e, sobretudo, amplamente cognitiva e não envolve o
turbilhão fisiológicas que a maioria de nós acha distintamente inconvenientes e
quer evitar ou reduzir.

Os psicopatas são especialistas em manipulação

Manipular, mentir e enganar são talentos naturais e corriqueiros dos
psicopatas. Os psicopatas são talentosos em mentir. Eles são verdadeiros
atores da manipulação, ou seja, para manter seus desejos sempre supridos,
eles agem de forma sutil, dissecando suas histórias mirabolantes e, sobretudo,
se passando por um catedrático do saber humano pelo simples fato de manter
sob seu domínio sua frágil presa.
Este livro trata-se também de uma ferramenta introdutória que revela
alguns traços dos psicopatas, a partir do conhecimento sobre eles, não
seremos pegos desprovidamente. É importante termos conhecimento o
suficiente a respeito destes sujeitos, pois eles não são pessoas desprovida do
saber. Silva (2014) diz que psicopatas “tentam demonstrar conhecimento em
diversas áreas, como filosofia, arte, literatura, sociologia, poesia, medicina,
psiquiatria, psicologia, administração e legislação”.
Diante disto, é bem comum eles esbanjarem sabedoria e além disso,
eles elencam desabridos termos técnicos dos mais variados temas do saber
humano na busca macabra de encantar suas vítimas desavisadas.
Por isso, é incoerente pensar que os psicopatas se importam com
alguém por mais que suas atitudes aparentam bondade. Os psicopatas,
portanto, não costumam se relacionar com indivíduos por questões emocionais
verdadeira, mas sim para se aproveitar do que essas pessoas tem a lhe
oferecer. Suas atitudes em relação a outras pessoas trata-se de algo que elas
podem oferecer.
Para médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, em seu livro Mentes
perigosas (2014) diz que os psicopatas são os vampiros da vida real, a autora
explica este fato da seguinte maneira:

Não é exatamente o nosso sangue o que eles sugam,
mas sim nossa energia emocional. Podemos considerá-
los autênticas criaturas das trevas. Possuem um
extraordinário poder de nos importunar e de nos
hipnotizar com o objetivo maquiavélico de anestesiar
nossa capacidade de julgamento e nossa racionalidade.
Com histórias imaginárias e falsas promessas, fazem-nos
sucumbir ao seu jogo, e, totalmente entregues à nossa

própria sorte, perdemos nossos bens materiais ou somos
dominados mental e psicologicamente.

Para psiquiatra citada acima, convidar um psicopata a entrar em nossa
vida e, quase sempre, só percebemos o erro e o tamanho do engodo quando
eles desaparecem inesperadamente, deixando-nos exaustos, adoecidos, com
uma enorme dor de cabeça, a carteira vazia, o coração destroçado e, nos
piores casos, com vida perdida.
Os prejuízos são irreparáveis. Por onde eles passam, deixam rastros de
destruição. Além da dificuldade de se responsabilizarem pelas suas atitudes
insanas, eles costumam pensar que são o centro das atenções e que as luzes
de lisonjas devem está sempre em torno deles.

Os psicopatas são mentirosos contumazes

Os psicopatas apresentam real orgulho da sua impiedosa habilidade de
mentir. Suas mentiras são tão costumeira ou patológico que as vezes eles não
se dão conta da veracidade de suas mentiras e acabam que acreditando
piamente nelas. Eles conseguem forjar até mesmo copiosas lágrimas para
aparentar um sentimento alheio.
Os psicopatas são mentirosos habilidosos. Eles mentem com maestria
sem se importar se serão pegos mentindo. Eles mentem olhando nos olhos de
suas vítimas sem pestanejar. Com razão Silva (2014) diz:

Os psicopatas são mentirosos contumazes, mentem com
competência (de forma fria e calculada), olhando nos
olhos das pessoas. São tão habilidosos na arte de mentir
que, muitas vezes, podem enganar até mesmo os
profissionais mais experientes do comportamento
humano. Para os psicopatas, a mentira é como se fosse
um instrumento de trabalho, utilizado de forma sistemática
e motivo de grande orgulho.

De acordo com a autora em tela, mentir, trapacear e manipular são
talentos inatos dos psicopatas. Com uma imaginação fértil e focada sempre em
si próprios, os psicopatas também apresentam uma surpreendente indiferença
à possibilidade de serem descobertos em suas farsas. Se forem flagrados
mentindo, raramente ficam envergonhados, constrangidos ou perplexos;
apenas mudam de assunto ou tentam refazer a história inventada para que ela
pareça mais verossímil. Eles se gabam de suas habilidades em mentir, e
podem fazê-lo sem nenhuma justificativa ou motivo. Essa habilidade, muitas
vezes, é potencializada pela facilidade de associarem a linguagem verbal à
corporal (gestos e expressões) na elaboração de suas mentiras, dando-lhes um
apelo teatral. Nesse cenário de enganação, os psicopatas são, ao mesmo
tempo, roteiristas, atores e diretores de suas histórias improváveis.
Por muito tempo, acreditamos que se a pessoa está falando a verdade,
ela falando olhando nos olhos e com uma postura firme e coerente na fala. O
psicopata faz isso de tal maneira que deixa qualquer ator profissional de boca
aberta. Eles são tão perspicazes na mentira que mesmo sendo flagrados, eles
conseguem se livrar de suas mentiras.

A indiferença do psicopata quanto à identificação da
mentira é realmente extraordinária; isso faz o ouvinte
questionar a sanidade do falante. No entanto, com mais
frequência, o ouvinte é levado na conversa (HARE, 2013,
p. 62).

O autor citado acima, trata-se de uma das maiores autoridades do
mundo no que diz respeito a psicopatia. Seus trabalhos têm servido de grande
ajuda para todos os especialistas da saúde mental. Para ele a capacidade que
os psicopatas tem de iludir amigos e inimigos indistintamente faz com que seja
comum para os psicopatas fraudar, dar desfalques e fingir, vender ações
falsificadas e propriedades sem valor, realizar fraudes de todo tipo, pequenas e
grandes.
A psiquiatra Silva (2014), ainda explica que “Alguns psicopatas mais
experientes são tão especialmente hábeis em mentir que se utilizam de
pequenas verdades para ganhar credibilidade em seus discursos”. Para a

psiquiatra em tela, os psicopatas admitem alguns deslizes que cometeram de
fato apenas para que as pessoas de bem se confundam e pensem da seguinte
maneira: “Sejamos razoáveis: se ‘fulano’ está admitindo seus erros, é bem
provável que ele esteja falando a verdade sobre as demais histórias”. Por isso,
é preciso muita observação, conhecimento de seu passado e um pouco de
distanciamento emocional para não se deixar enganar com facilidade por um
psicopata.

A maioria de nós ficaria devastada e humilhada pela
exposição pública como mentiroso e trapaceiro, mas o
psicopata não. Ele ainda é capaz de olhar nos olhos dos
membros da comunidade e de fazer promessas
fervorosas, dando sua “palavra de honra” (HARE, 2013, p.
122).

Diante desta perspectiva, seu objetivo é ganhar a confiança, mesmo que
para isso, muitos deles tenham que criar mentiras exorbitantes sobre suas
origens, conquistas e títulos acadêmicos. Estes sujeitos acreditam que
detentores de todo o conhecimento e que nenhuma ideia se igual as suas, tudo
isso pelo simples fato de manter seu domínio sob as pessoas que os rodeiam.
Obviamente, sabemos que essas características que aparentemente
seriam virtudes, ou seja, a capacidade de conquistar outros, na verdade, eles
aprendem a agir ou simular desta maneira para que seus desejos levianos
sejam satisfeitos. Não obstante a isto, estas atitudes parecem normais aos
sujeitos desavisados.
As mentiras são tão bem elaboradas a ponto deles olharem nos olhos
dos indivíduos com os olhos marejados de lágrimas e dissecarem suas
supostas histórias. Quando suas mentiras são reveladas, eles agem
normalmente e rapidamente trocam de assunto ou na menor das hipóteses
tentam elaborar outro caso para que pareça que estão corretos de suas
mentiras escabrosas.
Hare (2013, p. 63) diz que “dada sua eloquência e facilidade em mentir,
não causa surpresa o fato de os psicopatas enganarem, trapacearem,
fraudarem, iludirem e manipularem as pessoas sem o menor escrúpulo”.

Para o autor citado acima, algumas das operações dos psicopatas são
elaboradas e bem pensadas, enquanto outras são bastante simples: envolver-
se com várias mulheres ao mesmo tempo ou convencer familiares e amigos de
que precisa de dinheiro “para sair de uma enrascada”. Seja qual for o
esquema, ele é conduzido de modo frio, confiante, atrevido.
Portanto, não se impressione quando as pessoas olharem nos olhos e
dissecam suas supostas verdades. Não estou dizendo que todas as pessoas
que são firmes e coerentes quando falam são psicopatas. Na verdade, existem
muitos fatores como já disse até aqui que corroboram para diagnosticar um
psicopata. E novamente volto a ressaltar que o diagnostico é realizado
somente por um psiquiatra especialista no assunto.

3 – OS PSICOPATAS SÃO INDIVÍDUOS ARTICULADOS

Os psicopatas são pessoas articuladas que tem um bom emprego e,
sobretudo, apresentam-se aparentemente como sujeitos educados. Muito deles
tem família e vínculos afetivo de longa duração sem revelar quaisquer suspeita
aqueles que o cercam. No entanto, suas emoções são apenas em palavras,
pois seus sentimentos são desprovidos de altruísmo.
Nas relações interpessoais os psicopatas são possuidores de uma
ilibada loquacidade. Sua autoestima vive sempre no ápice, afinal de conta,
acham-se sempre os melhores.
Eles usam de sua habilidade de persuasão para angariar empregos que
lhe proporciona poder. Eles não ficam satisfeito em apenas permanecer no
mesmo degrau corporativa, ele desejam crescer e executar um carga de alto
escalão. Eles lutarão até ter aquilo que desejam com o seu poder de
manipulação.
Eles estão por toda parte, e, no dia a dia, é possível encontrá-los em
diversas categorias profissionais, no entanto, outra área além dos presídios ou
manicômios judiciários bem comum deles atuarem apesar de ser uma
empreitada bastante difícil é no cenário político. Pouquíssimos cargos

permitem um exercício tão propício para a atuação dos psicopatas quanto o
político.
Além do salário relevante, os psicopatas valem-se da impunidade
parlamentar. Principalmente no Brasil onde a impunidade funciona com
maestria e assim possibilitam os psicopatas de saírem ilesos de suas
falcatruas.
Eles gostam desta área devido a imensidão da projeção, das regalias e
privilégios que eles terão. Afinal de contas, eles sempre saem-se bem como
politico devido a inigualável retórica rebuscada em brilhantes discursos.
Segundo Robert Hare, o número de psicopatas burocratas ou de “colarinho-
branco” é significativo em cargos de liderança e chefias. Por ser difícil
reconhecê-los no início, eles costumam tiranizar seus colegas de trabalho, e
alguns chegam até a causar grandes prejuízos financeiros para as empresas
em que trabalham.
O psicólogo norte-americano Paul Babiak (2007), especializado em
recursos humanos, realizou um importante estudo das táticas utilizadas por
psicopatas no meio corporativo. Devido suas ações cínicas, ele o chamou de
“cobras de terno” inescrupulosas e antiéticas na disputa por altos cargos,
salários e, sobretudo, poder. Segundo psicólogo, os psicopatas em ambientes
empresariais costumam adotar um plano tático que pode ser resumido em
cinco fases, vejamos:

Fase 1 — Ingresso na empresa Esta fase corresponde
basicamente à entrevista de emprego. Na ocasião, o
candidato psicopata mostra-se cativante, seguro e
charmoso. Utiliza-se de todo o seu arsenal sedutor com o
objetivo claro de impressionar o entrevistador da forma
mais positiva possível.

Fase 2 — Estudo do território (avaliação) Nesta etapa o
psicopata já se encontra empregado. Procura então
descobrir, da forma mais rápida possível, quem são as
pessoas que possuem voz ativa na empresa. Logo em

seguida, trata de construir relações pessoais, de
preferência íntimas, com esses funcionários influentes.

Fase 3 — Manipulação de pessoas e fatos De forma
intencional, espalha falsas informações para que ele seja
visto de forma positiva e os outros, de maneira negativa
perante as chefias. Semeia desconfiança entre os
funcionários, jogando uns contra os outros. Disfarça-se de
amigo, contando aos colegas sobre outros que o
difamaram. Estabelece contato individual com as
pessoas, mas evita reuniões ou situações nas quais
precise se posicionar perante todo o grupo. Mantém-se
“camuflado” para levar adiante a estratégia de ascensão
ao poder.

Fase 4 — Confrontação Nesta fase, os psicopatas “de
terno e gravata” abandonam as pessoas que haviam
cortejado anteriormente e que não são mais úteis à sua
ascensão profissional. Num requinte de maldade, utilizam
a humilhação como arma para manter suas vítimas em
silêncio. Dessa forma, as pessoas que mais foram
exploradas são aquelas que menos se dispõem a falar
sobre suas experiências.

Fase 5 — Ascensão Tal qual num jogo de xadrez, esta é
a hora do xeque-mate, a hora do golpe fatal. Após colocar
líderes e chefias uns contra os outros, o psicopata “de
terno e gravata” toma o lugar do seu superior, que
geralmente é demitido ou rebaixado de cargo e função. É
importante lembrar que a ausência de consciência e de
medo torna essas pessoas potencialmente ardilosas e
perigosas. Para elas, infringir as normas e externar seus
desejos agressivos e predatórios sem nenhum escrúpulo

ou culpa são atitudes naturais e, por isso mesmo, isentas
de qualquer autocrítica.

O psicopata não descansará até conseguir o cargo almejado, não
obstante a isto, Stout (2010), diz que “carreiras militares e médicas também
chamam atenção, uma vez que há a possibilidade de manipular vidas, uma boa
maneira de extravasar todo seu desejo de agressividade e domínio.
Para Stout, o psicopata busca na sua carreira uma profissão que traga
sucesso, dinheiro e reconhecimento pelo trabalho excepcional. A sua vaidade e
o ego inflado fazem com que sinta necessidade de estar sempre nos holofotes,
colhendo os louros do sucesso.
Diante desta perspectiva, o papel de liderança em funções como diretor
executivo, gerente administrativo, supervisor ou executivo é sempre algo muito
empolgante para um psicopata. Para muitos supervisores que vivem num pico
dantesco de tarefa e responsabilidades, fica mais complexo identificar os
supostos psicopatas.
Ora, a psiquiatra Silva (2014) sugere que a presença de psicólogos
qualificados e bem treinados nas empresas pode ser um diferencial muito bem-
vindo quando se trata de separar o joio do trigo no campo profissional”
Para autora acima as pessoas que têm que tomar decisões sobre a
contratação de funcionários nem sempre estão adequadamente capacitadas e
treinadas para enfrentar as habilidades de manipulação e convencimento dos
psicopatas. Assim, deve-se atentar para as seguintes dicas:

Desconfie de um currículo ostensivo em demasia.

Repare se ele apresenta inúmeras mudanças de cargo em curtos
espaços de tempo.

Solicite ao setor de Recursos Humanos que faça contato com seu último
empregador.

Na entrevista com o candidato, elabore perguntas habilidosas que
possam aferira veracidade das informações contidas no currículo.

4 – SINTOMAS

A psicopatia pode acontecer tento em homens quanto em mulheres,
porém, as características são mais evidentes em homens. Outro ponto
importante a se notar é que crianças não podem ser diagnostica com o mesmo
padrão dos adultos que por sua vez podem ser diagnosticados quando estes
atingem a maioridade.
Por outro lado, vale lembrar que as crianças revelam traços ainda
tenros. Percebemos as dificuldades de muitas pessoas de acreditarem que
crianças tem capacidade de cometer crimes cruéis. O fato delas aparentarem
universalmente meigas, isso não significa que ela são isentas de cometer
dantesca atrocidade.
Hare (2013, p. 168) diz que “a maioria das crianças que chega à idade
adulta como psicopata desperta a atenção de professores e conselheiros bem
cedo, e é essencial que esses profissionais compreendam a natureza do
problema que estão enfrentando”.
Se a intervenção psicológica não acontecer ainda na tenra idade, os
procedimentos terapêuticos com a expectativa de resultados positivo será mui
tênue.
De acordo com Hare, muitos dos profissionais que lidam com essas
crianças não enfrentam o problema de frente, por uma série de razões. Alguns
adotam uma abordagem puramente comportamental, preferindo tratar
comportamentos específicos – agressão, roubo, etc. – em vez do transtorno da
personalidade como um todo, com a complexa combinação de traços e
sintomas que o caracteriza. Outros se sentem desconfortáveis com
consequências de longo prazo que a criança pode ter se receber o diagnóstico
de um transtorno que se acredita incurável.

outros ainda acham difícil conceber que os
comportamentos e os sintomas observados nesses jovens
clientes sejam algo mais do que formas exageradas do

comportamento normal, resultado de uma criação
inadequada ou de uma condição social baixa, e, portanto,
tratáveis. Todas as crianças são um tanto egocêntricas,
falsas e manipuladoras; é uma simples questão de
imaturidade, argumentam eles para desalento de pais
arrasados, que precisam lidar diariamente com uma
situação que se recusa a ceder e que, às vezes, até piora”
(HARE, 2013, 168).

O autor acima sugere que não reconhecer que a criança tem muitos ou a
maioria dos traços de personalidade que definem a psicopatia pode sentenciar
os pais a intermináveis consultas a diretores de escolas, psiquiatras, psicólogos
e conselheiros, em uma tentativa vã de descobrir o que há de errado com seu
filho e com eles próprios. Isso pode levar também a uma sucessão de
tratamentos e intervenções inapropriados – tudo com grande custo financeiro e
emocional. Se o profissional não se sente confortável em rotular indivíduos
mais jovens com um diagnóstico formal, então deve evitar essa situação.
Entretanto, não deve perder o problema de vista: a presença de uma síndrome
com traços de personalidade e comportamentos específicos que se traduz em
problemas de longo prazo, não importa como seja chamada.
Em seu livro Mentes perigosas, a médica psiquiatra Silva (2013) diz algo
bem real nos dias hodiernos:

O Brasil, infelizmente, também faz parte desse cruel
panorama. É estarrecedor observar que crianças que
deveriam estar brincando ou folheando livros nas escolas
trafiquem drogas, empunhem armas e apertem gatilhos
sem nenhum vestígio de piedade. Logicamente, não
podemos negar que muitas delas são influenciadas pelo
meio social ao redor; no entanto, outras crianças possuem
uma inclinação voraz e inata ao crime.

Para Silva, assim como adultos psicopatas, crianças com essa natureza
são desprovidas de sentimento de culpa ou remorso, características inerentes
às pessoas “de bem”. São más em sua essência.
Em razão da complexidade do diagnóstico, antes dos dezoito anos é
conhecido como transtorno da conduta. Alguns traços citados abaixo revelarão
condutas incoerentes de crianças com traços de psicopatia. No entanto, vale
ressaltar que são características genéricas, uma vez que somente um
especialista no assunto poderá corroborar com o possível diagnóstico.
Curiosamente o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
(DSM-5), “bíblia” do diagnóstico da American Psychiatric Association, não
apresenta nenhuma categoria que capture toda a essência da personalidade
psicopática em crianças e adolescentes. Em vez disso, descreve uma classe
de transtornos disruptivos do comportamento, caracterizada por um
comportamento socialmente inadequado que, com frequência, causa mais
sofrimento aos outros do que à própria pessoa que o apresenta. São listadas
três categorias que se sobrepõem:

Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade.
Caracterizado por graus de desatenção, impulsividade e
hiperatividade inconsistentes com o nível de
desenvolvimento.

Transtorno da conduta. Padrão de conduta persistente,
em que são violados os direitos individuais dos outros,
normas ou regras sociais importantes próprias da idade.

Transtorno desafiador de oposição. Padrão de
comportamento negativista, hostil e desafiador, somado a
graves violações dos direitos individuais básicos dos
outros observadas no transtorno da conduta.

Hare (2013, p. 167), explica que “a maioria dos psicopatas adultos
provavelmente atende aos critérios do diagnóstico do transtorno da conduta
quando mais novo, mas o inverso não é verdadeiro”.

Para Hare, a maioria das crianças com transtorno da conduta não serão
adultos psicopatas. O texto em tela mostra-nos a criança com traços de
psicopatia pode não ser um psicopata, contudo, os psicopatas tiveram o
mesmo traço quando eram tenros, porém, em escalar menor.
Ainda cedo aparecem os traços da psicopatia. As crianças com traços
da psicopatia ou transtorno de conduta podem cometer:

Mentiras repetitivas e sem sentidos;
Introdução precoce ao uso de drogas;
Ausência de empatia ou preocupação pelos sentimentos alheios;
Faltas constante na escola;
Impulsividade e irresponsabilidade;
Tendência a culpar os outros por erros cometidos por si mesmos,
Frieza emocional diante de situações catastróficas;
Violação às regras sociais;
Atos de vandalismo;
Dificuldade em manter amizades;
Desobediências e desrespeito aos pais e professores e outras
autoridades;
Crueldade com animais, irmãos e coleguinhas;

Algumas atrocidades são aprendidas ainda muito cedo pelos psicopatas.
Os pais fingem que nada está acontecendo e que o filho está apenas
cometendo algo impensadamente, porém não é assim que acontece.

“É comum que os psicopatas adultos descrevam a
crueldade contra animais praticada na própria infância
como acontecimentos normais, coisas triviais, até
divertidas” (HARE 2013, p. 80).

Eles podem realizar maldades e, sobretudo, podem ser flagrados
cometendo atos ilícitos ou cruéis e não expressarem nenhum remorso.
Elencarei outros traços importantes que devemos notar deste cedo nos filhos:

Agressão;
Bullying e brigas persistentes;
Preocupação excessiva com seus próprios interesses;
Permanência fora de casa até tarde da noite;
Vandalismo e incêndios;
Pequenos roubos de objetos de outras crianças e dos pais eles;
Experiências sexuais ainda muito tenros;

Alguns crianças têm sua primeira relação sexual precoce acentuada aos
dez anos. Alguns devido a sua insensibilidade não poupam ninguém para
manter relação sexual.
Inúmeros casos de psicopatas quando eram crianças causam pavor na
sociedade. Hare (2013, p. 81) diz que “crianças impulsivas, que enganam os
outros, que não sentem empatia e veem o mundo como sua própria concha,
serão assim também quando adultas”.
Atrocidades como sufocar a irmã enquanto dorme ou cortá-la, atirar no
em cachorros e pendurá-los nas estacas, esquartejar sapos, matar cruelmente
os gatos, fazer operações nos ratos e até mesmo crueldade com a boneca da
irmã são traços corriqueiro em forte pretendentes a psicopatia.
O psicólogo Robert Hare (2013, p. 80), numa de suas entrevistas com
um psicopata discorre sobre um feito dele quando era criança: um “preso por
fraude, disse que, quando era criança, pegava uma corda, amarrava uma ponta
no pescoço do gato e a outra em uma vara, e fazia o gato rodar, batendo nele
com uma raquete de tênis. Disse, também, que a irmã tinha uns cachorrinhos e
que ele matou aqueles que ela não queria criar. “Eu amarrava o bicho em uma
barra de ferro e usava a cabeça dele como bola de beisebol”, disse com um
leve sorriso”.
Os psicopatas começam a exibir problemas comportamentais sérios
desde muito cedo, tais como mentiras recorrentes, falta de remorso,
estelionatos, trapaças, roubo, vandalismo, incêndio e violência.
De acordo com Silva (2014) os psicopatas também “apresentam também
comportamentos cruéis contra os animais e outras crianças, que podem incluir
seus próprios irmãos, bem como os coleguinhas da escola”

Silva sugere que vale a pena destacar que crianças e adolescentes com
perfil psicopático costumam realizar intimidações contra pessoas pertencentes
aos seus grupos sociais. E quando isso acontece no ambiente escolar, pode
caracterizar a ocorrência de um fenômeno denominado bullying.
Como já trabalhamos em outra obra que abordamos assuntos somente
sobre o bullying, para autora citada acima, este fenômeno pode ser definido
como um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que
ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra
outros. Os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão
e prazer, cujas “brincadeiras” têm como propósito maltratar, intimidar, humilhar
e amedrontar, causando dor, angústia e sofrimento às vítimas. O líder do grupo
agressor (o “valentão” ou “tirano”) costuma ser o indivíduo que apresenta
características compatíveis com a personalidade psicopática.
É importante os pais observar se estes gostam de torturar animais de
estimação e até mesmo mata-lo, e quando isso acontecer também deve
perceber a reação do filho diante de um animal dilacerado ou até mesmo um
ser humano.
Os pais além de observar, precisam também se posicionar em relação a
conduta do filho. A psiquiatra Ana Beatriz em seu livro Mentes perigosas
(2014), propõe algumas posturas a ser assumida pelos pais:

1 – Procure conhecer bem o seu filho. A maioria dos pais
não sabe como ele se comporta longe dos seus olhos.
Estabeleça contato com todas as pessoas do convívio
dele (professores, amigos, pais dos amigos etc.). Quanto
mais precocemente você identificar o problema, maiores
serão as chances de que ele se molde a um estilo de vida
minimamente produtivo e socialmente aceito.

2 – Busque ajuda profissional. Isso é válido tanto para se
certificar do diagnóstico dessa criança quanto para
receber orientações de como você deve agir.

3 – Não permita que seu filho controle a situação.
Estabeleça um programa de objetivos mínimos para obter
alguns resultados positivos. Regras e limites claros são
necessários para evitar as condutas de manipulação,
enganos e falta de respeito para com os demais. Lembre-
se de que uma criança com perfil psicopático apresenta
um talento extraordinário para distorcer as regras
estabelecidas e virar o jogo a favor dela. Por isso, não
ceda! Se você fraquejar, certamente ela ocupará todos os
“espaços” deixados pela sua desistência.

Ao identificar traços de personalidade nos filhos, os pais por sua vez
devem buscar ajuda de um especialista da saúde mental para o devido
tratamento. Este transtorno psicológico assim como outros relacionados, surge
por alterações cerebrais, isto é, devido a fatores genéticos e, principalmente
traumas quando ainda eram tenros como abuso sexual, físico, moral e outros
conflitos no contexto familiar.
No caso dos adultos, alguns sintomas são dignos de nota nesta obra,
mas para isso, irei abordar de forma sistemática os sintomas interpessoal e
social citado pelo psicólogo Robert Hare (2013, p. 49):

Emocional/interpessoal

• eloquente e superficial
• egocêntrico e grandioso
• ausência de remorso ou culpa
• falta de empatia
• enganador e manipulador
• emoções “rasas”

Desvio social

• impulsivo
• fraco controle do comportamento

• necessidade de excitação
• falta de responsabilidade
• problemas de comportamento precoces
• comportamento adulto antissocial

O psicólogo em pauta, durante seus anos de pesquisa criou aquilo que
chamamos de Psychopathy Checklist (Avaliação de psicopatia), ou seja, é uma
ferramenta clínica complexa, destinada ao uso profissional. Mesmo tendo em
mãos a ferramenta que sugere que uma pessoa possa ser um psicopata,
sugiro que não estabeleça um critério ou diagnóstico do mesmo, ao contrário,
busque ajuda de um especialista qualificado, para realizar os devidos
procedimentos.
Outro ponto importante a se ressaltar, é que existem indivíduos com
traços de psicopatia, no entanto, nem por isso, ele pode ser considerado um
psicopata. Hare (2013, p. 49) explica que “Muitos indivíduos são impulsivos ou
volúveis, frios ou insensíveis, antissociais, mas isso não significa que são
psicopatas. A psicopatia é uma síndrome – um conjunto de sintomas
relacionados”.
Percebemos neste capítulo a complexidade não apenas aqui, mas em
todo o livro. Os psicopatas são de fato um verdadeiro enigma para todos nós.
Na verdade, é um enigma até mesmo para os psicopatas que acreditam serem
donos de uma sanidade inigualável.
Os sintomas ou traços são por sua vez fáceis de detectar, contudo, o
tratamento é algo ainda que fica somente no campo das ideias até mesmo para
os mais gabaritado da saúde mental.
Portanto, ao encontrar alguém com alguns traços da psicopatia, não é
prudente você querer diagnosticá-lo. Deixa este assunto para um profissional
da saúde mental. E caso você tem alguém na família com traços de psicopatia,
busque ajuda terapêutica para você aprender a lidar com um psicopata.

5 – COMO LIDAR COM OS PSICOPATAS

Sabemos que lidar com um psicopata parece ser uma habilidade ainda
distante. Só quem vive sabe o quão pesaroso é viver com pessoas desprovida

de qualquer beneficio emocional. Como lidar com alguém que não se importa
se você existe ou não? E se você existe, não passará de alguém que servirá
para alavancar o ego inflado do psicopata.
Este livro não substitui o diagnóstico médico, esta obra trata-se apenas
de uma breve introdução e que com muita responsabilidade me atrevo a
dissecar cuidadosamente num campo totalmente minado de detalhe. Sei da
responsabilidade que estou tento de compartilhar com o leitor alguns fatores
que de certa forma ajudará a lidar cotidianamente com um psicopata.
Somente quem convive com um psicopata tem uma sensação
permanente de abuso, invasão, inutilidade. “Suas relações são marcadas pela
exigência de um padrão que dificulta a ação de quem está ao redor. A vida gira
em torno desse sequestrador de emoções alheias” (MECLER, 2015).
Temos também a sensação de ter a energia sugado e vivem num
drástica gangorra emocional. Depois de tudo que já estudamos até aqui,
parece uma ironia deste capítulo em salientar sobre como lidar com os
psicopatas.
Não obstante, nem tudo está perdido, para o psicopata, a sanidade
mental para eles ainda é um caminho quase impenetrável, contudo, para nós
lidarmos com ele, ainda temos trilhos para galgarmos triunfantemente.
A psicopatia pode acontecer tento em homens quanto em mulheres,
porém, as características são mais evidentes em homens. Outro ponto
importante a se notar é que crianças não podem ser diagnostica com o mesmo
padrão dos adultos que por sua vez podem ser diagnosticados quando estes
atingem a maioridade.
Por outro lado, vale lembrar que as crianças revelam traços ainda
tenros. Percebemos as dificuldades de muitas pessoas de acreditarem que
crianças tem capacidade de cometer crimes cruéis. O fato delas aparentarem
universalmente meigas, isso não significa que ela são isentas de cometer
dantesca atrocidade.
Com já ressaltei anteriormente, isto é, me escudando de outros autores
que diz que no Brasil, crianças que deveriam estar brincado ou realizando
atividades lúdicas, elas estão traficando drogas com armas em punho
sabotando assim sua infância. Muitas delas são influenciadas pelo meio social,
outras crianças possuem uma inclinação voraz e inata ao crime. Assim como

adultos psicopatas, crianças com essa natureza são desprovidas de sentimento
de culpa ou remorso, características inerentes às pessoas “de bem”.
Em razão da complexidade do diagnóstico, antes dos dezoito anos é
conhecido como transtorno da conduta. Alguns traços citados abaixo revelarão
condutas incoerentes de crianças com traços de psicopatia. No entanto, vale
ressaltar que são características genéricas, uma vez que somente um
especialista no assunto poderá corroborar com o possível diagnóstico.

Aprendendo a lidar com o psicopata na família

Tudo que você imaginar de pior, pode acontecer por um psicopata. Hare
(2013), diz que “os psicopatas não hesitam em usar os recursos da família e de
amigos para sair de suas próprias dificuldades e não se intimidam com a
possibilidade de que suas ações possam resultar em sofrimento ou risco para
outros”.
Viver com um cônjuge psicopata é ter o inferno com seus demônios
dentro de casa. Os filhos sofrem a esposa ou marido sofrem, os familiares
sofre e até mesmo os vizinhos sofrem.
Estudos apontam que uma parte considerável dos maridos que agridem
a esposa são psicopatas. Esposas de homens psicopatas vivem dias de terror
sem precedentes. Elas vivem momentos de insegurança e humilhação diante
do seu algoz, ora, pelo fato do psicopata ser um individuo bem articulado,
inúmeras esposas devido a sua ilusão causada por eles, vivem dentro de um
macabro relacionamento abusivo.

O psicopata pode, por exemplo, achar que não há nada
errado em dizer a uma mulher “Eu te amo” logo depois de
bater nela. Ou então de dizer a alguém “Eu precisei dar
uma surra nela para ela não sair da linha, mas ela sabe
que eu a amo”. (HARE, 2013, p. 146).

Silva (2014) diz que “maridos que agridem fisicamente sua esposa
costumam responsabilizá-la por seus atos agressivos” para autora, os
psicopatas não amam seus cônjuges, isso não existe! Eles os possuem como

uma mercadoria ou um troféu, com os quais reforçam seus desejos de
manipulação, controle e poder.
Alguns até podem casar, mas simplesmente para aparenta-se um sujeito
do bem e também por a família representar a fonte de status da sociedade,
contudo, o casamento de fachada servirá apenas para revelar seu poderio, sua
posse, mas amor, infelizmente, a família não terá.
A psiquiatra Silva (2014), explica que “quando a questão é família, o
comportamento deles também segue o mesmo padrão de indiferença e
irresponsabilidade”.
Para Silva, quando constituem famílias, os psicopatas não o fazem por
sentimentos amorosos, mas como um instrumento necessário para construir
uma boa imagem perante a sociedade.
A relação com um pai ou uma mãe psicopata sempre será uma relação
distante e vazia, pois não haverá efetividade, uma vez que o psicopata busca
apenas o interesse próprio. Ora, tanto, o transtorno de personalidade
antissocial e narcisista tem uma relação muito semelhante aos psicopatas.
Outro fator importante a se ressaltar é que o pai psicopata sempre fará a
esposa e os filhos se sentirem culpados diante dos seus atos.

“Apesar de todo o estrago, muitas pessoas vitimadas por
eles ainda se perguntam e exclamam: “Será que o erro foi
meu ou foi dele?”, “Onde foi que eu errei para que aquela
pessoa que era tão boa e fascinante se transformasse
num monstro sem escrúpulos?”, “Meu Deus, a culpa disso
tudo é minha?!”” (SILVA, 2014).

De acordo com a autora citada acima, os psicopatas mostram uma total
e impressionante ausência de culpa em relação aos efeitos devastadores que
suas atitudes provocam nas outras pessoas. Os mais graves chegam a ser
sinceros sobre esse assunto: dizem que não possuem sentimento de culpa,
que não lamentam pelo sofrimento que causaram em outras pessoas e que
não conseguem ver nenhuma razão para se preocuparem com isso. Na cabeça
dos psicopatas, o que está feito, está feito, e a culpa não passa de uma ilusão
utilizada pelo sistema para controlar as pessoas. Por sinal, eles (os psicopatas)

sabem utilizar a culpa contra as pessoas de bem e a favor deles com
impressionante maestria.
Para os psicopatas, é possível que um veículo tem o mesmo valor que
um filho. Obviamente, como já ressaltei, isso não significa também que eles
não tenham apreço pelo filho. As pessoas sendo do vinculo familiar ou não,
sempre serão apenas meros fantoches nas mãos de um ser inescrupuloso
como o psicopata.
Hare (2013, p. 17) diz que a “indiferença em relação ao bem-estar dos
filhos – ao bem-estar próprio e do homem ou mulher com quem estão vivendo
no momento – é tema comum em nossos arquivos de psicopatas.
O psicólogo Hare diz que os psicopatas veem as crianças como uma
inconveniência. Alguns, como Diane Downs, insistem em que se preocupam
muito com os próprios filhos, mas suas ações negam as palavras. Em geral,
deixam as crianças sozinhas por longos períodos ou aos cuidados de pessoas
que não merecem confiança.
As famílias por sua vez terá grande importância de como lidar com
psicopatas. O objetivo desta obra é fazer com que tenhamos uma noção das
pessoas a nossa volta. Não pelo simples fato de poder julgá-lo ou até mesmo
querer diagnosticá-lo, mas, sobretudo, poder prevenir a nós mesmo bem como
as pessoas que fazem parte de nosso vinculo afetivo. Ora, diante disto, o
psicólogo Hare (2013, p. 124) diz:

Tenho certeza de que, se as famílias e os amigos desses
indivíduos estivessem dispostos a discutir suas
experiências sem medo de retaliação, nós poderíamos
revelar um ninho de ratos de abuso emocional, flertes,
falsidade e comportamentos de baixo nível em geral.
Esses ninhos de rato às vezes vêm a público de modo
dramático.

Diante desta perspectiva, sugiro que todos aqueles que fazem parte ou
tem alguém na família com traços ou literalmente é um psicopata, procure
urgentemente um acompanhamento psicológico. O psicopata jamais entenderá

que precisará de ajuda, mas você com ajuda de um terapeuta especializado na
área triunfará diante das artimanhas do psicopata.

Conhecendo a natureza dos psicopatas

Para lidar com os psicopatas é importante em primeiro lugar saber com
quem estamos lidando ou convivendo, e principalmente, conhecer a si próprio,
pois quando conhecemos nós mesmo, saberemos onde está nossos pontos
frágeis.

Se você gosta de ser elogiado, o psicopata saberá disso;
Se você gosta de ganhar presentes, o psicopata saberá disso;
Se você gosta de ser aceito, o psicopata saberá disso;
Se você gosta de carinho, o psicopata saberá disso;
Se você não gosta de ficar, o psicopata saberá disso;

O psicopata procurará informações sobre você para que através destas
informações ele procure estabelecer uma investida, ou seja, para eles a vida é
um jogo, e quanto mais ele sabe sobre sua vítima, mas chance ele terá de
dominá-la.
Portanto, a melhor maneira de lidar com os psicopatas está em
fortalecer as zonas frágeis da sua vida, pois ele saberá onde atuar na tua
história e diante disto, causar estragos emocionais irreparáveis.
Os psicopatas estão em todos os lugares e em todos os seguimentos da
sociedade. Encontra-se com um psicopata será inevitável, por isso, saber como
lidar com eles é a melhor maneira para não sofrermos grandes perdas. Por
isso, é que nesta obra tenho objetivo, sobretudo, de aconselhar que para poder
lidar com esses sujeitos, é importante conhecer a naturezas desses indivíduos.

Não se engane com o sorriso inglório de um psicopata

Outro ponto importante a se ressaltar, é que não podemos nos deixar
levar pelos sorrisos mateiros desses sujeitos. Por detrás de cada sorriso de um

psicopata encontra-se um desejo desenfreado de obter ganho sobre seu
oponente.

Não se engane com as palavras rasas de um psicopata

Os psicopatas são habilidosos em seus discursos. Como já vimos no
decorrer desta obra, estes indivíduos são muitos bons em mentir bem como
persuadir. Por isso, suas belas palavras não revelam que são bons moços, e
em razão disso, a melhor coisa a se fazer é não considerar suas palavras de
suposta empatia. Os psicopatas usaram de todas as suas ferramentas para
adentrar nos corredores mentais de seu opressor. Eles também usaram suas
linguagens fácil e corporal, tudo isso, para apresentar-se como bons cidadãos
dignos de aceitação bem como de apreciação.

Não se engane com o olhar firme nos olhos dos psicopatas

Não pense que pessoas que falam a verdade são aquelas que olham
nos olhos. Não se engane. Os psicopatas olham com demasiado entusiasmo
nos olhos de suas vítimas. Portanto, a melhor coisa a se fazer é manter a
distância.
É importante frisar que mesmo tomando todo os cuidados necessários
para lidar com os psicopatas, não é garantia de que você está livre da ação
predadora deles.

Não se sinta culpado diante dos atos insanos dos psicopatas

Como já disse, uma hora ou outra, inevitavelmente nos depararemos
com um psicopata. Independentemente como o psicopata entrou na sua vida, e
tenha te machucado horrendamente, não se culpe. Pois uma das habilidades
dos psicopatas é fazer com que suas vítimas se sintam culpadas.

os psicopatas dão a impressão de que são eles que estão
sofrendo, de que as verdadeiras vítimas são as culpadas
por seus problemas. Entretanto, sofrem muito menos do

que você e por outras razões. Não gaste sua compaixão
com eles; os problemas deles não estão no mesmo nível
dos problemas das vítimas (HARE, 2013, p. 220).

A vida para os psicopatas são um jogos de xadrez onde as pessoas que
o cercam são as peças desse tabuleiro onde ele decide onde elas devem ficar.
Hare diz que os psicopatas jogam sempre de acordo com as mesmas regras –
as deles – com todo mundo.
Eles sempre farão de tudo para se dá bem, pois os jogos deles serão de
acordo com as próprias regras deles e por isso, eles jamais se consideram que
sairão perdendo.

Se posicione diante das atitudes dos psicopatas

É comum em nossa sociedade até mesmo aqueles que não são
psicopatas se aproveitarem de pessoas que tem dificuldade de se posicionar
diante dos dilemas da vida. Diante disto, para lidar com os psicopatas é
prudente que você seja firme em suas decisões. Além de revelar sua firmeza,
não brinque ou jogue com eles, pois os psicopatas não gostam ou não sabem
perder.

Não tente mudar os psicopatas, eles não acreditam que precisam de
mudança

Não procure mudanças por parte dos psicopatas, eles não mudam. Eles
podem até fazer joguinho de poder para de certa maneira tentar impressionar
suas vítimas, mas, contudo, eles não mudam.
Sei que muitos podem até ter boa intenção em querer que eles uma hora
ou outra tenha uma mudança radical, no entanto, esperar ou criar possibilidade
para mudança deles, será tristemente um ato inglório.

Procure acompanhamento psicológico

É importante que se você convive com um psicopata, que procure
orientação terapêutica. Assim, o especialista da saúde mental e, que
sobretudo, saiba profundamente sobre os psicopatas, possa orienta-la como
agir diante destes indivíduos.
Uma razão de você fazer sessões terapêuticas dar-se pelo fato dos
próprios psicopatas acreditarem que não necessitam de tratamento. O fato
deles reconhecer que precisam de ajuda, é quase que uma busca em vão.

6 – TRATAMENTO

Quanto mais cedo melhor para o devido tratamento para pessoas com
traços de psicopatia. É importante que os pais tenham real sensibilidade ou
flexibilidade para entender os atos do filho e leva-lo à um especialista para
poder propor uma vida significativa, aceita e produtiva para o paciente, mesmo
aparentando ser um procedimento ineficaz.
Infelizmente, há uma situação em que todo especialista da saúda mental
não deseja dizer ao paciente e muito menos aos familiares que “a psicopatia
não tem cura; é um transtorno da personalidade, e não uma fase de alterações
comportamentais momentâneas” (SILVA, 2014).
Quando os pais levam o filho cedo fica mais fácil deles saberem lidar
com o filho em momentos de crise. Assim como outros transtornos, o
tratamento para este comportamento, muito embora com pouco eficácia é a
psicoterapia. Devido também o seu ego inflado, eles simplesmente acreditam
que não precisam de tratamento ou ajuda.
Para Silva (2014), “só é possível ajudar aqueles que de fato querem e
procuram ajuda” e como já falamos no decorrer desta obra, os psicopatas,
pensam que não há nada de errado com eles em relação a sua saúde mental.
Eles também não esboçam nenhum anseio para se enquadrar nos patrões
normativos da sociedade.
Silva diz que eles julgam-se autossuficientes, são egocêntricos, e suas
ações predatórias são absolutamente satisfatórias e recompensadoras para
eles mesmos. Mudar para quê?. Os psicopatas raramente procuram auxílio
médico ou psicológico. Quando chegam a um consultório, quase sempre é por

pressões familiares ou, então, com o intuito de se beneficiarem de um laudo
técnico. Frequentemente estão envolvidos com problemas legais, endividados
e às voltas com o sistema judicial. Por isso, tentam obter do profissional de
saúde mental algum diagnóstico ou alguma comprovação de problemas que os
auxiliem a minimizar as sanções que lhes foram impostas.
Por esta razão, dificilmente se sujeitarão ao tratamento medicamentoso
e psicoterapêutico, pelo fato de acreditarem que não necessitam de ajuda
emocional.

Diante disto, “com raras exceções, as terapias biológicas
(medicamentos) e as psicoterapias em geral se mostram,
até o presente momento, ineficazes para a psicopatia.
Para os profissionais de saúde, esse é um fator intrigante
e, ao mesmo tempo, desanimador, uma vez que não
dispomos de nenhum método eficaz que mude a forma de
um psicopata se relacionar com os outros e perceber o
mundo ao seu redor. É lamentável dizer que, por
enquanto, tratar um deles costuma ser uma luta inglória”
(SILVA, 2014).

De acordo com a autora citado acima, temos que ter em mente que as
psicoterapias são direcionadas às pessoas que estejam em intenso
desconforto emocional, o que as impede de manter uma boa qualidade de vida.
Por mais bizarro que possa parecer, os psicopatas parecem estar inteiramente
satisfeitos consigo mesmos e não apresentam constrangimentos morais nem
sofrimentos emocionais, como depressão, ansiedade, culpas, baixa autoestima
etc. Não é possível tratar um sofrimento inexistente.
Há outras razões pelas quais os psicopatas são candidatos tão
inadequados à terapia. O psicólogo canadense Robert Hare (2013, p. 201)
elenca algumas razões deles não pensarem que não precisa de terapia:

Os psicopatas não são indivíduos “frágeis”. O que eles
pensam e fazem são extensões de uma estrutura de
personalidade sólida como uma rocha, extremamente

resistente à influência externa. Quando concordam em
participar de um programa de tratamento, suas atitudes e
padrões comportamentais já estão tão fortalecidos, que é
difícil fazê-los ceder mesmo nas melhores circunstâncias.

Muitos psicopatas são protegidos das consequências dos
próprios atos por familiares ou amigos bem-intencionados;
o comportamento deles permanece relativamente sem
controle e sem punição. Outros são tão hábeis que
conseguem traçar o próprio caminho na vida sem muita
inconveniência pessoal. E, inclusive aqueles que são
pegos e punidos por suas transgressões, geralmente
culpam o sistema, os outros, o destino – com exceção de
si mesmos – pelo próprio apuro. Muitos simplesmente
gostam do estilo de vida que levam.

Diferentemente de outros indivíduos, os psicopatas não
procuram ajuda por conta própria. Em vez disso, são
empurrados para a terapia pela família desesperada ou
então aceitam se tratar para cumprir uma ordem judicial
ou como prelúdio do pedido de liberdade condicional.

Quando estão em terapia, em geral fazem pouco mais do
que fingir. São incapazes de desenvolver a intimidade
emocional e de fazer as buscas profundas que a maioria
das terapias se empenha em estimular. As relações
interpessoais, cruciais para o sucesso, não têm valor
intrínseco para o psicopata.

De acordo com o autor acima, os sociopatas não têm vontade de mudar,
acham que compreender melhor a situação é arranjar desculpas, não têm
noção do futuro, demonstram ressentimento em relação a autoridades,
incluindo os terapeutas, veem o papel do paciente como lamentável, detestam
ficar em posição de inferioridade, julgam que a terapia é uma brincadeira e, os

terapeutas, objetos que devem ser enganados, ameaçados, seduzidos ou
usados.
Para Hare (2013, p. 38), “os psicopatas não são pessoas desorientadas
ou que perderam o contato com a realidade; não apresentam ilusões,
alucinações ou a angústia subjetiva intensa que caracterizam a maioria dos
transtornos mentais”.
Os psicopatas são extremamente racionais, conscientes dos seus atos,
eles sabem o motivo por agirem assim. Seu comportamento, portanto, são
resultados de uma escolha pensada e friamente calculada.
Diante desta perspectiva, temos uma ideia da complexidade do
tratamento bem como do diagnóstico. A psicopatia é um transtorno de colocar
os psiquiatras para trabalhar na busca incessante e incansável por soluções ou
diagnósticos.
O diagnostico por sua vez é feito por um médico psiquiatra. Vale
ressaltar que o diagnostico não é nada fácil. Especialistas corroboram que o
diagnóstico de psicopatia somente pode ser feito quando o indivíduo se
encaixa, de forma significativa, nesse perfil, ou seja, quando possui a maioria
dos sintomas aqui apresentados.
“Como acontece com qualquer outro transtorno psiquiátrico, o
diagnóstico baseia-se no acúmulo de indícios presentes no indivíduo a ponto
de satisfazer os critérios mínimos exigidos. Os indivíduos são cuidadosamente
diagnosticados de acordo com extensivas entrevistas e registro de
informações” (HARE, 2013).
Portanto, para o devido tratamento para os psicopatas ainda é um sonho
a ser conquistado. A mente humana é complexa do que podemos imaginar,
porém, nem tudo está perdido, acreditamos no avanço da ciência bem como
psicológico para adentramos na mais fantástica fronteira imprevisível e instável
do universo, a mente humana.

REFERÊNCIAS

BABIAK, Paul & HARE, Robert D. – Snakes in suits: when psychopaths go to
work. Nova York: Harper Collins, 2007.

GOLEMAN, Daniel – Inteligência emocional – 84ª edição, Rio de Janeiro;
Objetiva, 2001.

HARE, Robert. D. – Sem consciência: o mundo perturbador dos psicopatas que
vivem entre nós; porto alegre, Artmed; 2013.

STOUT, M. – Meu vizinho é um psicopata – Rio de Janeiro; Sextante, 2010.

SILVA, Ana Beatriz B. – Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado – 2ª ed. –
São Paulo: Globo, 2014.

MECLER, Katia – Psicopatas do cotidiano: como reconhecer, como conviver,
como se proteger – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2015.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 American
Psychiatric Association; 5ª ed. – Porto Alegre: Artmed, 2014.

PRADO, Ana Carolina. Entenda melhor como funciona o cérebro de um
psicopata. Revista Superinteressante. Novembro, 2011.

LOWEN, Alexander – Narcisismo: Negação do verdadeiro self, Editora Cutrix;
São Paulo, 1993.

SIQUEIRA, Juliana – O papel do empático no abuso narcisista – Publicação
independente; São Paulo, 2018.

Este material sobre: Psicopata e suas psicopatias , foi escrito por Paulo Leno Alves da Silva, aluno formado no nosso Curso Livre de doutorado em psicanálise.

A importância da Psicanálise em grupos ou instituições de apoio à saúde mental

Desde o fechamento gradual dos manicômios e hospícios com a reforma psiquiátrica e a promulgação dessa lei de Saúde Mental (Lei 10.216/2001), o paciente psiquiátrico, sofrendo com suas “mazelas mentais”, passou a ser cuidado nos ambulatórios de psiquiatria e nos C.A.P.S. (Centro de Atenção Psicossocial); Salvo as clínicas particulares em tratamento psiquiátricos que oferecem tratamento e em alguns casos, internações, todavia com um alto custo financeiro, onde a maioria não tem acesso por falta de recursos…


Os C.A.P.S. Existentes no país, não são suficientes para atender a demanda de pacientes. Os aumentos das “mazelas psiquiátricas” aumentam cada vez mais (depressão, ansiedade, esquizofrenia, pânico, estresse, suicídio, etc.).


Os grupos de apoio à saúde mental, podem, por assim dizer, ajudar não só no tratamento, como também de forma preventiva e orientadora as famílias, e os pacientes sobre as doenças mentais e seus sintomas, através de palestras, apoio em grupos, visitas as famílias, encaminhamentos, etc. Visando uma melhor qualidade de vida ao paciente e
seus familiares. Haja vista que o desconhecimento sobre as doenças mentais ainda é grande, sua sintomatologia, consequências e a farmacologia psiquiátrica… A Psicanálise inserida nesse contexto dos grupos de apoio, pode ser uma ferramenta terapêutica, mas também, por ser um método de investigação e interpretação, tratando neuroses e psicoses com resultados altamente favoráveis. A Psicanálise pode atuar no tratamento das psicopatologias, dando ao paciente, condições para o autoconhecimento, ressignificação e um melhor entendimento de sua real personalidade e condição de saúde…

Esses grupos de apoio podem ser fixos (ou não) em associação de moradores, condomínios, igrejas, centros espíritas, espaços de quaisquer instituições onde a própria sociedade organizada pode patrocinar esses grupos…. Cuidando da saúde e tratando a doença, a psicanálise, através da associação livre de ideias proporciona ao indivíduo
sentir-se à vontade nos seus relatos…

Já existem alguns grupos de apoio à saúde mental espalhados pelo país, tendo como carro chefe terapêutico a Psicanálise…. Pode-se investir cada vez mais nessa ideia e método de tratamento analítico.
A Psicanálise tem se mostrado eficiente em atendimentos presenciais, pelo telefone e o número de pessoas interessadas nesse modelo investigativo e terapêutico no que tange os transtornos efetivos, tem aumentado consideravelmente.
Daí a importância e necessidade na formação desses grupos de apoio à saúde mental.

 

Este material sobre: A importância da Psicanálise em grupos ou instituições de apoio à saúde mental , foi escrito por Mario Jorge dos Santos, aluno formado no nosso Curso Livre de doutorado em psicanálise.

 

A IMPORTÂNCIA DA PSICANÁLISE PARA ADOLESCENTES DEPRESSIVOS

A psicanálise direcionada a fase que corresponde a adolescência pode trazer grandes benefícios para este indivíduo e para todos aqueles que estão a sua volta.
O auto conhecimento direcionado ao descobrimento de habilidades e dons para que se desfaça a visão negativa que o adolescente costuma ter sob si mesmo, e a manutenção da sensação de que não está sozinho e que alguém o compreende, são muito benéficos nessa fase (VERCEZE, 2013).


Para Zimerman (2000) é importante que as sessões de psicanálise sejam iniciadas o quanto antes, ou seja, que os pais ou responsáveis não esperem que esse adolescente de algum sinal de sofrimento psíquico para que se inicie o acompanhamento profissional. O autor defende que esse processo é muito mais pacifico e saudável quando iniciado antes mesmo do surgimento de problemas de natureza psicológica, sendo assim a terapia de prevenção deve ser sempre adotada
para o trato com adolescentes.


O autor ainda chama a atenção para a importância de terapias em grupo durante essa fase, segundo estudos realizados pelo próprio, o convívio com outros adolescentes que passem por problemas similares e a discussão de como os mesmos foram resolvidos, tem efeitos mais eficazes do que a terapia convencional.
Isso porque, a terapia em grupo para adolescentes consegue anular boa parte das atitudes céticas que os mesmos costumam ter em relação ao tratamento psicológico.
Bem como, o fato de que estão presentes nesses grupos jovens em todos os níveis de evolução psicológica de tratamento, faz com que aqueles que estiverem iniciando nesse projeto visualizem os resultados e passem a almejá-los.


Complementando essa visão mais social da psicanálise Zuanazzi (2014) chama atenção para a participação da família nesse processo. Como os mesmos têm grande participação na vida de seus filhos e costumam tomar todas as decisões que norteiam a vida desse jovem, é importante que o profissional que está conduzindo as sessões busque saber mais sobre as condutas paternas e a visão que os mesmos têm de seus filhos. Para que dessa forma, a psicanálise consiga não só alterar o adolescente, mas também o meio que ele vive.

Logo, a psicanálise se mostra fundamental para a qualidade de vida das pessoas de modo geral, e deve ser iniciada mesmo que não haja nenhuma patologia
já em curso. A sociedade em geral e o meio em que se vive nos dias de hoje são
extremamente tóxicos para a psique humana. Diariamente é preciso lidar com
grandes níveis de estresse, imediatismo, desgostos, frustrações, decepções,
términos, lutos e demais ações que podem agir de forma negativa emocionalmente.

 

3 METODOLOGIA

O presente estudo desenvolvido é de natureza descritiva e faz parte da classe
das pesquisas bibliográficas. A base dos dados utilizados foi encontrada e retirada
de plataformas para pesquisas acadêmicas como ScientificElectronic Library Oline
(SCIELO), Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde (LILACS) e
PublicMedineor Publisher Medine (PUBMED), nos idiomas português e inglês. O
período de elaboração desse estudo iniciou se em março com conclusão em julho
de 2019.
Para o desenvolvimento do presente estudo foram utilizados descritores de
pesquisa, sendo eles em português: depressão, psicanálise, causas da depressão,
tratamento para depressão, adolescência, automutilação, dentre outros. Foram
selecionados e revisados artigos que apresentassem relação com os descritores
escolhidos, realizando a seleção e compreensão de informações importantes
contidas em cada artigo.
O estudo foi organizado na seguinte sequência: primeiro momento fez se
necessário a análise de artigos originais obedecendo aos descritores proposto,
fazendo combinações com operadores como and, al not utilizando palavras chaves
do tema, usando os filtros: base de dados, idiomas, ano de publicação e tipo de
documentos. Segundo momento foi selecionado artigos através de leitura do resumo
verificando assim aqueles com maior relevância para o estudo aqui apresentado,
sendo excluídos os que fugiam da temática proposta e considerando os critérios de
exclusão. Por fim todos os artigos selecionados passaram por uma leitura e tradução
na íntegra para determinar sua legibilidade, assim feito análise dos mesmos de
forma criteriosa para a extração dos dados.
Os critérios de inclusão adotados consistem em artigos acadêmicos
reconhecidos, que tenham sido escritos entre os anos de 2000 a 2019, nos idiomas
inglês e português, e que tratem da importância da psicanálise para adolescentes
depressivos e/ou que praticam automutilação. Foram excluídos dos referenciais
bibliográficos aqueles artigos que não sejam academicamente reconhecidos,
produzidos e publicados fora do período mencionado ou que estejam em outro
idioma além dos supracitados. Os dados recolhidos através das pesquisas
bibliográficas realizadas nas plataformas de artigos acadêmicos foram criteriosamente analisados e compreendidos para que fosse viabilizada a produção do presente trabalho.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante os conhecimentos obtidos para que fosse viabilizada a presente
pesquisa acadêmica, foi possível concluir que a depressão é uma doença, mas não
é tratada como tal. Isso porque o indivíduo que se encontra efetivamente depressivo
possui uma diminuição e uma instabilidade maior em seus neurotransmissores
responsáveis pelas sensações positivas de bem-estar, felicidade e saciedade.
Logo, a depressão se coloca como uma doença que afeta seus portadores
em muitas frentes, como a cerebral, emocional, social e biológica. Essa realidade faz
com que esse paciente preciso de assistência especializada e seja submetido a um
tratamento efetivo, e desenvolvido de acordo com as suas vivências e suas
motivações depressivas.
A etapa que corresponde a adolescência é naturalmente muito turbulenta e
propícia para o desenvolvimento de doenças e transtornos mentais como é o caso
da depressão, ansiedade e a pratica de automutilação. Pode-se concluir que é
preciso que se desenvolvam políticas de conscientização e de conhecimento
acadêmico sobre a psicanálise e seus benefícios. Os pais e responsáveis legais
devem sempre estar atentos a atitudes estranhas e incomuns que possam indicar
que esses jovens estejam passando por um sofrimento psíquico. A aproximação e a
manutenção do dialogo precisa ser extremamente reforçadas nessa fase, visto que
as pesquisas mostram que os pais pouco sabem das ações e sentimentos dos filhos
adolescentes.

Este material sobre: A IMPORTÂNCIA DA PSICANÁLISE PARA ADOLESCENTES DEPRESSIVOS , foi escrito por Gilson Aloisio Dias, aluno formado no nosso Curso Livre de doutorado em psicanálise.

As perdas no processo de envelhecimento e a consequente depressão em idosos

 

Neste trabalho, será desenvolvido o tema relacionado às perdas que
ocorrem na velhice e que deixam a pessoa em um constante estado de luto ou
caminho para depressão, cuja elaboração precisa ocorrer para que a vida não
perca o seu sentido, no entanto, as experiências são vividas de maneira
particular, única, processando de maneira singular em cada indivíduo.
Esta abordagem é relevante, porque as perdas naturais desta fase da
vida nem sempre é reconhecida e acolhida pelas pessoas com quem o idoso
convive. Sejam as perdas orgânicas, como o funcionamento do corpo, como as
perdas simbólicas como a autonomia, a independência e a auto estima geram
na pessoa uma fragilidade que a faz questionar sobre a própria existência e
sua finitude. Desta forma, reconhecer no idoso os sinais de perda é uma forma
da família assumir o papel de incentivador de novos projetos de vida e da
necessidade que a velhice traz de se reinventar, ( coisas que muitas vezes não
acontecem ).
Como hipótese, parte-se do princípio de que o enfrentamento destas
perdas é árduo e, muitas vezes, vem acompanhado da depressão, fenômeno
que figura-se entre um dos mais significativos problemas de saúde pública do
mundo, em virtude, principalmente, à sua alta morbidade e mortalidade.
Como objetivos, busca-se, neste trabalho demonstrar aspectos
relacionados à instabilidade de sentimentos característicos do processo de
envelhecimento e pelo contexto social em que o indivíduo encontra-se inserido,
fortemente marcado pelo culto aos valores da juventude.
Na primeira parte do trabalho, é abordado aspectos demográficos
relacionados ao envelhecimento, sendo possível compreender que, é uma
realidade, entre os países desenvolvidos, que a população está envelhecendo,
ou seja, o número de idosos tem aumentando ano a ano em virtude do
aumento da expectativa de vida graças ao avanço científico, tecnológicos e a
construção de conhecimentos por diferentes áreas do conhecimento. Na
segunda parte, foca-se no conceito da longevidade, situando no presente
estudo enquanto um fator que tem sido objeto de estudo da comunidade

científica que busca compreender os efeitos que a vida mais longa provoca
sobre a vivencia deste processo de envelhecimento. A terceira parte é
dedicada a refletir sobre as perdas que ocorrem ao longo do envelhecimento,
sejam elas, físicas, biológicas, emocionais, motivadas por doenças, pelo luto ou
mesmo advindas do próprio ato de envelhecimento do organismo e que vão
proporcionando ao indivíduo a percepção da finitude da vida.
Para atingir esses objetivos, a metodologia empregada foi a pesquisa
bibliográfica, com foco em estudos de autores que já se dedicaram a abordar a
temática, cujas ideias e concepções foram colocadas em evidencias na
constituição deste texto.

  1. Envelhecimento: aspectos demográficos

Muitos países desenvolvidos começaram a registrar, a partir do século
XIX, uma redução nas taxas de natalidade, especialmente em virtude da
utilização de métodos anticoncepcionais. Nesta mesma perspectiva,
conquistas como a descoberta de vacinas, medicamentos novos, antibióticos e
o acesso ao saneamento básico reduziram as taxas de mortalidade (PICOLI, et
al, 2018). Tais mudanças passam a ser observadas também em países
subdesenvolvidos a partir da segunda metade do século XIX, alterando o
âmbito demográfico com a queda significativa das taxas de mortalidade.
Todavia, esta nova realidade não foi observada de maneira universal, países
do continente africano e algumas nações asiáticas continuaram a demonstrar
taxas altas tanto de natalidade quanto de mortalidade (ALMEIDA, RIGOLIN,
2016).
Segundo projeções realizadas pela Organização das Nações Unidas
(ONU), até o ano de 2030 a população mundial de pessoas idosas será
composta por cerca de 86 milhões de indivíduos, aumentando em mais de 9,8
milhões de pessoas no ano de 2050. Destaca ainda que, entre os países mais
populosos do mundo, República Democrática do Congo, Nigéria, Índia, Etiópia,
Paquistão, Congo, Uganda, Estados Unidos, Indonésia e Tanzânia, a Nigéria é
a que se destaca em termos de crescimento populacional desenfreado, se
tornando, no ano de 2050, o terceiro país mais populoso do mundo (ONU,
2015).
Outra informação interessante é que, nos últimos anos, a Europa não
registrou quedas da natalidade, ao contrário, a média de número de filhos por
mulher europeia cresceu de 1,4 entre os anos e 2000 e 2005 para 1,6 filhos
entre os anos de 2010 e 2015, ou seja, os dados são um indicativo e que a
população continua crescendo em números e, consequentemente, ocorre um
envelhecimento populacional (ONU, 2015).
O aumento populacional aliado à longevidade deram origem a um dos
mais importantes fenômenos do século XX, o envelhecimento da população em
diferentes regiões do planeta. Um fenômeno que tem se revelado distinto e
com características diferenciadas quando se observa países desenvolvidos e

em desenvolvimento. Longevidade que está diretamente relacionada, como já
destacado, a aspectos como a melhora na qualidade nutricional, saneamento
básico, assistência à saúde, progressos tecnológicos e na medicina, a
descoberta de vacinas e novos antibióticos, a urbanização das cidades, ou
ainda os progressos nas áreas medicas que tem proporcionado novos exames
diagnósticos, novas formas de intervir no corpo e tratar das doenças, enfim,
fatores múltiplos que tem elevado a qualidade de vida das pessoas, muito mais
em países desenvolvidos do que nos países em processo de desenvolvimento
(PESSINI, 2016).
Cavalcanti (2017) também considera o envelhecimento da população
um fenômeno fruto de uma verdadeira revolução demográfica pelo qual os
países foram passando a partir da segunda metade do século XIX. Os fatores
são de naturezas diversas, destacando o declínio tanto das taxas de
mortalidade quanto das taxas de fecundidade, como consequência, estes dois
declínios provocam um ingresso menor de jovens em populações que acabam
por ampliar o período de vida. Este fenômeno é compreendido como a
transição epidemiológica cujas repercussões para a sociedade estão
relacionadas à forma como os indivíduos entende e reconhece o
envelhecimento.

  1. Envelhecimento: a longevidade humana

Em diferentes regiões do mundo as últimas décadas tem sido
marcadas por um processo de transição demográfica através do qual a
população de jovens e adultos se tornou envelhecida. Um fenômeno que tem
suscitado estudos e pesquisas por parte de diferentes áreas do conhecimento
haja vista que, o aumento da expectativa de vida traz a necessidade de
planejar o futuro e isso significa pensar em um sistema de saúde, seguridade e
de estrutura urbana que permita adaptar-se com vistas a propiciar qualidade de
vida e atender as necessidades deste novo grupo populacional (ALVES et al,
2016).
Chan (2015) destaca que, pela primeira vez na história, a maior parte
da pessoas podem esperar viver por mais de 60 anos. Mas, para entender
sobre esta temática é importante discutir alguns conceitos de modo a
compreende-los e diferenciá-los. Neste contexto, dois conceitos são
importantes de serem analisado, o de longevidade e o de envelhecimento.
Segundo Carvalho (2013) a longevidade pode ser compreendida tanto
pelo número de anos que as pessoas de uma mesma geração viverá,
entendendo uma geração como o conjunto de bebes nascidos em um mesmo
momento ou espaço de tempo. E, longevidade pode ser entendida ainda dentro
de cenário individual, ou seja, os anos vividos por um indivíduo.
Refletindo o conceito de longevidade e procurando situa-lo no presente
estudo, pode considerar que estamos nos referindo às pessoas de uma mesma
geração. O total de sujeitos nascidos em um determinado intervalo de tempo
experimentará, através dos anos que se sucederão, um conjunto de taxa de
mortalidade própria de sua geração.
A longevidade humana é algo incontestável, a cada geração prolonga-
se o tempo de existência ao máximo e as pessoas vivem mais no entanto,
ninguém quer ficar velho. Longevidade é definida pelo fator tempo, enquanto
que velhice é definida como um processo.
No senso comum, expressões como “sentir-se velho” ou “ser velho”
nos remetem a um componente essencialmente cronológico mesmo que,
cientificamente falando, sabe-se que exista uma multiplicidade de fatores como

a interação dos genes, estilos de vida, estado de saúde e questões ambientais
e culturais que contribuem para a construção do conceito de pessoa idosa.
O conceito de velhice passa por um processo de construção social
própria da modernidade, acompanhando pela institucionalização e divisão dos
principais momentos do curso da vida: a infância, a juventude e a velhice. A
depender do contexto cultural a qual pertence o indivíduo, a velhice ganha
significados diferentes.
Complementando esta concepção, Motta (2013) afirma que as idades
são um fator importante na organização cultural de uma sociedade e passa, de
tempos em tempos, por um processo de construção e reconstrução de
significados. A autora trata o envelhecimento a partir de diferentes
perspectivas, propondo uma dissociação entre duas formas de envelhecimento:
o envelhecimento físico e o envelhecimento não físico.
Desta forma, o envelhecimento biológico é um processo inevitável e
irreversível sendo as transformações provocadas por ele visto como algo
inconveniente, indesejável e negativo: cabelo brancos, rugas na pele,
limitações físicas e doenças (MOTTA, 2013).
Por outro lado, o envelhecimento traz fatores positivos como o
desenvolvimento do intelecto. Sobre esta perspectiva, as palavras de
Rougemont (2012) são importantes e merecem ser citadas:

Visto como trajetória de vida, o envelhecimento é experiência,
conhecimento adquirido por tudo que foi vivenciado ao longo da vida.
Desse modo, o acúmulo de conhecimento será um elemento positivo
na velhice, pois trará a sabedoria. A maturidade, por sua vez, é
relacionada tanto à experiência de vida e à passagem de uma fase da
vida à outra quanto ao desenvolvimento do organismo. Apesar das
perdas físicas, envelhecer teria como recompensa ganhos
intelectuais: a experiência, a sabedoria e a maturidade (ROGEMONT,
2012, p. 18).

Barros (2014), em um estudo envolvendo 593 indivíduos com faixa
etária entre 39 e 59 anos sobre os benefícios trazidos com o passar dos anos,
sugere que os ganhos intelectuais são as principais vantagens trazidas pelo
envelhecimento. Assim, sabedoria, conhecimento e maturidade são citados
como sendo a principal conquista do envelhecimento por auxiliar a pessoa a
lidar melhor com as situações cotidianas, evitando erros ao tomar decisões e
lidar com situações adversas.

A antropóloga Debet (2006) leciona que existem diferentes categorias
de idade e formas de periodização da vida sendo esta diversidade formas
significativas para se pensar a produção e a reprodução social. A autora
legitima as duas dimensões da velhice: uma biológica e outra social e as
compreende como algo indissociáveis haja vista que o processo biológico do
envelhecimento é visto de diferentes formas.
A representação sobre a velhice passou por grandes transformação ao
longo dos tempos. Com o advento da aposentadoria, foi se entendendo a
necessidade de se criar políticas sociais voltadas para este público.
No século XIX a velhice trabalhadora vivia em condições miseráveis,
dependendo de filhos ou de instituições sociais para sua sobrevivência. Nesse
período o problema da velhice estava assentado na incapacidade da pessoa de
garantir financeiramente seu futuro. A noção de velho então estava fortemente
vinculada à uma classe social decadente e com incapacidade para o trabalho
(PEIXOTO, 2010).
Esta conotação negativa não se difere no contexto brasileiro uma vez
que, segundo um estudo realizado Rougemont (2012, p. 05), os sujeitos da
pesquisa apontaram que “velho designa as pessoas de mais idade, que
pertencem às classes populares e que apresentam sinais de envelhecimento e
declínio físico mais nitidamente. Remete, portanto, à decadência”.
Vale ressaltar contudo que, o envelhecimento humano é um fenômeno
natural e uma importante conquista da humanidade. Tornar-se idoso está
relacionado com os avanços na área tecnológica e com uma nova dinâmica de
organização da vida em sociedade que resultaram num aumento na
expectativa de vida da população. O processo de envelhecimento é algo
natural que tem início no momento em que a vida se inicia no útero materno e
envolve o desenvolvimento físico, psicológico e social.

  1. Envelhecimento: a elaboração das
    perdas

A transitoriedade da vida acontece por meio de passagens
espontâneas não detectadas a priori e isentas de uma reflexão consciente
sobre as mudanças de status que vão ocorrendo ao longo da existência,
simplesmente, as mudanças são vividas e seus impactos vão sendo sentidos e
assimilados no dia a dia, sem que haja um desgaste significativo de energia
emocional e psíquica.
A vida se modifica como as estações do ano, a vida se modifica na
passagens dos meses, na troca de cuidado e na maneira como o cuidado
estético vai, aos poucos, cedendo espaço para os cuidados terapêuticos. Um
movimento que vai impulsionando a pessoa a mudar sua percepção sobre a
vida, dando a ela um novo sentido, modificando seus projetos e, muitas vezes,
começando projetos novos e até então impensados. A vida é um constante
processo de transformação e renovação que necessita ser acompanhada de
reflexão e pequenos “rituais de passagens” pois são mudanças que tornam
evidentes o quanto a condição humana é transitória e as relações são
provisórias.
Estas passagens caracterizam o sentimento de morte simbólica, ou
seja, uma condição que leva a pessoa a se recolher em si e vivencia suas
experiências de final de etapa que, sob determinado aspecto, pode ser
considerado como uma morte, naquele específico recorte. Esta condição de
morte simbólica acompanha o ser humano ao longo de toda a sua existência.
São muitas as transformações que vão ocorrendo ao longo da vida
evidenciando que a necessidade de se adaptar para poder viver de acordo com
as limitações que cada etapa impõe a pessoa contudo, as que mais tornam
evidente que a velhice está chegando e, portanto, costumam desencadear a
crise da meia idade são as doenças, a aposentadoria e o desemprego
(COSTA, SOARES, 2016).
Vivemos em uma sociedade cujo sistema capitalista compreende o
corpo enquanto um instrumento de produção. Isto significa que, adoecer é o

mesmo que perder o direito de se fazer presente no ambiente em que a vida
acontece. Além disso, a doença causa dependência e a necessidade de
cuidados, deixando implícito que a pessoa se tornou secundária e sujeita a
outras pessoas. Ficar doente impõe ao indivíduo a vergonha da inatividade
portanto, a doença deve ser escondida do mundo social pois ela carrega em si
a ideia da finitude da vida e da autonomia da pessoa, remetendo-a à
consciência de sua mortalidade.
Desta forma, a doença é uma espécie de morte que coloca a pessoa
em contato com sua fragilidade e com sua finitude e traz o sentimento de
mortalidade. Eventualmente, a doença traz transformações como amputações
ou a perda de um membro ou órgão, fazendo com que o sentimento de luto e
morte sejam vivenciados de forma mais intensa. A amputação pode ocorrer em
virtude de diversos fatores, como acidentes, traumatismo ou degeneração
contudo, a pessoa amputada passará pelo processo de finitude de vida ao
considerar que uma parte de si está em óbito.
Ainda que a sociedade não compreenda que a perda de um membro
traz para o amputado a ideia de luto, o estresse enfrentado por esta pessoa
equivale à morte de um ente querido, sendo um dos aspectos que mais traz a
ideia de envelhecimento (CARVALHO, 2013).
Outro fator que traz o sentimento de perda e, portanto, um luto
simbólico, é a aposentadoria. Para muitas pessoas aposentar-se, embora seja
um momento muito esperado ao longo da vida produtiva, significa a ruptura
com sua história individual, indicando a necessidade de organização financeira
e do tempo, alterando o papel social desempenhado até então.
Portanto, traz implícito um valor simbólico que corresponde ao luto de
uma perda. Estando afastado do contexto produtivo em que se habituou, surge
a necessidade te buscar uma nova organização temporal, espacial e de
identidade, quando a aposentadoria o corre tardiamente ver bula em especial,
quando acontece na terceira idade. Obviamente, em um primeiro momento
aposentadoria é vista como a libertação de uma atividade que se tornou
insatisfatória e desagradável ao longo dos anos e a pessoa vai ter a
oportunidade de descansar e portanto, experimenta a sensação de liberdade
ponto no entanto, o que no início parecia férias, trata-se de uma condição que

não terá fim trazendo para a pessoa ou sentimento de perda de pontos de
referências sobre o que fazer após o descanso.
A pessoa idosa é beneficiada, em vários fatores de sua vida, com uma
rotina de trabalho, uma vez que, quando se sente útil e ativo, vivência o
sentimento de que está escapando da decadência e do tédio. Desta forma
circular não só o idoso, como também todos os que se afastam do ritmo
laboral, sem inserir-se em algum um tipo de trabalho alternativo, sofrem
emocionalmente em virtude de demandas sociais e, principalmente, do próprio
movimento interior que solicita utilidade e ritmo.
Caterina (2017) explica que o medo da própria morte é um fator que
impulsiona o homem a manter-se ativa e desempenhando atividades. A morte
do vínculo que ocorre entre o homem esse é um instrumento de trabalho, leva
à morte em si, em geral observada pelas pessoas que possuem convivência
diária com a pessoa em lotada, ao salientar que a pessoa foi morrendo aos
poucos quando a aposentadoria chegou e este parou de trabalhar.
Não apenas a aposentadoria provoca esse tipo de sentimento, também
o desemprego traz riscos ao equilíbrio psíquico, por colocar a pessoa em
condição de vulnerabilidade, ameaçando o equilíbrio do lar tanto financeiro
quanto emocional. Por isso o desemprego é uma realidade entendida como um
tipo de morte quando a pessoa já está avançando em sua idade cronológica.

Conclusão

O envelhecimento é um processo natural, que ocorre de maneira
sequencial, acumulativo, universal e individual ao mesmo tempo, que pode ou
não, incluir doenças. O processo de envelhecimento envolve aprendizagens,
amadurecimento, desenvolvimento, no entanto, envelhecer é um processo que
não está isento de perdas.
O avanço do tempo leva o indivíduo a enfrentar perdas em diferentes
âmbitos e de diferentes dimensões: sociais, físicas, cognitivas, que vão
exigindo do indivíduo que envelhece um complexo e contínuo exercício de
elaboração emocional com o objetivo de adaptar-se, de maneira saudável, às
mudanças e transformações que esta fase vai proporcionando.
Como a sociedade ocidental não foi capaz de oferecer um espaço de
destaque para o idoso, o envelhecimento se torna, nestas culturas, algo
problemático e a percepção é a de que as perdas são maiores e mais
significativas do que os ganhos proporcionados pela maturidade. Neste
contexto, o luto é diverso e não está relacionado somente à perda de um ente
querido, de um filho ou do companheiro, toda mudança, por menor que seja, é
considerada uma perda. Assim, o luto é em decorrência de perdas no âmbito
profissional, financeiro, fisiológico, social e simbólico.
Eventos naturais da vida como a saída de um filho da casa dos pais
para estudar ou morar fora, a aposentadoria compulsória que, por muitas vezes
reduz a renda familiar e o contato social, o declínio da beleza, o surgimento de
doenças, a perda na expectativa com relação ao futuro, a solidão, a viuvez, são
fatores que levam o idoso a se organizar de modo a mudar seu estilo de vida e
a lançar mão de seus recursos emocionais para atuar em uma realidade agora
compostas por perdas concretas e ou simbólicas.
Portanto, a velhice é uma questão complexa e que necessita ser
compreendida, debatida e discutida em consonância com o contexto social pois
envelhecer não é um processo apenas biológico e fisiológico, como também

psicológico, sociológico e cultural, que tem como características o fato de ser
universal e, porque não pensar em vital, multideterminado e que transcorre ao
longo de toda a existência do indivíduo.
Como se processa de maneira singular, cada pessoa vive sua velhice
de maneira única e, no exercício de elaborar suas perdas e de se adaptar a
elas vai reinterpretando sua vida e reconstruindo suas expectativas

 

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Este material sobre: As perdas no processo de envelhecimento e a consequente depressão em idosos , foi escrito por Carlos Augusto Leite da Costa, aluno formado no nosso Curso Livre de Mestrado em psicanálise.